2010-07-25

a propósito do Evangelho...

"Todos sabemos que a oração de súplica é muitas vezes vista como uma forma secundária de oração, quase como um subproduto, quando comparada com a oração de louvor ou de acção de graças.
Ora, este tríptico diz-nos que, de acordo com Jesus, REZAR é PEDIR, é mesmo só PEDIR.
Aprofundando um pouco, compreendemos então que PEDIR é próprio do filho.
E é como Filho que Jesus REZA, e é no lugar de filhos que Jesus nos quer colocar.
Por isso também nos ensina a REZAR, dizendo: “Pai…” E também já sabemos que o Filho é aquele que recebe tudo do Pai, sendo o Pai aquele que dá tudo ao Filho."

in Mesa de Palavras, de António Couto

2010-07-24

A vida questiona o Evangelho de Domingo 25 de Julho

Lc. 11,1-13.

Sucedeu que Jesus estava algures a orar.
Quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João também ensinou os seus discípulos.» 

Disse-lhes Ele: «Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; 
dá-nos o nosso pão de cada dia; 
perdoa os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixes cair em tentação.» 

Disse-lhes ainda: «Se algum de vós tiver um amigo e for ter com ele a meio da noite e lhe disser: 'Amigo, empresta-me três pães, 
pois um amigo meu chegou agora de viagem e não tenho nada para lhe oferecer', 
e se ele lhe responder lá de dentro: 'Não me incomodes, a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados; não posso levantar-me para tos dar'. 
Eu vos digo: embora não se levante para lhos dar por ser seu amigo, ao menos, levantar-se-á, devido à impertinência dele, e dar-lhe-á tudo quanto precisar.»

«Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; 
porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á. 

Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? 
Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 
Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!» 


2010-07-20

Semelhanças entre a Igreja e a dança


Nunca pensou nisso? As semelhanças entre a Igreja e uma dança? Pois é, mas estão lá. É que toda esta questão em torno da igualdade homens e mulheres como argumento para acesso ao ministério sacerdotal por parte das mulheres oblitera alguns elementos fundamentais na fé cristã, nomeadamente o sentido da linguagem corporal. Qual o sentido da linguagem do Novo Testamento ao chamar a Jesus Esposo e à Igreja a noiva? Porque não trocar? Ou por que há-de Jesus ser Filho e não Filha? Ora tudo isto põe em questão princípios de muita ideologia contemporânea que separa separa a essencia de determinadas coisas (e.g. a paternidade e a maternidade) da sua expressão corporal. Como diz com muito humor C. S. Lewis, em texto sobre a ordenação de mulheres, um homem pode ser mau marido mas a solução não passa por trocar de papel; ou pode ser mau parceiro para dança mas a solução melhor será mandá-lo frequentar um curso de danças de salão.

P.S. Na imagem o par Javier Rodriguez e Geraldine Rojas dançam o tango no filme de Stéphane Brizé, Je ne suis pas là pour être aimé.

2010-07-19

Eu levanto-me!


Vale a pena ler este texto lúcido de Teresa Toldy sobre as recentes alterações efectuadas pela Congregação da Doutrina da Fé em matéria de delitos graves e que equipara (ou não totalmente) a ordenação de mulheres e a pedofilia (o que no mínimo revela grave insensibilidade em relação a ambos os temas).


Aqui fica o texto que nos chegou por mão amiga:


«A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé emitiu um documento com “Normas substantivas” para julgar “delitos contra a fé, assim comodelitos graves cometidos contra a moral e na celebração dos sacramentos” (Parag. 1).

Entre estes delitos graves encontram-se os de“tentativa de ordenação de uma mulher” (Artº 5) e aqueles quesão “cometidos contra o sexto mandamento do decálogo, cometidos por umclérigo com um menor de dezoito anos” (Artº 6).

O documento é extenso, incluindo outros delitos, sobretudo relacionados com os sacramentos, bem como pormenores relativamente à instrução dos processos que exigiriam uma análise detalhada por parte de um canonista. Limitar-me-ei a comentar alguns aspectos dos dois artigos referidos: o 5º e o 6º.

