Diálogo com o Evangelho de Domingo, de 26 de outubro, pelo Frei Eugénio, no programa de rádio
"Raízes de Cá".
Porque Ele sabe que temos sede. Porque a oração é o regador da nossa Fé. Este blog, é um espaço de oração e de partilha. Sinta-se livre para participar ;-)
2014-10-25
A vida questiona o Evangelho de Domingo, 26 de Outubro
Mat. 22,34-40.
Naquele tempo, os fariseus ouvindo dizer que Jesus reduzira os saduceus ao silêncio, reuniram-se em grupo.
E um deles, que era legista, perguntou-lhe para o embaraçar:«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?»
Jesus disse lhe: Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.»
Naquele tempo, os fariseus ouvindo dizer que Jesus reduzira os saduceus ao silêncio, reuniram-se em grupo.
E um deles, que era legista, perguntou-lhe para o embaraçar:«Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?»
Jesus disse lhe: Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente. Este é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.»
2014-10-18
Diálogo com o Evangelho
Diálogo com o Evangelho de Domingo, de 19 de outubro, pelo Frei Eugénio, no programa de rádio
"Raízes de Cá".
A vida questiona o Evangelho de Domingo, 19 de Outubro
Mt. 22,15-21.
Naquele tempo, os fariseus reuniram-se para combinar como haviam de surpreender Jesus nas suas próprias palavras. Enviaram-lhe os seus discípulos, acompanhados dos partidários de Herodes, a dizer-lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, sem te deixares influenciar por ninguém, pois não olhas à condição das pessoas.
Diz-nos, portanto, o teu parecer: É lícito ou não pagar o imposto a César?»
Mas Jesus, conhecendo-lhes a malícia, retorquiu: «Porque me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do imposto.» Eles apresentaram-lhe um denário.
Perguntou: «De quem é esta imagem e esta inscrição?»
«De César» responderam. Disse-lhes então: «Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.»
Naquele tempo, os fariseus reuniram-se para combinar como haviam de surpreender Jesus nas suas próprias palavras. Enviaram-lhe os seus discípulos, acompanhados dos partidários de Herodes, a dizer-lhe: «Mestre, sabemos que és sincero e que ensinas o caminho de Deus segundo a verdade, sem te deixares influenciar por ninguém, pois não olhas à condição das pessoas.
Diz-nos, portanto, o teu parecer: É lícito ou não pagar o imposto a César?»
Mas Jesus, conhecendo-lhes a malícia, retorquiu: «Porque me tentais, hipócritas? Mostrai-me a moeda do imposto.» Eles apresentaram-lhe um denário.
Perguntou: «De quem é esta imagem e esta inscrição?»
«De César» responderam. Disse-lhes então: «Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.»
2014-10-04
Europa: austeridade ou solidariedade?
Este artigo de Matthieu de Nanteuil (professor de sociologia na Universidade Católica de Lovaina), “L'Europe en guerre contre soi-même,” in La libre Belgique, 18 de Agosto de 2014, é muito actual e é uma excelente ajuda para reflectirmos sobre o momento que a Europa vive.
No momento da crise ucraniana, a União Europeia (UE) aprovou um plano de apoio de 11 mil milhões de euros à Ucrânia, "com a condição de o país assinar um acordo com o FMI para iniciar reformas" [...], enquanto os Estados Unidos, com o apoio da OTAN, decretaram sanções. Não há dúvida que é melhor do que nada: em 1956 (Budapeste) e 1968 (Praga), as potências ocidentais não acordaram. Neste jogo, contudo, a Ucrânia arrisca a transformar-se no xadrez em que os grandes blocos continentais desenvolvem a sua estratégia e o seu cinismo. A Europa, em particular, parece incapaz de propor outra coisa: o retorno de nacionalismos exacerbados e a paralisia das instituições europeias obrigam-na a fazer da austeridade um novo eixo diplomático e a correr atrás de uma actualidade que controla cada vez menos. É isto a Europa?
Para compreender a derrocada do espírito europeu, é preciso regressar ao ponto que se está a apagar progressivamente na nossa memória colectiva: o da nossa relação com a paz. Os acontecimentos de 6 de Junho de 1944, por muito importantes que sejam, por um lado exaltaram mas, por outro, petrificaram a representação do sentido da construção europeia: " A Europa significa paz".
