Diálogo com o Evangelho de Domingo de Santa Maria Mãe de Deus, 1 de Janeiro, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui.
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EVANGELHO (Lc. 2, 16-21)
Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura.
Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino.
Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração.
Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.
56º DIA MUNDIAL DA PAZ -1º DE JANEIRO DE 2023
RESUMO DA MENSAGEM DO PAPA
FRANCISCO
NINGUÉM PODE SALVAR-SE
SOZINHO.
JUNTOS, RECOMECEMOS A PARTIR DE COVID-19
PARA TRAÇAR CAMINHOS DE PAZ
«Quanto aos tempos e aos momentos, irmãos, não precisais que vos escreva. Com efeito, vós próprios sabeis perfeitamente que o Dia do Senhor chega de noite como um ladrão» (I Carta de São Paulo aos Tessalonicenses 5, 1-2).
Com estas palavras, o apóstolo Paulo convidava a comunidade de Tessalónica a que, na expectativa do encontro com o Senhor, permanecesse firme, com os pés e o coração bem assentes na terra, capazes dum olhar atento sobre a realidade e os factos da história. […]
2.
A Covid-19 precipitou-nos no coração da noite, desestabilizando a nossa vida quotidiana, transtornando os nossos planos e hábitos,
subvertendo a aparente tranquilidade mesmo das sociedades mais privilegiadas, gerando desorientação e sofrimento,
causando a morte de tantos irmãos e irmãs nossos.
Arrastados na voragem de desafios inesperados e numa situação que não era totalmente clara nem sequer do ponto de vista científico,
o mundo da saúde mobilizou-se para aliviar a dor de inúmeras pessoas
e procurar remediá-la;
e de igual modo fizeram as autoridades políticas, que tiveram de tomar medidas notáveis em termos de organização e gestão da emergência.
A par das manifestações físicas, a Covid-19 provocou – inclusive com efeitos de longa duração – um mal-estar geral, que se concentrou no coração de tantas pessoas e famílias, com implicações consideráveis, causadas por longos períodos de isolamento e diversas limitações da liberdade. […]
3.
Passados três anos, neste início de 2023, é a ocasião de pararmos um pouco para nos interrogarmos, para aprendermos e crescermos e para nos deixarmos transformar, como indivíduos e como comunidades;
um tempo privilegiado para nos prepararmos para o «Dia do Senhor», expressão bíblica, que significa o triunfo de Deus sobre os seus inimigos e a transformação radical do universo.
O papa Francisco tem relembrado numerosas vezes que dos momentos de crise, nunca saímos iguais: saímos melhores ou piores. […]
Hoje, somos chamados a nos questionarmos sobre os seguintes pontos:
1-O que é que aprendemos com esta situação de pandemia?
2-Quais são os novos caminhos que deveremos empreender para romper com as correntes dos nossos velhos hábitos, para estarmos melhor preparados e para ousar a novidade?
3-Que sinais de vida e de esperança podemos ter presentes para avançarmos e procurarmos tornar melhor o nosso mundo?
Certamente, tendo experimentado diretamente a fragilidade que carateriza a realidade humana e a nossa existência pessoal, podemos dizer que a maior lição que a Covid-19 nos deixa em herança é a consciência de que todos precisamos uns dos outros, que o nosso maior tesouro,
ainda que o mais frágil, é a fraternidade humana, fundada na filiação divina comum, e que ninguém se pode salvar sozinho.
[…]
A pandemia, permitiu-nos também de fazer descobertas positivas:
1-um benéfico regresso à humildade;
2-uma redução de certas pretensões consumistas;
3-um renovado sentido de solidariedade que nos encoraja a sair do nosso egoísmo, para nos abrirmos ao sofrimento dos outros e às suas necessidades;
4-um empenho, nalguns casos verdadeiramente heroico, de muitas pessoas que se sacrificaram para que todos conseguissem superar, do melhor modo possível, o drama das decisões urgentes que era preciso tomar.
De tal experiência, brotou mais forte a consciência que convida a todos, povos e nações, a colocar de novo no centro a palavra «juntos».
Com efeito, é juntos, na fraternidade e solidariedade,
que construímos a paz, garantimos a justiça, superamos os acontecimentos mais dolorosos. […]
4.
Entretanto, quando já ousávamos esperar que estivesse superado o pior da noite da pandemia de Covid-19, eis que se abateu sobre a humanidade uma nova e terrível desgraça.
Assistimos ao aparecimento de outro flagelo, uma nova guerra: a guerra na Ucrânia. [ …]
Enquanto que para a Covid-19 se encontraram vacinas,
para a guerra ainda não se encontraram soluções adequadas.
Com certeza, o vírus da guerra é mais difícil de derrotar do que aqueles que atingem o organismo humano, porque esse vírus não provêm de fora, mas do íntimo do coração humano, corrompido pelo pecado (cf. Marcos 7, 17-23). […]
5.
O que se nos pede que façamos neste ano de 2023?
Antes de mais nada, deixarmos mudar o coração pela emergência que estivemos a viver, ou seja, permitir que, através deste momento histórico,
Deus transforme os nossos critérios habituais de interpretação do mundo e da realidade.
[…]
Para vivermos melhor depois da emergência Covid-19, não se pode ignorar um dado fundamental:
as variadas crises morais, sociais, políticas e económicas
que estamos a viver encontram-se todas interligadas.
Os problemas que consideramos como singulares, na realidade um é causa ou consequência do outro.
E, assim, somos chamados a enfrentar com responsabilidade e compaixão os desafios do nosso mundo, tendo em atenção:
1-Garantia da saúde pública para todos;
2-Promover ações de paz para acabar com os conflitos e as guerras
que continuam a gerar vítimas e pobreza;
3-Cuidar de forma concertada da nossa casa comum
e implementar medidas claras e eficazes para fazer face às alterações climáticas;
4-Combater o vírus das desigualdades e garantir o alimento
e um trabalho digno para todos,
apoiando quantos não têm sequer um salário mínimo
e passam por grandes dificuldades;
5-Tratar eficazmente o escândalo dos povos famintos;
6-Desenvolver com políticas adequadas
o acolhimento e a integração, especialmente em favor dos migrantes
e daqueles que vivem como descartados nas nossas sociedades.
Somente dando o melhor de nós mesmos nestas situações,
com um desejo altruísta inspirado no amor infinito e misericordioso de Deus, é que poderemos construir um mundo novo e contribuir para edificar o Reino de Deus, que é reino de amor, justiça e paz.
O Papa Francisco compartilha estas reflexões com a esperança de que, no novo ano de 2023, possamos caminhar juntos valorizando tudo o que a história nos pode ensinar.
[…]
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