Robert Fisk, notável jornalista e escritor, um dos mais premiados jornalistas do mundo, deu esta entrevista a Carlos Vaz Marques, da TSF. É britânico e vive em Beirute.
Para ouvir e reflectir. Essencial para perceber melhor o conflito do Médio Oriente.
Aqui.
Porque Ele sabe que temos sede. Porque a oração é o regador da nossa Fé. Este blog, é um espaço de oração e de partilha. Sinta-se livre para participar ;-)
2010-04-27
2010-04-24
Evangelho do 4º Domingo de Páscoa - Bom Pastor
Jo. 10, 27-30
Naquele tempo. disse Jesus: "As minhas ovelhas escutam a minha voz. Eu conheço as minhas ovelhas e elas seguem-Me. Eu dou-lhes a vida eterna e nunca hão-de perecer e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que Mas deu, é maior que todos e ninguém pode arrebatar nada da mão do Pai. Eu e o Pai somos um só".
2010-04-20
Debtate FAVA
Hoje, no meio da crise, cresce o número de pessoas sós, sem emprego e sem esperança num futuro melhor. Neste contexto, cresce a resignação e o fatalismo, a ideia de que nada pode ser mudado.
Iniciativas a apresentar:
- Hub Porto - Plataforma de Inovação Social para a Promoção do Empreendedorismo em áreas de inovação, com preocupação com as questões éticas, culturais e ambientais (Miguel Seabra)
Perante isso sabemos que há também inúmeras pessoas que se juntaram a outras e foram capazes de lançar iniciativas concretas, geradoras de esperança e de uma vida nova e com mais sentido para muitos, provando que não estamos condenados ao fatalismo e à resignação.
Para isso vamos conhecer algumas dessas iniciativas, certos de que podem ser para todos, jovens e adultos, crentes e não crentes, uma fonte de esperança e inspiração.
Iniciativas a apresentar:
- Hub Porto - Plataforma de Inovação Social para a Promoção do Empreendedorismo em áreas de inovação, com preocupação com as questões éticas, culturais e ambientais (Miguel Seabra)
- CrescerSER - Associação Portuguesa para o Direito dos Menores e da Família (Isabel Varandas)
- Microcrédito - Associação Nacional de Direito ao Crédito (Joana Afonso)
Debate, FAVA, dia 23 de Abril, pelas 21h30.
Debate, FAVA, dia 23 de Abril, pelas 21h30.
2010-04-18
A propósito do Evangelho
"(...) Jesus aparece de madrugada na praia, no limiar do dia e da alegria, aqui perto, a cem metros de nós.
Com os olhos embotados pela doença do escuro, não O reconhecemos à primeira.
Mas ouvimos a Sua voz carregada de verdade, que nos desvenda («Não tendes nada para comer, pois não?» (João 21,5) e nos aponta rumos verdadeiros («Lançai a rede para a direita da barca, e encontrareis») (João 21,6).
Não o reconhecemos à primeira.
Mas vemos e lemos os Sinais. «É o Senhor», diz para Pedro o discípulo, aquele que Jesus amava (João 21,7). E Pedro correu na direcção de Jesus."
in Mesa de Palavras
Com os olhos embotados pela doença do escuro, não O reconhecemos à primeira.
Mas ouvimos a Sua voz carregada de verdade, que nos desvenda («Não tendes nada para comer, pois não?» (João 21,5) e nos aponta rumos verdadeiros («Lançai a rede para a direita da barca, e encontrareis») (João 21,6).
Não o reconhecemos à primeira.
Mas vemos e lemos os Sinais. «É o Senhor», diz para Pedro o discípulo, aquele que Jesus amava (João 21,7). E Pedro correu na direcção de Jesus."
in Mesa de Palavras
2010-04-16
Evangelho do 3º Domingo de Páscoa
Jo. 21,1-19.
Algum tempo depois, Jesus apareceu outra vez aos discípulos, junto ao lago de Tiberíades, e manifestou-se deste modo: estavam juntos Simão Pedro, Tomé, a quem chamavam o Gémeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos.
Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar.» Eles responderam-lhe: «Nós também vamos contigo.» Saíram e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada.
Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele.
Jesus disse-lhes, então: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?» Eles responderam-lhe: «Não.» Disse-lhes Ele: «Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar.» Lançaram-na e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar. Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!» Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, apertou a capa, porque estava sem mais roupa, e lançou-se à água.
Os outros discípulos vieram no barco, puxando a rede com os peixes; com efeito, não estavam longe da terra, mas apenas a uns noventa metros. Ao saltarem para terra, viram umas brasas preparadas com peixe em cima e pão.
Jesus disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora.»
Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra, cheia de peixes grandes: cento e cinquenta e três. E, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu.
Disse-lhes Jesus: «Vinde almoçar.» E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe.
