Num momento em que se fala tanto das mulheres é oportuno salientar o lugar destacado que as mulheres ocupam nos evangelhos, em particular no de Lucas.
De acordo com a lição de António Couto, a que tive o gosto de assistir esta semana, aparecem em Lc as seguintes mulheres:
Isabel
Maria
Ana
Viúva de Naim
Pecadora agradecida
Maria Madelena
Marta e Maria
Mulheres curadas
Mulher que felicita Maria
Mulheres curvadas
Viúva importuna
Filhas de Jerusalém
Temos muito a aprender com elas.
magnifica ideia a tua Paulo de nos lembrares algumas das mulheres que tiveram um lugar importante na vida e no quotidiano de Jesus.
ResponderEliminarfrei Eugénio
Não podia estar mais de acordo com as palavras do frei Eugénio e com a oportunidade do tema, conforme o Paulo frisa no seu post. Mas, se o momento é o da importância e dignidade da mulher, então vale a pena aprofundá-lo
ResponderEliminarNão posso estar, também, mais de acordo que muito do que está em causa neste momento – e julgo que o Paulo se queria referir em particular ao tema do aborto em discussão – passa pela dignidade da mulher. E evocar as mulheres que acompanharam Jesus é uma forma de apelar a esta mesma dignidade.
Mas o que está em causa no momento, nem sempre é, em minha opinião, a defesa da dignidade da mulher, mas a defesa de uma sociedade dominada por valores hedonistas e materialistas. E, particularmente aqueles que tanto “berram” pelos direitos da mulher, são os primeiros a esquecê-los quando os deveriam defender. Senão vejamos dois pequenos exemplos que retirei de notícias do Jornal de Notícias do passado dia 6.
Uma refere-se à decisão de um juiz português (http://jn.sapo.pt/2007/02/06/primeiro_plano/mae_acusa_tribunal_lhe_retirar_filha.html, baseado nas leis que o nosso poder político promove, de mandar retirar duas filhas, uma de 9 e outra de 3 anos, à sua mãe pelo facto de esta não ter dinheiro suficiente para as criar em condições de conforto na sua habitação. Ou seja, uma mãe que em nada prejudicava as suas filhas no que respeita aos valores afectivos, é delas privada. E duas crianças que poderiam continuar a receber o carinho e o conforto da presença da sua mãe, são deles, também, privadas porque o Estado não ajuda a mãe financeiramente, embora vá gastar esse dinheiro ao transportar as meninas para uma residência. É este o mundo onde vivemos!
No caso do aborto, este é o problema que está muito frequentemente em causa – falta de condições económicas. Mas em lugar de ajudar essas mães que poderiam manter uma maternidade responsável, oferece-se ajuda, de montante não tão pequeno como isso, para que a mesma aborte. São estes os valores da sociedade moderna tão apregoada pelos partidos do poder?
A segunda notícia refere-se aos dois milhões de meninas vítimas de mutilação genital todos os anos em Africa (http://jn.sapo.pt/2007/02/06/sociedade_e_vida/dois_milhoes_meninas_alvo_mutilacao_.html). É de estranhar que os nossos políticos, quando em foruns internacionais ou visitas de estado, fujam tanto a falar deste temas, os quais são bem mais importantes para defesa da dignidade da mulher do que os valores defendidos pelos partidos políticos que alinham pelo voto no Sim ao próximo referendo. Não posso deixar de lembrar a recente visita do nosso Primeiro Ministro à China, país onde todos os dias se cometem as maiores indignidades à mulher, em particular as que deviam nascer e são abortadas em nome de uma sociedade que promove o homem como o valor essencial. Não ouvi destes responsáveis, tão moralistas na plateia nacional, uma única palavra de repúdio por esta situação.
Talvez, infelizmente, venhamos a assistir, num futuro próximo, com a promoção dos valores defendidos pela dita sociedade das liberdades, a um fenómeno idêntico no nosso país, através da prática do aborto para eliminar aqueles seres do sexo que não agrada aos pais. Tanto se criticou, e bem, Hitler pelos seus programas eugénicos, para vermos agora os que o criticaram a defender a abertura da mesma “caixa de pandora”. Assim vão os tempos.
Já agora por falar nas mulheres na vida de Jesus, talvez valesse a pena recordar as palavras de Jesus às mulheres de Jerusalém que o seguiam, e que se lamentavam e choravam por Ele, durante a caminhada para a Cruz:
"Filhas de Jerusalém, não choreis por Mim,chorai antes por vós mesmas e pelos vossos filhos,
pois virão dias em que se dirá: 'Felizes as estéreis, os ventres que não gerarame os peitos que não amamentaram'. Hão-de então dizer aos montes:'Caí sobre nós!', e às colinas: 'Cobri-nos'. Porque se tratam assim a madeira verde, o que acontecerá à seca?"
Lc. 23, 27-31
Oremos, assim, a Deus pedindo-lhe iluminação e sabedoria para as nossas decisões. A Ele peço também que me ajude a lutar pela dignidade de todos os homens, sejam as mulheres mutiladas, sejam as que são postas perante o drama do aborto,sejam os milhares de crianças que todos os dias padecem dos mais variados sofrimentos e daquelas que morrem por causa da nossa insensibilidade para com os problemas dos outros.
Hoje digo, vem Senhor Jesus e ajuda-me a entender as Bem-Aventuranças que nos pregaste no Sermão da Montanha, para que com esse ensinamento eu possa mudar a minha vida e aprender o valor da humildade e solidariedade cristãs.
Com a liberalização do aborto pretende-se alegadamente proteger as mulheres evitando os julgamentos. Todavia, corre-se o risco de passar ao lado do essencial. Pior que o julgamento é a perda do seu filho. Não será que com a liberalização pode ter o efeito preverso de dar o sinal de que o aborto não é algo a evitar absolutamente? Como conseguir o equilíbrio entre, por um lado, não condenar ainda mais a mulher que abortou que já sofre com a perda que isso representa, e, por outro lado, não deixar de fazer a pedagogia do aborto como um mal a evitar a todo o custo
ResponderEliminarPaulo