Diálogo com o Evangelho de Domingo de Jesus Cristo Rei, Rei do Universo, 21 de Novembro, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui.
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Evangelho (João 18, 33b-37)
Naquele tempo, disse Pilatos a Jesus: «Tu és o rei dos Judeus?».
Jesus respondeu-lhe: «É por ti que o dizes, ou foram outros que to disseram de Mim?».
Disse-Lhe Pilatos: «Porventura eu sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes é que Te entregaram a mim. Que fizeste?».
Jesus
respondeu: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste
mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos
judeus. Mas o meu reino não é daqui».
Disse-Lhe
Pilatos: «Então, Tu és Rei?». Jesus respondeu-lhe: «É como dizes: sou
Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade.
Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz».
DIÁLOGO
Os quatro Evangelhos referem-se
a esta pergunta de Pilatos a Jesus: «Tu és o Rei dos judeus?», mas nenhum deles
nos diz em que língua Pilatos a fez.
Pilatos era provavelmente
bilingue, falava latim e grego.
Jesus também era
provavelmente bilingue, falava aramaico e hebraico.
Os escritores dos
Evangelhos não nos dizem se Jesus e Pilatos tinham uma língua comum ou se falavam
através de intérpretes, mas é evidente que na cena descrita no Evangelho de
hoje, que não falavam a mesma linguagem, quando falavam de «ser rei», «reino» e
«reinar».
Cada um dava um sentido
muito diferente a estas palavras.Embora a vinda do Reino
de Deus entre nós, fosse uma das principais insistências da mensagem de Jesus, no
Novo Testamento a maioria das menções à realeza de Jesus aparecem ligadas à sua
condenação e morte por crucificação.
Na passagem do Evangelho
que lemos hoje, Jesus reconhece que lhe podem chamar «rei», mas esclarece que é
um reino muito diferente do que as pessoas estavam habituadas: «O meu reino não
pertence a este mundo».
A segunda pergunta de
Pilatos a Jesus «Que fizeste?», para que os chefes religiosos do povo de Israel
o levassem ao governador para o condenar, conduz-nos ao essencial da questão
sobre o modo de Jesus reinar.
A resposta à questão de
Pilatos era muito simples. O que Jesus tinha andado sempre a fazer era o Bem,
sob todas as formas.
Será que Jesus tentou que
Pilatos compreendesse o que significava Ele ter um reino que é como uma semente
de mostarda, como um tesouro escondido num campo, que é como a melhor pérola, ou
como uma rede com todo o tipo de peixes?De facto, o Reino de Deus
que Jesus vinha anunciar e, por isso a Sua realeza, eram muitíssimo surpreendentes.
O seu principal dinamismo
dos que querem viver neste reino é querer estar em metanoia (em grego), que
quer dizer estar disponível para «mudar de mentalidade».
Também se traduz por «virar
do avesso».
Para viver neste reino é
central virarmo-nos para Jesus, vendo como Ele fazia o Bem e como se
relacionava com Deus-Pai e com o próximo.
E como Ele fazia, o seu
modo de reinar era servindo.A linguagem do Reino de
Deus é para todos entenderem, é universal, mas é incompreensível para quem não aceitar
viver em metanoia, aberto(a) à «mudança de mentalidade».
A razão pela qual a Igreja
deve celebrar solenemente a festa de Nosso Senhor, Jesus Cristo, o Rei do
Universo, é para nos chamar à responsabilidade.
A festa de hoje é um
forte apelo a olharmos para Jesus servidor crucificado, de braços abertos para
nos acolher e Lhe pedirmos em confiança.
«Senhor Jesus, que o Teu
Amor circule e oriente a minha vontade.»
«Senhor Jesus, que o Teu
Amor circule e oriente a minha inteligência e o meu modo de pensar».
«Jesus, Rei do Universo,
reina e orienta os meus sentimentos e o meu modo de colaborar conTigo na
construção do Teu Reino».
frei Eugénio