2011-04-29

Diálogo com o Evangelho - 13


Diálogo com o Evangelho de Domingo 1 de Maio,  2º Domingo da Páscoa (da divina misericórdia), pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho do 2º Domingo de Páscoa, 1 de Maio

Jo. 20,19-31.
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!»
Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.» Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»
Tomé, um dos Doze, a quem chamavam o Gémeo, não estava com eles quando Jesus veio.
Diziam-lhe os outros discípulos: «Vimos o Senhor!» Mas ele respondeu-lhes: «Se eu não vir o sinal dos pregos nas suas mãos e não meter o meu dedo nesse sinal dos pregos e a minha mão no seu peito, não acredito.»
Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez dentro de casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse: «A paz seja convosco!»
Depois, disse a Tomé: «Olha as minhas mãos: chega cá o teu dedo! Estende a tua mão e põe-na no meu peito. E não sejas incrédulo, mas fiel.»
Tomé respondeu-lhe: «Meu Senhor e meu Deus!»
Disse-lhe Jesus: «Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto».

Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele.

29 de Abril: Catarina de Sena

"Tu deves, portanto, tornar-te amor, olhando para o amor de Deus, que tanto te amou, não porque te devesse obrigação alguma, mas por um puro dom, impelido somente pelo seu inefável amor.
Não terás outro desejo para além daquele de seguir Jesus! E, como que inebriada do Amor, não farás caso se te encontras só ou acompanhada: não te preocuparás com tantas coisas mas somente de encontrar Jesus e segui-lo!
Corre, Bartolomea, e não estejas a dormir, porque o tempo corre e não espera nem um momento!
"

Das “Cartas” de Santa Catarina de Sena (1347-1380) (carta n.165 a Bartolomea, esposa de Salviato da Lucca)

2011-04-28

Páscoa



Por Hermano Cortes - ver mais aqui.

2011-04-24

ALELUIA! ALELUIA!



Messias de Haendel
From Andre Rieu's "Live From Radio City Music Hall" in New York City 2004, with the Johann Strauss Orchestra and the Harlem Gospel Choir.

Alelu’Ya Alelu’Ya Alelu’Ya Alelu’Ya
For the Lord God omnipotent reigneth.
The kingdom of this world
is become the kingdom of our Lord
and of His Christ.
And He shall reign for ever and ever!
King of kings, forever and ever, Alelu’Ya Alelu’Ya
and Lord of lords, forever and ever, Alelu’Ya Alelu’Ya
Alelu’Ya Alelu’Ya Alelu’Ya Alelu’Ya

A vida questiona o Evangelho do Domingo de Páscoa, de 24 de Abril

Basílica do Santo Sepulcro (Jerusalém, Setembro 2010)
Jo. ‪20,1-9.‬
No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi ao túmulo logo de manhã, ainda escuro, e viu retirada a pedra que o tapava. Correndo, foi ter com Simão Pedro e com o outro discípulo, o que Jesus amava, e disse-lhes: «O Senhor foi levado do túmulo e não sabemos onde o puseram.»
Pedro saiu com o outro discípulo e foram ao túmulo. Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo correu mais do que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. Inclinou-se para observar e reparou que os panos de linho estavam espalmados no chão, mas não entrou.
Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no túmulo e ficou admirado ao ver os panos de linho espalmados no chão, ao passo que o lenço que tivera em volta da cabeça não estava espalmado no chão juntamente com os panos de linho, mas de outro modo, enrolado noutra posição.
Então, entrou também o outro discípulo, o que tinha chegado primeiro ao túmulo. Viu e começou a crer, pois ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.

2011-04-23

Mistério de Jesus na Cruz

Com frequência surge esta observação: adorar um pedaço de madeira não tem sentido, pior ainda, pode mesmo ser uma forma de idolatria.
Por vezes a linguagem trai-nos: seria de facto mais correcto dizer "VENERAR O MISTÉRIO DA CRUZ OU "VENERAR O MISTERIO DA CRUCIFIXÃO" de Jesus de Nazaré.
Ainda hoje, sexta-feira santa estive a celebrar a Paixão de Jesus e nela venerei o MISTERIO DA CRUCIFIXÃO.
Quem pode entender que Deus Pai tenha escolhido este caminho para que Jesus nos abrisse as portas de uma vida nova sem morte, nem desamor, nem mal?
Quem eu adoro é JESUS DE NAZARÉ FILHO DE DEUS que misteriosamente se submeteu à humilhação e terrível sofrimento da crucifixão.
frei Eugénio

2011-04-18

Cristianismo não é resignação, é Esperança!

