2007-02-26

Referendo ao Aborto: a luta continua

O estímulo do frei Eugénio no seu último post leva-me a continuar a desenvolver algumas ideias e comentários sobre o tema do Referendo sobre o Aborto, eufemisticamente chamado de Referendo sobre a Interrupção Voluntária da Gravidez. E, ao contrário do que diz o frei Eugénio, cujos elogios não mereço, este não é um acto de coragem, mas uma necessidade de cristão que, ao escrever tais textos, procura também esclarecer a sua consciência.

Mas vamos ao que importa, ou seja, ao pós referendo.

Este domingo foi fértil em notícias sobre o tema, uma das quais me sugeriu o título deste post. No jornal Público pude ler uma notícia sobre reuniões dos movimentos pelo Sim e pelo Não e, nessa entrevista, dois aspectos me chamaram a atenção.

Na primeira parte da entrevista, dedicada aos defensores do Sim, são de salientar as declarações do médico António Marinho, de Coimbra, o qual diz: “A luta ainda não acabou” referindo-se ao facto de estar ainda a elaborar-se a legislação que vai regulamentar as condições em que se pode praticar o aborto. Esta frase é a introdução para uma preocupação deste movimento e que este médico refere como “a necessidade da nova lei não contemplar qualquer estrutura externa que vá influenciar a decisão da mulher, o que, na sua opinião, seria ilegítimo à luz da pergunta colocada no referendo”.

Esta declaração mostra bem que, por trás da forma como a pergunta do referendo estava “montada”, facto a que aludi num post anterior, existia claramente a intenção, pura e dura, de liberalizar o aborto. Ou seja, ao contrário do que politicamente se assumia para defender o referendo e legitimar a mudança da legislação existente, não se pretendia com esta figura referendária lutar contra o aborto clandestino, mas dar mais um passo para liberalizar esta prática, tornando-a uma decisão apenas da mulher.

Já na continuação do texto da notícia se pode ler que os movimentos pelo Não se reuniram também e, para além de algumas propostas legítimas para que a nova legislação possa minimizar o atentado ao valor fundamental da Vida, para que dê oportunidade às mulheres de terem a opção apoiado pelo “não aborto”, nomeadamente com apoios financeiros de igual valor ao custo assumido para a pratica desse acto, e para que o Estado apoie os movimentos de à mulher e às crianças em dificuldade, deixaram, no final, um apelo para que os vários grupos do Não se empenhem na criação e dinamização de instituições de apoio à vida.

Este último apelo é também uma interpelação a todos os cristãos para que se associem, como apelei no último post, por todas as formas possíveis, a estas iniciativas. É este também o apelo essencial que o post do frei Eugénio reflecte, e que consubstancia na frase “A Igreja é um Povo de Deus, que precisa da prática da fé de todos os fiéis”.

Uma segunda notícia, pude lê-la no ZENIT, publicada no dia 2007/02/25 sob o título “Decisões mortais: Continua o debate sobre a eutanásia”, da autoria do padre John Flynn, Nela se refere a certo passo “A eutanásia não somente servirá para os anciãos. Cada vez se pressiona mais para que se pratique a recém-nascidos que sofrem de enfermidades ou deficiências. O Royal College of Obstetricians and Gynecology do Reino Unido propôs que se considerasse a «eutanásia activa» para bebés enfermos, informou em 5 de Novembro o Sunday Times” e, mais à frente, “A proposta foi apresentada numa comunicação enviada pelo colégio a uma investigação do Nuffield Council of Bioethics sobre o tema de prolongar a vida dos bebés recém-nascidos. A sua comunicação recebeu o apoio de John Harris, membro da Comissão de Genética Humana do governo e professor de bioética na Universidade de Manchester, informava o Sunday Times. «Podemos pôr fim (a uma vida) para que uma grave anormalidade fetal não acabe em nascimento; porém, não podemos matar um recém-nascido. O que é que as pessoas pensam que ocorre ao passar o canal do nascimento para que dêem a sua aprovação a matar um feto de um lado de dito canal, porém não no outro?», perguntava.”

Esta notícia, vem recolocar o problema que já levantei no fim do meu último post, acerca da eutanásia. E vem mostrar, também, a face de um Mal muito maior, duma verdadeira “Caixa de Pandora” que a sociedade ocidental está a abrir. Estas são, porventura, as portas do Abismo a que se referia o Evangelho que então citei. E no Evangelho deste domingo também líamos “Tendo esgotado toda a espécie de tentação, o diabo retirou-se de junto dele, até um certo tempo.”. Oxalá, não seja este o seu tempo.

Finalmente, o artigo de opinião do padre Anselmo Borges, publicado no Diário de Notícias sob o título “Depois do Referendo, o quê?”. Neste artigo, o padre Anselmo Borges começa por fazer a sua defesa contra interpretações erradas das suas posições sob este tema durante a campanha para o referendo, nomeadamente a leitura feita pelos movimentos ligados ao Sim. Embora esteja de acordo com o essencial do texto, não posso deixar de dizer que o padre Anselmo viu ser interpretada a ambiguidade da sua posição que deixou, claramente, em muitas pessoas a ideia da sua opção incondicional pelo Sim, sem as “desculpas” expressas neste texto. Eu próprio senti, pessoalmente, essa posição.

