2016-05-31

Banho turco

Turquia... dizem-me que vale a pena ir lá nem que seja apenas pelo banho... turco. Mas nem é preciso, a Europa tem apanhado um banho turco.
Hoje no Público pode ler-se a última boutade de Recip Erdogan, presidente turco: apelo aos muçulmanos para rejeitarem a contracepção: “Vamos multiplicar os nossos descendentes.” Vinha isto no meio de críticas violentas à União Europeia (motivo: direitos humanos). Se a demografia for um conflito, a Europa já perdeu...
Reparem na crise Síria, que é uma parte da crise de refugiados: qual o papel da Turquia nessa crise? A julgar pelos nossos meios de comunicação social, nenhum. Pelo contrário, é uma vítima que acolhe o maior número de refugiados.
Mas claro... quem analisar o desenrolar das operações militares nos últimos 9 meses, sabe que não é assim. Quando os russos entraram em operações no terreno, uma das prioridades das forças do estado sírio, foi cortar a linha de comunicações com a Turquia a norte de Alepo, estabelecendo um corredor até ao enclave de Afrin (curdo). No entanto, ninguém espere ver análises dessas na comunicação social (muito menos na CNN ou BBC).
Para quem tem dúvidas sobre a posição do Ocidente em todo o conflito releia as notícias sobre os atentados em Tartus e Jablus da semana passada. Nem a BBC nem o Público usam o termo terrorista para se referirem ao ataque perpetrado por membros do Estado Islâmico contra um hospital e uma estação de autocarros: foram ataques aos ”bastiões” que apoiam Assad. Não há terrorismo aqui: inimigo do meu inimigo meu amigo é. 
Guerra é guerra (também nas palavras e na informação).

2016-05-28

Diálogo com o Evangelho



Diálogo com o Evangelho do Domingo 29 de maio, pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho de Domingo, 29 de Maio

Lucas 7,1-10.
Naquele tempo, quando Jesus acabou de falar ao povo, entrou em Cafarnaum.
Um centurião tinha um servo a quem estimava muito e que estava doente, quase a morrer. Tendo ouvido falar de Jesus, enviou-Lhe alguns anciãos dos judeus para Lhe pedir que fosse salvar aquele servo. Quando chegaram à presença de Jesus, os anciãos suplicaram-Lhe insistentemente: «Ele é digno de que lho concedas, pois estima a nossa gente e foi ele que nos construiu a sinagoga».
Jesus acompanhou-os. Já não estava longe da casa, quando o centurião Lhe mandou dizer por uns amigos: «Não Te incomodes, Senhor, pois não mereço que entres em minha casa, nem me julguei digno de ir ter contigo. Mas diz uma palavra e o meu servo será curado. Porque também eu, que sou um subalterno, tenho soldados sob as minhas ordens. Digo a um: ‘Vai’ e ele vai, e a outro: ‘Vem’ e ele vem, e ao meu servo: ‘Faz isto’ e ele faz».
Ao ouvir estas palavras, Jesus sentiu admiração por ele e, voltando-se para a multidão que O seguia, exclamou: «Digo-vos que nem mesmo em Israel encontrei tão grande fé».
Ao regressarem a casa, os enviados encontraram o servo de perfeita saúde.

2016-05-21

Diálogo com o Evangelho



Diálogo com o Evangelho do Domingo da Santíssima Trindade, 22 de maio, pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho de Domingo, 22 de maio

 Ícone da Santíssima Trindade. Ano 1410. Andrei Rublev.
 
Jo. 16,12-15.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Tenho ainda muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis compreender agora.
Quando vier o Espírito da verdade, Ele vos guiará para a verdade plena; porque não falará de Si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há-de vir.
Ele Me glorificará, porque receberá do que é meu e vos há-de anunciá-lo.
Tudo o que o Pai tem é meu. Por isso vos disse que Ele receberá do que é meu e vos há-de anunciá-lo».

2016-05-14

A vida questiona o Evangelho do Domingo de Pentecostes, dia 15 de Maio

Jo. 14,15-16.23b-26.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. E Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco.
Quem Me ama guardará a minha palavra, e meu Pai o amará; Nós viremos a Ele e faremos nele a nossa morada.
Quem Me não ama não guarda a minha palavra. Ora a palavra que ouvis não é minha, mas do Pai que Me enviou.
Disse-vos estas coisas, estando ainda convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos recordará tudo o que Eu vos disse.

2016-05-07

Diálogo com o Evangelho



Diálogo com o Evangelho do Domingo da Ascensão, 8 de Maio, pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho do Domingo da Ascensão, 8 de Maio



Lucas 24,46-53.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Está escrito que o Messias havia de sofrer e de ressuscitar dos mortos ao terceiro dia e que havia de ser pregado em seu nome o arrependimento e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. Vós sois testemunhas disso.
Eu vos enviarei Aquele que foi prometido por meu Pai. Por isso, permanecei na cidade, até que sejais revestidos com a força do alto».
Depois Jesus levou os discípulos até junto de Betânia e, erguendo as mãos, abençoou-os.
Enquanto os abençoava, afastou-Se deles e foi elevado ao Céu. Eles prostraram-se diante de Jesus, e depois voltaram para Jerusalém com grande alegria. E estavam continuamente no templo, bendizendo a Deus.

2016-05-05

Tomáš Halík



Entrevista ao teólogo checo Tomáš Halík no DN do passado dia 2 de Maio.


Francisco está a iniciar um novo capítulo na história da Igreja. Está a criar um novo espírito na Igreja. A sua exortação sobre a família e o casamento pode não ter correspondido àquilo que algumas pessoas esperavam sobre a comunhão dos divorciados, mas creio que está lá algo muito profundo e sério. O Papa não está a mudar as regras nem os ensinamentos em si, está a mudar o espírito da Igreja ao deixar implícito que não é a hierarquia ou a autoridade que têm todas as respostas. Está a dizer às pessoas que é preciso interpretar os ensinamentos de acordo com a situação de cada um. Padres e leigos devem ter consciência e sentido de responsabilidade perante as situações concretas.


Creio que os chamados conservadores e progressistas estão a cometer um erro de base. Os primeiros estão demasiado preocupados com as instituições da Igreja, os segundos querem mudar tudo, sem mais. Penso que a solução está em mudar o espírito, a inspiração que move a Igreja. Deixe-me explicar: não podemos ter um vinho novo em tonéis velhos nem tonéis novos com vinho velho. Isso não serviria para nada. Creio que o Papa está a produzir um vinho novo e é tarefa de todos construirmos novos tonéis. E isto interessa a crentes e até a não crentes.


Deus não é um objeto, uma coisa entre outras coisas. Só o podemos descobrir na experiência do amor, do amor às outras pessoas. Se este amor é autêntico, transcende-se a si próprio, transcende o nosso egoísmo. Então, podemos compreender Deus. Como se diz nos Evangelhos: quem não ama não reconhece Deus. Deus é reconhecível através da experiência do amor às outras pessoas. Não é possível dizer que amo Deus e os outros não me interessam, ou pouco me interessam.

2016-05-01

Páscoa!




Pde. Henri Boulad, Igreja dos Jesuítas de Alexandria, no Egito.