2008-10-19

Dai a Deus o que é de Deus... e o que é de César também é Dele

A propósito de um contributo

A pergunta feita a Jesus, tendo em conta o contexto da época na Palestina, não pode de modo nenhum ser posta em paralelo com a questão moral sobre o pagamento dos impostos nos nossos dias.

Porquê ?

1- A pergunta é uma armadilha dirigida a alguém que se está a apresentar como Messias, Jesus (entrada solene em Jerusalém, expulsão dos vendedores do Templo, etc). Este imposto pessoal ao imperador correspondia a uma submissão, uma obediência ao imperador pagão, atitude intolerável para os judeus piedosos para quem só Deus ou um seu representante pode ser o rei do povo eleito.

Por outro lado os judeus acreditavam que o Messias quando viesse iria expulsar o invasor e restabeleceria a independência de Israel.

Vemos assim a armadilha: se diz «sim», considera-se submisso ao imperador e por isso renuncia a apresentar-se como Messias. Se diz «não» deve ser denunciado como agitador.

É, pois, uma armadilha relacionada com a pretensão de Jesus de ser o Messias.


2-A resposta de Jesus não põe ao mesmo nível «dar a César o que é de César» e «dar a Deus o que é de Deus», como se aquilo que pertence a César não pertencesse antes e também a Deus! Como se as realidades terrestres ficassem fora do poder de Deus!

O que Jesus quer fazer descobrir é que a moeda pertence a César (tem a sua efígie e uma inscrição que o diviniza e a moeda não podia entrar no Templo) .

O que pertence a Deus é o homem todo, que foi feito à imagem de Deus (Gn 1,26) e que deve reconhecer que pertence a Deus.

A sua obediência primordial é a Deus. Assim Jesus vem reinar em nome de Deus.

O seu Reino não interfere com o de César. O seu modo de reinar não «é concorrente» com o de César. Além disso Jesus quer dizer que César não é deus.

Esta passagem tem servido ao longo dos tempos para justificar ideologias e teorias que não respeitam o seu significado bíblico.


3- Quanto à questão dos impostos, vale a pena ler o n° 355 do “Compêndio da Doutrina Social da Igreja”(ver no site do Vaticano)

Saliento: A coleta fiscal e a despesa pública assumem uma importância económica crucial para qualquer comunidade civil e política: o objectivo para o qual tende é uma finança pública capaz de se propor como instrumento de desenvolvimento e de solidariedade.

As finanças públicas orientam-se para o bem comum quando se atêm a alguns princípios fundamentais: o pagamento dos impostos como especificação do dever de solidariedade;

Ao redistribuir as riquezas, as finanças públicas devem seguir os princípios da solidariedade, da igualdade, da valorização dos talentos, e prestar grande atenção a amparar as famílias, destinando a tal fim uma adequada quantidade de recursos.

Frei Eugénio

1 comentário:

  1. O Frei Eugénio diz isso na missa de este domingo dia 19de outubro 2008!o dinheiro nao da amor,recpeito nem outros sentimentos!Pedro Teixeira,Em Bruxellas, na érolandia

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