Mas ainda, a respeito deste texto, não posso deixar de ressaltar um aspecto com o qual, ao contrário do que se passa com o resto do artigo, não posso estar totalmente de acordo. Diz, a certa altura, o padre Anselmo Borges que “…dificilmente alguém poderá dizer que até às dez semanas o abortamento é um homicídio, por outro, não se pode negar que destrói um ser vivo da espécie humana.”.

Ora, se não é um homicídio, tal como a jurisprudência o define, já do ponto de vista da moral cristã deverá ter um valor idêntico ao desse acto pois trata-se da destruição da VIDA. E, em minha opinião, isto deve ser claramente acentuado por aqueles que se dizem cristãos, sem qualquer julgamento para com aqueles que não acreditam neste conceito de vida. Mas, se não somos firmes na defesa dos valores em que acreditamos, estamos a abri as portas para que se insinuem outros valores que contrariam a moral cristã em aspectos que reputo de essenciais. É por este motivo que, em minha opinião, o papel de um cristão tem que ser claro e autêntico. Compete-nos, não o julgamento dos outros, mas o seu convencimento de que o mundo que concebemos e os valores que o norteiam, são os necessários ao homem e à sua salvação. E devemos fazê-lo à maneira de Jesus: sem julgamento e com perdão.

Fica, assim, mais este contributo para o tema. A ele regressarei quantas vezes for necessário para o debate de ideias que possam aparecer, na certeza de que um bom desafio é sempre algo estimulante e esclarecedor, se feito com paciência e firmeza. Valerá a pena, neste aspecto, atentarmos nas palavras do Evangelho de hoje, Primeiro Domingo da Quaresma (Lc. 4, 1-13) e perceber como o Senhor aceita com paciência as palavras do diabo, resistindo a impor-lhe o Seu poder, e atentando na firmeza com que resiste a todas as tentações recorrendo aos textos da Sagrada Escritura e a palavras de paz.

Finalmente, deixo um texto de apelo dos Movimentos pela Vida que recolhi no site da Agência Ecclesia onde estão manifestas as principais preocupações do mesmo com as quais me identifico e que, por isso, divulgo.

2007-02-24

NO RESCALDO DO REFERENDO AO ABORTO (III)


Apreciei muito o bem pensado comentário do Hugo no "Rescaldo do referendo -II".
Acho notável o desassombro e coragem que revela em escrever na internet o que pensa e o que acredita pessoalmente como cristão e como homem atento ao que vive, correndo o risco da censura de dentro e de fora da Igreja.
É uma intervenção desafiante! Para mim já resultou!
Espero poder continuar a sua reflexão, pois o pos-referendo é um caminho que pede muito fôlego e persistência, para ajudar quem quer ser pai e mãe, quem quer ter uma sexualidade responsável e quem se vê em situações dramáticas que a sociedade "empurra" para o aborto.
Há a meu ver há uma questão central para nós católicos e que o António Marujo levanta: a doutrina oficial Igreja Católica tem sérios desencontros com a reflexão e prática de católicos que procuram viver a fundo a sua fé e que procuram esclarecer a sua consciência de forma evangélica. Os discernimentos que fazem não cabem no quadro da doutrina oficial da Igreja Católica. Ora isto não é novo na longa História da Igreja. A Hierarquia, tem um lugar essencial, mas não tem o "monopólio" do Espirito Santo. A Igreja é um Povo de Deus, que precisa da prática da fé de todos os fiéis.
Ora nestas questões da vida, do amor e da sexualidade, os católicos encontram-se diante de situações nas quais têm de tomar decisões e ter opções que podem não coincidir com as posições "oficiais" da hierarquia.
Esta a meu ver é uma questão que está subjacente ao que o Hugo aborda . Espero que possa ser continuada neste espaço do Regador.

2007-02-23

VIVA o EVANGELHO de Domingo 18 de Fevereiro, 1.º da QUARESMA

Lc. 4,1-13.
Cheio do Espírito Santo, Jesus retirou-se do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde esteve durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo.
Não comeu nada durante esses dias e, quando eles terminaram, sentiu fome. Disse-lhe o diabo:
«Se és Filho de Deus, diz a esta pedra que se transforme em pão.»
Jesus respondeu-lhe:
«Está escrito: Nem só de pão vive o homem
Levando-o a um lugar alto, o diabo mostrou-lhe, num instante, todos os reinos do universo e disse-lhe:
«Dar-te-ei todo este poderio e a sua glória, porque me foi entregue e dou-o a quem me aprouver. Se te prostrares diante de mim, tudo será teu.»
Jesus respondeu-lhe:
«Está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto
Em seguida, conduziu-o a Jerusalém, colocou-o sobre o pináculo do templo e disse-lhe:
«Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, pois está escrito: Aos seus anjos dará ordens a teu respeito, a fim de que eles te guardem; e também: Hão-de levar-te nas suas mãos, com receio de que firas o teu pé nalguma pedra.»
Disse-lhe Jesus:
«Não tentarás ao Senhor, teu Deus
Tendo esgotado toda a espécie de tentação, o diabo retirou-se de junto dele, até um certo tempo.