Acabei de ler o post “ O Cristianismo Resignou-se” e não pude deixar de partilhar algumas reflexões que desde a semana passado me tem surgido.


Dei-me conta, nesta passada semana de uma mensagem que circulava na internet a qual fazia alusão à última crónica de Eduardo Prado Coelho no jornal “Público” sob o título “Precisa-se matéria-prima para construir um país”. Esta crónica foi publicada após o seu falecimento, a 25 de Agosto de 2007, sendo por alguns considerada como uma crónica testamentária. Em conversa com várias pessoas percebi que também tinham recebido a mesma mensagem plena de actualidade.

Não sendo eu um seguidor do pensamento de Eduardo Prado Coelho pois divirjo de muitas das opiniões que ele exprimiu no “Público”, bem como em outros meios, opiniões que vão contra a minha consciência de cristão, não posso deixar de dizer que esta sua última crónica me tocou particularmente pois expressa, de forma inteligente e clarividente, o que também há muito penso do comportamento da nossa sociedade e de mim próprio que não deixei de ser moldado à sua imagem.

Começa ele por dizer:

  “A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como Cavaco, Durão e Guterres. Agora dizemos que Sócrates não serve. E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada. Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria-prima de um país.”

Foi esta última frase que me ficou a “bater” na cabeça, procurando responder-lhe à luz da minha Fé em Cristo. E foi então que, ontem, domingo, ao ler a crónica semanal do Frei Bento no mesmo jornal “Público” sob o título “A triste figura dos discípulos”, na qual ele faz também uma reflexão, usando outras palavras, sobre o mesmo tema colocado há quatro anos por Prado Coelho, comecei a encontrar parte da resposta ao problema e que julgo deve ser encarada por todos aqueles que se dizem cristãos. No seu texto semanal, Frei Bento escrevia:

  “Hoje, está na moda fazer dos políticos os bodes expiatórios de todos os nossos males, precisamente, porque transferimos, para eles, de forma mágica, a salvação do país, distraindo-nos da nossa intransferível responsabilidade cívica. Alienamo-nos, repetindo que eles não deixam espaço à sociedade civil, mas é esta que se demite da sua vocação e entrega tudo na mão dos partidos que, por natureza, são apenas parte da acção política.

   A vida em sociedade tem muitas dimensões e expressões e, por vezes, os meios de comunicação, cegos pela poeira dos acontecimentos políticos e por tudo o que corre mal, roubam, aos cidadãos, o país real, na sua complexidade. A verdade passa a ser a representação que eles nos distribuem. Por outro lado, a publicidade torna as pessoas infelizes se não comprarem as suas propostas. Ora, é a civilização expressa nessas propostas que está falida.”

Ora, Eduardo Prado Coelho, depois de desenvolver a crónica a que aludi à volta das razões porque faz a afirmação inicial, procurando colocar as alternativas de resposta, conclui:

  “Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror?
   Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente abusados! É muito bom ser português. Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
   Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias. Nós temos que mudar. Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer. Está muito claro... Somos nós que temos que mudar.
   Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos: desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e, francamente, somos tolerantes com o fracasso. É a indústria da desculpa e da estupidez.
   Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir) que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de desentendido.
   Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro de que o encontrarei quando me olhar no espelho.
   Aí está, não preciso de o procurar noutro lado.
   E você, o que pensa?... Medite!”

Este texto escrito, como disse, há quase quatro anos continua de uma enorme actualidade e, se fosse escrito por um cristão, não teria mais importância e relevo do que a que Prado Coelho lhe imprimiu. Quantos de nós temos coragem de nos olhar no espelho? Quantos de nós confrontados com a passagem dos Evangelhos sobre a mulher adúltera estaremos em condições de cumprir a Lei de Moisés como pretendiam os que a prenderam? E qual de nós não pensou, ou agiu, como os apóstolos discutindo quem seria o primeiro, quem se sentaria a direita e esquerda do Senhor, procurando um lugar de poder? E quantos de nós, perante situações em que devemos assumir uma posição não adoptamos a atitude de Pilatos, abstendo-nos de uma atitude, seja nas palavras, seja nos actos, “lavando, por isso, as nossas mãos”?

