Marcos, 16, 1-7
«E tendo passado o sábado, Maria Madalena e Maria de Tiago e Salomé compraram perfumes para irem ungi-LO. E muito cedo, no dia um da semana, vão ao túmulo, ao nascer do sol. E diziam entre si: “Quem retirará para nós a PEDRA da entrada do túmulo?” E ERGUENDO OS OLHOS, VÊEM que a PEDRA tinha sido retirada; era, na verdade, MUITO GRANDE. E tendo entrado no sepulcro, VIRAM um JOVEM sentado à direita, vestido com uma veste branca, e ficaram cheias de espanto.
Ele então diz-lhes: “Não vos espanteis! Procurais JESUS, o Nazareno, o Crucificado? FOI RESSUSCITADO; não está aqui. Eis o lugar onde O puseram. Mas IDE, DIZEI aos Seus discípulos e a Pedro que ELE vos precede na Galileia. Lá O vereis, como ELE vos disse”».
A pedra muito grande retirada, no tempo perfeito, representa a porta da habitação da morte para sempre aberta. O modo passivo (passivo teológico) do verbo revela que um tal operar é coisa só Deus.
O «jovem» designa muitas vezes, na literatura judaica de língua grega, um anjo. «Sentado», pode falar com autoridade. «À direita», o lado propício, sugere que é portador de boas notícias. A cor branca é a cor celeste, e caracteriza os que são admitidos à presença de Deus. O «jovem» penetra, adivinha e antecipa as intenções das mulheres: «Procurais o Nazareno, o Crucificado?» (16,6). Identificando Jesus como «o Crucificado», no tempo perfeito, afirma-se que Jesus não foi apenas crucificado (facto passado), mas é e permanece «o Crucificado», isto é, aquele que veio para dar a sua vida por amor (cf. 10,45).
Ao mandar levar a notícia aos seus discípulos, acrescenta especificamente o nome de Pedro. É como que o reconhecimento de que o arrependimento de Pedro pela sua tríplice negação (cf. 14,66-72) foi aceite. É quase como dizer que, ao contrário do «não conheço esse homem» de Pedro a respeito de Jesus, Jesus diz, por meio do «jovem»: «mas Eu conheço-te, Pedro, e ver-me-ás de novo». Ainda fica claro que Ele nos precede sempre, e que, portanto, o nosso verdadeiro lugar é sempre «atrás d’Ele».
António Couto, "DIZER JESUS NO EVANGELHO DE MARCOS", Fev. 2006
Esta tradução do evangelho de Marcos foi apresentada pelo Pde António Couto numas conferências na paróquia do SSacramento, no Porto, em Fevereiro último. Pelo que disse é uma tradução mais fiel (embora com menos preocupação estética). Há pelo menos 2 diferenças para o texto do missal:
ResponderEliminar- JC "foi recuscitado", e não "ressuscitou";
- as mulheres ficaram cheias de espanto e não assustadas.
Acho, por isso, que vale a pena ler o texto mais próximo do original e o comentário que a ele fez o orador.
Boas achegas, Paulo!
ResponderEliminarObrigado!
frei