2007-02-22

BP


«O melhor meio para alcançar a felicidade é contribuir para a felicidade dos outros

«Procurai deixar o mundo um pouco melhor de que o encontrastes»

Faz hoje 150 anos que nasceu em Londres Robert Stephenson Smith Baden-Powell, que mais tarde seria famoso como fundador do Escutismo.

Estas palavras de BP são uma exortação ao empenhamento cívico de cada homem e mulher, concordante com o apelo de Hugo Meireles no post antecedente e que é cada vez mais uma necessidade.

No Rescaldo do Referendo ao Aborto (II)

Assumi o risco de plagiar o título do post do Paulo pelo simples motivo de, na segunda-feira 19, ter lido duas notícias que me sugeriram exactamente este título para um comentário. Como a causa é boa, espero que ele não leve a mal.

Mas vamos ao assunto. Como o Paulo, não posso também estar mais de acordo com o texto publicado no Público, da autoria de António Marujo e ele veio reforçar mais a minha íntima convicção de que, a nós cristãos, cabe um papel fundamental nesta luta contra o aborto, não pelos meios que os defensores do Sim propõe, mas pelo apoio a todas as acções que venham em defesa das mães e dos filhos rejeitados.

Notícias como as que referi, uma publicada no JN com o título “Despedimento de grávidas não para de aumentar” link ou a outra publicada no Público, no mesmo dia, com o título “Ter os filhos com gripe nas creches para não faltar ao trabalho é risco para a saúde pública”, dão-nos conta das enormes dificuldades que as mulheres enfrentam para conseguirem uma maternidade tranquila e responsável.

É neste aspecto que faz todo o sentido que, aqueles que se dizem cristãos, se unam e defendam não só o valor da vida, mas também os meios para promover essa defesa. E, António Marujo, põe o dedo em algumas “feridas”, quando fala, por exemplo, na Associação de Empresários Católicos. Que posição toma esta associação a respeito do problema levantado no artigo do JN? E no artigo do Público?

Será que esses empresários defendem um maior acompanhamento, por parte das mães, aos seus filhos doentes e protegem a mulher grávida, admitindo-as nas suas empresas, ou apoiando-as durante a fase da gravidez e do pós-parto? Sei, por experiência própria, dado o cargo que ocupo desde há nove anos, os inconvenientes que uma gravidez numa mulher com um cargo de alguma responsabilidade dentro de uma empresa pode significar. Mas sei também, pela mesma experiência, que nenhuma dessas dificuldades é insuperável e digo isto como fruto da experiência vivida de ter de ultrapassar muitas gravidezes, por ventura indejáveis para a empresa, mas importantes para o futuro da nossa sociedade.

E nós que nos dizemos cristãos, qual o nosso envolvimento? Não tenho dúvida de que cada um de nós, à sua maneira, terá possibilidade de contribuir para apoiar organizações de luta pela defesa da Vida e/ou de apoio às mães grávidas ou aos filhos abandonados. Ou então não acreditamos nas palavras de Jesus quando Ele diz: “Tudo aquilo que fizeres a estes pequeninos, é a mim que o fazeis”.

Podemos, e devemos, aproveitar este espaço para debater as formas de apoio necessárias, as acções a desenvolver e o esclarecimento da consciência adormecida de muitos de nós, no que respeita à defesa do valor essêncial da vida humana. E hoje falamos do aborto, mas não podemos esquecer outra luta que se aproxima cada vez mais e em que o valor da vida é também posto em causa – a Eutanásia. A este propósito, vale a pena ler uma entrevista com a directora do Organismo Católico para a Vida e a Família do Canadá, Michele Boulva, publicada no ZENIT link, na qual saliento particularmente o seguinte trecho: “… Em nossa sociedade que envelhece, que tem de enfrentar o aumento dos custos dos cuidados paliativos, o chamado «direito de morrer» correria o risco de converter-se em um «dever de morrer»”. Ou seja, podemos vir a ser confrontados com uma sociedade que em nome do bem dos mais fortes, do seu hedonismo e egocentrismo, destroi os mais fracos.

Não quero terminar sem lembrar as palavras do Evangelho de hoje que deveriam ser suficientes para nos encher de esperança e acreditarmos que esta é luta para vencer. De facto Jesus diz-nos “…sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela.” Ora nós fazemos parte dessa Igreja, pelo que, se acreditamos em Jesus, então podemos ajudar nesta luta contra o Mal e o aborto, o qual, pese embora toda a defesa que dele se possa fazer em nome das mulheres, é um mal em si próprio que devemos, por todos os meios, ajudar a evitar.

2007-02-21

Mensagem para a Quaresma 2007

imagem copiada de
«A Quaresma seja para cada cristão uma experiência renovada do amor de Deus que nos foi dado em Cristo, amor que todos os dias devemos, por nossa vez, «dar novamente» ao próximo, sobretudo a quem mais sofre e é necessitado. Só assim poderemos participar plenamente da alegria da Páscoa.»
São estes os votos do Papa na sua Mensagem para a Quaresma deste ano.

a QUARESMA começa HOJE

«É agora o tempo favorável, é agora o tempo da salvação.»
2 Cor. 5, 2

QUARESMA 2007 - alguns sítios (sites) na rede:
proposto pelos dominicanos do convento de Lille,
- «Notre-Dame du Web»
«um verdadeiro centro espiritual inaciano em linha»,
- «Quaresma ao domicílio»
preparado pela diocese de Dijon, também em espanhol e alemão,
- «Especial Quaresma»
«combate pela vida».