Ignoramos, contudo, que tirada do seu contexto, esta visão não faz senão perpetuar uma concepção muito restritiva da paz — a paz entendida como não-uso das armas, ausência de guerra. Ora, esta visão é precisamente o inverso da génese da construção europeia, e, mais precisamente, o inverso da história da reconciliação franco-alemã. O que funda a paz não é a simples cessação das hostilidades, mas a construção de uma cultura do "comum", da defesa de um ideal de justiça capaz de ultrapassar as múltiplas divisões que até aqui tinham dilacerado o corpo social.
Porque antes da paz, existia a justiça — especialmente a justiça social. Antes da CECA, o Mercado Comum e a União europeia, houve a invenção dos sistemas de segurança social, o acesso das mulheres ao direito de voto e a vontade de fazer avançar os direitos fundamentais, especialmente os direitos sociais. Para fazer da Europa "um continente de paz", foi preciso construir primeiro uma sociedade que tivesse consciência das suas profundas divisões e que se comprometesse a vencê-las; foi preciso inventar uma consciência global de si e dos outros, materializada em formas concretas de solidariedade. Foi preciso um terreno de significações e de experiências partilhadas.
O que ameaça a Europa de hoje não é a ausência de paz, mas uma paz esvaziada da sua substância, uma paz esquecida da justiça social que lhe deu origem. Esta paz sem solidariedade tem dominado de há dez anos para cá, desde o momento em que — sob a presidência de J. M. Barroso — a Comissão Europeia deixou de ser uma instituição garante da ideia europeia para privilegiar o mercado em detrimento dos bens públicos; os direitos económicos em detrimento dos direitos sociais; a austeridade em detrimento do apoio ponderado aos Estados membros mais vulneráveis. Usada a tempo e a contratempo, esta estratégia serve, não raro, para justificar o imobilismo da União Europeia em matéria de governança assim como o seu tom falsamente voluntarista para impedir eventuais "agressões exteriores"; na realidade, essa estratégia não atinge os seus fins. Não tem qualquer relevância face a agressões efectivas, como na Crimeia, e nunca poderá fazer da UE uma potência capaz de prevenir as crises internacionais — o caso da
Síria é um triste exemplo disso. No seio da União, essa estratégia vem acompanhada do ressurgimento dos discursos nacionalistas e da desagregação do sentimento de pertença à União. O que fazer?
A primeira tarefa de todos os que se sentem ligados à Europa é iniciar a crítica deste discurso repetitivo e simplista que acaba por fazer da paz uma palavra vazia de sentido. É preciso propor uma leitura mais complexa da paz, mas sociológica: a paz só foi possível porque foi a expressão de um determinado relacionamento com o mundo que certas políticas da UE se preparam para destruir.
A segunda tarefa é compreender até que ponto a refundação de uma cultura comum é directamente posta em perigo por políticas de austeridade que confundem os meios com os fins. Em vez de enveredar pela mutualização da dívida, a UE insistiu em uma austeridade contraproducente, em prejuízo da autonomia democrática dos seus
membros e arriscando acentuar ainda mais as fracturas de um continente sem projecto, onde várias décadas de concorrência fiscal e social enfraqueceram os gérmenes de uma cultura comum.
A terceira tarefa é a de redesenhar um horizonte capaz de transcender, nem que seja parcialmente, as clivagens entre partidos. A solidariedade foi, desde há meio século, o pilar da paz. Abandonada desde há muito, a solidariedade deve tornar-se de novo o seu horizonte. Trabalho de grande fôlego que exige sinais concretos: além de uma união bancária, é preciso um Banco central ao serviço do crescimento e não o inverso; uma harmonização fiscal e social progressiva; a criação de uma salário mínimo de base europeia. Sem esquecer o que é sem dúvida essencial: uma política migratória coordenada entre Estados membros, capaz de dizer aos Roma que em todo o espaço europeu se podem sentir em casa [...].
Quanto ao novo duo que hoje está à frente da duas mais importantes instituições da União (o conservador Jean-Claude Juncker para a Comissão, o socialista alemão Martin Schulz para o Parlamento), espera-se deles que dêem um novo impulso a um projecto político europeu adaptado ao século XXI. Da paz à solidariedade, a Europa tem de mudar de paradigma. Esta questão não interessa apenas aos progressistas, mas condiciona o devir da própria cultura europeia; dito de outra forma, o sentimento de pertença dos cidadãos à UE.
De facto, já não é a guerra que ameaça a Europa: é a fraqueza das instituições e das práticas de solidariedade à escala do continente que dilui a adesão dos cidadãos ao projecto europeu. Na verdade, o paradoxo é que, mesmo sem armas, esta situação arrisca-se a gerar um continente em guerra contra si mesmo.
