2007-06-28

"Azulejos que ensinam"

Na Biblioteca da Universidade de Coimbra está uma exposição com o título acima citado, cujo catálogo já pude ver. O tema é um objecto que, diz-me um amigo entendido na matéria, é único no mundo: uns azulejos que os jesuítas mandaram fazer com as ilustrações dos teoremas de Euclides retiradas exactamente (mesma numeração inclusive) do livro do matemático jesuíta Andrea Tacquet (1612-1660) Elementa geometriae.
Seriam talvez duas centenas (antes de serem removidos da parede), mas só estão localizados uns vinte.
Como o link da Biblioteca da Universidade não funciona, deixo aqui o endereço do blog em que o seu director, Carlos Fiolhais, participa. Aí podem ver um exemplar que não figura na exposição.

2007-06-25

Optimismo ?

Em resposta a um mail que distribuí recentemente sob o título "optimismo", com cópia de uma crónica que relatava uma série de sucessos económicos e tecnológicos em Portugal, recebi o seguinte
comentário:
Resposta a um email que recebi contendo uma crónica de opinião do Jornalista Nicolau Santos, com um apêndice.

«É uma opinião, nada mais. Tão legitima como a contrária. Há quem não tenha motivos para estar optimista. Principalmente, quando as pessoas perdem qualidade de vida, por muito que se esforcem para verem outras coisas, a luta pela sobrevivência, o ter que vender a casa que já estava metade paga, o risco de perder o emprego e com filhos para sustentar, não deixa ver os optimismos. É neste país que vivemos, uns absurdamente bem, outros nem por isso.
O Autor desta crónica, tem um ordenado acima da média dos portugueses, entre outras coisas. Quanto à desonestidade de quem vê só o lado negativo, é igual a quem só vê o lado positivo.
A grande questão é que quando a sobrevivência das pessoas não está assegurada e se vê "jobs" distribuídos a amigos que acumulam cargos em série e o desemprego aumenta, a revolta surge e não temos tempo para optimismos. Refilamos,ainda bem, é sinal que estamos vivos. Quem tem a sorte de ver optimismos, continue no Oásis, que nós vimos já.»

Estou totalmente de acordo com a afirmação de que é tão desonesto ver SÓ o lado negativo como ver SÓ o lado positivo e reconheço a verdade dos maus exemplos portugueses apontados. Já o comentário de que o autor do texto que eu copiei no meu anterior e-mail tem um ordenado acima da média dos portugueses, é um absurdo. Só vale a pena comentar se o texto diz verdades ou falsidades. Também tenho plena consciência que não vivo num Oásis.

Copio seguidamente outra notícia que vi na revista "Visão":
«Portugal é uma democracia consolidada e goza de uma estabilidade invejável, existindo apenas 15 países em melhor posição. Esta é uma das conclusõess que se podem retirar do último ranking de Estados falhados, elaborado pela revista "Foreign Policy" e pelo Fund for Peace, uma organização não governamental com sede em Washington DC que se dedica à resolução e prevenção de conflitos. A classificação é feita com base em 12 indicadores sociais, económicos, políticos e militares e a lista inclui 177 países (dos piores para os melhores):
1 - Sudão
2 - Iraque,
3 - Somália
4 - Zimbabué
5 - Chade
20 - Timor Leste
38 - Guiné-Bissau
53 - Angola
62 - Rússia
62 - China
66 - Cabo Verde
77 - São Tomé
81 - Moçambique
110 - Índia
117 - Brasil
153 - Espanha
154 - Alemanha
160 - EUA
162 - PORTUGAL
177 - Noruega»

Esta lista foi feita por pessoas que ganham, seguramente, mais que a média portuguesa, mas o que interessa é mostrar que não estamos assim tão mal. Mesmo que estivéssemos no lugar da Noruega, não teríamos ainda alcançado a perfeição e teríamos que continuar a esforçarmo-nos por melhorar. Enquanto que o pessimismo é um estado de espírito negativo que tende a paralisar-nos, o optimismo é um estado de espírito positivo que nos faz sentir mais felizes e tende a tornar-nos combativos para melhorar. Estou empenhado, neste espaço, a só indicar os lados positivos, para contrabalançar os que só vêm o mal e contribuir para o bem-estar das pessoas. Nunca há motivos para não ser optimista.