Esta já foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta os meus cordeiros.»
Voltou a perguntar-lhe uma segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas.»
E perguntou-lhe, pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu és deveras meu amigo?» Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira vez: 'Tu és deveras meu amigo?' Mas respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo!» E Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais novo, tu mesmo atavas o cinto e ias para onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te há-de atar o cinto e levar para onde não queres.»
E disse isto para indicar o género de morte com que ele havia de dar glória a Deus. Depois destas palavras, acrescentou: «Segue-me!»
Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar.» Eles responderam-lhe: «Nós também vamos contigo.» Saíram e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada.
Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele.
Jesus disse-lhes, então: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?» Eles responderam-lhe: «Não.» Disse-lhes Ele: «Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar.» Lançaram-na e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar. Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!» Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, apertou a capa, porque estava sem mais roupa, e lançou-se à água.
Os outros discípulos vieram no barco, puxando a rede com os peixes; com efeito, não estavam longe da terra, mas apenas a uns noventa metros. Ao saltarem para terra, viram umas brasas preparadas com peixe em cima e pão.
Jesus disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora.»
Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra, cheia de peixes grandes: cento e cinquenta e três. E, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu.
Disse-lhes Jesus: «Vinde almoçar.» E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe.
Esta já foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos. Depois de terem comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-me mais do que estes?» Pedro respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta os meus cordeiros.»
Voltou a perguntar-lhe uma segunda vez: «Simão, filho de João, tu amas-me?» Ele respondeu: «Sim, Senhor, Tu sabes que eu sou deveras teu amigo.» Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas.»
E perguntou-lhe, pela terceira vez: «Simão, filho de João, tu és deveras meu amigo?» Pedro ficou triste por Jesus lhe ter perguntado, à terceira vez: 'Tu és deveras meu amigo?' Mas respondeu-lhe: «Senhor, Tu sabes tudo; Tu bem sabes que eu sou deveras teu amigo!» E Jesus disse-lhe: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras mais novo, tu mesmo atavas o cinto e ias para onde querias; mas, quando fores velho, estenderás as mãos e outro te há-de atar o cinto e levar para onde não queres.»
E disse isto para indicar o género de morte com que ele havia de dar glória a Deus. Depois destas palavras, acrescentou: «Segue-me!»
Should I stay or should I go?
Should I stay or should I go? Clerical-abuse scandal
Fresh revelations of sexual abuse by priests in Germany and Italy have provoked a tide of anger and disgust. I have received emails from people all around Europe asking how can they possibly remain in the Church? I was even sent a form with which to renounce my membership of the Church.
by Timothy Radcliffe
Fresh revelations of sexual abuse by priests in Germany and Italy have provoked a tide of anger and disgust. I have received emails from people all around Europe asking how can they possibly remain in the Church? I was even sent a form with which to renounce my membership of the Church.
Why stay? First of all, why go? Some people feel that they can no longer remain associated with an institution that is so corrupt and dangerous for children. The suffering of so many children is indeed horrific. They must be our first concern. Nothing that I will write is intended in any way to lessen our horror at the evil of sexual abuse.
But the statistics for the US, from the John Jay College of Criminal Justice in 2004, suggest that Catholic clergy do not offend more than the married clergy of other Churches.
Celibacy does not push people to abuse children.
(...)
It is unjust to project backwards an awareness of the nature and seriousness of sexual abuse which simply did not exist then. It was only the rise of feminism in the late 1970s which, by shedding light on the violence of some men against women, alerted us to the terrible damage done to vulnerable children.
But what about the Vatican? Pope Benedict has taken a strong line in tackling this issue as prefect of the Congregation for the Doctrine of the Faith (CDF) and since becoming Pope. Now the finger is pointed at him. (...) There are demonstrators in front of St Peter’s calling for his resignation. I am morally certain that he bears no blame here. It is generally imagined that the Vatican is a vast and efficient organisation. In fact it is tiny. The CDF only employs 45 people, dealing with doctrinal and disciplinary issues for a Church which has 1.3 billion members, 17 per cent of the world’s population, and some 400,000 priests.
(...)People are furious with the Vatican’s failure to open up its files and offer a clear explanation of what happened. Why is it so secretive? Angry and hurt Catholics feel a right to transparent government. I agree. But we must, in justice, understand why the Vatican is so self-protective. There were more martyrs in the twentieth century than in all the previous centuries combined. Bishops and priests, Religious and laity were assassinated in Western Europe, in Soviet countries, in Africa, Latin America and Asia.
Many Catholics still suffer imprisonment and death for their faith.
And some people in the media do, without any doubt, wish to damage the credibility of the Church. But we owe a debt of gratitude to the press for its insistence that the Church face its failures. If it had not been for the media, then this shameful abuse might have remained unaddressed.
