Diálogo com o Evangelho do 6º Domingo do Tempo Comum, 13 de fevereiro, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui.
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Evangelho (Lc 6, 17 - 20)
Jesus desceu com eles e parou num lugar plano. Estavam ali muitos dos seus discípulos e uma imensa multidão procedente de toda a Judeia, de Jerusalém e do litoral de Tiro e de Sidom, que vieram para ouvi-lo e serem curados de suas doenças. Os que eram perturbados por espíritos imundos ficaram curados, e todos procuravam tocar nele, porque dele saía poder que curava todos.Olhando para os seus discípulos, ele disse:
"Bem-aventurados vocês
os pobres,
pois a vocês pertence
o Reino de Deus.
Bem-aventurados vocês
que agora têm fome,
pois serão satisfeitos.
Bem-aventurados vocês
que agora choram,
pois haverão de rir.
Bem-aventurados serão vocês
quando os odiarem,
expulsarem e insultarem,
e eliminarem o nome de vocês, como sendo mau,
por causa do Filho do homem.
"Regozijem-se nesse dia e saltem de alegria, porque grande é a sua recompensa no céu. Pois assim os antepassados deles trataram os profetas."
DIÁLOGO
Ao ouvirmos este texto, pode parecer que Jesus está a valorizar situações de sofrimento, tais como: a pobreza, a fome, as aflições e as perseguições.
Como é que um Deus que nos é apresentado por Jesus como Amor e um Pai, Abba, Paizinho (Mc 14, 36), poderia aprovar este plano de sofrimento para as suas filhas e os seus filhos?
Mas, se lermos com mais atenção e se meditarmos sobre esta passagem, tendo sempre diante de nós e dentro de nós que Deus é Amor e só Amor, começa a vir ao de cima que situações de sofrimento e de maldade não podem fazer parte do plano de Deus para os homens, não podem fazer parte da Sua vontade para as suas filhas e os seus filhos.
Não devemos, como acontece tantas vezes, acusar Deus de ser a causa do mal e do sofrimento e de o sofrimento ser querido a Deus. Deus não nos pode ter criado para sofrermos.
A vontade de Deus para nós são a alegria, a felicidade, a paz, o amor. Isto é parte integrante da Boa Nova que Jesus vem anunciar. É uma notícia boa, exatamente porque é vivificante e traz felicidade.
Logo, as bem-aventuranças de que Jesus fala nesta passagem que ouvimos hoje, devem ser entendidas como futuro, como consequência e promessa para uma vida futura.
Vamos voltar de novo ao texto e reparar nas formas verbais que Jesus emprega:
- Bem-aventurados vocês
que agora têm fome,
pois serão satisfeitos.
- Bem-aventurados vocês
que agora choram,
pois haverão de rir.
- Bem-aventurados serão vocês
quando os odiarem,
expulsarem e insultarem,
e eliminarem o nome de vocês, como sendo mau,
por causa do Filho do homem.
Os verbos estão no futuro: serão, haverão.
O que numa primeira leitura podia parecer uma consequência evidente, levou-nos agora a um plano diferente. As bem-aventuranças, estas promessas de Jesus, são para serem vividas numa vida futura em Deus, na plenitude das nossas vidas. Iremos usufruir delas um dia no Reino eterno de Deus, onde não haverá dor nem sofrimento.
Deus nem quer o sofrimento nem o valoriza.
A maior parte do mal que é descrito tem origem nos próprios homens, no que nós próprios impomos uns aos outros e a nós próprios.
O nosso papel é esforçarmo-nos por evitarmos e minimizarmos o sofrimento dos outros e o nosso próprio.
Deus não interfere diretamente na vontade e nas atitudes dos homens, mas promete que no seu Reino e na vida plena Nele, não haverá mal, nem sofrimento, é o Reino das Bem-aventuranças. As pessoas viverão nas Bem-aventuranças, no Amor e na Felicidade. Será a passagem do reino finito dos homens ao Reino eterno de Deus.
Esta não é, de todo, uma passagem do Evangelho fácil de entender e, por isso, devemos pedir ao Espírito Santo que nos inspire no entendimento da mesma e que aumente a nossa fé no Deus do Amor e da Misericórdia.
Frei Eugénio, o.p.
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