2008-04-29

A room of her own: Santa Catarina de Sena







Perdão pelo empréstimo da expressão de Virginia Woolf, mas é precisamente isso que Santa Catarina conseguiu (1347 - Roma, 29 Abril de 1380): conquistou o seu espaço na vida da Igreja e da Europa.


É uma personalidade central de um século aflitivo para a Europa e para a Igreja: a Peste Negra e a divisão da Igreja em dois papados (um em Roma e outro em Avinhão).


Há varias coisas a admirar nesta mulher: escreve e ensina a ponto de se impor ao mais alto nível na Igreja - e não apenas durante a sua breve vida; é uma leiga (fazia parte do ramo do laicado da Ordem Dominicana) e bateu-se pela reforma da Igreja (o que lhe trouxe não poucos dissabores) mantendo uma activa correspondência com várias personalidades, sendo mesmo consultada por legados papais a respeito de assuntos da Igreja.


Dois pensamentos sobre o que Santa Catarina de Sena nos ensina nos seus escritos: uma linguagem desassombradamente amorosa para exprimir a sua relação com Cristo (a quem chamava "minha doçura, meu amor"); o acento colocado sobre o auto-conhecimento como elemento essencial para a o crescimento interior - ou como lhe chamou em uma das suas cartas, "o quarto do verdadeiro auto-conhecimento".

2008-04-26

Permanece, está contigo


VIVA o EVANGELHO de domingo, 27 de Abril

Jo. 14,15-21.
«Se me tendes amor, cumprireis os meus mandamentos,
e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco,
o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; vós é que o conheceis, porque permanece junto de vós, e está em vós
«Não vos deixarei órfãos; Eu voltarei a vós!
Ainda um pouco e o mundo já não me verá; vós é que me vereis, pois Eu vivo e vós também haveis de viver. Nesse dia, compreendereis que Eu estou no meu Pai, e vós em mim, e Eu em vós.
Quem recebe os meus mandamentos e os observa esse é que me tem amor; e quem me tiver amor será amado por meu Pai, e Eu o amarei e hei-de manifestar-me a ele.»

2008-04-23

Dia Mundial do Livro

la máquina mal fundada destos caballerescos libros -- caterva de los libros vanos de caballerías -- a leer libros de caballerías con tanta afición y gusto, que olvidó casi de todo punto el ejercicio de la caza -- Llenósele la fantasía de todo aquello que leía en los libros -- caballeros andantes (de que tantos, libros están llenos -- a su ordinario remedio, que era pensar en algún paso de sus libros -- estos malditos libros de caballerías -- estos desalmados libros de desventuras -- quemaran todos estos descomulgados libros -- los libros autores del daño

Love's stories written in love's richest book -- the book even of my secret soul -- This precious book of love, this unbound lover, To beautify him, only lacks a cover -- Yea, from the table of my memory I'll wipe away all trivial fond records, All saws of books, all forms, all pressures past, That youth and observation copied there; And thy commandment all alone shall live Within the book and volume of my brain --the bloody book of law -- Your face, my thane, is as a book where men May read strange matters. -- The vacant leaves thy mind's imprint will bear, And of this book this learning mayst thou taste -- Knowing I loved my books, he furnish'd me From mine own library with volumes that I prize above my dukedom. -- Remember First to possess his books; for without them He's but a sot ... Burn but his books. -- Love goes toward love, as schoolboys from their books, But love from love, toward school with heavy looks. -- Poor women's faces are their own fault's books

p.s. dia mundial do livro: assim escolhido por ser o dia da morte de Cervantes e Shakespeare

2008-04-19

VIVA o Evangelho de Domingo, 20 de Abril

Jo. 14,1-12.
«Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus; crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, como teria dito Eu que vos vou preparar um lugar?
E quando Eu tiver ido e vos tiver preparado lugar, virei novamente e hei-de levar-vos para junto de mim, a fim de que, onde Eu estou, vós estejais também. Para onde Eu vou, vós sabeis o caminho.»
Disse-lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais, como podemos nós saber o caminho?»
Jesus respondeu-lhe: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim.
Se ficastes a conhecer-me, conhecereis também o meu Pai. E já o conheceis, pois estais a vê-lo.»
Disse-lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta!»
Jesus disse-lhe: «Há tanto tempo que estou convosco, e não me ficaste a conhecer, Filipe? Quem me vê, vê o Pai. Como é que me dizes, então, 'mostra-nos o Pai'?
Não crês que Eu estou no Pai e o Pai está em mim? As coisas que Eu vos digo não as manifesto por mim mesmo: é o Pai, que, estando em mim, realiza as suas obras.
Crede-me: Eu estou no Pai e o Pai está em mim; crede, ao menos, por causa dessas mesmas obras.
Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim também fará as obras que Eu realizo; e fará obras maiores do que estas, porque Eu vou para o Pai.»

