2010-06-28

Cela 466/64


A Africa do Sul não é só futebol...

Vale sempre a pena ler as reportagens da África do Sul, de Alexandra Lucas Coelho.

Como esta, da visita à cela 466/64.
"Uma das primeiras coisas que Mandela fez na prisão foi um calendário. De resto, as 200 páginas que Robben Island ocupa na sua autobiografia são um manual de sobrevivência física e moral. Acreditar na saída: a prisão não é para sempre. Pensar em grupo: os fortes levantam os fracos e todos se fortalecem. Estudar o inimigo: impedi-lo de nos quebrar. A prisão política visa "roubar a dignidade", e por isso o mais difícil é o castigo na solitária, em que temos de manter a razão e ser fiéis a princípios, sem ninguém como testemunha."

2010-06-27

Sugestões de Domingo

Para LER:
- Morreu José María Díez-Alegría, teólogo e ''jesuíta sem documentos''.

- Católico e questões fracturantes

Para VER:
O Chapitô está prestes a completar 30 anos de existência. Aquilo que começou como um projecto solidário entre amigos é hoje uma instituição de referência na educação e reintegração social pela arte e na criação.
Hoje, na RTP2, às 22h.

2010-06-26

A Vida questiona o Evangelho de Domingo, 27 de Junho

Lc. 9,51-62.
Como estavam a chegar os dias de ser levado deste mundo, Jesus dirigiu-se resolutamente para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de lhe prepararem hospedagem. Mas não o receberam, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram: «Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma?»
Mas Ele, voltando-se, repreendeu-os. E foram para outra povoação.
Enquanto iam a caminho, disse-lhe alguém: «Hei-de seguir-te para onde quer que fores.» Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.»
E disse a outro: «Segue-me.» Mas ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» Jesus disse-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos. Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus.»
Disse-lhe ainda outro: «Eu vou seguir-te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família.» Jesus respondeu-lhe: «Quem olha para trás, depois de deitar a mão ao arado, não está apto para o Reino de Deus.»

2010-06-20

Saramago e Jesus

E ele acaba por afirmar uma coisa que, a mim, que sou crente e teólogo, me interessa muito: para ele, Saramago, não era relevante a forma como Jesus ilumina a questão de Deus, porque para ele essa questão não se põe.
Mas é muito importante a forma como a figura de Jesus ilumina a questão do homem, este enigma que nós somos. Ele achava que Jesus iluminava muito esse enigma. Isso faz com que aquilo que possamos pensar sobre Saramago e as diatribes dele, as polémicas com a Bíblia, com a herança cristã e com a Igreja mais institucional hão-de ser agora relidos com outros olhos e com aquela distância que só o tempo dá, permitindo ver como nele há uma procura espiritual que certamente o livro “Caim” não encerra, mas que pode agora ser olhada e aberta a novas interpretações.
José tolentino de Mendonça, 19.06.2010

A propósito do Evangelho deste Domingo...

Para todos, todos os dias - António Couto
"...duas coisas únicas deste Evangelho, duas pérolas, portanto: «Dizia Ele a todos: “Se alguém quer vir atrás de mim, diga não a si mesmo, e tome a sua cruz todos os dias, e siga-me» (9,23). A primeira pérola está em que Jesus diz para todos. O dizer de Jesus, o seu ensino novo, não é para elites, para alguns iluminados. É para todos. Entenda-se que a escola de Jesus está aberta a todos, ricos e pobres, maus e bons, especialistas e ignorantes. Já se sabe que o ignorante é aquele que não sabe; de resto, também o especialista não sabe, mas não sabe com grande autoridade e competência! Ainda bem, portanto, que Jesus diz para todos. A segunda pérola é que a vida cristã, seguir Jesus, é coisa quotidiana, de todos os dias. Não é só para alguns dias de festa. Não pode ter pausas."


"Dizer não a si mesmo é pensar ao contrário do que estamos habituados. Pensamos sempre primeiro em nós, em salvar-nos a nós mesmos. Para nos salvarmos a nós mesmos, temos de nos anteciparmos aos outros, sermos mais espertos que os outros, passar à frente dos outros. Exactamente o contrário de Jesus, que não quis salvar-se a si mesmo. Quis salvar-nos a nós, pôr-se ao nosso serviço, fazer-se fonte de água viva para nós. «Salva-te a ti mesmo, e desce da Cruz!» (Lucas 23,35-39). Se se tivesse salvo a si mesmo, não nos salvava a nós! Lógica nova do «quem perde, ganha», jogo novo do cristianismo."

Ver aqui texto completo.