2007-02-20

CARNAVAL: Alegria e Fantasia

Os dias de Carnaval são sempre momentos em que
alternativas ao "status quo" podem ser imaginadas!

No rescaldo do referendo ao aborto

Vale a pena ler na integra este artigo do António Marujo, no Público de hoje (sem link directo).

Concordo no essencial com ele.

E acho que é importante que após o referendo, em Igreja, se debata e reflicta sobre o resultado e as leituras que dele se podem e devem fazer.

Eis as ideias essenciais de António Marujo:

A doutrina oficial católica e de alguns sectores da Igreja em matéria de aborto tem vários alçapões, antes de tocar o problema maior. Essa foi uma razão para a derrota do "não" no referendo.
1. A recusa da educação sexual nas escolas, com medo dos "valores" que se perdem, da "ameaça" à família, da "redução" à biologia. (...) o cardeal-patriarca de Lisboa escreveu que a educação sexual "é bem-vinda e necessária". Mas essa não é a ideia de muitos responsáveis católicos.
2. A recusa da contracepção e do planeamento familiar. O planeamento familiar não é um problema do método que se utiliza, mas uma questão de como se educa para a maternidade e a paternidade responsáveis.
3. No aborto, há dramas sérios que as pessoas vivem, situações que só cada um, perante a sua consciência (perante Deus, para os crentes), pode avaliar. Em 1994, o Papa João Paulo II beatificou a italiana Gianna Beretta Molla que, em 1962, decidiu levar até ao fim uma gravidez de risco, sabendo que podia morrer e deixar viúvo o marido (que a apoiou) e órfãos os outros três filhos que já tinha. Uma decisão difícil e legítima. Uma mulher que decidisse abortar para não morrer e poder, assim, acompanhar marido e filhos, não deveria merecer o mesmo respeito da parte de quem anuncia, como se diz, o evangelho da misericórdia?
4. O discurso católico poderia ter sido o da compreensão perante o drama do aborto (por exemplo, para com os casos previstos na lei em vigor desde 1984). Poderia, mesmo, ter sido o de exigir que a lei fosse cumprida de forma a evitar o recurso ao aborto clandestino - esse, um mal maior. Mas ele foi sempre o de se opor ao que viria a seguir.
5. A mesma preocupação com o início da vida deveria existir para a vida em processo. É que ela só é digna com possibilidade de cada um se poder realizar, com comida, casa e trabalho acessíveis a todos.
Em 1984, quando a primeira lei sobre o aborto foi aprovada no Parlamento, o objectivo era o de acabar com o aborto clandestino. Oxalá que o país seja capaz, agora, de resolver o problema. Para que, daqui a mais 10 anos, não se esteja a votar num novo referendo.

VIVA o EVANGELHO de Domingo 18 de Fevereiro

Lc. 6,27-38.
«Digo-vos, porém, a vós que me escutais:
Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai os que vos amaldiçoam, rezai pelos que vos caluniam. [...]
Amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai, sem nada esperar em troca.
Então, a vossa recompensa será grande e sereis filhos do Altíssimo, porque Ele é bom até para os ingratos e os maus.
Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso.»
«Não julgueis e não sereis julgados;
não condeneis e não sereis condenados;
perdoai e sereis perdoados.
Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço.
A medida que usardes com os outros será usada convosco.»

A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos...

“Depois disto, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir. Disse-lhes: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe.” Lc. 10,2.
(do Evangelho de hoje, 14 de Fevereiro de 2007)

Escrevi há meses, num comentário que fiz a um post do REGADOR, que era necessário que houvesse mais participação e que se animasse o debate para que, através das várias opiniões expressas, se pudesse caminhar para um maior esclarecimento de todos os que aceitam participar neste espaço. Resumia a minha participação, nessa altura, a simples comentários aos textos que iam sendo “postados”.

Entretanto, há dias, vi um comentário da Pequenina em que dizia não ter o hábito de se manisfestar, talvez por insegurança. Esta insegurança não é só dela, é também de muitos de nós que nem sempre temos coragem de dar a cara. Mas, por isso mesmo, devemos apoiarmo-nos uns aos outros, para que todos saibamos e possamos dar a cara e defender as nossas opiniões. Se estiverem certas, servirão para escalarecer os outros e ajudá-los; se estiverem erradas, irão, certamente, desencadear as opiniões contrárias que nos permitirão evoluir no nosso pensamento, e melhor esclarecer a nossa consciência de cristãos.

Tendo em conta a passagem do Evangelho de hoje que acima transcrevo, e considerando que me aceitaram como um parceiro activo dest Blog, não posso deixar de reiterar o apelo que então fiz. Esta é uma forma de contribuir para a evangelização de que Jesus falava e para a qual nos deixou o seu apelo. E não é nosso dever de cristãos fazer a vontade de Jesus?