2008-04-16

Juventude inquieta

Agora que o abalo da violência nas escolas está a passar, talvez valha a pena confrontar o retrato do país com o retrato da juventude em um país como o Reino Unido. Em Fevereiro o The Tablet publicou uma reportagem intitulada Truth about youth. Há vários elementos dignos de nota:
- a confirmação por estudos do papel decisivo do pai e da sua autoridade na formação de um adolescente;
- a visão de um deputado sobre a radical mudança do país, sobretudo no que toca à completa perda de valores comuns na sociedade e, com isso relacionado, um aumento assustador da criminalidade; as consequências sociais das políticas dos anos 80 (desemprego e consequente rarefacção de núcleos familiares e aumento de mães solteiras)...
- uma mãe que escreve sobre o seu filho adolescente e como os rapazes incorrem em mais perigos que as raparigas dado que há entre eles um elemento muito mais competitivo em matéria de cultura de rua (streetwise).
Há enfim um professor expondo as suas perplexidades perante adolescentes freneticamente à procura da felicidade (na bebida, nos seus encontros amorosos, na Internet...) que conclui:
"Têm cada vez menos disposição para gostarem das actividades em si, de reconhecer o seu valor intrínseco, cada vez menos capazes de aceitarem absorver conhecimento e a vida devagar e de forma contínua. É o resultado final que os alicia, e não o "chegar lá."
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Dorothy Day: outra América

Educada como protestante e bem cedo influenciada por anarquistas, Dorothy Day (New York, 1897 - NY 1980) converteu-se em 1927 ao Catolicismo, aquando do nascimento da sua filha. É uma figura cuja marginalidade não lhe retira importância no panorama católico americano. Fundou com Peter Maurin o "Catholic Worker Movement" que se baseava em casas de hospitalidade como meios para a prática de obras de misericórdia. Para Dorothy Day, desde cedo (como se pode ver pelo livro auto-biográfico The long loneliness) essa paixão foi decisiva.
O mínimo que se pode dizer é que Dorothy esteve muito à frente do seu tempo. No início dos anos 30 foi dos raros católicos a protestarem contra o regime nazi (mais tarde, de resto, foi uma das fundadores do Comité Católico para a luta contra o Anti-Semitismo); recusou tomar partido na luta da guerra civil espanhola (com o que o jornal do movimento The Catholic Worker, diz-se, perdeu dois terços dos seus leitores) ...
Os seus diários vão ser publicados este mês por R. Ellsberg (que a conheceu no Movimento; vale a pena ler esta sua entrevista a propósito do seu livro The Saints guide to Happiness).

Bento XVI nos EUA

Começou a visita de Bento XVI aos EUA. Foi precedida de uma vídeo-mensagem que colocava a visita sob o lema "Cristo nossa esperança". É uma mensagem bastante inclusiva. Dirige-se a não-crentes e a outras tradições religiosas.
Dizia o The Tablet que um dos desafios desta visita era "não ter medo de assumir um lugar importante nas principais forças do pensamento e da vida americanos". A propósito pode ver-se o documento do grupo preparatório para a Semana de oração pela Unidade dos Cristãos que este ano fazia um resumo histórico da situação ecuménica nos EUA; aí se recorda como historicamente os católicos foram vistos como uma "ameaça ao Cristianismo" americano.
A agenda tem várias questões aquém e além do âmbito católico: desde a política internacional em que o papel dos EUA está cada vez mais em questão à integração do crescente número de latino-americanos nas comunidades.

2008-04-12

Porta. Pastor. Vida em abundância.

"Eu sou a porta das ovelhas.”
João 10,1-14
Quem quer entrar? Quem quer sair? Quem quer voltar a entrar?

2008-04-11

VIVA o Evangelho de Domingo, 13 de Março

Jo. 10,1-10.
«Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no redil das ovelhas, mas sobe por outro lado, é um ladrão e salteador.
Aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. A esse o porteiro abre-a e as ovelhas escutam a sua voz.
E ele chama as suas ovelhas uma a uma pelos seus nomes e fá-las sair.