Why go? If it is to find a safer haven, a less corrupt Church, then I think that you will be disappointed. I too long for more transparent government, more open debate, but the Church’s secrecy is understandable, and sometimes necessary. To understand is not always to condone, but necessary if we are to act justly.
Why stay? I must lay my cards on the table; even if the Church were obviously worse than other Churches, I still would not go. I am not a Catholic because our Church is the best, or even because I like Catholicism. I do love much about my Church but there are aspects of it which I dislike. I am not a Catholic because of a consumer option for an ecclesiastical Waitrose rather than Tesco, but because I believe that it embodies something which is essential to the Christian witness to the Resurrection, visible unity. When Jesus died, his community fell apart. He had been betrayed, denied, and most of his disciples fled. It was chiefly the women who accompanied him to the end. On Easter Day, he appeared to the disciples. This was more than the physical resuscitation of a dead corpse. In him God triumphed over all that destroys community: sin, cowardice, lies, misunderstanding, suffering and death. The Resurrection was made visible to the world in the astonishing sight of a community reborn. These cowards and deniers were gathered together again.
(...) All Christians are one in the Body of Christ. I have deepest respect and affection for Christians from other Churches who nurture and inspire me. But this unity in Christ needs some visible embodiment. Christianity is not a vague spirituality but a religion of incarnation, in which the deepest truths take the physical and sometimes institutional form. Historically this unity has found its focus in Peter, the Rock in Matthew, Mark and Luke, and the shepherd of the flock in John’s gospel. From the beginning and throughout history, Peter has often been a wobbly rock, a source of scandal, corrupt, and yet this is the one – and his successors – whose task is to hold us together so that we may witness to Christ’s defeat on Easter Day of sin’s power to divide. And so the Church is stuck with me whatever happens. We may be embarrassed to admit that we are Catholics, but Jesus kept shameful company from the beginning.
2010-04-11
Abalo na Igreja IV
O texto aqui publicado em inglês foi para nós traduzido pelo António Alte da Veiga, com esta epígrafe: "Eles podem falar comigo porque «dormi com eles na cama, sou da mesma condição" (Pedro Homem de Mello/Amália Rodrigues)
Paddy McCafferty é um padre que foi ele próprio vítima de abuso do clero. Ele oferece-se como uma ponte entre os que sofreram como ele e a Igreja.
Comecei a falar publicamente em 1996 porque senti que os bispos não respondiam às vítimas com compaixão e verdadeira vontade de ser justos. Isso não me trouxe amigos e sofri real hostilidade, mas não era o que me preocupava. Eu queria, como padre, mostrar solidariedade às vítimas desses crimes. Foi uma tarefa difícil porque eu tinha as minhas próprias feridas desde criança e seminarista.
A resignação forçada do Cardeal Arcebispo de Boston, Bernard Law, em Dezembro de 2002, foi um catalisador. Nessa altura pedi publicamente a resignação do Cardeal Desmond Connell, então Arcebispo de Dublin, que só foi aceite por João Paulo II em Abril de 2004.
O relatório Murphy sobre abusos na Diocese de Dublin mostrou que o Cardeal Connell tinha tratado “mal” os escândalos dos abusos porque ele foi “lento em reconhecer a gravidade da situação”. As respostas que ele deu sobre o conhecimento dessas actividades sob o seu controlo foram julgadas inadequadas.
Sem fé não teria sobrevivido à depressão que sofri. Graças a Deus, eu tinha uma boa experiência na Igreja e isso ajudou-me a separar o abuso de padres e a minha fé em Deus, mas a minha vida espiritual foi afectada e conduziu-me a uma escuridão terrível. A oração já não me dava conforto e ainda sofro muito com a depressão.
Tenho agora 47 anos e trabalho numa paróquia enquanto preparo o doutoramento no Milltown Institute. A minha tese é em teologia da Cruz como um conforto para os sobreviventes de abuso. Faço algum trabalho pastoral não oficial com vítimas de abuso. A maioria das vítimas que me contactaram não foram abusadas pelo clero, mas algumas foram, e estas sentem que podem falar comigo porque sofri a mesma experiência.
Muito mais deste assunto tem de ser contado e a Igreja tem de continuar a ouvir. Os abusos cometidos pelo clero são diferentes dos outros abusos, porque se alguém foi abusado na família talvez encontre conforto na fé e na Igreja. As vítimas de abuso do clero sentem geralmente que esse conforto lhes está vedado.
É necessário que estes casos sejam totalmente transparentes e que se ponha fim a este lento escape do escândalo. Deixem isto vir à luz numa sessão de verdade para todos os bispos.
