Decorre por estes dias em Doha a Conferência internacional sobre "Financing for Development to review the Implementation of the Monterrey Consensus", promovida pela Assembleia Geral das Nações Unidas. É muito mais alargada que a reunião do G20, mas muito menos divulgada.
Reune-se no momento histórico em que ao aumento dos preços agrícolas e energéticos - dos primeiros meses de 2008 - se juntou uma crise financeira dramática.
A este propósito vale a pena ler o documento publicado pela Comissão Pontifícia Justiça e Paz, que alerta sobretudo para os perigos do corte no financiamento ao desenvolvimento e das consequências daí decorrentes.
Neste texto é feita uma expressa referência ao papel que os mercados "offshore" tiveram na transmissão da actual crise financeira.
Estes "offshores" permitiram fugas de capital de proporções gigantescas, fluxos "legais" motivados por finalidades de evasão fiscal e orientados também através da sobre/subfacturação dos fluxos comerciais internacionais, da reciclagem das rendas derivantes de actividades ilegais.
Segundo o mesmo documento, a riqueza depositada nesses paraísos fiscais poderia render cerca de 860 biliões de dólares por ano, o que corresponde a uma perda de receita fiscal de 255 biliões de dólares, o que representa mais de três vezes a quantia global da ajuda pública destinada ao desenvolvimento por parte dos países da OCDE.
Poderá esta crise ser a oportunidade para a comunidade internacional atacar de vez a questão dos paraísos fiscais?
(post actualizado em 07.12.2008)
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