O que os sinos têm dentro quando ressoam

Esta semana que acabou. Apresentação de um livro sobre conspirações e intrigas imaginárias, a propósito do livro de Brown. As empolgantes questões sobre o poder da Igreja e os seus tentáculos secretos etc. Mas a Igreja é muito mais do que isso - dizia-nos o apresentador, católico que se apresenta como tal. E o que os seus detractores não podem atacar é que a Igreja é serviço é dar. Já ouvimos isto vezes sem conta - a direito, a torto. Lembro-me de um debate sobre religião em que uma figura conhecida, convencido católico, dava como decisivo argumento para a sua fé que a Igreja era uma escola de serviço.
Esta semana, a via sacra de inscrever um filho na escola. Enfim, depois de ter que mudar uma opção porque a escola estava para abate, acabamos em uma hipótese até bem boa, mas sem prolongamento de horário. Existe um ATL ligado à escola mas que pertence a uma paróquia e que ocupa as crianças nos tempos (de manhã ou de tarde) em que não têm aulas. Preços: 150 € excluindo actividades (música e outras). Comparado com outros preços de privados, ela por ela (comparado com preços de Lisboa, creio que deve ser de graça!). Percebi logo porque uma pessoa conhecida que tinha a filha na escola não levava para o ATL, mesmo morando em uma casa modesta. Um filho em ATL mais uma renda mesmo modesta consome mais de um salário a muita gente.
Lembro-me dos discursos sobre a cultura da vida, o dar e outros que tais. Lembram-me os sinos a ressoar. Boa sonoridade, ouve-se bem longe... E o que têm dentro?

VIVA o EVANGELHO de DOMINGO, 24 de Junho

Lc. 1,57-66.80.
Entretanto, chegou o dia em que Isabel devia dar à luz e teve um filho. Os seus vizinhos e parentes, sabendo que o Senhor manifestara nela a sua misericórdia, rejubilaram com ela.
Ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e queriam dar-lhe o nome do pai, Zacarias. Mas, tomando a palavra, a mãe disse:
«Não; há-de chamar se João.»
Disseram-lhe: «Não há ninguém na tua família que tenha esse nome.»
Então, por sinais, perguntaram ao pai como queria que ele se chamasse. Pedindo uma placa, o pai escreveu:
«O seu nome é João.»
E todos se admiraram. Imediatamente a sua boca abriu-se, a língua desprendeu-se-lhe e começou a falar, bendizendo a Deus.
O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos, e por toda a montanha da Judeia se divulgaram aqueles factos. Quantos os ouviam retinham-nos na memória e diziam para si próprios: «Quem virá a ser este menino?» Na verdade, a mão do Senhor estava com ele. Entretanto, o menino crescia, o seu espírito robustecia-se, e vivia em lugares desertos, até ao dia da sua apresentação a Israel.

2007-06-21

Jon Sobrino: radicalmente cristão

Esta entrevista de Jon Sobrino, jesuíta espanhol, ao El Pais, vale a pena ser lida. Aqui fica um pequeno extracto.

«El Espíritu Santo (...) es ese misterio que llamamos Dios, y que tiene fuerza; no poder, fuerza.
A Dios lo empequeñecemos seriamente cuando empezamos a hablar de él en términos de poder. ¿Para qué le sirve la fuerza? Ah, para que los seres humanos hagamos el bien. El Espíritu no es eso que está sobrevolando en un cónclave...»

«Espíritu significa viento, fuerza. Yo, ¿dónde lo he encontrado? En Juan XXIII, en Arrupe, en un compañero jesuita, Javier Ibisate, que acaba de fallecer; lo veía en Gorbachov, se ve en los campos de refugiados de Bukavu... Cuando he estado con gente que ha dicho: aquí nos quedamos. Ya está.»

«La Iglesia debe ser ante todo fuerza, pero, en la realidad, también es poder. Lo sé muy bien. El espíritu a veces no está en la Iglesia cuando no se hace el bien, sino el mal. Pero está cuando somos fieles a Jesús. Dice él en el Evangelio de Lucas: "El espíritu está sobre mí, me ha configurado. ¿Para qué? Para dar vista a los ciegos, para hacer caminar a los cojos, para anunciar una buena noticia y para liberar a los pobres. Él comprende así al Espíritu. Entonces, ¿dónde lo veo yo? ¿Donde está el poder? No. Ahí es donde aprecio lo que constituye a los seres humanos, que lleva también al egoísmo, al sometimiento, a la falta de entendimiento. Esta sociedad necesita espíritu, y no sólo espíritu crítico, sino otras cosas; espíritu que nos dé fuerza para la reconciliación.»
PS - obrigado ao Adro pela chamada de atenção para esta entrevista.