Não deve haver qualquer esconderijo para qualquer cardeal, bispo ou qualquer um que ponha crianças em perigo. Mas este lento escape de escândalos e o frenesim público que se lhe segue retraumatiza as vítimas, traz-lhes novamente a angústia e mergulha-as no inferno. É como picar novamente a ferida. Põe em perigo o bem-estar mental das vítimas. Algumas aguentam, outras não.
(Fr. Paddy McCafferty é capelão paroquial em Rathmines, Dublin. Deu uma entrevista a Sarah Mac Donald, jornalista freelance.)
Aqui fica também a carta enviada por Bento XVI aos Irlandeses.
Comecei a falar publicamente em 1996 porque senti que os bispos não respondiam às vítimas com compaixão e verdadeira vontade de ser justos. Isso não me trouxe amigos e sofri real hostilidade, mas não era o que me preocupava. Eu queria, como padre, mostrar solidariedade às vítimas desses crimes. Foi uma tarefa difícil porque eu tinha as minhas próprias feridas desde criança e seminarista.
A resignação forçada do Cardeal Arcebispo de Boston, Bernard Law, em Dezembro de 2002, foi um catalisador. Nessa altura pedi publicamente a resignação do Cardeal Desmond Connell, então Arcebispo de Dublin, que só foi aceite por João Paulo II em Abril de 2004.
O relatório Murphy sobre abusos na Diocese de Dublin mostrou que o Cardeal Connell tinha tratado “mal” os escândalos dos abusos porque ele foi “lento em reconhecer a gravidade da situação”. As respostas que ele deu sobre o conhecimento dessas actividades sob o seu controlo foram julgadas inadequadas.
Sem fé não teria sobrevivido à depressão que sofri. Graças a Deus, eu tinha uma boa experiência na Igreja e isso ajudou-me a separar o abuso de padres e a minha fé em Deus, mas a minha vida espiritual foi afectada e conduziu-me a uma escuridão terrível. A oração já não me dava conforto e ainda sofro muito com a depressão.
Tenho agora 47 anos e trabalho numa paróquia enquanto preparo o doutoramento no Milltown Institute. A minha tese é em teologia da Cruz como um conforto para os sobreviventes de abuso. Faço algum trabalho pastoral não oficial com vítimas de abuso. A maioria das vítimas que me contactaram não foram abusadas pelo clero, mas algumas foram, e estas sentem que podem falar comigo porque sofri a mesma experiência.
Muito mais deste assunto tem de ser contado e a Igreja tem de continuar a ouvir. Os abusos cometidos pelo clero são diferentes dos outros abusos, porque se alguém foi abusado na família talvez encontre conforto na fé e na Igreja. As vítimas de abuso do clero sentem geralmente que esse conforto lhes está vedado.
É necessário que estes casos sejam totalmente transparentes e que se ponha fim a este lento escape do escândalo. Deixem isto vir à luz numa sessão de verdade para todos os bispos.
Não deve haver qualquer esconderijo para qualquer cardeal, bispo ou qualquer um que ponha crianças em perigo. Mas este lento escape de escândalos e o frenesim público que se lhe segue retraumatiza as vítimas, traz-lhes novamente a angústia e mergulha-as no inferno. É como picar novamente a ferida. Põe em perigo o bem-estar mental das vítimas. Algumas aguentam, outras não.
(Fr. Paddy McCafferty é capelão paroquial em Rathmines, Dublin. Deu uma entrevista a Sarah Mac Donald, jornalista freelance.)
Aqui fica também a carta enviada por Bento XVI aos Irlandeses.
2010-04-10
Evangelho do 2º Domingo de Páscoa
Jo. 20,19-31.
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor.
E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»
Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles quando Jesus veio. Diziam-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor!» Mas ele respondeu-lhes: «Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito.»
Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja convosco!» Depois, disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.» Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!»
Disse-lhe Jesus: «Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto».
E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»
Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles quando Jesus veio. Diziam-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor!» Mas ele respondeu-lhes: «Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito.»
Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja convosco!» Depois, disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.» Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!»
Disse-lhe Jesus: «Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto».
Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele.
2010-04-08
2010-04-04
Esta é a NOTÍCIA
Jo. 20,1-9.
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava.
Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado do túmulo e não sabemos onde o puseram.»
Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao túmulo. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo.
Inclinou-se para observar e reparou que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao ver os panos de linho espalmados no chão, ao passo que o lenço que tivera em volta da cabeça não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho, mas de outro modo, enrolado noutra posição.
Então, entrou também o outro discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer, pois ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava.
Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado do túmulo e não sabemos onde o puseram.»
Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao túmulo. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo.
Inclinou-se para observar e reparou que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao ver os panos de linho espalmados no chão, ao passo que o lenço que tivera em volta da cabeça não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho, mas de outro modo, enrolado noutra posição.
Então, entrou também o outro discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer, pois ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.