No momento da crise ucraniana, a União Europeia (UE) aprovou um plano de apoio de 11 mil milhões de euros à Ucrânia, "com a condição de o país assinar um acordo com o FMI para iniciar reformas" [...], enquanto os Estados Unidos, com o apoio da OTAN, decretaram sanções. Não há dúvida que é melhor do que nada: em 1956 (Budapeste) e 1968 (Praga), as potências ocidentais não acordaram. Neste jogo, contudo, a Ucrânia arrisca a transformar-se no xadrez em que os grandes blocos continentais desenvolvem a sua estratégia e o seu cinismo. A Europa, em particular, parece incapaz de propor outra coisa: o retorno de nacionalismos exacerbados e a paralisia das instituições europeias obrigam-na a fazer da austeridade um novo eixo diplomático e a correr atrás de uma actualidade que controla cada vez menos. É isto a Europa?
Para compreender a derrocada do espírito europeu, é preciso regressar ao ponto que se está a apagar progressivamente na nossa memória colectiva: o da nossa relação com a paz. Os acontecimentos de 6 de Junho de 1944, por muito importantes que sejam, por um lado exaltaram mas, por outro, petrificaram a representação do sentido da construção europeia: " A Europa significa paz".
Ignoramos, contudo, que tirada do seu contexto, esta visão não faz senão perpetuar uma concepção muito restritiva da paz — a paz entendida como não-uso das armas, ausência de guerra. Ora, esta visão é precisamente o inverso da génese da construção europeia, e, mais precisamente, o inverso da história da reconciliação franco-alemã. O que funda a paz não é a simples cessação das hostilidades, mas a construção de uma cultura do "comum", da defesa de um ideal de justiça capaz de ultrapassar as múltiplas divisões que até aqui tinham dilacerado o corpo social.
Porque antes da paz, existia a justiça — especialmente a justiça social. Antes da CECA, o Mercado Comum e a União europeia, houve a invenção dos sistemas de segurança social, o acesso das mulheres ao direito de voto e a vontade de fazer avançar os direitos fundamentais, especialmente os direitos sociais. Para fazer da Europa "um continente de paz", foi preciso construir primeiro uma sociedade que tivesse consciência das suas profundas divisões e que se comprometesse a vencê-las; foi preciso inventar uma consciência global de si e dos outros, materializada em formas concretas de solidariedade. Foi preciso um terreno de significações e de experiências partilhadas.
O que ameaça a Europa de hoje não é a ausência de paz, mas uma paz esvaziada da sua substância, uma paz esquecida da justiça social que lhe deu origem. Esta paz sem solidariedade tem dominado de há dez anos para cá, desde o momento em que — sob a presidência de J. M. Barroso — a Comissão Europeia deixou de ser uma instituição garante da ideia europeia para privilegiar o mercado em detrimento dos bens públicos; os direitos económicos em detrimento dos direitos sociais; a austeridade em detrimento do apoio ponderado aos Estados membros mais vulneráveis. Usada a tempo e a contratempo, esta estratégia serve, não raro, para justificar o imobilismo da União Europeia em matéria de governança assim como o seu tom falsamente voluntarista para impedir eventuais "agressões exteriores"; na realidade, essa estratégia não atinge os seus fins. Não tem qualquer relevância face a agressões efectivas, como na Crimeia, e nunca poderá fazer da UE uma potência capaz de prevenir as crises internacionais — o caso da
Síria é um triste exemplo disso. No seio da União, essa estratégia vem acompanhada do ressurgimento dos discursos nacionalistas e da desagregação do sentimento de pertença à União. O que fazer?
A primeira tarefa de todos os que se sentem ligados à Europa é iniciar a crítica deste discurso repetitivo e simplista que acaba por fazer da paz uma palavra vazia de sentido. É preciso propor uma leitura mais complexa da paz, mas sociológica: a paz só foi possível porque foi a expressão de um determinado relacionamento com o mundo que certas políticas da UE se preparam para destruir.
A segunda tarefa é compreender até que ponto a refundação de uma cultura comum é directamente posta em perigo por políticas de austeridade que confundem os meios com os fins. Em vez de enveredar pela mutualização da dívida, a UE insistiu em uma austeridade contraproducente, em prejuízo da autonomia democrática dos seus
membros e arriscando acentuar ainda mais as fracturas de um continente sem projecto, onde várias décadas de concorrência fiscal e social enfraqueceram os gérmenes de uma cultura comum.
