«É evidente que a ressurreição nada tem a ver com a reanimação do cadáver, pois, se fosse isso, a pessoa voltaria a morrer.
A ressurreição é a afirmação de fé, com razões, de que Jesus, na morte, não soçobrou no nada, mas foi encontrado pela plenitude do mistério inominável de Deus.
O que é e como é esse encontro ninguém sabe - a ultimidade transcende a razão científica, empírico-matemática. Mas aqueles que acreditam em Deus, o Vivente, que é Amor, Criador de todas as coisas, Fundamento e Sentido último de tudo quanto existe, fazem suas aquelas palavras que, noutro contexto, Espinosa deixou: "Sabemos e experienciamos que somos eternos.
"Quem não viveu na superfície das coisas, quem perguntou até à raiz de tudo, quem se exaltou com a beleza, quem alguma vez teve um gesto absolutamente gratuito de amor, quem se deixou surpreender pelo abismo infinito do olhar de alguém, quem tentou descer até ao fundo sem fundo de si, quem foi abalado pela exigência incondicionada do dever, quem se deixou tocar por um tu que não se possui nem domina, quem foi alguma vez avassaladoramente visitado pela pergunta inconstruível: "Porque há algo e não nada?", foi tangido pela fímbria da eternidade.»
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