Quanto ao artigo 6º, note-se que o documento refere actos cometidos contra o sexto mandamento, que manda “guardar castidade nosactos e nas palavras”. Significa isto que os actos de abuso de menoressão aqui referidos eufemísticamente como “atentados contra a castidade”.

Atente-se na linguagem “sacra” e mistificadora utilizada paradescrever os crimes em causa. Não é utilizado o termo “pedofilia”, nem é referido que a instrução de um processo dentro da Igreja não dispensa a instrução de um processo criminal, nos tribunais própriosdos Estados de direito.

Pergunto-me como se sentirão as vítimas, pois nem me atrevo a daropinião sobre isso, por respeito pelo seu sofrimento.

Poder-se-á perguntar também, quando o acto em causa é designado comosendo atentatório ao 6º mandamento, à castidade de quem se refere? À do clérigo ou à da vítima?

Quanto à punição prevista: diz o parágrafo 2º do mesmo documento que “um clérigo que cometa os delitos mencionados” será “punido de acordo com a gravidade do seu crime, não estando excluídas a demissão ou adeposição”. Portanto, depreende-se que há graus de gravidade nos actosde pedofilia, melhor, de atentado à castidade. Quais serão esses graus?

Quanto ao artigo 5º., diz-se que o clérigo que tente ordenar uma mulher “pode ser castigado com a demissão ou a deposição”. Por seu lado, a mulher que tente receber a ordem sagrada, “incorre emexcomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica” (artº 5, 1º).

A associação da ordenação de mulheres a uma lista de erros graves que inclui a pedofilia é, no mínimo, insultuosa. Tanto mais insultuosa quanto relevadora, explicitamente, de que a Igreja Católica, na sua hierarquia, é provavelmente a única instituição à escala global que continua a discriminar as mulheres com base na sua própria identidade, associando-se, assim, a lógicas de pensamento xenófobas e racistas, deacordo com as quais pessoas com determinadas características físicas, constitutivas da sua identidade profunda, estão impedidas de acesso a determinados cargos por causa de possuírem essas mesmas características.

Esta associação é tanto mais grave quanto a pena para um padre ou bispo que tente ordenar uma mulher é enunciada com menos rodeios do que a pena para um clérigo que cometa abuso de menores: no caso deste último, não está excluída a demissão, mas, de acordo com a gravidadedo seu crime…

Chegados a este ponto, no início do século XXI, para que possa continuar a ser legítimo afirmar que nem toda a gente na Igreja pensa assim, que nem todos os clérigos pensam assim, que não se pode tomar a hierarquia pelo todo, será necessário que a hierarquia prove isto mesmo e que se levantem aqueles, no seu seio, que, por amor à Igreja, estejam convencidos da necessidade de não continuar a ferir o Povo de Deus

TERESA TOLDY

2010-07-17

A hora é de humilhação - Enzo Bianchi

Para os cristãos a hora é de humilhação
Enzo Bianchi (
escritor, ensaísta e colunista nos melhores jornais italianos, é monge e começou a sua vida monástica em 1965 em Bose, um povoado nos arredores de Turim, onde fundou a Comunidade Monástica de Bose.)

Para os católicos e para a sua Igreja esta é uma hora marcada pela exaustão e pelo sofrimento. Se nos anos do pós-concílio parecia que entre a Igreja e o mundo não cristão - na sua pluralidade de expressões religiosas, filosóficas, ideológicas e éticas - se havia, enfim, encetado o diálogo e fosse possível uma escuta recíproca no respeito e na aceitação, agora, pelo contrário, somos forçados a constatar a oposição e, não raro, a surdez e, por vezes, a inimizade.

(...) Convém além disso reagir a este «incêndio» renunciando a posições de fechamento em uma fortaleza que censura e responde com ataques à angústia e ao medo que impendem sobre si. As hostilidades que vêm do exterior são apenas uma oportunidade para que os cristãos se tornem mais obedientes ao Evangelho, oportunidades para levarem à prática, a um preço mais alto, o ensinamento de Jesus.

