«Vivemos numa daquelas raras épocas que não sabe bem o que pensar acerca do Céu e do Inferno. A confusão nesta questão, de longe a mais decisiva de todas, é estranha porque, nos seus aspectos básicos, as coisas são realmente muito simples.
Primeiro, a eternidade não é, como tanta gente pensa, uma infinidade de tempo. Pelo contrário, a eternidade é a ausência do tempo, o "fim dos tempos". Isso significa que nessa situação perderemos este nosso terrível defeito de viver apenas um momento de cada vez e teremos a vida em pleno. Visto de outra forma, na eternidade as nossas opções tornam-se definitivas, consagradas acima do tempo, como a cerâmica ao sair do forno. Na eternidade cada um de nós viverá em integridade a opção básica a que decidiu entregar a sua vida.
O segundo elemento desta questão é que Deus nos ama apaixonadamente, a todos e a cada um, porque "Deus é amor" (1 Jo 4, 8 e 16). Assim, na Sua própria natureza, Deus quer a total felicidade para qualquer pessoa. Isso significa que Deus não condena ninguém. Ele leva sempre todos para o Céu.»
Depois de ter lido este texto de João César das Neves (JCN) que nos coloca com realismo no centro do verdadeiro problema dos nossos tempos, não posso deixar de recordar as palavras que há dias escrevi, a propósito de um outro texto publicado no Regador: “Deus continua calado”.
ResponderEliminarDe facto, tenho para mim que o silêncio de Deus se deve à nossa surdez para o apelo que nos é feito no Evangelho.
Mas, voltando ao texto de JCN, vale a pena determo-nos nesta passagem:
“…Significa isto que não existe o Diabo? Claro que existe! A essa pergunta podemos até responder por experiência directa. Antigamente, quando se vivia em aldeias, as pessoas não viam o Demónio, mas acreditavam nele. Hoje vemo-lo claramente, mas deixámos de acreditar. Deixámos de acreditar por nos acharmos responsáveis. Assim, a partir do momento em que não conhecemos o Diabo, passamos a chamar demónios aos outros que conhecemos.”.
Podíamos aqui reflectir na passagem do Antigo Testamento, quando Deus, vendo os homens adorarem um bezerro de ouro enquanto Moisés se encontrava na Montanha Sagrada lhe diz: “Vai, desce, porque o teu povo, que fizeste subir da terra do Egipto, perverteu-se. Depressa se desviaram do caminho que lhes havia ordenado.” (Ex 32, 7-8). Ao ler a passagem de JCN não pude deixar de fazer um paralelismo entre os nossos tempos e os tempos de Moisés. Também estes são tempos de perversão e falta de fé, tempos de falsos deuses aos quais nos entregamos esquecendo Aquele que devia ser o centro da nossa vida: Jesus.
E, mais à frente, JCN continua: “…De facto, quando deixámos de acreditar nessa personificação maléfica (o diabo), baixámos as defesas e passámos a tolerar algumas das suas manifestações mais horríveis. Aborto, depravação, pornografia, gula, arrogância, e muitas outras, são hoje vistas como anedotas, expressões de personalidade, traços culturais, comportamentos excêntricos. Por isso o Diabo nunca foi tão visível como desde que deixámos de falar dele.
São estes os nossos tempos, o tempo dos novos deuses, dos bezerros de ouro que quisemos adorar. Diz JCN que “ …Deixámos de acreditar (no diabo) por nos acharmos responsáveis”. Eu acrescentaria que, pela mesma razão deixamos de acreditar que é com Jesus Cristo que teremos força para viver e lutar contra o mal, pois na nossa falta de humildade achamo-nos seres superiores, todo poderosos.
Vivemos de facto, num mundo sem religião. Num tempo que o recém empossado Bispo de Leiria, Dom António Marto descreve, na homilia da Celebração da sua tomada de posse (http://www.zenit.org/portuguese/), desta forma: “…O que caracteriza o nosso tempo não é propriamente o ateísmo, mas antes a confusão relativa à fé, a indiferença, a tibieza, a superficialidade da fé, o analfabetismo religioso, a perda da memória cristã, o complexo de inferioridade que se apoderou de muitos cristãos». E continua, dando-nos a solução: “…começar de novo a partir de Cristo, pois «na origem da nossa fé não está um conjunto de dogmas ou preceitos ou um ideal humanista, mas o encontro com a pessoa viva do Ressuscitado e a Sua história de amor”. Propõe ainda, Dom António Marto, viver a espiritualidade da comunhão, porque «embarcamos todos na mesma aventura com Cristo, sentindo-nos acolhidos e protegidos na comunidade do povo santo de Deus, a Igreja do amor”.
Como diz JCN, “…estas ideias são tão simples que se estranha que um tempo tão sofisticado tenha tanta dificuldade em entendê-las. Para mais porque são essenciais”.
Só que, como também citei há dias, do livro “O Principezinho”: O essencial é invisível aos olhos. Assim, é no coração, na nossa fé, no amor que só podemos viver com Jesus Cristo que podemos encontrar a resposta aos problemas dos nossos dias, vivendo-os com a esperança de quem acredita. Deixemos que Ele entre na barca da nossa vida e não temamos, mas vivamos, pelo contrário, com confiança.
umamigo
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