2010-04-03
Cruz
"Também Jesus, no Gólgota, foi confrontado com o abandono dos homens e de Deus. E, naquele abismo, gritou aquela oração que atravessa os séculos: "Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?"
Aparentemente, foi o fim. Pouco depois, os discípulos reencontraram-se a partir de uma experiência avassaladora de fé: Jesus, o crucificado, não caiu no nada, mas vive em Deus para sempre. Sem esta fé, que testemunharam até ao martírio e que mudou a História, não haveria cristianismo."
Anselmo Borges, aqui.
Aparentemente, foi o fim. Pouco depois, os discípulos reencontraram-se a partir de uma experiência avassaladora de fé: Jesus, o crucificado, não caiu no nada, mas vive em Deus para sempre. Sem esta fé, que testemunharam até ao martírio e que mudou a História, não haveria cristianismo."
Anselmo Borges, aqui.
2010-04-02
Abalo na Igreja - III
Estes dois artigos do "The Tablet", de 3 de Abril, são notáveis por várias razões:
O primeiro é de um padre de 47 anos e que foi vitima de pedofilia da parte de um padre. Diz claramente que se não tivesse fé não tinha aguentado o sofrimento.
O outro é de um canonista que há 25 anos trata de casos de crianças vitimas de abusos sexuais.
Ambos apresentam de modo impressionante o sofrimento e as marcas profundissimas dos abusos sofridos da parte de padres.
Outra razão é que o que apresentam não é "contra" ou "a favor" do Papa e da Igreja Católica: são a favor de uma atitude justa para com os principais intervenientes: as vitimas. Vê-se também que conhecem bem a realidade e os processos.
Votos a todos de uma Páscoa vivida por dentro do Mistério da nossa Fé: dar-se totalmente à maneira de Jesus ("não há maior amor do que dar a vida pelos outros") e assim mergulhar na libertação "radical" (pela raiz) da Morte, do Desamor e do Mal.
frei Eugénio
O outro é de um canonista que há 25 anos trata de casos de crianças vitimas de abusos sexuais.
Ambos apresentam de modo impressionante o sofrimento e as marcas profundissimas dos abusos sofridos da parte de padres.
Outra razão é que o que apresentam não é "contra" ou "a favor" do Papa e da Igreja Católica: são a favor de uma atitude justa para com os principais intervenientes: as vitimas. Vê-se também que conhecem bem a realidade e os processos.
Votos a todos de uma Páscoa vivida por dentro do Mistério da nossa Fé: dar-se totalmente à maneira de Jesus ("não há maior amor do que dar a vida pelos outros") e assim mergulhar na libertação "radical" (pela raiz) da Morte, do Desamor e do Mal.
frei Eugénio
‘They can talk to me because I’ve been in their shoes’
Paddy McCafferty is a priest who was himself a victim of clerical abuse. He is offering to act as a bridge between those like himself who have suffered, and the Church
I began to speak out publicly in 1996 because I felt the bishops weren’t responding to victims with compassion and a true desire to be just. It didn’t make me any friends, and I experienced real hostility, but that wasn’t my main concern. I wanted to show solidarity as a priest to the victims of these crimes. It was a difficult and painful journey and it brought me to the brink because I had my own wounds.
The forced resignation of the Cardinal Archbishop of Boston, Bernard Law, in December 2002, was a catalyst. At the time I called publicly for the resignation of Cardinal Desmond Connell, then Archbishop of Dublin, whose retirement as archbishop Pope John Paul II accepted in April 2004.
The Murphy report on abuse in Dublin Diocese subsequently found that Cardinal Connell had handled the abuse scandals “badly” as he was “slow to recognise the seriousness of the situation”. Answers he gave regarding the extent of his knowledge of the abusive activities of priests under his control were regarded as inadequate.
In 2003, before the cardinal’s resignation, I had a nervous breakdown, and as a result I had to seek help. I’d been putting a sticking plaster on deep wounds that needed healing. I had suffered abuse as a child and then as a seminarian. The Diocese of Down and Connor funded counselling in the United States because one of my abusers was a priest.
Without faith I would not be alive. Thank God, I’d experienced plenty of good in the Church and that’s what helped me separate the abuse by the priest from my faith in God. I knew that the abuse had nothing to do with God. But it did affect my spiritual life.
It caused me to go into terrible darkness, and prayer didn’t bring me the comfort it
had always brought me. I still suffer a lot with depression, but I just try to keep going.
I am now 47 and work as a parish chaplain while studying for a doctorate at the Milltown Institute. My thesis is on the theology of the Cross as a comfort to survivors of abuse. I do some unofficial pastoral work with victims of abuse. Some of them have contacted me, having heard me speak publicly about my experiences; others have heard of me through the rape crisis centre.
Most of the victims who have contacted me are not victims of clerical abuse. But there are some who are, and they feel they can talk to me because I’ve been in their shoes.
