2006-10-10

Islão

Achei muito interessante o artigo de um judeu ateu e pacifista. No fim, cheguei à conclusão de que os maus da fita foram os Cristãos, embora me custasse a aceitar que a conquista Muçulmana da Terra Santa fosse por mera necessidade de território.

Entretanto li na Voz Portucalense um artigo de Leonel de Oliveira, que escreve o seguinte:

«O Islão... também quis ter os seus mártires. Só que saíram ao contrário. Os verdadeiros mártires são aqueles que dão a vida, não tiram a vida a si e muito menos aos outros. Ora, os chamados mártires muçulmanos são autênticos suicidas e... homicidas! Não é de agora, pois foram sempre assim. ... Quem conhece Hassan Ibn Saba (1124), chamado o Velho da Montanha, e o seu castelo de Alamut, no Irão, sede da "Confraria dos Assassinos", de onde ele comandava os seus mártires que, segundo o Islão, morrem ao matar as suas vítimas... O Islão é violento desde a nascença até aos seus crescimentos, sempre por toda a parte. ... O Islamismo divide o Mundo em dois: a Casa-de-Alá onde os Muçulmanos já reinam e a Terra-da-Guerra, "dar al-harb" onde é preciso fazer a Guerra Santa.
«Este tipo de violência religiosa atingiu uma escala tão grande que chegou a contaminar os próprios Cristãos que, desde o Império de Bizâncio até aos "reinos cristãos" do Ocidente, a pretexto da libertação dos Lugares Santos, ou levados pela necessidade de se defender dos Mouros e dos Turcos, embarcaram numa escalada de violência que começou com as Cruzadas e depois se virou contra eles próprios, na procura do "inimigo interior" e entre si, Cristãos contra Cristãos em Reforma e Contra-Reforma.»

Pelos vistos, há leituras diferentes dos mesmos factos.


António da Veiga

3 comentários:

  1. É um texto muito interpelante e que suscita muitas questões. E é um facto que praticamente desconhecemos o que é o Islão.
    O texto integral do artigo de Leonel de Oliveira pode ser lido em: http://www.7arte.net/cgi-bin/VP/editorwww/ler_seccao2.pl?27|5.

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  2. Há de facto muitas leituras que se podem fazer desta polémica que se tem levantado à volta do Islão. Mas se é facto que muito se pode – e vai certamente – teorizar sobre a mesma, cabe-nos a nós cristãos uma responsabilidade particular. E essa passa por procurar respostas que estejam de acordo com os ensinamentos de Jesus.

    Valerá a pena retomar as palavras de frei Bento Domingues que o Paulo nos remeteu há dias. Pela minha parte, não posso estar mais de acordo com essas palavras. Bastava ter presente o Sermão da Montanha para entender este cristianismo sem poder, este cristianismo que, como diz o articulista, "(...) pode ter inimigos, mas não pode ser, sem traição, inimigo de ninguém".

    Mas vale a pena, também, ler o princípio do texto do frei Bento que aqui transcrevo:

    “(…) Os noticiários da desgraça querem convencer-nos de que este mundo não tem conserto. Mas nem todas as pessoas perderam o gosto pela poesia, pela grande música, pela pintura, pelas artes, pelas interrogações metafísicas ou religiosas, pela busca de sentido para a aventura humana e de responsabilidade pelo futuro da terra. Não se deixam perder na simples pragmática do quotidiano e dos negócios, no fascínio idolátrico das novas tecnologias e no exibicionismo de casas sumptuosas, de carros de luxo, etc., insensíveis à distância crescente e intolerável que as separa do mundo dos pobres e dos quais fazem tudo para se defender e nada para atacar as causas que o produz.
    Nem todos pensam que o remédio contra o terrorismo esteja na diabolização das outras culturas e religiões ou na imposição da nossa cultura e religião, dos nossos valores como se fossem o único património da humanidade. Se não acredito num progresso linear e reversível, também não julgo que estamos sempre condenados ao pior.
    O pior, actualmente, é atribuído às religiões, sobretudo às dos outros, embora, na Europa, o mau da fita tenha sido, durante muito tempo, o próprio catolicismo, que, agora, se procura apresentar como a religião da confluência da razão grega e da fé crista. Na sua nascente histórica, esta fé já passou por loucura e escândalo (1 Cor 1 -2).(…)”

    Admitindo, como diz frei Bento, que nem todos pensam assim, é cada vez mais evidente que a sociedade ocidental se tornou egoísta e individualista. Assim, como conseguir este cristianismo sem poder num mundo descristianizado? Como entender a mensagem do verdadeiro Amor que se sobrepõe ao amor egoísta e individualista do mundo de hoje?

    E como vencer sem enfrentar uma "guerra" quando foi o próprio Jesus que disse "Eu não vim trazer a paz mas a discórdia"? Na minha opinião, só entendendo que esta guerra é uma guerra em que a espada é o nosso amor incondicional pelo outro, mesmo pelo nosso inimigo.

    Assim, mais uma vez, fica o apelo à oração, única forma de conseguirmos a força e iluminação suficientes para entendermos este mistério que é o Amor de Jesus Cristo.

    Há dias, a Domingas relembrou-nos a oração de São Francisco de Assis. Se pudéssemos todos transformar essas palavras a nossa forma de viver...

    Então, o cristianismo sem poder seria uma realidade e consumava-se o que pedimos quando rezamos o Pai Nosso: "venha a nós o Vosso Reino". Mas para que o Reino venha é necessário que rezemos o resto do Pai Nosso: seja feita a Vossa vontade – e não a nossa vontade; o pão nosso - de todos e não meu - nos dai hoje; perdoai-nos os nossos pecados - porque os perdoamos aos outros; e livrai-nos do mal pois só Vós sois o Senhor, o nosso Senhor e nosso Deus, único que tudo pode e em quem devemos confiar.

    umamigo

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  3. Ainda bem que há uma gotas de sã polémica neste "regador".
    Considero a opinião do Leonel de Oliveira bastante deformante da história.
    A opinião de " um amigo" que regularmente tem procurad animar este blog, tem afirmações com as quais globalmente concordo, mas parece-me que valeria a pena abordarmos mais concretamente a questão da violência e da religião.
    Vou tentar entrar nesta partilha procurando fundamentar a minha opinião, mas ó para a semana.
    frei Eugénio

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