A terceira tarefa é a de redesenhar um horizonte capaz de transcender, nem que seja parcialmente, as clivagens entre partidos. A solidariedade foi, desde há meio século, o pilar da paz. Abandonada desde há muito, a solidariedade deve tornar-se de novo o seu horizonte. Trabalho de grande fôlego que exige sinais concretos: além de uma união bancária, é preciso um Banco central ao serviço do crescimento e não o inverso; uma harmonização fiscal e social progressiva; a criação de uma salário mínimo de base europeia. Sem esquecer o que é sem dúvida essencial: uma política migratória coordenada entre Estados membros, capaz de dizer aos Roma que em todo o espaço europeu se podem sentir em casa [...].
Quanto ao novo duo que hoje está à frente da duas mais importantes instituições da União (o conservador Jean-Claude Juncker para a Comissão, o socialista alemão Martin Schulz para o Parlamento), espera-se deles que dêem um novo impulso a um projecto político europeu adaptado ao século XXI. Da paz à solidariedade, a Europa tem de mudar de paradigma. Esta questão não interessa apenas aos progressistas, mas condiciona o devir da própria cultura europeia; dito de outra forma, o sentimento de pertença dos cidadãos à UE.
De facto, já não é a guerra que ameaça a Europa: é a fraqueza das instituições e das práticas de solidariedade à escala do continente que dilui a adesão dos cidadãos ao projecto europeu. Na verdade, o paradoxo é que, mesmo sem armas, esta situação arrisca-se a gerar um continente em guerra contra si mesmo.
A vida questiona o Evangelho de Domingo, 5 de outubro
Mt. 21,33-43.
Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Escutai outra parábola: Um chefe de família plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, construiu uma torre, arrendou-a a uns vinhateiros e ausentou-se para longe. Quando chegou a época das vindimas, enviou os seus servos aos vinhateiros, para receberem os frutos que lhe pertenciam.
Os vinhateiros, porém, apoderaram-se dos servos, bateram num, mataram outro e apedrejaram o terceiro.
Tornou a mandar outros servos, mais numerosos do que os primeiros, e trataram-nos da mesma forma.
Finalmente, enviou-lhes o seu próprio filho, dizendo: 'Hão-de respeitar o meu filho.’
Mas os vinhateiros, vendo o filho, disseram entre si: 'Este é o herdeiro. Matemo-lo e ficaremos com a sua herança.’ E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no.
Ora bem, quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?»
Eles responderam-lhe: «Dará morte afrontosa aos malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entregarão os frutos na altura devida.»
Jesus disse-lhes: «Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram transformou-se em pedra angular? Isto é obra do Senhor e é admirável aos nossos olhos?
Por isso vos digo: O Reino de Deus ser-vos-á tirado e será confiado a um povo que produzirá os seus frutos.
Naquele tempo, disse Jesus aos príncipes dos sacerdotes e aos anciãos do povo: «Escutai outra parábola: Um chefe de família plantou uma vinha, cercou-a com uma sebe, cavou nela um lagar, construiu uma torre, arrendou-a a uns vinhateiros e ausentou-se para longe. Quando chegou a época das vindimas, enviou os seus servos aos vinhateiros, para receberem os frutos que lhe pertenciam.
Os vinhateiros, porém, apoderaram-se dos servos, bateram num, mataram outro e apedrejaram o terceiro.
Tornou a mandar outros servos, mais numerosos do que os primeiros, e trataram-nos da mesma forma.
Finalmente, enviou-lhes o seu próprio filho, dizendo: 'Hão-de respeitar o meu filho.’
Mas os vinhateiros, vendo o filho, disseram entre si: 'Este é o herdeiro. Matemo-lo e ficaremos com a sua herança.’ E, agarrando-o, lançaram-no fora da vinha e mataram-no.
Ora bem, quando vier o dono da vinha, que fará àqueles vinhateiros?»
Eles responderam-lhe: «Dará morte afrontosa aos malvados e arrendará a vinha a outros vinhateiros que lhe entregarão os frutos na altura devida.»
Jesus disse-lhes: «Nunca lestes nas Escrituras: A pedra que os construtores rejeitaram transformou-se em pedra angular? Isto é obra do Senhor e é admirável aos nossos olhos?
Por isso vos digo: O Reino de Deus ser-vos-á tirado e será confiado a um povo que produzirá os seus frutos.