Sempre se pode ver como são paralelos os destinos de Jesus e de Paulo nos respectivos processos. Se é verdade que a prisão de Paulo, como está relatada nos Actos não termina em condenação, a verdade é que a mesma autoridade do César de Roma que o libertou, o irá martirizar mais tarde.
Jesus é condenado à morte por um imbróglio de motivos entre os quais uma conveniência de um grupo que decide usar a sua morte como instrumento para apaziguar o delicado equilíbrio entre Judeus e o poder Romano (jn 11.48) | Paulo é envolvido em um processo a partir de um aproveitamento , aproveitando a credulidade dos Efésios; |
Acusação de querer destruir o templo de Jerusalém | Insinuações de que profanar o Templo de Jerusalém e levar à apostasia da Lei |
Conluio entre autoridades judaicas e Romanas para condenar Jesus (Actos, 24, 27; 25.2) | Conluio entre autoridades judaicas e Romanas para condenar Paulo (Actos, 24, 27; 25.2) |
Multidão reclama a morte de Jesus (Mt 27.22; Mc 15.3;Lc 23.21; Jn 18.40) | A massa do povo o seguia gritando: À morte com ele! (Actos, 21, 36) |
Jesus é levado a Anás, depois a Caifás, a Herodes (Lc. 23.7) por fim a Pilatos (Mt 27.11; Mc 15.2; Lc 23.2; Jn 18.19) | Comparece perante o Sinédrio; depois perante o governador Félix; peranto Pórcio Festo (em Cesaréia, Actos 25), e, por fim, perante o rei Agripa e Berenice |
Pilatos ainda mantém uma conversa com Jesus, que até poderia ser um sinal de interesse em conhecer Jesus; mas que termina ironicamente com um desacerto de perguntar a Jesus, que é a Verdade (Jn 14.6): “O que é a verdade?” (Jn 18.38) | O procurador Félix ainda ouve Paulo com alguma atenção; mas desiste, ao ouvi-lo falar sobre as exigências do “Caminho” (Actos, 24.24) |
Pilatos está displicentemente convencido de que Jesus está inocente (Mt 27.23; Mc 15.14; Lc 23.22; Jn 18.38) | Agripa, Berenice, Festo também acham que Paulo nada fez que mereça a morte ou a prisão. Agripa ainda ou ouve mas defende-se com ironia: “Por pouco ainda me fazes cristão!” (Act. 26.28) |
Todos parecem dissimular a sua responsabilidade (atirando-a para a multidão; Pilatos propõe entregar Jesus aos Judeus para que estes o julguem conforme a sua lei; estes dizem que a Lei os proíbe (Jn18.31) Pilatos acaba por lavar as mãos. | O seu cativeiro terminará em libertação mas o segundo cativeiro não o livrará da arbitrariedade dos senhores romanos |
Não falta nada aqui: desde os inimigos feitos em acordo ou tornados amigos por causa de um inimigo comum (e.g. Judeus e Romanos, Herodes e Pilatos em Lc. 23.12); não faltam sequer pomposas celebridades (como Berenice que mais tarde fará os encantos do imperador Tito) ou autoridades embriagadas pelo seu poder e enfatuadas que não conseguem ver Jesus senão como um divertimento ou um episódio passageiro na sua agenda.
PS. Ano Paulino começará em 28 de Junho de 2008.
Muito interessante quadro comparativo das vidas paralelas.
ResponderEliminarE quantas vidas paralelas a estas(na injustiça e no sofrimento) também não haverá na história da humanidade? E que com estas vidas de Jesus e Paulo ganham novo sentido.
Um dúvida: o que é o ano Paulino?