Este é, de facto, mais um desafio que Jesus nos coloca e ao qual temos o dever de responder. E este até é um dos desafio mais fáceis de assumir, se perdermos a vergonha de dar a cara e defender as nossas ideias. Eu já perdi e sei que tenho dito, e vou continuar a dizer, muitas asneiras, e que vou ter o frei Eugénio a “puxar-me as orelhas”. Mas não me importo. Com as críticas dele – e as vossas, está claro – vou conseguir aprender mais e esclarecer melhor as minhas ideias.

E se atentarmos no último post do Paulo, sobre a percentagem de católicos no mundo, vemos bem como são necessários trabalhadores para a messe do Senhor.

Oxalá muitos aceitem o desafio, pois este espaço é também, como tem sido hábito, mercê do “alimento” que o Paulo e a Domingas nos vão deixando, um espaço de oração em que podemos “dar as mãos” e irmanarmo-nos numa comunhão que responda ao outro desafio de Jesus: “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”. E este é um espaço de união entre nós, onde Jesus também vai estar.

2007-02-14

17,2

É a percentagem de católicos no mundo, de acordo com o último anuário do Vaticano.

2007-02-12

Dominicanas a pontapé!

New life for an old institution!

http://video.msn.com/v/us/v.htm?g=0EEA4434-DA8C-43FC-A8B9-99072DD2BEFC&f=06/64&fg=copy

Vejam como elas correm... para o convento!
(É depois do anúncio comercial)

2007-02-11

Depois da vitória do Sim

Como já se esperava, venceram os que defendem o aborto. Desde o início da campanha que a armadilha que foi nos colocada na formulação da pergunta fazia adivinhar o desfecho deste referendo.

De facto, a pergunta tinha duas questões distintas as quais unificou, facto que deu origem a um dilema de resolução impossível: se se era a favor da despenalização da mulher, então tinha que se ser a favor da liberalização do aborto até às 10 semanas; se se era contra a liberalização do aborto, então tinha que se ser contra a despenalização da mulher. Ou seja, não podiamos decidir uma coisa sem que essa decisão arrastasse a outra.

Fomos, assim, questionados neste quadro falacioso, infelizmente legalizado pelos nossos políticos, e pelo Tribunal Constitucional que se revelou, nesta questão, mais um órgão ao serviço da política do que da defesa dos direitos dos constituintes. E tivemos, por isso, de decidir contra a mulher e contra o seu filho. Para defender a mãe tínhamos que aceitar que se podia matar o filho; e para defender o filho, tínhamos que aceitar que a mãe podia ser penalizada.

Triste mundo (e país) em que vivemos!

Que o Senhor que hoje nos ensina a alegria das bem-aventuranças, nos ajude a sermos humildes e percebermos que os seus caminhos são insondáveis.

Que o Senhor tenha misericórdia e ilumine aqueles de quem disse: “Ai de vós, os que agora rides, porque gemereis e chorareis!”

E agora que terminou o debate e se assumiram decisões, que nós cristãos saibamos dar as mãos para encontrar as formas de ajudar os que precisam para ajudar a evitar o mal que o aborto representa. No mínimo, juntemos as nossas orações pelas mães que estão grávidas e vivem a angústia dessa decisão, e também pelos filhos que não vão ter o direito de nascer.

Que o nosso Deus nos ilumine e nos permita a humildade de acreditar nas palavras do Pai Nosso: “seja feita a Vossa vontade… e perdoai-nos as nossas ofensas…!”.

2007-02-10

15.000 crianças!

Em Portugal há 15.000 crianças "institucionalizadas".
Isto é, crianças sem família e que vivem em instituições.
Fonte: JN, de hoje.

VIVA o EVANGELHO de Domingo 11 de Fevereiro

Lc. 6,17.20-26.

Descendo com eles, deteve-se num sítio plano, juntamente com numerosos discípulos e uma grande multidão de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sídon.
Erguendo os olhos para os discípulos, começou a dizer:
«Felizes vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus.
Felizes vós, os que agora tendes fome, porque sereis saciados.
Felizes vós, os que agora chorais, porque haveis de rir.
Felizes sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos expulsarem, vos insultarem e rejeitarem o vosso nome como infame, por causa do Filho do Homem.
Alegrai-vos e exultai nesse dia, pois a vossa recompensa será grande no Céu. Era precisamente assim que os pais deles tratavam os profetas».
«Mas ai de vós, os ricos, porque recebestes a vossa consolação!
Ai de vós, os que estais agora fartos, porque haveis de ter fome!
Ai de vós, os que agora rides, porque gemereis e chorareis!
Ai de vós, quando todos disserem bem de vós! Era precisamente assim que os pais deles tratavam os falsos profetas».

Mulheres

Num momento em que se fala tanto das mulheres é oportuno salientar o lugar destacado que as mulheres ocupam nos evangelhos, em particular no de Lucas.
De acordo com a lição de António Couto, a que tive o gosto de assistir esta semana, aparecem em Lc as seguintes mulheres:

Isabel
Maria
Ana
Viúva de Naim
Pecadora agradecida
Maria Madelena
Marta e Maria
Mulheres curadas
Mulher que felicita Maria
Mulheres curvadas
Viúva importuna
Filhas de Jerusalém
Temos muito a aprender com elas.