Neste tempo de quaresma e renovação bom seria que todos meditássemos, pelo menos, sobre a passagem do Juízo Final do Evangelho de São Mateus e procurássemos responder às perguntas que Jesus, no seu trono de realeza nos fará quando nos encontrarmos de novo com Ele. E essas respostas mais do que uma obrigação de todos os dias, são questões com que vamos ou estamos já a ser confrontados nestes tempos de crise nacional por que estamos a passar. Oxalá cada um de nós pense nas respostas que temos de dar como cidadãos perante o nosso país e sejamos capazes de olhar para os nossos irmãos, não condenando-os pelos excessos que eventualmente fizeram, mas ajudando-os a superar as enormes dificuldades por que vão passar partilhando com eles como os primeiros cristãos pondo os nossos bens em comum.

Os bens que Deus nos dá não são para guardarmos mas para nos alimentarmos como os pássaros dos céus, para nos vestirmos como os lírios dos campos e servi-Lo e dar-Lhe graças, sendo que um dos maiores serviços a Deus é cumprir o segundo mandamento que Jesus nos ensinou e amar o nosso irmão indo ao encontro dele e saber "dar a César o que é de César e dar a Deus o que é de Deus".

Hugo

O Cristianismo resignou-se


Martin Luther King notou que o amor e uma acção assente sobre ele podiam tornar-se "um poder social eficaz em larga escala, ultrapassando assim uma mera interacção entre pessoas singulares". (...) "Para Ghandi, o amor era um poderoso instrumento de transformação social e colectiva. Na sua doutrina do amor e do pacifismo, descobri método para uma reforma social que procurava há meses. (...) Cheguei à convição de que este era o único método aceitável, em termos morais e práticos, na luta de um povo reprimido na sua liberdade".
No momento da sua entrada na história da Humanidade, o cristianismo possuíra um enorme potencial de mudança, mas não conseguira preservar este ímpeto revolucionário do cristianismo primitivo. Com efeito, este élan perdeu-se quase totalmente, tornando o cristianismo vulnerável a comportamentos reacionários. «O mundo ocidental, habituado ao espetáculo de altos representantes da igreja cristã lado a lado com a alta finança e os generais, transformou a sua prática no contrário da sua teoria.».
O cristianismo resignou-se, tornou-se demasiado modesto, exigindo muito pouco de si mesmo. «O cristianismo enquanto movimento caritativo – meu Deus, ninguém duvida disso. Mas esta religião não terá optado pelo amor ao próximo apenas para não começar o outro, o decisivo, o amor ao inimigo?». King compreendia assim o significado profundamente pessoal, mas também político, do mandamento do amor ao inimigo. «Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem» (Mateus, 5:44).
in "Martin Luther King", de Gred Presler, Expresso, 2011 

2011-04-17

Diálogo com o Evangelho - 12


Diálogo com o Evangelho de Domingo 17 de Abril,  Domingo de Ramos, pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

2011-04-16

A vida questiona o Evangelho do Domingo de Ramos, de 17 de Abril

Mt 21, 1-11
Quando se aproximaram de Jerusalém e chegaram a Betfagé, junto do monte da Oliveiras, Jesus enviou dois discípulos, dizendo lhes: "Ide à povoação que está em frente e encontrareis uma jumenta presa e, com ela, um jumentinho. Soltai os e trazei-mos. E se alguém vos disser alguma coisa, respondei que o Senhor precisa deles, mas não tardará em devolvê-los". Isto sucedeu para se cumprir o que o Profeta tinha anunciado: "Dizei à filha de Sião: 'Eis o teu Rei, que vem ao teu encontro, humildemente montado num jumentinho, filho de uma jumenta'". Os discípulos partiram e fizeram como Jesus lhes ordenara: trouxeram a jumenta e o jumentinho, puseram lhes em cima as suas capas e Jesus sentou-Se sobre elas. Numerosa multidão estendia as capas no caminho; outros cortavam ramos de árvores e espalhavam nos pelo chão. E, tanto as multidões que vinham à frente de Jesus como as que O seguiam, diziam em altos brados: "Hossana ao Filho de David! Bendito O que vem em nome do Senhor! Hossana nas alturas!". Quando Jesus entrou em Jerusalém, toda a cidade ficou em alvoroço. "Quem é Ele?" – perguntavam. E a multidão respondia: "É Jesus, o profeta de Nazaré da Galileia"

2011-04-13

Para reflectir

Há dias atrás dei com este texto de José Comblin, padre belga que viveu no Brasil desde 1958 e recentemente falecido (através da Tribo de Jacob).

