Diálogo com o Evangelho do Batismo do Senhor, 12 de janeiro, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui.
 
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 Evangelho (Lc. 15, 21-22)
Naquele tempo, o povo estava na expectativa e todos pensavam em seus corações se João não seria o Messias.
João
 tomou a palavra e disse-lhes: «Eu batizo-vos com água, mas está a 
chegar quem é mais forte do que eu, e eu não sou digno de desatar as 
correias das suas sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e 
com o fogo».
Quando todo o povo recebeu o batismo, Jesus também foi batizado; e, enquanto rezava, o céu abriu-se e
 o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corporal, como uma pomba. E 
do céu fez-se ouvir uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus 
todo o meu agrado».
DIÁLOGO
O evangelista Lucas não
conta nada sobre os cerca de trinta anos que Jesus passou com Maria e José em
Nazaré. 
O tempo ia passando, mas
Jesus não decidia nada por si-mesmo. Ele esperava um sinal de Deus, Seu Pai. 
Um dia, enfim, chegou um sinal.
Chegou a Nazaré um rumor de que tinha aparecido um profeta de nome João, que
exortava à conversão e batizava no rio Jordão, já perto do Mar Morto. 
Jesus pôs-Se a caminho e
a sua vida vai mudar completamente.
 "O povo estava em
grande expectativa".  
Foi assim que o
evangelista Lucas descreveu a excitação que se tinha gerado em torno de João
Batista. 
Quando é que nós
experimentamos esse tipo de emoção religiosa ou espiritual e a manifestamos em
público e não apenas em privado?
 Habitualmente é mais
fácil unirmo-nos em torno de acontecimentos negativos, do que de situações
positivas! 
A condenação de
acontecimentos maus e escandalosos não nos pede o compromisso e o empenho que
são exigidos pela aprovação, ou aclamação, de atitudes boas e louváveis. 
É por isso, que muitas
vezes evitamos mostrar entusiasmo em público por acontecimentos e por pessoas
que merecem a nossa admiração e apoio. 
À exceção do desporto,
onde manifestamos facilmente e, até com exuberância, o nosso entusiasmo. 
O que é que a celebração
do Baptismo de Jesus no Jordão nos pode trazer de importante 
Em primeiro lugar,
podemos celebrar, na fé, a realidade de que o nosso batismo nos une intimamente
a Jesus e a todos que nos precederam na fé n’Ele. 
Numa época que é a nossa,
em que os documentos legais se tornaram tão importantes para indicar o nosso
estatuto, podemos considerar a nossa certidão de batismo como um cartão de
identidade muito importante. Porquê? 
Porque a certidão de
batismo indica a quem pertencemos - a Jesus - e ao que somos chamados a viver –
o modo de viver de Jesus. 
Além disso, quando lemos
o Evangelho de hoje, temos uma imagem de Jesus descobrindo a sua vocação de
Filho e servidor de Deus, Seu Pai. 
A descida do Espírito
Santo sobre Ele e a mensagem de Deus Pai juntaram-se para dizer a Jesus que Ele
foi chamado para uma missão, muito mais importante que aquela que João Batista
tinha. 
O facto de os quatro
Evangelhos registarem esta revelação que vem de Deus e do Espírito-Santo,
significa que Jesus, como qualquer outro ser humano, teve de procurar a Vontade
de Deus na sua vida.
 A identidade e a missão
de Jesus brotam da sua relação com Deus que O chamou de «Filho muito amado». 
Jesus dedicou-se a fazer
a Vontade do Pai em todos os momentos e situações. 
Observando com atenção o
que se passou com Jesus quando foi batizado por João no Jordão, podemos
descobrir que o batismo que recebemos, em criança, jovem ou adulto, não nos dá
um estatuto cristão, mas sim uma missão: seguir em tudo o modo de viver de
Jesus.
 Para discernir essa
missão que é a nossa, também nós temos de ler as Escrituras e rezar em todas as
circunstâncias, como Jesus o fez. 
Como seus seguidores,
somos convidados a viver seguindo o seu exemplo. 
Ritualizar o nosso compromisso
com o batismo é apenas um pequeno passo. 
Mas viver como batizado,
é entrar numa vida de oração e de ação, uma vida de descoberta e aprofundamento
do grande amor de Deus Pai por toda a humanidade, em todos os tempos e lugares
e ter o empenho de o comunicar de todas as formas possíveis. 
Que queiramos viver com
empenho e alegria essa vocação.  
   
frei Eugénio, OP (09.01.2022)
 
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