2007-02-07

NÃO SOUBE DO MUNDO...

NÃO SOUBE DO MUNDO...

Era tão pequeno que ninguém o via,
dormia sereno enquanto crescia...
Sem falar pedia – porque era semente –
Ver a luz do dia como toda a gente.
Não tinha usurpado a sua morada,
não tinha pecado, não fizera nada...


Não soube do mundo...

Foi sacrificado enquanto dormia,
Esterilizado com toda a mestria.
Antes que a tivesse, taparam-lhe a boca,
Tratando-o, parece, qual bicho na toca.
Não soltou vagido, não teve amanhã.
Não ouviu "Querido"... Não disse "Mamã!"
Não sentiu um beijo, nunca andou ao colo...
Nunca teve o ensejo de pisar o solo,
com o andar hesitante,
sorrindo no encalço do abraço distante.

...Não soube do mundo...

Nunca foi à escola de sacola ao ombro,
nem olhou estrelas com olhos de assombro.
Crianças iguais à que ele seria,
não brincou com elas, nem soube que havia.
Não roubou maçãs, não ouviu os grilos,
não apanhou rãs nos charcos tranquilos.
Nunca teve cão, vadio que fosse,
a lamber-lhe a mão à espera de um doce.


...Não soube do mundo...

Não soube que há rios, e ventos, e espaços...
Invernos, estios, mares e sargaços,
as flores e os poentes.
E peixes e feras... d’hoje e d’outras eras.
Não soube do mundo – nem sentiu magia!


...Não soube do mundo...

Num breve segundo...
Foi neutralizado com toda a mestria.
Com alvas batas, máscaras de Entrudo, técnicas exactas,
mãos especializadas negaram-lhe tudo!
O destino inteiro!
Porque os abortistas, nasceram primeiro!


...Não soube do mundo.

(poema de Renato de Azevedo)

A minha posição no Referendo Sobre o Aborto

O que está em discussão no presente referendo são aspectos importantes que ultrapasam, em meu entender, a simples questão da punição da mulher, argumento mais utilizado pelos defensores do SIM. E é para mim óbvio que aqueles que são verdadeiramente cristãos não poderão nunca desejar a punição da mulher. Se o fizerem, estão a negar a essência do cristianismo que se afirma pelo Amor e pela Misericórdia, como tão bem Jesus nos explicou na passagem da mulher adúltera.

Todavia, num referendo sobre este tema são vários os aspectos em causa e é importante tê-los em conta quando se vai decidir. Para mim, são essencialmente três os principais aspectos: a Vida, a mulher que aborta e aqueles que, ilegalmente pelo menos, a ajudam activamente a praticá-lo, ou a influenciam nesse sentido.

O primeiro aspecto é para mim o essencial e é este que não vejo debatido com profundidade. É evidente que, seja do ponto de vista filosófico, seja do ponto de vista científico, existem posições divergentes, todas respeitáveis, se seriamente expostas. E, sendo o essencial muitas vezes invisível aos olhos dos homens, como dizia Saint-Exupery no seu belo livro “Le Petit Prince”, só com o coração o podemos ver. Por outro lado, sendo a vida humana um mistério que a ciência ainda não desvendou, se é que algum dia conseguirá desvendá-lo, apenas a podemos conceber para além da visão materialista dos nossos olhos.

Mas sempre haverá quem, na sua autosuficiência, afirme que a vida é um valor, mas não o Valor absoluto como é assumido pelos que acreditam num Deus criador. Esta é uma questão cujo debate é, e será, sempre difícil, pois que se confrontam dois planos: o da Fé que procura ver para além da razão (espreitar o tal “essencial”) e o do materialismo que nega a existência de um Criador, e para o qual a vida só existe no plano da minha consciência, portanto do meu “eu”.

Este último conceito de vida é, na minha opinião, um conceito que tende a promover o egocentrismo, na medida em que em que só aceita a vida enquanto confinada à própria existência física e real, existência que é para esse ser mais importante do que o que lhe está ao lado. É um conceito que tende a afastar-se da essência do Amor de Cristo, no que respeita à noção do nosso próximo, mesmo aceitando que, nessa concepção do mundo, entram os valores da solidariedade.

É por isso que, como cristão, só posso defender o valor essencial da Vida e negar o direito à opção livre pelo aborto, pelo menos sempre que a ciência não consegue provar uma definitiva incompatibilidade de o ser criado poder vir a ter uma existência real.

Admito, contudo, que o Deus em que acredito, porque é infinitamente Misericordioso e a Essência do Conhecimento e Sabedoria, não irá nunca “desperdiçar” a criação que se consumou com a junção de duas células, a masculina e a feminina, sempre que a Sua presença se manifesta por intermédio do Espírito Santo. Só isso me permite perceber as palavras de Deus que os profetas nos transmitem: “…Eu te criei, desde o ventre te formei…”.