2010-06-18

A Vida questiona o Evangelho de Domingo, 20 de Junho


Lc. 9,18-24.
Um dia, quando orava em particular, estando com Ele apenas os discípulos, perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?»
Responderam-lhe: «João Baptista; outros, Elias; outros, um dos antigos profetas ressuscitado.»
Disse-lhes Ele: «E vós, quem dizeis que Eu sou?»
Pedro tomou a palavra e respondeu: «O Messias de Deus.»
Ele proibiu-lhes formalmente de o dizerem fosse a quem fosse; e acrescentou: «O Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.»
Depois, dirigindo-se a todos, disse: «Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me. Pois, quem quiser salvar a sua vida há-de perdê la; mas, quem perder a sua vida por minha causa há-de salvá-la.

2010-06-12

A Vida questiona o Evangelho de Domingo, 13 de Junho - Santo António de Lisboa

Lc. 7,36-50.8,1-3.
Um fariseu convidou-o para comer consigo. Entrou em casa do fariseu, e pôs-se à mesa.
Ora certa mulher, conhecida naquela cidade como pecadora, ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume.
Colocando-se por detrás dele e chorando, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume.
Vendo isto, o fariseu que o convidara disse para consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que lhe está a tocar, porque é uma pecadora!»
Então, Jesus disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa para te dizer.» «Fala, Mestre» respondeu ele.
«Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. Não tendo eles com que pagar, perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?»
Simão respondeu: «Aquele a quem perdoou mais, creio eu.» Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.»
E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-me os pés com perfume. Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama
Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.»
Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?»
E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.»
Em seguida, Jesus ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, proclamando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus. Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres, que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios; Joana, mulher de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras, que os serviam com os seus bens.

2010-06-10

Imaginemos Jesus Cristo como chefe de Estado...


"Chegou a hora de repensar o Vaticano.
Que pensar do facto de o Papa ser chefe de Estado?
Imaginemos Jesus Cristo como chefe de Estado. Impossível, ele recusou isso! No último século, a única maneira de dar independência ao papado foi instituí-lo em torno do conceito de Estado. Mas hoje a ONU é reconhecida em todo o mundo e não é um estado.
Imaginemos que o papa não era um chefe de Estado: como seria livre de se movimentar e de ir ao encontro daqueles que gostasse de conhecer! Ou recusar, por exemplo, no caso de ditadores sanguinários. O Vaticano deveria abandonar este conceito de Estado (...).
Urge repensar toda a estrutura, a relação entre centro e periferia
."


Entrevista de Alex Zanotelli, missionário comboniano ao jornal Affari Italiani, que pode ser lida no Religionline.

2010-06-08

Frei Eugénio na Antena1

Ontem, dia 7 de Junho, a Antena 1 emitiu uma entrevista com o Frei Eugénio que pode ser ouvida aqui.
Ajuda-nos a conhecer o trabalho que desenvolve com a comunidade portuguesa em Bruxelas e dos desafios que a inculturação junto das novas gerações suscita.
Vale a pena ouvir.

2010-06-05

A Vida questiona o Evangelho de Domingo, 6 de Maio

Naim, hoje, com Nazaré ao fundo.
Lc. 7,11-17.
Em seguida, dirigiu-se a uma cidade chamada Naim, indo com Ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando estavam perto da porta da cidade, viram que levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva; e, a acompanhá-la, vinha muita gente da cidade.
Vendo-a, o Senhor compadeceu-se dela e disse-lhe: «Não chores.»
Aproximando-se, tocou no caixão, e os que o transportavam pararam. Disse então: «Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!»
O morto sentou-se e começou a falar. E Jesus entregou-o à sua mãe.
O temor apoderou-se de todos, e davam glória a Deus, dizendo: «Surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o seu povo!»
E a fama deste milagre espalhou-se pela Judeia e por toda a região.

2010-06-01

Bento XVI em Portugal

Ainda a propósito da visita de Bento XVI a Portugal, gostei de ler este texto de Anselmo Borges, que termina assim:

"Deixou uma imensa mensagem de esperança, tão urgente neste tempo dramático de crise. E apelou à solidariedade e à justiça, a favor dos mais pobres.
Por isso, aqui, é legítimo perguntar se não se impunha mais simplicidade nesta visita. De facto, é um líder espiritual mundial que é ao mesmo tempo Chefe de Estado.
Dizia-me uma vez em Bruxelas um colega da Universidade de Lovaina: como foi possível a Igreja de Cristo ter chegado aqui? É uma herança histórica, difícil de afastar. Mas não se exigirá menos ostentação?

As celebrações foram belas. Mas é necessário estar atento para que todos possam ouvir. Sobretudo, há ali uma distância, que, vistas as coisas de fora, faz com que a vivência que pode ficar é a de duas Igrejas: no altar, a Igreja imperial, e cá para baixo o povo, que ouve e obedece. Não se tem a experiência viva de uma Igreja-comunhão e autêntico Povo de Deus.
Por outro lado, lá, no altar, só há homens celibatários."