Diálogo com o Evangelho do dia de Natal, 25 de Dezembro, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui.
Evangelho (Jo. 3, 1-18)
No princípio era o Verbo e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus.
No princípio, Ele estava com Deus.
Tudo se fez por meio dele e sem Ele nada foi feito.
Nele estava a vida e a vida era a luz dos homens.
A luz brilha nas trevas e as trevas não a receberam.
Apareceu um homem enviado por Deus, chamado João.
Veio como testemunha, para dar testemunho da luz, a fim de que todos acreditassem por meio dele.
Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz.
O Verbo era a luz verdadeira, que, vindo ao mundo, ilumina todo o homem.
Estava no mundo e o mundo, que foi feito por Ele, não O conheceu.
Veio para o que era seu e os seus não O receberam.
Mas àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.
Estes não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.
E
o Verbo fez-Se carne e habitou entre nós. Nós vimos a sua glória,
glória que Lhe vem do Pai como Filho Unigénito, cheio de graça e de
verdade.
João
dá testemunho dele, exclamando: «Era deste que eu dizia: "O que vem
depois de mim passou à minha frente, porque existia antes de mim"».
Na verdade, foi da sua plenitude que todos nós recebemos graça sobre graça.
Porque, se a Lei foi dada por meio de Moisés, a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo.
A Deus, nunca ninguém O viu. O Filho Unigénito, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer.
DIÁLOGO
Hoje celebramos o nascimento de uma criança há mais de 2020 anos atrás. Quando celebramos o nosso próprio aniversário, estamos a lembrar-nos de que estamos a envelhecer. Em cada ano que passa, há uma vela a mais no bolo de aniversário.
Mas no Natal não celebramos o facto de Jesus ser velho.
Celebramos que Deus entra nas nossas vidas como uma criança, uma criança recém-nascida, no começo da sua vida.
A imagem habitual de Deus é a de um homem velho de cabelo branco. Mas no Natal recordamos a eterna juventude de Deus.
Santo Agostinho escreveu que somos nós que envelhecemos, mas que Deus é sempre mais novo do que nós.
A alegria do Natal é que também nós somos convidados a partilhar dessa juventude de Deus.
Como diz o Evangelho de hoje:
“Mas, àqueles que O receberam e acreditaram no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus.”
Ser filho de Deus é estar aberto às infinitas possibilidades do futuro.
O mundo de uma criança não é fixo ou estático.
Ele ou ela pode tornar-se uma política ou um jornalista, um cozinheiro ou uma informática e muitas outras profissões.
Ser filho de Deus é ter esperança num futuro que está para além dos nossos sonhos.
Nós envelhecemos os nossos corações quando perdemos a nossa capacidade de sonhar com um novo mundo.
Que o Menino Jesus nos rejuvenesça com novos sonhos.
Paremos uns momentos para nos lembrarmos de alguns dos nossos sonhos. Um sonho que tenhamos presentemente!
Pelo menos um!
O Natal torna-nos jovens, se escolhermos não só o Jesus Menino, mas todas as crianças.
As crianças vão perturbar-nos. Elas farão barulho quando quisermos dormir, farão perguntas que não podemos responder, obrigam-nos a gastar mais dinheiro...
As crianças mudarão quem nós somos!
Mas eles são a promessa do futuro de Deus.
Devemos deixar que as nossas crianças possam ser verdadeiramente crianças, adolescentes e jovens e não pequenos adultos.
Um pai estava com o seu filho, criança pequena numa celebração que se prolongava e a criança começa a estar agitada e aborrecida. E para chamar a atenção do pai começou a chorar. O pai diz-lhe:”Pára de chorar! Um homem não chora!” E o menino, entre lágrimas diz ao pai: ”E um homem pequenino não pode chorar?”
O Menino Jesus também vem entre nós nos filhos de outros, nos filhos de estrangeiros e de imigrantes, nos filhos de quem tem outra fé que não a nossa, ou que não têm nenhuma fé.
Que sejam também bem-vindos!
Eles abrem-nos um futuro que é muito mais vasto do que imaginamos. Ajudar-nos-ão a derrubar os muros de incompreensão e de hostilidade que mataram Jesus, na força da vida, antes que Ele tivesse tempo de envelhecer.
Finalmente, sonhemos com um futuro para aquelas e aqueles que parecem não ter nenhum futuro: as famílias apinhadas em quartos minúsculos, que há vários anos não conseguem casa para se alojar; os refugiados das guerras, que não conseguem um lugar na Terra para viverem em paz; os que não têm nenhum acesso a cuidados médicos elementares e aqueles que estão afundados no desespero.
Que o Jesus Menino traga aos nossos corações estas crianças que não têm nenhum futuro à vista, e que rejuvenesça os nossos corações e nos torne capaz de sonhar com elas e para elas.
Feliz Natal!
frei Eugénio
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