(...)Enfim, é necessário reconhecer que talvez devamos procurar novos modos de ser Igreja e de fazer Igreja: menos conflituosos no interior, mais sinodais no discernir os caminhos percorridos e os caminhos a tomar, mais sábios e dotados de bom senso humano e evangélico no dirimir as questões e os problemas.


Ler aqui texto completo.

A vida questiona o Evangelho de 18 de Julho

Lc 10,38-42.
Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.»
O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»

2010-07-10

A vida questiona o Evangelho de 11 de Julho

http://www.champagnat.org/21_pt/06001.asp?id=19
Lc. 10,25-37
Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?»
Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?»
O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.»
Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.»
Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?»
Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: 'Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.'
Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?»
Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.»

2010-07-09

Campo da FAVA

Num grupo de gente de várias idades procuramos viver durante 10 dias o dia a dia com F(é) + A(legria) + V(erdade) + A(mizade).

Nestes "campos de fé e descoberta" descobrir é o nosso objectivo.

Descobrir coisas novas, amizades novas, interesses novos e também descobrir a fé em plena vida.

Este ano, vamos ser um grupo de rapazes e raparigas dos 12 aos 16 anos. A acompanhá-los estarão "animadores" , entusiásticos adeptos destes "campos".

Os "Campos de Fé e Descoberta" da F.A.V.A. têm um estilo, um ritmo e um ambiente muito próprios.


apresentação CAMPOS DA F.A.V.A

2010-07-08

Aposta na Educação: a dura realidade

Um estudo divulgado no Público é muito importante no que revela a propósito dos resultados escolares dos alunos portugueses.

Já se sabia que Portugal tem a segunda taxa mais elevada de abandono escolar precoce da União Europeia. Agora, segundo o estudo efectuado pelo Ministério da Educação luxemburguês, constata-se que nesse pequeno país um em cada quatro alunos que abandona a escola secundária é português. Assim, entre os estudantes estrangeiros os portugueses são os que apresentam a maior taxa de abandono escolar.

Acresce que dados recentes mostram que nos EUA, Canadá, Grã-Bretanha e Suíça, os filhos dos emigrantes portugueses estão também entre os que obtêm resultados escolares mais baixos entre as comunidades estrangeiras.

Segundo esta notícia estes factos devem-se em grande parte ao facto de muitas famílias continuarem a não valorizar o papel da educação. A grande preocupação é começar a trabalhar o mais rapidamente possível.
No que respeita ao ensino do português verifica-se que em França, apenas 30 mil pessoas estão a aprender português, enquanto os estudantes de italiano são quase 300 mil e os de espanhol 3 milhões.


Existe na sociedade portuguesa uma tendência generalizada para desvalorizar o estudo, o esforço intelectual e a responsabilidade das famílias na educação dos filhos?

É mais que actual a recente obra de Eduardo Marçal Grilo "Se não estudas estás tramado", editada pela Tinta da China.

2010-07-03

A Vida questiona o Evangelho de Domingo, 4 de Julho

Lc. 10,1-12.17-20.
Depois disto, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.
Disse-lhes: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe. Ide! Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e não vos detenhais a saudar ninguém pelo caminho. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: 'A paz esteja nesta casa!' E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós. Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que lá houver, pois o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos for servido, curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: 'O Reino de Deus já está próximo de vós.' Mas, em qualquer cidade em que entrardes e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: Até o pó da vossa cidade, que se pegou aos nossos pés, sacudimos, para vo-lo deixar. No entanto, ficai sabendo que o Reino de Deus já chegou.'»
«Digo-vos: Naquele dia haverá menos rigor para Sodoma do que para aquela cidade. Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios se sujeitaram a nós, em teu nome!»
Disse-lhes Ele: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Olhai que vos dou poder para pisar aos pés serpentes e escorpiões e domínio sobre todo o poderio do inimigo; nada vos poderá causar dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos no Céu.»