Não resisti a colocar mais este texto sobre a polémica de Saramago.
Vale a pena ler o artigo do escritor Richard Zimler no Público, pois dá-nos uma visão mais larga do problema, a partir do ponto de vista Judeu e da história de Israel.
Termina assim:
" As críticas de Saramago são unicamente banalidades superficiais, que revelam uma profunda ignorância da filosofia e da religião ocidentais e uma total incompreensão da linguagem poética e narrativa de desde há mais de três mil anos. Só quem ignora tal herança, jornalistas e responsáveis religiosos incluídos, poderia tornar o patético desabafo do romancista numa tal polémica. E, para mim, essa foi a parte mais desanimadora e mais perturbante de toda esta "inventada" notícia: descobrir que na sociedade onde vivemos, entre os seus membros mais ilustres e cultivados, possa prolongar-se tão lastimosa ignorância de uma parte importantíssima do legado civilizacional da filosofia e da cultura ocidentais."
A astúcia de Saramago também passa por aí. Pegar na religião que sabe ser um tema incendiário (por causa das reacções cegas e irracionais que na generalidade suscita, sobretudo entre o clero). O mais engraçado no artigo de Zimler é quando diz: "E alguns representantes da Igreja Católica atacaram-no com uma ferocidade emocional que revela bem que consideram tais opiniões sobre o Antigo Testamento como um obstáculo à fé."
ResponderEliminarOnde andará a nossa fé? Empenhada em uma relação patrimonial com a Sagrada Escritura, como se qualquer comentário que não seja reverencial sobre a Bíblia fosse o mesmo que desrespeitar a nossa bandeira?