Neste texto apresenta-se de forma evidente uma concepção de cristianismo bem diferente da que é retratada no recente livro de Ratzinger, e que este quer combater.


«El evangelio viene de Jesucristo. La religión no viene de Jesucristo. Hay que partir de una distinción básica que ahora varios teólogos ya han propuesto entre el evangelio y la religión.

El evangelio viene de Jesucristo. La religión no viene de Jesucristo.

El evangelio no es religioso. Jesús no ha fundado ninguna religión. No ha fundado ritos; no ha enseñado doctrinas; no ha nada de eso. Se dedicó a anunciar, organizado un sistema de gobierno y a promover el reino de Dios. O sea, un cambio radical de toda la humanidad en todos sus aspectos. Un cambio, y un cambio cuyos autores serán los pobres. Se dirige a los pobres pensando que solamente ellos son capaces de actuar con esa sinceridad, con esa autenticidad para promover un mundo nuevo.

¿Eso sería un mensaje político? No es político en el sentido de que propone un plan, una manera humana es suficiente; pero como meta política, porque esto es una orientación dada a toda la humanidad.

¿La religión? ¡Aah! Jesús no ha fundado una religión... Y pero sus discípulos han creado una religión a partir de Él. ¿Por qué? Porque la religión es algo indispensable a los seres humanos. No se puede vivir sin religión. Si la religión actual aquí se desintegra, ¡hay 38.000 religiones registradas en Estados Unidos! O sea, no faltan religiones, aparecen constantemente. El ser humano no puede vivir sin religión, aunque se aparte de las grandes religiones tradicionales.»

2011-04-08

Diálogo com o Evangelho - 11


Diálogo com o Evangelho de Domingo 10 de Abril,  5º Domingo da Quaresma (ressurreição de Lázaro), pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho do 5º Domingo da Quaresma - 10 de Abril

Jo 11,1-45.

Estava doente um homem chamado Lázaro, de Betânia, terra de Maria e de Marta, sua irmã. Maria, cujo irmão, Lázaro, tinha caído doente, era aquela que ungiu os pés do Senhor com perfume e lhos enxugou com os seus cabelos. Então, as irmãs enviaram a Jesus este recado: «Senhor, aquele que amas está doente.»

Ouvindo isto, Jesus disse: «Esta doença não é de morte, mas sim para a glória de Deus, manifestando-se por ela a glória do Filho de Deus.»

Jesus era muito amigo de Marta, da sua irmã e de Lázaro. Mas, quando recebeu a notícia de que este estava doente, ainda se demorou dois dias no lugar onde se encontrava. Só depois é que disse aos discípulos: «Vamos outra vez para a Judeia.» Disseram-lhe os discípulos: «Rabi, há pouco os judeus procuravam apedrejar-te, e Tu queres ir outra vez para lá?» Jesus respondeu: «Não tem doze horas o dia? Se alguém anda de dia, não tropeça, porque tem a luz deste mundo. Mas, se andar de noite, tropeça, porque não tem a luz com ele.»

Depois de ter pronunciado estas palavras, acrescentou: «O nosso amigo Lázaro está a dormir, mas Eu vou lá acordá-lo.» Os discípulos disseram então: «Senhor, se ele dorme, vai curar-se!» Mas Jesus tinha falado da sua morte, ao passo que eles julgavam que falava do sono natural. Então, Jesus disse-lhes claramente: «Lázaro morreu; e Eu, por amor de vós, estou contente por não ter estado lá, para assim poderdes crer. Mas vamos ter com ele.» Tomé, chamado Gémeo, disse aos companheiros: «Vamos nós também, para morrermos com Ele.» Ao chegar, Jesus encontrou-o sepultado havia quatro dias.

Betânia ficava perto de Jerusalém, a quase uma légua, e muitos judeus tinham ido visitar Marta e Maria para lhes darem os pêsames pelo seu irmão. Logo que Marta ouviu dizer que Jesus estava a chegar, saiu a recebê-lo, enquanto Maria ficou sentada em casa.