Por esta razão, pela Fé que professo e pela confiança infinita que quero depositar no meu Criador, vou votar NÃO à pergunta que me interroga, não se concordo com a despenalização do aborto, mas se concordo com essa despenalização e com a legalização do aborto livre até às dez semanas.

No que respeita ao segundo aspecto que tem a ver com a punição das mulheres que abortam, não posso deixar de, à luz da mesma Fé que professo, me afirmar claramente pela alteração da legislação, pois se Jesus nos ensinou, na passagem da mulher adúltera, a não condenar ninguém, como podem os homens defender essa condenação.

A este respeito, antes do mais se deve perceber que a maioria das mulheres praticam o aborto sob pressões psicológicas enormes, ou fortes coações sociais, estando, por isso, indefesas e perturbadas. Tal explica os inúmeros testemunhos de arrependimento de muitas que o praticam e a imensa culpa que carregam com elas, punição bem mais forte do que aquela que as leis humanas poderiam acarretar.

Por outro lado ainda, nem todas as mulheres que abortam tem a mesma Fé e a mesma crença que nós cristãos professamos, não acreditando na existência de vida para além da manifestação real que tem da mesma após o nascimento. Sendo assim, é sem grande culpabilidade ou dúvida que, naquele momento, encaram o acto de abortar como uma simples extirpação de um corpo extranho que nada lhes diz. E, como Jesus nos disse que só Deus sabe quem será salvo, só a Ele compete julgar estas mulheres que decidem de acordo com a sua consciência.

Mas, pese embora este facto de nem todos acreditarem nos mesmo princípios e valores que defendo, ou que os cristãos defendem, entendo que nenhum Estado de direito pode ignorar o valor primordial da Vida que reconhece noutras áreas da jurisdição, para dar o direito de decisão unicamente à mulher.

Por este motivo, continuo a votar NÃO.

Finalmente, aqueles que auxiliam a prática do aborto. Para estes, emboram prevaleçam os valores cristãos atrás assumidos, não posso deixar de defender a punição sempre que infringirem a legislação em vigor. Estes não estão sob a pressão psicológica, nem a coação social a que a mulher pode estar sujeita e, por isso, praticam esse acto por meros interesses comerciais, com consciência plena e clara da infração ou crime cometido. Para eles serve a “lei de César”, pois como é dito, “a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus”.

Por este motivo, votaria sempre e continuo a votar NÃO.

Em resumo, voto NÃO porque acredito que o feto é um ser vivo, onde Deus já habita e que serve o Seu Plano da Criação. Faço-o, também, porque é a única forma de defender o que é indefeso e não se pode manifestar. Faço-o ainda, porque entendo haver formas de evitar a maioria das gravidezes que terminam ou motivam o aborto, seja pela educação sexual, seja pela intervenção com os vários métodos anti-concepção que existem. Faço-o, finalmente, na convicção de que ao Estado cabe defender todas as formas de vida, promovendo as acções necessárias, para ajudar as mulheres em situação de dificuldade, psicológica ou social, ou acolhendo os que nascem e são rejeitados pelas mesmas, na certeza de sempre haverá alguém que os queira ajudar integrando-os em família. É para isso que deve servir a minha contribuição de cidadão que paga os seus impostos e com eles contribui para o bem social.

Voto ainda pelo NÃO, porque nada me permite até hoje assumir que às dez semanas há uma diferença qualitativa em relação ao momento da criação do ovo, ou ao tempo que segue a esse período. E, neste último caso, os que legislam e que defendem o SIM já admitem a punição, sem atenderem às mesmas pressões psicológicas e sociais, e sem assumirem que continua a existir a liberdade da mulher decidir, “mandar na sua barriga” como temos vindo a ver escrito por muitas delas.

Finalmente, entendo que o voto em branco é a posição mais cómoda, mas é a posição que nos transforma em Pilatos e nos faz não sermos dignos da liberdade, civíl ou, também, cristã, de que estamos imbuídos.

Um último comentário para o post 15 Questões sobre o Referendo. Como disse, estou de acordo com a maioria das afirmações e o que vou dizer não é uma crítica ao documento. Mas entendo que é sempre mais clara e transparente uma posição destas quando o seu autor dá a cara e assume a autoria. Porquê escondermo-nos atrás do anonimato em questões que são vitais para a nossa sociedade?

Hugo Meireles

2007-02-06

Referendo aborto

Introduzi este texto num comentário, por não saber introduzi-lo aqui. Graças à ajuda que estou a ter, vou passá-lo de novo:


Recebi o seguinte comentário a um mail que enviei:
«Como não sabes no que vais votar?? Achas que a despenalização, obriga alguem a abortar?? Achas que uma mulher que fez um aborto, deve ser condenada e/ou presa?? Não seria melhor, o aborto com 10 semanas, que o assassinato ao fim de 8 ou 9 anos, como a miuda do Algarve (joana?). Quantas Joanas existem por aí????
PENSA POR ESTA VIA ...............»


