Turquia... dizem-me que vale a pena ir lá nem que seja apenas pelo banho... turco. Mas nem é preciso, a Europa tem apanhado um banho turco.
Hoje no Público pode ler-se a última boutade de Recip Erdogan, presidente turco: apelo aos muçulmanos para rejeitarem a contracepção: “Vamos multiplicar os nossos descendentes.” Vinha isto no meio de críticas violentas à União Europeia (motivo: direitos humanos). Se a demografia for um conflito, a Europa já perdeu...
Reparem na crise Síria, que é uma parte da crise de refugiados: qual o papel da Turquia nessa crise? A julgar pelos nossos meios de comunicação social, nenhum. Pelo contrário, é uma vítima que acolhe o maior número de refugiados.
Mas claro... quem analisar o desenrolar das operações militares nos últimos 9 meses, sabe que não é assim. Quando os russos entraram em operações no terreno, uma das prioridades das forças do estado sírio, foi cortar a linha de comunicações com a Turquia a norte de Alepo, estabelecendo um corredor até ao enclave de Afrin (curdo). No entanto, ninguém espere ver análises dessas na comunicação social (muito menos na CNN ou BBC).
Para quem tem dúvidas sobre a posição do Ocidente em todo o conflito releia as notícias sobre os atentados em Tartus e Jablus da semana passada. Nem a BBC nem o Público usam o termo terrorista para se referirem ao ataque perpetrado por membros do Estado Islâmico contra um hospital e uma estação de autocarros: foram ataques aos ”bastiões” que apoiam Assad. Não há terrorismo aqui: inimigo do meu inimigo meu amigo é.
Guerra é guerra (também nas palavras e na informação).