2018-11-03

Mal-estar na religião

Sinead O'Connor, cantora irlandesa conhecida por êxitos como Nothing compares 2 U, anunciou no dia 19 de Outubro que se convertera ao Islão.
O percurso de O'Connor é uma meada de vários fios que atravessam a cultura contemporânea  e a cultura católica (e irlandesa) em especial. Denunciou a pedofilia clerical em 1992; denunciou em 2010 o abuso do trabalho escravo nos Asilos de Madalena onde ela própria estivera como adolescente. Em busca de um lugar que na igreja católica lhe era impossível, aderiu à igreja católica apostólica ortodoxa irlandesa e foi ordenada padre.
Pondo de parte o caso de O'Connor (muito peculiar dado o seu percurso biográfico) creio que há em muitos casos de conversão de europeus ao Islão nas suas mais variadas formas, sinais de uma exaustão; exaustão de uma cultura contemporânea que tão ufanosamente repudia a religião (a felicidade está garantidíssima pela ciência e pelo progresso civilizacional). Na realidade há necessidades espirituais que estão muito para além dos confortos ou dos avanços civilizacionais, inclusivamente os avanços políticos. São vários os exemplos de mulheres criadas em culturas profundamente laicas (quando não ateístas) e feministas que aderiram a correntes islâmicas ultra-conservadoras (não sei se é o caso de O'Connor, a cuja cerimónia de conversão presidiu um imã de origem paquistanesa).

1 comentário:

  1. Esta notícia traduzida dum jornal irlandês é surpreendente.
    Artista conhecida, ativista de causas feministas, que sido ordenada pastora numa igreja cristã, agora converte-se ao Islão. E em vídeo podemos ouvi-la cantar o apelo à oração do Islão.
    E cheia de entusiasmo
    Quem dera que o Evangelho de Jesus também entusiasme quem o queira conhecer.
    frei Eugénio

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