2012-10-31

A nova evangelização


António Couto, bispo de Lamego, foi um dos participantes no Sínodo sobre a nova evangelização. 
Aqui ficam algumas frases de uma entrevista dada à agência Ecclesia e que nos podem ajudar a reflectir sobre os desafios dos tempos que vivemos.

Ecclesia – O que significa a expressão “nova evangelização”?
António Couto – Se o soubéssemos já não seria necessário fazer o Sínodo. Penso que é mesmo por não sabermos o que é e sobretudo como fazer a nova evangelização que o Papa convocou este Sínodo!

E – A expressão está em debate agora. Foi lançada por João Paulo II em 1979. Daí para cá o que aconteceu?
AC – A expressão já existia nas igrejas da América Latina da década de 70, tendo sido consagrada por Puebla. Mas foi, de facto, o Papa João Paulo II em 1979, na Polónia, que lançou pela primeira vez essa expressão, sem ainda lhe dar conteúdo. (...) Creio que ele não quis dizer que era necessário inventar coisas novas, nem em termos de métodos nem de expressões, porque essas estão mais do que consagradas no Evangelho. O Evangelho de Jesus, como Ele o diz e o faz acontecer, é a metodologia mais revolucionária que conheço!
E – Em que consiste?
AC – É a metodologia direta, de um verdadeiro líder! Ele não diz: “este é o caminho, sigam…”. Ele faz o caminho, vai à frente, as pessoas seguem-n’O e aprendem com Ele. É, ao mesmo tempo, uma escola, um trabalho, uma missão, uma vocação.
Esta metodologia supõe uma Igreja com bons líderes, do clero e dos leigos, que levem outras pessoas com eles, que não indiquem caminhos abstratos às pessoas, mas que caminhem com elas.
 
E – Aí estará a verdadeira transformação a fazer?
AC – A verdadeira transformação tem de começar pelo sujeito da evangelização. Não tanto pelo destinatário.
Quem faz a evangelização – os bispos, os sacerdotes, os leigos e todos os que estão empenhados no Evangelho – tem de começar por uma grandíssima reforma de vida, uma grandíssima conversão ao estilo de Jesus. Jesus era um homem feliz, pobre, despojado, ousado, próximo e dedicado. Esse tem de ser o estilo do evangelizador. Se nós tivermos evangelizadores assim, audazes, testemunhas verdadeiras, pura transparência de Jesus Cristo, não tenho dúvidas que a mensagem passará. Se formos desfigurados e nosso rosto não for o de testemunhas verdadeiras, se não for claro que seguimos a mensagem que Ele nos deixou, o Evangelho não passa e continuará a não passar.

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