Tornando a sair da região de Tiro, veio por Sídon para o mar da Galileia, atravessando o território da Decápole.
Trouxeram-lhe um surdo tartamudo e rogaram-lhe que impusesse as mãos sobre ele. Afastando-se com ele da multidão, Jesus meteu-lhe os dedos nos ouvidos e fez saliva com que lhe tocou a língua. Erguendo depois os olhos ao céu, suspirou dizendo:
«Effathá», que quer dizer «abre-te.»
Logo os ouvidos se lhe abriram, soltou-se a prisão da língua e falava correctamente. Jesus mandou-lhes que a ninguém revelassem o sucedido; mas quanto mais lho recomendava, mais eles o apregoavam. No auge do assombro, diziam:
«Faz tudo bem feito: faz ouvir os surdos e falar os mudos.»
Na 1.ª leitura da liturgia deste XXIII Domingo do Tempo Comum, O profeta Isaías diz: "…Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos… e a língua do mudo cantará de alegria…”. Este é também um desafio para nós cristãos. Será que os nossos ouvidos ouvem, ou continuamos surdos? E os nossos olhos, quererão ver o que está à nossa frente, ou continuamos a olhar para o lado? E será que as nossas línguas são capazes de palavras de verdade?
ResponderEliminarÉ com um sentido de partilha que resolvi transcrever um texto de A. Colombo a que hoje tive acesso e no qual vale a pena meditar, para que sejamos capazes de deixar que Jesus faça em nós o milagre que fez no surdo conforme relata o Evangelho de hoje. (Mc 7, 31-37)
SABER SER FELIZ
Preocupado em conseguir uma sabedoria acima de qualquer contestação, um jovem monarca decidiu aconselhar-se com os melhores mestres conhecidos. A cada um deles apresentou três questões: Qual o momento mais importante da vida? Qual a pessoa mais importante na vida de um homem? E qual a tarefa mais importante a ser feita ao longo de uma vida?
As respostas foram as mais diversas. Todas elas, de alguma maneira, representavam a verdade a partir de um ponto de vista ou, pelo menos, representavam parte da verdade. Mas nenhuma delas satisfez o futuro monarca.
Já desiludido, no final de um dia pediu pousada a um velho camponês que morava sozinho à beira da floresta. Enquanto as chamas de uma diminuta fogueira iluminavam a casa, o peregrino contou-lhe, decepcionado, a sua inútil procura. Decidira regressar ao palácio e confessar ao seu pai a sua incapacidade de sucedê-lo no trono. Ele não conseguira a sabedoria. Os olhos do camponês iluminaram-se e as respostas brotaram tranquilas.
O momento mais importante – explicou ele – é sempre o momento presente. A pessoa mais importante é a que está à nossa frente e a tarefa mais importante na vida de uma pessoa é ser feliz.
Há pessoas que vivem saudosas no passado. Outras sonham com o futuro. São duas maneiras de alienação. O momento mais importante na vida de qualquer pessoa é o momento presente. O passado não é mais nosso e o futuro, provavelmente, será a continuação do presente. Viver a cada instante é a verdadeira sabedoria. O tempo é um dom de Deus e o tempo de Deus é agora. Por isso falamos de tempo presente, isto é, presente de Deus. A nossa vida é feita de escolhas, não das escolhas feitas ontem, ou das escolhas que pretendemos fazer amanhã. As escolhas que valem são as que fazemos agora.
A pessoa mais importante é aquela que está, agora, na nossa frente. Ela tem o direito de um presente: o nosso tempo. Ela é a pessoa mais importante e deve merecer a nossa total atenção. É verdadeiro próximo desse momento. A vida continuará a girar. Amanhã teremos tempo para colher outras pessoas que estarão na nossa frente. A pessoa que está na nossa frente agora estará presente no dia do julgamento (1). No rosto dessa pessoa devemos perceber o rosto do próprio Jesus.
Cada um de nós nasce com um objectivo definido: ser feliz. Quem não consegue a felicidade morrerá frustrado. O território da felicidade já está delineado. Nascemos para amar e sermos amados. A verdadeira felicidade consiste no amor. No entanto, muitas vezes, enganamo-nos em relação ao amor. Amar não é ser feliz. Amar é fazer felizes os outros. E fazendo felizes os outros, seremos felizes. É o segredo que Jesus nos revelou.
A. Colombo
(1) Ver Mt 25, 31-46
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