2012-01-02

Crise Europeia: vê-la aos ombros de Helmut Schmidt

Dizia um autor da Idade Média que tinha visto mais longe porque era como um anão aos ombros de gigantes. Hoje, os pontos de vista que temos sobre a crise da Europa (e a de Portugal) são normalmente a de anões. Vejamo-la então aos ombros de um gigante, o ex-chanceler alemão que assim falou no passado dia 4 de Dezembro de 2011 no congresso do SPD.

Excertos:


"Há muito que para mim, em primeiro e em segundo lugar, se encontram as tarefas e o papel da nossa nação no indispensável âmbito união europeia."


"num futuro próximo a Alemanha não será um país “normal.” Já que contra isso está a nossa carga histórica enorme mas única."


"Com isto já estou no centro do complexo tema do meu discurso: a Alemanha na Europa, com a Europa e pela Europa."


"Churchill, Jean Monnet, Adenauer e de Gaulle ou também Gasperi e Henri Spaak não agiram de forma nenhuma por idealismo europeu ... agiram no juízo realista da necessidade de impedir uma continuação da luta entre a periferia e o centro alemão."

"o interesse estratégico a longo prazo dos estados europeus na sua cooperação integradora ... [que] aumentará em importância cada vez mais ... não está amplamente consciencializado pelas nações. "

Texto integral do discurso aqui.

Helmut Schmidt: A Alemanha na e com a Europa

3 comentários:

  1. Discurso de impressionante clarividência! É importante que vozes destas se façam ouvir. E que os politicos e povos europeus tomem consciência do que se está a passar na Europa e no mundo.

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  2. Não posso deixar de concordar com o Paulo e é pena que nós, os que nos dizemos cristãos, não façamos mais eco destas clarividentes palavras de Helmut Schmidt e não façamos um debate aprofundado desta nova realidade da Europa. Não devemos desculpar os desvarios que em muitos países se observaram, não devemos, como alguns já sugeriram, deixar de assumir as nossas responsabilidades na situação em que Portugal se encontra, mas devemos, sim, procurar os caminhos do futuro, caminhos de esperança cristã e de resposta às muitas dificuldades porque passam os nossos próximos. Não esqueçamos, por isso, as palavras de Jesus na Parábola do Bom Samaritano.

    Assim, a nossa resposta de cristãos deveria passar por defender uma Europa mais justa, mais equilibrada e mais aberta a todos os povos que não só aos Europeus. Aquilo que ainda vemos entre países Europeus e que é a chaga do europeísmo nem sempre conseguido, é a permanente luta por um poder nacional, como se a resposta a dar seja só para satisfação dos interesses dos próprios e não para o bem comum dos países que querem compor a Europa unida. Mas não esqueçamos também as nossas responsabilidades pois se queremos solidariedade para connosco, então devemos ser sérios, honestos e diligentes na resposta que temos de dar, pensando mais no bem comum do que no interesse pessoal e aceitando o sacrifício pessoal para o equilíbrio do bem de todos.
    Hugo Meireles

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  3. Anónimo5/1/12 06:43

    Felizmente os comentarios positivos começam a chegar, mais por mail que aqui no blog. Mas o que não dizem é o que mais lhes agrada e consideram importante. Valeria a pena estimular-nos a isso, pois isso iria ajudar os euro-cépticos. A meu ver um dos pontos centrais do discurso é situar-se numa visão da Historia da Europa e dos seus conflitso tremendos, sem a qual não entendemos esta crise nem as saidas desejas.
    Aqui fica a proposta: o que consideramos mais importante e esclarecedor neste discurso?
    frei Eugénio

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