A lot more of the story needs to be told and the Church needs to continue to listen.
It needs to study and engage with the spiritual effects and spiritual harm caused by clerical abuse.
Abuse by clergy is different from other abuse, because if you were abused in your family, you can perhaps find comfort and healing in faith and the Church. Victims of clerical abuse often feel that that comfort is shut down to them.
There needs to be complete transparency about what occurred and an end to this slow release of scandal. Let it all come out into the open through a truth session of some form for every bishop in the country.
There should be no hiding place for any cardinal, bishop or anybody who has endangered children. But this slow release of scandal and the public frenzy that follows re-traumatises victims. It brings them back into their anguish and plunges them into hell. It is like puncturing the wound again. It is draining and endangers victims’ mental well-being. It puts them at risk of despair.
Some can take so much but some can’t. It is putting straws on camels’ backs, and each revelation could be the one straw that breaks the camel’s back.
Fr. Paddy McCafferty is a parish chaplain in Rathmines, Dublin. He spoke to Sarah.
Mac Donald, a freelance journalist.
‘Church officials often rebuffed the victims’
A canon lawyer involved with child-abuse cases for 25 years, Thomas Patrick Doyle
believes the Church must move beyond the facts and consider why such abuse happens
There is no doubt Pope Benedict truly believed that his pastoral letter to the Irish people would have a healing effect. Yet widespread reactions confirm that it not only failed in this respect, but in fact was a cause of more pain and certainly more anger.
The victims of sexual abuse, the most important of those to whom the letter was addressed, saw only more words when what they desperately hoped for was action. The Pope, his curial officials and far too many bishops persist in believing that their words are equivalent to action and will change reality. From that standpoint alone, the letter is a failure.
On the positive side, Pope Benedict acknowledged the toxic role of clericalism as a cause of the scandal. Yet he neutralized this realistic assessment by shifting blame to the secular culture and what he believes to be a misinterpretation of the Second Vatican Council. A more serious flaw was placing the “immense harm to victims” on the same level as the damage done to the institutional Church and to the image of the priesthood. There is no comparison.
The violation of victims by trusted clerics and the rejection by bishops is far worse than harm. It is the murder of their souls.
It is clear that the Pope believes that the path to healing is through reconciliation with the institutional Church. But for many victims, that would symbolise a return to their abuse.
The injection of several references to the reputation and renewal of the Church reveals that the core issue for the Vatican, even if not consciously acknowledged by the Holy Father, is not healing the victims or purging the evil, but power – the institutional Church’s power – and the assurance that more of it won’t be lost.
The tumultuous week ended with the reve lation of official documents regarding the case in the United States of a priest in Milwaukee who had molested 200 deaf boys. The papers showed that the then Archbishop of Milwaukee, Rembert Weakland, wrote to Pope Benedict in his then capacity as head of the Congregation for the Doctrine of the Faith, requesting that the priest be defrocked. Cardinal Ratzinger did not reply, but eight months later the priest was subject to a canonical trial, later halted after the priest wrote to the future Pope, saying he had repented.
Then there was the case in Germany when the Pope was Archbishop of Munich, where an abusive priest from another diocese was transferred to the city, and after being sent for therapy went back to work. The vicargeneral of the time in Munich said he had made the decision.
The resulting media frenzy was predictable. The Vatican and its supporters faced off with the expected denials and blame-shifting. Yet the latest revelations, even though they implicate the Pope, should not be shocking because they are part of a church-wide culture. This includes accusations that the media is engaged in a campaign to defame the Pope and bring nothing but embarrassment to the Church.
The problem with these claims is that the secular media didn’t invent the cause of embarrassment, nor did it fabricate stories to stoke public outrage. The Pope himself admitted that when victims found the courage to speak, “no one would listen”. Not only would no one listen, but church officials often rebuffed the victims, telling them to avoid the media and to keep it a secret. In so doing, they sentenced the victims to return to their prisons of shame, fear and guilt.
It took the media to rip away the Church’s protective blanket of denial and give voice to the victims. Had they not spearheaded this exposure, carried to even deeper levels by the civil court actions, there is little doubt that the abuse would have continued.
The press in several countries continues to report what Church defenders dismiss as “old cases”. No matter how “old” the case is, it is not a dossier of paper. It is a human being who was once an innocent, devout and trusting Catholic child who now, as an adult, still lives with the intense pain and spiritual isolation that the years cannot heal.
The victims were pushed into the shadows back then, and today, in the middle of the debate, one wonders what has changed. They have suffered devastation and yet they are still relegated to the shadows by a Church obsessed with protecting its hierarchy.
What we need now is a fearless probing of the clerical caste and hierarchical governing culture of the Church to determinewhy the spiritual welfare of the Church’s most vulnerable members was sacrificed for the image and power of the institution and its office-holders. All the expressions of regret and sympathy offered by the Pope and the bishops will be meaningless unless they move past the fact that it happened to the threatening question of why it happened.
