"Uma Igreja que se aproxime das periferias existenciais da humanidade".
Foi esta a síntese das palavras que o cardeal Jorge Mario Bergoglio pronunciou durante uma 
congregação geral dos cardeais antes de entrarem no conclave (como foi revelado agora).
Aqui fica o texto em quatro pontos que serviu de base à sua intervenção:
1.Evangelizar supõe zelo apostólico. Evangelizar supõe para a Igreja a
 audácia de sair de si própria. A Igreja é chamada a sair de si própria 
para ir até às periferias, não apenas geográficas, mas também das 
periferias existenciais: as do mistério do pecado, as da dor, as da 
injustiça, as da ignorância e da abstenção religiosa, as do pensamento, 
as de toda a miséria.
2.Quando a Igreja não sai de si própria para
 evangelizar, torna-se auto-referencial e fica doente (cfr. A mulher 
curvada sobre si própria do Evangelho). Os males que, ao longo do tempo,
 se dão nas instituições eclesiásticas têm raiz de 
auto-referencialidade, uma espécie de narcisismo teológico.
No 
Apocalipse, Jesus diz que está à porta e chama. Evidentemente, o texto 
refere-se ao que chama desde fora para entrar. Mas penso nas vezes em 
que Jesus bate desde o interior para que o deixemos sair. A Igreja 
auto-referencial pretende Jesus Cristo dentro de si e não o deixa sair.
3. A Igreja, quando é auto-referencial, sem se dar conta, crê que tem luz própria. Ela deixa de ser o mysterium lunae,
 e da lugar a esse mal tão grave que é a mundanidade espiritual (segundo
 Lubac [Henri de Lubac, cardeal jesuíta francês], o pior mal que pode 
acontecer à Igreja). É viver para glorificar uns aos outros.
Simplificando, há duas imagens da Igreja: a Igreja evangelizadora que sai de si própria, a Dei verbum religiose audiens et fidenter proclamans; ou a Igreja mundana que vive em si própria, de si própria e para si própria.
Isto deve dar luz aos possíveis caminhos e reformas que já que fazer para a salvação das almas.
4.
 Pensado no próximo Papa: um homem que, a partir da contemplação de 
Jesus Cristo e da adoração de Jesus Cristo ajude a Igreja a sair de si 
própria para as periferias existenciais, que a ajude a ser a mão fecunda
 que vive “da doce e reconfortante alegria da evangelização”.
Roma, 9 de março de 2013  

Não há aqui uma inspiração dominicana, que falava em pregar nas fronteiras?
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