2007-06-19

Nao era so para despenalizar?

Como observa João Miranda nesta posta do blasfémias se o que está em causa é apenas a despenalização, qual o problema de os Hospitais não terem meios para fazer abortos?

"E deviam tê-los? Ainda me lembro de ouvir dizer que o importante era impedir a prisão das mulheres que abortam."

2007-06-16

VIVA o EVANGELHO de DOMINGO, 17 de Junho

Lc. 7,36-50.8,1-3.
[...] Jesus disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa para te dizer.»
«Fala, Mestre» respondeu ele.
«Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. Não tendo eles com que pagar, perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?»
Simão respondeu: «Aquele a quem perdoou mais, creio eu.»
Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.»
E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-me os pés com perfume. Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama.»
Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.»
Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?»
E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.»
Em seguida, Jesus ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, proclamando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus.
Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres, que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios; Joana, mulher de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras, que os serviam com os seus bens.

2007-06-14

Ainda Santo António

Santo António nasceu em Lisboa, provavelmente a 15 de Agosto de 1195, numa casa junto das portas da antiga cidade (Porta do Mar), que se pensa ter sido o local onde, mais tarde, se ergueu a Igreja em sua honra.
Tendo então o nome de Fernando, fez na vizinha Sé os seus primeiros estudos, tomando mais tarde, em 1210 ou 1211, o hábito de Cónego Regrante de Santo Agostinho, em São Vicente de Fora, pela mão do Prior D. Estêvão.
Ali permaneceu até 1213 ou 1214, data em que se deslocou para o austero Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde realizou os seus estudos superiores em Direito Canónico, Ciências, Filosofia e Teologia.
Segundo a tradição, talvez um pouco lendária, o Santo tinha uma memória fora do comum, sabendo de cor não só as Escrituras Sagradas, como também a vida dos Santos Padres.
As relíquias dos Santos Mártires de Marrocos que chegaram a Coimbra em 1220, fizeram-no trocar de Ordem Religiosa, envergando o burel de Frade Franciscano e recolher-se como Eremita nos Olivais (em Coimbra). Foi nessa altura que mudou o seu nome para António e decidiu deslocar-se a Marrocos, onde uma grave doença o reteve todo o inverno na cama. Decidiram os superiores repatriá-lo como medida de convalescença.
Quando de barco regressava a Portugal, desencadeou-se uma enorme tempestade que o arrastou para as costas da Sicília, sendo precisamente na Itália que iria revelar-se como teólogo e grande pregador.Em 19 de Março de 1222, em Forli, falou perante religiosos Franciscanos e Dominicanos recém ordenados sacerdotes e tão fluentemente o fez que o Provincial pensou dedicá-lo imediatamente ao apostolado.
Fixou-se em Bolonha onde se dedicou ao ensino de Teologia, bem como à sua leitura. Exercendo as funções de pregador, mostrou-se contra as heresias dos Cátaros, Patarinos e Valdenses. Seguiu depois para França com o objectivo de lutar contra os Albijenses e em 1225 prega em Tolosa. Na mesma época, foi-lhe confiada a guarda do Convento de Puy-en-Velay e seria custódio da Província de Limoges, um cargo para que foi eleito pelos Frades da região. Dois anos mais tarde instalou-se em Marselha, mas brevemente seria escolhido para Provincial da Romanha.
Assistiu à canonização de São Francisco em 1228 e deslocou-se a Ferrara, Bolonha e Florença. Durante 1229 as suas pregações dividiram-se entre Vareza, Bréscia, Milão, Verona e Mântua. Esta actividade absorvia-o de tal maneira que a ela passou a dedicar-se exclusivamente. Em 1231, e após contactos com Gregório IX, regressou a Pádua, sendo a Quaresma do ano seguinte marcada por uma série de sermões da sua autoria.
Instalou-se depois em casa do Conde de Tiso, seu amigo pessoal, onde morreu em 1231 no Oratório de Arcela.O facto de ter sido canonizado um ano após a sua morte, mostra-nos bem qual a importância que teve como Homem, para lhe ter sido atribuída tal honra. Este acto foi realizado pelo Papa Gregório IX, que lhe chamou "Arca do Testamento".
Considerado Doutor da Igreja e alvo de algumas biografias, todos os autores destas obras são unânimes em considerá-lo como um homem superior. Daí os diversos atributos que lhe foram conferidos: "Martelo dos hereges, defensor da fé, arca dos dois Testamentos, oficina de milagres, maravilha da Itália, honra das Espanhas, glória de Portugal, querubim eminentíssimo da religião seráfica, etc.".Com a sua vida, quase mítica, quase lendária, mas que foi passando de geração em geração, e com os milagres que lhe foram atribuídos em bom número, transformou-se num taumaturgo de importância especial.

