Os Discípulos de Emaús
Acabei de ler a passagem do Evangelho de São Lucas referente ao dia de hoje, quarta-feira, e dei-me conta de que a minha vida (a nossa vida?) se assemelha a esta caminhada dos discípulos de Emaús. E como há muito não vinha a este nosso espaço, resolvi penitenciar-me e partilhar convosco a minha oração deste dia.
Como eles, discípulos de Emaús, também eu faço o meu caminho diário com Jesus ao meu lado, Senhor que me vai falando do seu Reino, do Seu sofrimento, das promessas de Deus para connosco. Só que, cego e ensurdecido pelas vãs promessas dos homens, pelas preocupações com os bens materiais, com as seguranças para a minha vida, com o medo de perder o meu conforto e de perder tantas mais coisas que a Jesus não importam, deixo-me arrastar nesta caminhada sem o “ouvir” e sem o “ver”.
Mas, sempre que tenho a ousadia, ou a coragem, de fazer um flashback da minha vida, rapidamente descubro como o Senhor me fala. Fala-me do seu sofrimento nos pobres, nos desempregados, nos aflitos, nos doentes que todos os dias põe no meu caminho. Fala-me do seu Reino quando me mostra os sinais de esperança que nos trazem tantas e tantas pessoas que realizam o bem na ajuda dos outros esquecendo-se do seu conforto e retirando alegria de “sacrificar” (esta é a palavra que usamos mas que eles significa verdadeira alegria) aquilo que para mim é difícil de perder. Fala-me sempre que vejo as alegrias que me acontecem na vida, os sucessos que tenho a nível profissional, as doenças que ultrapasso, as angústias que venço, a abundância de bens materiais, muito para além do que preciso e, bem maior, os filhos saudáveis e com estabilidade no seu casamento, nas suas profissões e nos netos que me trouxeram.
Fala-me, também, dos enormes sinais de esperança que acontecem por este mundo que o Pai nos deu para dele nos servirmos, sinais a que não damos importância porque não fazem notícia, não acrescentam o supérfluo com que nos preocupamos, nem alimentam a nossa vaidade.
Mas Jesus não desiste. Ele quer salvar-nos. Por isso vai mantendo as Suas promessas, vai-nos alimentando e vestindo pois é Misericordioso e intervém por nós junto do Pai que nos quis dar ao fazer-nos seus irmãos, para que se cumpram as promessas da Aliança. E faz tudo isto para nos fazer sair da cegueira e da surdez em que vivemos, para nos “arrastar” com ele. Vai dizendo pacientemente “Oh! Homens sem inteligência e lentos de espírito” acordai, olhai à vossa volta, vede que a Vida acontece permanentemente.
Por isso hoje quero rezar-lhe e dizer-lhe: obrigado Jesus porque não nos abandonaste apesar de todos os dias Te voltarmos as costas. E quero pedir-lhe: Senhor ajuda-me a entender e estar atento aos sinais que nos deixas, aos milagres que todos os dias realizas, às maravilhas que nos trazes, ao pão com que alimentas o nosso corpo e ao Pão com que alimentas o nosso espírito. Quero, também, pedir-lhe perdão por não saber ser digno da Sua Bondade e Misericórdia. Depois (talvez primeiro fosse mais cristão) quero pedir-lhe que tenha paciência com este mundo tão imperfeito e que nos ensine a ir ao encontro dos outros de todas as formas que soubermos e que Ele nos pode ajudar a descobrir, para ajudar os que tem fome e sede, os que sofrem, os que tem frio, os que estão sós, em suma, de todos os que esquecemos todos os dias porque as suas aflições nos incomodam, perturbam o nosso bem estar, como Lázaro perturbava o homem rico, com os seus andrajos, a sua sujidade, o seu mau cheiro, ou mesmo a sua bestialidade.
Finalmente e porque acredito na Sua imensa Misericórdia, quero pedir-lhe que acorra aos aflitos, que sacie a fome e o sofrimento de tantas crianças e mulheres que não tem poder para lutar pelo quinhão que lhe pertence na partilha que deveríamos fazer dos bens que o Senhor nosso Deus nos entregou.
Hoje quero ainda dizer bem alto:
Aleluia! Aleluia! Porque o Senhor da nossa Vida Ressuscita todos os dias para nós que todos os dias o crucificamos com o nosso pecado.
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