Assumi o risco de plagiar o título do post do Paulo pelo simples motivo de, na segunda-feira 19, ter lido duas notícias que me sugeriram exactamente este título para um comentário. Como a causa é boa, espero que ele não leve a mal.
Mas vamos ao assunto. Como o Paulo, não posso também estar mais de acordo com o texto publicado no Público, da autoria de António Marujo e ele veio reforçar mais a minha íntima convicção de que, a nós cristãos, cabe um papel fundamental nesta luta contra o aborto, não pelos meios que os defensores do Sim propõe, mas pelo apoio a todas as acções que venham em defesa das mães e dos filhos rejeitados.
Notícias como as que referi, uma publicada no JN com o título “Despedimento de grávidas não para de aumentar” link ou a outra publicada no Público, no mesmo dia, com o título “Ter os filhos com gripe nas creches para não faltar ao trabalho é risco para a saúde pública”, dão-nos conta das enormes dificuldades que as mulheres enfrentam para conseguirem uma maternidade tranquila e responsável.
É neste aspecto que faz todo o sentido que, aqueles que se dizem cristãos, se unam e defendam não só o valor da vida, mas também os meios para promover essa defesa. E, António Marujo, põe o dedo em algumas “feridas”, quando fala, por exemplo, na Associação de Empresários Católicos. Que posição toma esta associação a respeito do problema levantado no artigo do JN? E no artigo do Público?
Será que esses empresários defendem um maior acompanhamento, por parte das mães, aos seus filhos doentes e protegem a mulher grávida, admitindo-as nas suas empresas, ou apoiando-as durante a fase da gravidez e do pós-parto? Sei, por experiência própria, dado o cargo que ocupo desde há nove anos, os inconvenientes que uma gravidez numa mulher com um cargo de alguma responsabilidade dentro de uma empresa pode significar. Mas sei também, pela mesma experiência, que nenhuma dessas dificuldades é insuperável e digo isto como fruto da experiência vivida de ter de ultrapassar muitas gravidezes, por ventura indejáveis para a empresa, mas importantes para o futuro da nossa sociedade.
E nós que nos dizemos cristãos, qual o nosso envolvimento? Não tenho dúvida de que cada um de nós, à sua maneira, terá possibilidade de contribuir para apoiar organizações de luta pela defesa da Vida e/ou de apoio às mães grávidas ou aos filhos abandonados. Ou então não acreditamos nas palavras de Jesus quando Ele diz: “Tudo aquilo que fizeres a estes pequeninos, é a mim que o fazeis”.
Podemos, e devemos, aproveitar este espaço para debater as formas de apoio necessárias, as acções a desenvolver e o esclarecimento da consciência adormecida de muitos de nós, no que respeita à defesa do valor essêncial da vida humana. E hoje falamos do aborto, mas não podemos esquecer outra luta que se aproxima cada vez mais e em que o valor da vida é também posto em causa – a Eutanásia. A este propósito, vale a pena ler uma entrevista com a directora do Organismo Católico para a Vida e a Família do Canadá, Michele Boulva, publicada no ZENIT link, na qual saliento particularmente o seguinte trecho: “… Em nossa sociedade que envelhece, que tem de enfrentar o aumento dos custos dos cuidados paliativos, o chamado «direito de morrer» correria o risco de converter-se em um «dever de morrer»”. Ou seja, podemos vir a ser confrontados com uma sociedade que em nome do bem dos mais fortes, do seu hedonismo e egocentrismo, destroi os mais fracos.
Não quero terminar sem lembrar as palavras do Evangelho de hoje que deveriam ser suficientes para nos encher de esperança e acreditarmos que esta é luta para vencer. De facto Jesus diz-nos “…sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela.” Ora nós fazemos parte dessa Igreja, pelo que, se acreditamos em Jesus, então podemos ajudar nesta luta contra o Mal e o aborto, o qual, pese embora toda a defesa que dele se possa fazer em nome das mulheres, é um mal em si próprio que devemos, por todos os meios, ajudar a evitar.
Diário da pandemia (17)
Há 4 anos
Concordo.
ResponderEliminarNo fundo o problema é sempre o mesmo: a luta pela dignidade da pessoa, seja no fim da vida, seja a dignidade da mulher (na maternidade), seja dignidade da vida do bébé que vai nascer.
E o REGADOR pode ser um espaço de partilha e reflexão, de esclarecimento da consciência, mas também de interrogação sobre o mundo que nos rodeia e os desafios que se colocam nesta vida em sociedade no início do século XXI.