Ao qual respondi:

«Acho que estás a ver o problema com muita emoção e pouca informação.
«Considerando que:
1 - é sabido que a legislação espanhola é igual à portuguesa;
2 - que se fazem muitos abortos legais em Espanha porque os médicosespanhóis atendem muito ao argumento de danos psíquicos (consideradosna lei actual) e os médicos portugueses, não;
3 - que um número elevado das espanholas que abortaram legalmente sofre agora de problemas psíquicos por tê-lo feito;
4 - que a generalidade do povo espanhol está satisfeita com alegislação e não vê motivos para a alterar;

«eu votaria indiferentemente no NÃO ou no SIM, se:

1 - fosse garantido que as mulheres que querem abortar tivessem um acompanhamento/aconselhamento psicológico honesto que promovesse o seubem-estar no momento da decisão (seja ela qual for) e no futuro; é preciso não esquecer que o bem-estar da mulher significa o bem-estardo embrião (?), do feto e da criança nascida, se a gravidez for mantida;
2 - fossem criados todos os meios necessários (em pessoal, logísticos e financeiros) à mulher e à criança no caso de se manter a gravidez;
3 - permanecesse o acompanhamento psicológico e material à mulher que abortou;
4 - implementasse uma educação sexual e planeamento familiar fiáveis;
5 - fosse alterada a actual lei da adopção para a agilizar (há muitos casais à espera de autorização para adoptar).
«Como vês, eu não tenho dúvidas sobre o que pretendo acerca do aborto - eu tenho certezas. A minha dúvida está somente no sentido do voto, que provavelmente será em branco. Tudo o resto que se diz por aí a favor ou contra é cientificamente discutível, ou preconceituado, emocional, muitas vezes falso e, portanto, irrelevante. É de lamentar que, quem tem poder de decisão ou de a precionar tenha andado a dormir sobre o assunto e só acorde para os referendos.

«Considero este referendo prematuro. Devia ter-se criado primeiro as condições necessárias (e depois até nem seria necessário o referendo). Por outro lado, o referendo tem que ser feito agora para pressionar a alteração da má situação actual, pois os indivíduos e instituições só pensam no problema quando sentem o rabo a arder.»"


António da Veiga

2007-02-05

Caros amigos

Depois de algumas incursões por este Blog sob o nome de umamigo resolvi, ontem, após um aceso e interessante debate com o frei Eugénio, a Zaida, o Paulo e o Bruno, sobre o tema da actualidade, o referendo sobre o aborto, dar a cara e começar a participar mais activamente no mesmo.

Será este o meu pequeno contributo, humilde e, não tenho dúvidas, muitas vezes sem sentido, mas que faço para me afirmar como gente de Cristo. Será este, também, o meu modo de regressar à FAVA.

Vou, assim, aceitar desafio do frei Eugénio no seu último post e começar a "regar" neste espaço. Para isso, para além da ajuda que vou pedir na oração, venho também pedir que na vossa oração se lembrem de pedir por mim para que as minhas palavras possam ser sempre palavras de Fé, Amor , Verdade e Amizade.

A minha regadela de hoje vai para a invocação final do comentário ao Evangelho do dia feito por : Santa Faustina Kowalska (1905-1938), religiosa (Pequeno Diário, § 948-949):

"Ó Deus eterno, cuja misericórdia é insondável e cujos tesouros de compaixão são inesgotáveis, olha-nos com bondade e cumula-nos da tua misericórdia, para que não desesperemos nos momentos difíceis, nem percamos a coragem, mas nos submetamos, com grande confiança, à Tua santa vontade, que é o Amor e a própria Misericórdia."

Nestes momentos de debate tão intenso sobre um tema tão importante para nós que acreditamos na Vida, mas também na Misericórida do nosso Deus e Senhor, nunca é demais pedirmos que Ele nos dê a coragem e a lucidez para decidirmos dizendo intimamente: Seja feita a Tua vontade, assim na terra como nos Céus...

2007-02-03

Desafio

Na fotografia do post anterior está o esquema/resumo da reflexão de hoje, com pais e filhos, na FAVA, sobre a formação da consciência.
É do espírito da FAVA aprendermos uns com os outros.
É uma reflexão pode ser regada com os contributos de todos.
Vamos a isso!

FAVA: é urgente escutar a voz da consciência


Diante de uma situação a consciência bem formada não pergunta
"que mal está nisso?",
mas sim "que bem há nisso?"

2007-02-02

Eco do Evangelho de Domingo, 4 de Fevereiro

Lc. 5,1-11.

Entrou num dos barcos, que era de Simão, pediu-lhe que se afastasse um pouco da terra e, sentando-se, dali se pôs a ensinar a multidão.
Quando acabou de falar, disse a Simão:
«Faz-te ao largo; e vós, lançai as redes para a pesca.»
Simão respondeu: «Mestre, trabalhámos durante toda a noite e nada apanhámos; mas, porque Tu o dizes, lançarei as redes.»
Assim fizeram e apanharam uma grande quantidade de peixe. [...]
Ao ver isto, Simão Pedro caiu aos pés de Jesus, dizendo: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador.»
Ele e todos os que com ele estavam encheram-se de espanto por causa da pesca que tinham feito; o mesmo acontecera a Tiago e a João, filhos de Zebedeu e companheiros de Simão. Jesus disse a Simão: «Não tenhas receio; de futuro, serás pescador de homens
E, depois de terem reconduzido os barcos para terra, deixaram tudo e seguiram Jesus.