Marta disse, então, a Jesus: «Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido.

Mas, ainda agora, eu sei que tudo o que pedires a Deus, Ele to concederá.» Disse-lhe Jesus: «Teu irmão ressuscitará.» Marta respondeu-lhe: «Eu sei que ele há-de ressuscitar na ressurreição do último dia.» Disse-lhe Jesus: «Eu sou a Ressurreição e a Vida. Quem crê em mim, mesmo que tenha morrido, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim não morrerá para sempre. Crês nisto?» Ela respondeu-lhe: «Sim, ó Senhor; eu creio que Tu és o Cristo, o Filho de Deus que havia de vir ao mundo.» Dito isto, voltou a casa e foi chamar sua irmã, Maria, dizendo-lhe em voz baixa: «Está cá o Mestre e chama por ti.» Assim que ela ouviu isto, levantou-se rapidamente e foi ter com Ele. Jesus ainda não tinha entrado na aldeia, mas permanecia no lugar onde Marta lhe viera ao encontro. Então, os judeus que estavam com Maria, em casa, para lhe darem os pêsames, ao verem-na levantar-se e sair à pressa, seguiram-na, pensando que se dirigia ao túmulo para aí chorar. Quando Maria chegou ao sítio onde estava Jesus, mal o viu caiu-lhe aos pés e disse-lhe: «Senhor, se Tu cá estivesses, o meu irmão não teria morrido.»

Ao vê-la a chorar e os judeus que a acompanhavam a chorar também, Jesus suspirou profundamente e comoveu-se. Depois, perguntou: «Onde o pusestes?» Responderam-lhe: «Senhor, vem e verás.» Então Jesus começou a chorar. Diziam os judeus: «Vede como era seu amigo!» Mas alguns deles murmuravam: «Então, este que deu a vista ao cego não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?» Jesus, suspirando de novo intimamente, foi até ao túmulo. Era uma gruta fechada com uma pedra.

Disse Jesus: «Tirai a pedra.» Marta, a irmã do defunto, disse-lhe: «Senhor, já cheira mal, pois já é o quarto dia.» Jesus replicou-lhe: «Eu não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?» Quando tiraram a pedra, Jesus, erguendo os olhos ao céu, disse: «Pai, dou-te graças por me teres atendido. Eu já sabia que sempre me atendes, mas Eu disse isto por causa da gente que me rodeia, para que venham a crer que Tu me enviaste.»

Dito isto, bradou com voz forte: «Lázaro, vem cá para fora!»

O que estava morto saiu de mãos e pés atados com ligaduras e o rosto envolvido num sudário. Jesus disse-lhes: «Desligai-o e deixai-o andar.» Então, muitos dos judeus que tinham vindo a casa de Maria, ao verem o que Jesus fez, creram nele.

2011-04-06

A irracionalidade de novo em acção


Assassinado à queima-roupa por homens encapuzados à frente do filho de um ano. Foi este o desfecho da vida de Juliano Mer-Khamis, o actor árabe-israelita de 53 anos, considerado um símbolo da luta pela causa palestiniana.

Numa terra de divisões ele cometeu o sacrilégio de ser um arabe israelense cristão.

Aqui fica um depoimento de quem o conheceu pessoalmente.



2011-04-01

Diálogo com o Evangelho - 10

Diálogo com o Evangelho de Domingo 3 de Abril,  4º Domingo da Quaresma (Cura do cego de nascença), pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho do 4º Domingo da Quaresma, de 3 de Abril