2007-06-13

Vaticano condena Amnistia Internacional

Alegando que a Amnistia Internacional apoia a despenalização do aborto, o Conselho Pontíficio Justiça e Paz apela à supressão de todo o apoio àquela organização internacional de defesa dos direitos do Homem.
Pode ler-se aqui o comunicado de hoje daquele conselho pontíficio.
A secção italiana da AI já emitiu um comunicado de resposta.

2007-06-10

Rezar para quê?

«Não há Homem religioso que não reze.
Mas, como diz o Evangelho, é preciso pedir o que a maior parte das vezes se não quer pedir: o Espírito Santo e a conversão.
Na verdade, não se trata de converter Deus à vontade humana e aos seus caprichos, ao seu orgulho e vaidade, à sua avareza e ganância, mas de o Homem se converter ao que Deus quer: simplicidade, capacidade de partilha, humildade, paciência e todas aquelas virtudes que já não estão muito em uso, mas tornam o Homem humano e trazem paz.»

Texto de Anselmo Borges, a ler na íntegra aqui.

2007-06-09

ECO - conferência do RIO - Grito profético




É um grito profético que vale a pena ver e ouvir.

E continua actual, embora desde o RIO (1992, já lá vão 15 anos!) já muito se tenha feito.
E é urgente continuar a AGIR!

VIVA o EVANGELHO de DOMINGO, 10 de Junho

Lc. 7,11-17.
Dirigiu-se a uma cidade chamada Naim, indo com Ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando estavam perto da porta da cidade, viram que levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva; e, a acompanhá-la, vinha muita gente da cidade.
Vendo-a, o Senhor compadeceu-se dela e disse-lhe: «Não chores
Aproximando-se, tocou no caixão, e os que o transportavam pararam. Disse então: «Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!»
O morto sentou-se e começou a falar. E Jesus entregou-o à sua mãe.
O temor apoderou-se de todos, e davam glória a Deus, dizendo: «Surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o seu povo!» E a fama deste milagre espalhou-se pela Judeia e por toda a região.

«Corpo de Deus»

Lc. 9,11-17.
Mas as multidões, que tal souberam, seguiram-no. Jesus acolheu-as e pôs-se a falar-lhes do Reino de Deus, curando os que necessitavam. Ora, o dia começava a declinar.
Os Doze aproximaram-se e disseram-lhe: «Despede a multidão, para que, indo pelas aldeias e campos em redor, encontre alimento e onde pernoitar, pois aqui estamos num lugar deserto.»
Disse-lhes Ele: «Dai-lhes vós mesmos de comer
Retorquiram: «Só temos cinco pães e dois peixes; a não ser que vamos nós mesmos comprar comida para todo este povo!» Eram cerca de cinco mil homens.
Jesus disse aos discípulos: «Mandai-os sentar por grupos de cinquenta.» Assim procederam e mandaram-nos sentar a todos.
Tomando, então, os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos ao céu, abençoou-os, partiu-os e deu-os aos discípulos, para que os distribuíssem à multidão.
Todos comeram e ficaram saciados; e, do que lhes tinha sobrado, ainda recolheram doze cestos cheios.

VIVA o EVANGELHO de Domingo, 3 de Junho Santíssima Trindade

Jo. 16,12-15
«Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir. Ele há-de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer. Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que Eu disse: 'Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer'.»