2008-05-07

Escolas católicas: católicas?



No Reino Unido as escolas católicas estão a ser submetidas a pressão por parte do governo para provarem a sua utilidade para Igreja (e assim justificarem o seu estatuo de charity) quando mais de metade dos alunos que admitem já não são católicos.
Outrora a justificação para as escolas católicas era providenciar educação de excelência a estudantes sem meios para tal.  A Charity comission sugeriu para provarem a sua utilidade social e eclesial: nomeadamente cedendo e partilhando recursos (professores e espaços) com outras escolas e as comunidades locais.
O paradoxo é o seguinte: por um lado "alguém pode pensar o que se ganha com escolas privadas para além de alguma separação social indesejada. Mas em uma democracia séria, elas devem ser vistas como parte da escolha disponível para os pais." (nas palavras de um Professor da Universidade de Londres, director do Centre for Research and Development in Catholic education); por outro,  pode a oferta dessa escolha ser vista como representando uma utilidade pública (charity)?
Eis o que está em causa e que a Charity Comission pede que as escolas demonstrem.




4 comentários:

  1. Anónimo9/5/08 15:41

    Caro Armando para quem esta no contexto cultural portugues é dificil coçpreender a importancia desta noticia. Podias pôr uns topicos para nops ajudar? Obrigado frei Eugénio

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  2. Por cá, de quando em vez, também se discute a utilidade e vantagem de ter uma Universidade Católica. Ainda em recente encontro de docentes universitários com o bispo do Porto, Manuel Clemente, o assunto veio à baila.
    A questão é: se a Igreja tem uma ideia do que é a universidade ideal, católica, universal, por que razão a universidade Católica não corresponde a esse ideal e é tão parecida com as demais universidades?
    O bispo ainda aduziu razões de ordem financeira... Mas há marcas que não custam dinheiro. Por ex: que revolução não seria se na Católica se abolissem os títulos e as pessoas se chamassem apenas pelo seu nome? É que não deve haver sociedades mais estratificadas que as universidades (Católica incluida). É uma sugestão.

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  3. Não sei se posso corresponder ao pedido do frei Eugénio:
    Primeira questão: no Reino Unido os católicos são uma minoria, ao contrário de Portugal. Portanto as escolas católicas são historicamente um elemento muito mais ligado à formação de uma identidade católica. Algumas delas começaram na França no tempo em que os católicos sofriam de restrições de direitos no Reino Unido, sendo posteriormente transferidas para o Reino Unido.
    O governo britânico subsidia essas escolas com base no seu estatuto de charity e por forma a permitir o acesso a uma educação católica. O problema que se põe hoje é que as escolas católicas adquiriram enorme prestígio e hoje são bastante procuradas (até Tony Blair lá colocou os filhos) e por bem mais pessoas do que a comunidade católica. É isso que, do ponto de vista do governo, põe em causa o seu estatuto de charity, se bem entendo...
    Eu creio que há alguns paralelismos com o caso das escolas de países de maioria católica.

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  4. Quanto ao que o Paulo diz: estou de acordo. Mas digo já que ouvi alguma vez dizer que uma Faculdade de Teologia não queria fundir-se com a congénere católica de Filosofia (assim poupando orçamento pois os primeiros de um curso de Teologia são basicamente filosofia) porque se temia a mistura dos seminaristas com as-em-maior-número-jovens-filósofas...

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