Thomas Patrick Doyle is the co-author of Sex, Priests, and Secret Codes: the Catholic Church’s 2,000-year paper trail of sexual abuse. He is a drug and alcohol counsellor on a military base in North Carolina, USA.
Paddy McCafferty is a priest who was himself a victim of clerical abuse. He is offering to act as a bridge between those like himself who have suffered, and the Church
I began to speak out publicly in 1996 because I felt the bishops weren’t responding to victims with compassion and a true desire to be just. It didn’t make me any friends, and I experienced real hostility, but that wasn’t my main concern. I wanted to show solidarity as a priest to the victims of these crimes. It was a difficult and painful journey and it brought me to the brink because I had my own wounds.
The forced resignation of the Cardinal Archbishop of Boston, Bernard Law, in December 2002, was a catalyst. At the time I called publicly for the resignation of Cardinal Desmond Connell, then Archbishop of Dublin, whose retirement as archbishop Pope John Paul II accepted in April 2004.
The Murphy report on abuse in Dublin Diocese subsequently found that Cardinal Connell had handled the abuse scandals “badly” as he was “slow to recognise the seriousness of the situation”. Answers he gave regarding the extent of his knowledge of the abusive activities of priests under his control were regarded as inadequate.
In 2003, before the cardinal’s resignation, I had a nervous breakdown, and as a result I had to seek help. I’d been putting a sticking plaster on deep wounds that needed healing. I had suffered abuse as a child and then as a seminarian. The Diocese of Down and Connor funded counselling in the United States because one of my abusers was a priest.
Without faith I would not be alive. Thank God, I’d experienced plenty of good in the Church and that’s what helped me separate the abuse by the priest from my faith in God. I knew that the abuse had nothing to do with God. But it did affect my spiritual life.
It caused me to go into terrible darkness, and prayer didn’t bring me the comfort it
had always brought me. I still suffer a lot with depression, but I just try to keep going.
I am now 47 and work as a parish chaplain while studying for a doctorate at the Milltown Institute. My thesis is on the theology of the Cross as a comfort to survivors of abuse. I do some unofficial pastoral work with victims of abuse. Some of them have contacted me, having heard me speak publicly about my experiences; others have heard of me through the rape crisis centre.
Most of the victims who have contacted me are not victims of clerical abuse. But there are some who are, and they feel they can talk to me because I’ve been in their shoes.
A lot more of the story needs to be told and the Church needs to continue to listen.
It needs to study and engage with the spiritual effects and spiritual harm caused by clerical abuse.
Abuse by clergy is different from other abuse, because if you were abused in your family, you can perhaps find comfort and healing in faith and the Church. Victims of clerical abuse often feel that that comfort is shut down to them.
There needs to be complete transparency about what occurred and an end to this slow release of scandal. Let it all come out into the open through a truth session of some form for every bishop in the country.
There should be no hiding place for any cardinal, bishop or anybody who has endangered children. But this slow release of scandal and the public frenzy that follows re-traumatises victims. It brings them back into their anguish and plunges them into hell. It is like puncturing the wound again. It is draining and endangers victims’ mental well-being. It puts them at risk of despair.
Some can take so much but some can’t. It is putting straws on camels’ backs, and each revelation could be the one straw that breaks the camel’s back.
Fr. Paddy McCafferty is a parish chaplain in Rathmines, Dublin. He spoke to Sarah.
Mac Donald, a freelance journalist.
‘Church officials often rebuffed the victims’
A canon lawyer involved with child-abuse cases for 25 years, Thomas Patrick Doyle
believes the Church must move beyond the facts and consider why such abuse happens
There is no doubt Pope Benedict truly believed that his pastoral letter to the Irish people would have a healing effect. Yet widespread reactions confirm that it not only failed in this respect, but in fact was a cause of more pain and certainly more anger.
The victims of sexual abuse, the most important of those to whom the letter was addressed, saw only more words when what they desperately hoped for was action. The Pope, his curial officials and far too many bishops persist in believing that their words are equivalent to action and will change reality. From that standpoint alone, the letter is a failure.
On the positive side, Pope Benedict acknowledged the toxic role of clericalism as a cause of the scandal. Yet he neutralized this realistic assessment by shifting blame to the secular culture and what he believes to be a misinterpretation of the Second Vatican Council. A more serious flaw was placing the “immense harm to victims” on the same level as the damage done to the institutional Church and to the image of the priesthood. There is no comparison.
The violation of victims by trusted clerics and the rejection by bishops is far worse than harm. It is the murder of their souls.
It is clear that the Pope believes that the path to healing is through reconciliation with the institutional Church. But for many victims, that would symbolise a return to their abuse.