Depois de tirar todas as que são suas, vai à frente delas, e as ovelhas seguem-no, porque reconhecem a sua voz. Mas, a um estranho, jamais o seguiriam; pelo contrário, fugiriam dele, porque não reconhecem a voz dos estranhos.»
Jesus propôs-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que lhes dizia.
Então, Jesus retomou a palavra:
«Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas.
Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não lhes prestaram atenção. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim estará salvo; há-de entrar e sair e achará pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir.
Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.
»

2008-04-06

VIVA o Evangelho de Domingo, 6 de Abril

Lc. 24,13-35.
Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera.
Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho; os seus olhos, porém, estavam impedidos de o reconhecer.
Disse-lhes Ele: «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?»
Pararam entristecidos.
E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!»
Perguntou-lhes Ele: «Que foi?»
Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; como os sumos sacerdotes e os nossos chefes o entregaram, para ser condenado à morte e crucificado.
Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados, porque foram ao sepulcro de madrugada e, não achando o seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos, que afirmavam que Ele vivia. Então, alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas, a Ele, não o viram.»
Jesus disse-lhes, então: «Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em tudo quanto os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?»
E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito.
Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante.
Os outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.»
Entrou para ficar com eles. E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença.
Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?»
Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!»
E
eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão.

2008-04-05

Transcendente

«Nem os crentes podem demonstrar que Deus existe nem os não crentes que não existe. Deus transcende a razão científica objectivante.
Como diz Jean d'Ormesson, os crentes não estão em condições de "garantir que Deus existe, a única possibilidade é esperar que isso aconteça."
Mas, precisamente na entrega confiada ao Deus criador, transcendente e pessoal, mostra-se a razoabilidade do acto de crer, porque então tudo alcança mais luz e sentido final. »

2008-04-04

Uso túnica branca e tenho barba abundante! Estarei islamizado?

Estou muito satisfeito por ver que o REGADOR pode ser um espaço de debate, neste caso sobre uma questão muito importante e actual que é o relacionamento com os diferentes numa mesma sociedade urbanizada e pluri-cultural.

Espero poder entrar no debate, mas para isso estou a documentar-me, pois prefiro ir verificar as fontes de informação para ver a sua credibilidade.

Apenas uma achega: o artigo do "Figaro" intitulado "L'Islam,première religion à Bruxelles dans vingt ans" diz basear-se num estudo cujas conclusões foram publicadas em meados de Março num jornal de Bruxelas "La libre Belgique".

Também foi publicada um longa análise no jornal "Dimanche express" que tenho aqui diante de mim.

Não encontro nada que possa levar à afirmação "o Islamismo será a primeira religião em Bruxelas dentro de vinte anos". O próprio Olivier Servais, investigador muito respeitado, com quem estive numa conferênia que ele deu aos dominicanos não afirma nada disso.
A preocupação do inquérito é a transmissão da fé e a urgente necessidade de se mudar de estilo. A referência ao crescimento do islamismo em Bruxelas é muito prudente por falta de bases crediveis.

Evidentemente que o artigo do "Figaro" consegue causar certa sensação! Por isso se queremos continuar este debate, por favor procuremos melhor a credibilidade das nossas fontes.

Outra achega que é uma questão: na nossa história lusitana, portuguesa peninsular e portuguesa dos Descobrimentos qual foi a nossa cultura como autóctones e como emigrantes?

Pequena adivinha: Quando ando de bicicleta aqui na cidade não uso nem capacete, nem turbante.
Qual será a minha cultura e a minha religião?

Até breve, se Deus quiser!
frei Eugénio
em Bruxelas

2008-04-01

Bruxelas será muçulmana em 20 anos

"A capital europeia será muçulmana num espaço de vinte anos.
É pelo menos este um cenário antecipado a semana passada pelo jornal La Libre Belgique.
Actualmente, cerca de um terço da actual população de Bruxelas já é muçulmana".

Via Acutilante.

Vale bem a pena ler (no mesmo Blog) estes posts sobre multiculturalismo, de que retiro um extracto:

"Deve a um sikh ser permitido conduzir sem capacete, por ser uma prática cultural do seu grupo o uso habitual do turbante?
Deve uma muçulmana poder fazer a chamada «circuncisão feminina», por ser esta a sua tradição religiosa e familiar?
Deve um hindu estar isento dos feriados religiosos (cristãos) dos países ocidentais, podendo abrir, por exemplo, as suas lojas comerciais em dias em que está proibida a sua abertura por motivo de celebrações religiosas do Cristianismo?"