A piscina de Siloé e o Túnel de Ezequias, lugar que continua a ser visitado como sendo aquele onde aconteceu a cura do cego de nascença.
Jo ‪9,1-41.‬
Ao passar, Jesus viu um homem cego de nascença. Os seus discípulos perguntaram-lhe, então: «Rabi, quem foi que pecou para este homem ter nascido cego? Ele, ou os seus pais?»
Jesus respondeu: «Nem pecou ele, nem os seus pais, mas isto aconteceu para nele se manifestarem as obras de Deus. Temos de realizar as obras daquele que me enviou enquanto é dia. Vem aí a noite, em que ninguém pode actuar.  Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.»
Dito isto, cuspiu no chão, fez lama com a saliva, ungiu-lhe os olhos com a lama e disse-lhe: «Vai, lava-te na piscina de Siloé» que quer dizer Enviado. Ele foi, lavou-se e regressou a ver. Então, os vizinhos e os que costumavam vê-lo antes a mendigar perguntavam: «Não é este o que estava por aí sentado a pedir esmola?» Uns diziam: «É ele mesmo!» Outros afirmavam: «De modo nenhum. É outro parecido com ele.» Ele, porém, respondia: «Sou eu mesmo!» Então, perguntaram-lhe: «Como foi que os teus olhos se abriram?» Ele respondeu: «Esse homem, que se chama Jesus, fez lama, ungiu-me os olhos e disse-me: 'Vai à piscina de Siloé e lava-te.' Então eu fui, lavei-me e comecei a ver!» Perguntaram-lhe: «Onde está Ele?» Respondeu: «Não sei.» Levaram aos fariseus o que fora cego.
O dia em que Jesus tinha feito lama e lhe abrira os olhos era sábado. Os fariseus perguntaram-lhe, de novo, como tinha começado a ver. Ele respondeu-lhes: «Pôs-me lama nos olhos, lavei-me e fiquei a ver.»
Diziam então alguns dos fariseus: «Esse homem não vem de Deus, pois não guarda o sábado.» Outros, porém, replicavam: «Como pode um homem pecador realizar semelhantes sinais miraculosos?» Havia, pois, divisão entre eles. Perguntaram, então, novamente ao cego: «E tu que dizes dele, por te ter aberto os olhos?» Ele respondeu: «É um profeta!»
Ora os judeus não acreditaram que aquele homem tivesse sido cego e agora visse, até que chamaram os pais dele. E perguntaram-lhes: «É este o vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Então como é que agora vê?»
Os pais responderam: «Sabemos que este é o nosso filho e que nasceu cego;
mas não sabemos como é que agora vê, nem quem foi que o pôs a ver. Perguntai-lhe a ele. Já tem idade para falar de si.» Os pais responderam assim por terem receio dos judeus, pois estes já tinham combinado expulsar da sinagoga quem confessasse que Jesus era o Messias. Por isso é que os pais disseram: 'Já tem idade, perguntai-lhe a ele'.
Chamaram, então, novamente o que fora cego, e disseram-lhe: «Dá glória a Deus! Quanto a nós, o que sabemos é que esse homem é um pecador!» Ele, porém, respondeu: «Se é um pecador, não sei. Só sei uma coisa: que eu era cego e agora vejo.» Eles insistiram: «O que é que Ele te fez? Como é que te pôs a ver?» Respondeu-lhes: «Eu já vo-lo disse, e não me destes ouvidos. Porque desejais ouvi-lo outra vez? Será que também quereis fazer-vos seus discípulos?» Então, injuriaram-no dizendo-lhe: «Discípulo dele és tu! Nós somos discípulos de Moisés! Sabemos que Deus falou a Moisés; mas, quanto a esse, não sabemos donde é!» Replicou-lhes o homem: «Ora isso é que é de espantar: que vós não saibais donde Ele é, e me tenha dado a vista!
Sabemos que Deus não atende os pecadores, mas se alguém honrar a Deus e cumprir a sua vontade, Ele o atende. Jamais se ouviu dizer que alguém tenha dado a vista a um cego de nascença. Se este não viesse de Deus, não teria podido fazer nada.» Responderam-lhe: «Tu nasceste coberto de pecados e dás-nos lições?» E puseram-no fora.
Jesus ouviu dizer que o tinham expulsado e, quando o encontrou, disse-lhe: «Tu crês no Filho do Homem?» Ele respondeu: «E quem é, Senhor, para eu crer nele?» Disse-lhe Jesus: «Já o viste. É aquele que está a falar contigo.» Então, exclamou: «Eu creio, Senhor!» E prostrou-se diante dele. Jesus declarou: «Eu vim a este mundo para proceder a um juízo: de modo que os que não vêem vejam, e os que vêem fiquem cegos.»
Alguns fariseus que estavam com Ele ouviram isto e perguntaram-lhe: «Porventura nós também somos cegos?» Jesus respondeu-lhes: «Se fôsseis cegos, não estaríeis em pecado; mas, como dizeis que vedes, o vosso pecado permanece.»