The injection of several references to the reputation and renewal of the Church reveals that the core issue for the Vatican, even if not consciously acknowledged by the Holy Father, is not healing the victims or purging the evil, but power – the institutional Church’s power – and the assurance that more of it won’t be lost.
The tumultuous week ended with the reve lation of official documents regarding the case in the United States of a priest in Milwaukee who had molested 200 deaf boys. The papers showed that the then Archbishop of Milwaukee, Rembert Weakland, wrote to Pope Benedict in his then capacity as head of the Congregation for the Doctrine of the Faith, requesting that the priest be defrocked. Cardinal Ratzinger did not reply, but eight months later the priest was subject to a canonical trial, later halted after the priest wrote to the future Pope, saying he had repented.
Then there was the case in Germany when the Pope was Archbishop of Munich, where an abusive priest from another diocese was transferred to the city, and after being sent for therapy went back to work. The vicargeneral of the time in Munich said he had made the decision.
The resulting media frenzy was predictable. The Vatican and its supporters faced off with the expected denials and blame-shifting. Yet the latest revelations, even though they implicate the Pope, should not be shocking because they are part of a church-wide culture. This includes accusations that the media is engaged in a campaign to defame the Pope and bring nothing but embarrassment to the Church.
The problem with these claims is that the secular media didn’t invent the cause of embarrassment, nor did it fabricate stories to stoke public outrage. The Pope himself admitted that when victims found the courage to speak, “no one would listen”. Not only would no one listen, but church officials often rebuffed the victims, telling them to avoid the media and to keep it a secret. In so doing, they sentenced the victims to return to their prisons of shame, fear and guilt.
It took the media to rip away the Church’s protective blanket of denial and give voice to the victims. Had they not spearheaded this exposure, carried to even deeper levels by the civil court actions, there is little doubt that the abuse would have continued.
The press in several countries continues to report what Church defenders dismiss as “old cases”. No matter how “old” the case is, it is not a dossier of paper. It is a human being who was once an innocent, devout and trusting Catholic child who now, as an adult, still lives with the intense pain and spiritual isolation that the years cannot heal.
The victims were pushed into the shadows back then, and today, in the middle of the debate, one wonders what has changed. They have suffered devastation and yet they are still relegated to the shadows by a Church obsessed with protecting its hierarchy.
What we need now is a fearless probing of the clerical caste and hierarchical governing culture of the Church to determinewhy the spiritual welfare of the Church’s most vulnerable members was sacrificed for the image and power of the institution and its office-holders. All the expressions of regret and sympathy offered by the Pope and the bishops will be meaningless unless they move past the fact that it happened to the threatening question of why it happened.
Thomas Patrick Doyle is the co-author of Sex, Priests, and Secret Codes: the Catholic Church’s 2,000-year paper trail of sexual abuse. He is a drug and alcohol counsellor on a military base in North Carolina, USA.
2010-04-01
Deux manières de faire mémoire
La Parole de Dieu
« Levé de table, Jésus se met à laver les pieds de ses disciples. »
Évangile selon saint Jean, chapitre 13, versets 4-5
La méditation
L'évangile d'aujourd'hui commence dans un climat d'exceptionnelle majesté. Au début du repas qui va se terminer par l'institution de l'eucharistie, Jésus déclare qu'il vient de Dieu et qu'il retourne à Dieu.
Or, bien que sachant cela, il se lève de table pour faire ce qui, en ce temps-là, était une tâche de serviteur : il quitte son vêtement, remplit d'eau une bassine, s'agenouille devant chacun de ses apôtres, lui lave les pieds et les essuie avec un linge dont il a pris soin de se ceindre. L'intention se laisse facilement deviner. Jésus veut conférer aux services les plus obscurs une dignité spirituelle que, spontanément, nous ne donnerions qu'aux actions éclatantes. Et il ajoute qu'il a fait cela pour nous donner un exemple afin que nous aussi, nous fassions les uns pour les autres ce qu'il a fait lui-même.
Vient ensuite l'institution de l'eucharistie. Jésus, sachant que Judas va le livrer, prend les devants pour se livrer lui-même. "Prenez et mangez, ce pain est mon corps qui est pour vous". "Prenez et buvez car cette coupe est la nouvelle Alliance mon sang. Faites cela en mémoire de moi". En tout cela, il nous apparaît comme exerçant sur les événements une maîtrise absolue.
Or, quelques heures plus tard, il supplie son Père d'écarter de lui cette coupe et sombre ensuite dans la déréliction du "Mon Dieu, mon Dieu, pourquoi m'as-tu abandonne?". Comment expliquer ce revirement? Par l'excès d'amour filial et fraternel qui a poussé le Fils de Dieu à se conduire à notre égard comme un berger qui entrerait lui-même dans le fourré dont les épines emprisonnent ses brebis.