2011-03-31

Ideias erradas dos católicos sobre os ateus

No blog Tribo de Jacob: Cinco ideias erradas dos católicos sobre os ateus ... apresenta 5 ideias erradas dos católicos sobre os ateus, da autoria de Jennifer Fulwiler, colunista do “National Catholic Register”.

Vale a pena dar uma espreitadela, pois ela foi ateia até há poucos anos, por isso sabe do que fala.

Aqui fica um resumo, retirado da Tribo de Jacob:
Os católicos estão (erradamente) convencidos que os ateus:
1. Sentem falta de algo.
2. Acham que a Bíblia é convincente.
3. Estão à vontade com a doutrina católica.
4. Podem ser convencidos apenas por argumentos.
5. Estão imunes ao poder da oração.

Condordo também com as atitudes que devem ser cultivadas pelos católicos e que aí são referidas, numa época que o que está na moda é um "catolicismo de combate" e não de diálogo.E o diálogo exige conhecimento mútuo.

2011-03-26

Diálogo com o Evangelho - 9

Diálogo com o Evangelho de Domingo 27 de Março,  3º Domingo da Quaresma (Samaritana), pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho do 3º Domingo da Quaresma, de 27 de Março

João 4,5-42.
Chegou, pois, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto do terreno que Jacob tinha dado ao seu filho José. Ficava ali o poço de Jacob. Então Jesus, cansado da caminhada, sentou-se, sem mais, na borda do poço. Era por volta do meio-dia. Entretanto, chegou certa mulher samaritana para tirar água. Disse-lhe Jesus: «Dá-me de beber.»
Os seus discípulos tinham ido à cidade comprar alimentos. Disse-lhe então a samaritana: «Como é que Tu, sendo judeu, me pedes de beber a mim que sou samaritana?» É que os judeus não se dão bem com os samaritanos.
Respondeu-lhe Jesus: «Se conhecesses o dom que Deus tem para dar e quem é que te diz: 'dá-me de beber', tu é que lhe pedirias, e Ele havia de dar-te água viva!»
Disse-lhe a mulher: «Senhor, não tens sequer um balde e o poço é fundo... Onde consegues, então, a água viva? Porventura és mais do que o nosso patriarca Jacob, que nos deu este poço donde beberam ele, os seus filhos e os seus rebanhos?»
Replicou-lhe Jesus: «Todo aquele que bebe desta água voltará a ter sede; mas, quem beber da água que Eu lhe der, nunca mais terá sede: a água que Eu lhe der há-de tornar-se nele em fonte de água que dá a vida eterna.»
Disse-lhe a mulher: «Senhor, dá-me dessa água, para eu não ter sede, nem ter de vir cá tirá-la.»
Respondeu-lhe Jesus: «Vai, chama o teu marido e volta cá.»
A mulher retorquiu-lhe: «Eu não tenho marido.» Declarou-lhe Jesus: «Disseste bem: 'não tenho marido', pois tiveste cinco e o que tens agora não é teu marido. Nisto falaste verdade.»
Disse-lhe a mulher: «Senhor, vejo que és um profeta! Os nossos antepassados adoraram a Deus neste monte, e vós dizeis que o lugar onde se deve adorar está em Jerusalém.»
Jesus declarou-lhe: «Mulher, acredita em mim: chegou a hora em que, nem neste monte, nem em Jerusalém, haveis de adorar o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus. Mas chega a hora e é já em que os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade, pois são assim os adoradores que o Pai pretende. Deus é espírito; por isso, os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade.»
Disse-lhe a mulher: «Eu sei que o Messias, que é chamado Cristo, está para vir. Quando vier, há-de fazer-nos saber todas as coisas.»
Jesus respondeu-lhe: «Sou Eu, que estou a falar contigo.»
Nisto chegaram os seus discípulos e ficaram admirados de Ele estar a falar com uma mulher. Mas nenhum perguntou: 'Que procuras?', ou: 'De que estás a falar com ela?'
Então a mulher deixou o seu cântaro, foi à cidade e disse àquela gente: «Eia! Vinde ver um homem que me disse tudo o que eu fiz! Não será Ele o Messias?»
Eles saíram da cidade e foram ter com Jesus. Entretanto, os discípulos insistiam com Ele, dizendo: «Rabi, come.» Mas Ele disse-lhes: «Eu tenho um alimento para comer, que vós não conheceis.»
Então os discípulos começaram a dizer entre si: «Será que alguém lhe trouxe de comer?» Declarou-lhes Jesus: «O meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e consumar a sua obra. Não dizeis vós: 'Mais quatro meses e vem a ceifa'? Pois Eu digo-vos: Levantai os olhos e vede os campos que estão doirados para a ceifa. Já o ceifeiro recebe o seu salário e recolhe o fruto em ordem à vida eterna, de modo que se alegram ao mesmo tempo aquele que semeia e o que ceifa. Nisto, porém, é verdadeiro o ditado: 'um é o que semeia e outro o que ceifa'. Porque Eu enviei-vos a ceifar o que não trabalhastes; outros se cansaram a trabalhar, e vós ficastes com o proveito da sua fadiga.»
Muitos samaritanos daquela cidade acreditaram nele devido às palavras da mulher, que testemunhava: «Ele disse-me tudo o que eu fiz.» Por isso, quando os samaritanos foram ter com Jesus, começaram a pedir-lhe que ficasse com eles.
E ficou lá dois dias. Então muitos mais acreditaram nele por causa da sua pregação, e diziam à mulher: «Já não é pelas tuas palavras que acreditamos; nós próprios ouvimos e sabemos que Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo.»

2011-03-25

Igreja Mulheres e Celibato – a propósito da entrevista a Teresa Toldy

Depois de ler com atenção, e reler duas ou três vezes, o texto publicado no jornal i que o Paulo inseriu no Regador, não pude deixar de fazer este comentário.

Começo por dizer que nada tenho quanto ao facto de as mulheres poderem vir a ser ordenadas para exercerem um sacerdócio católico e muito menos quanto àquelas que se possam afirmar como teólogas. Conheço mulheres que poderiam estar, legitimamente, nesta situação e penso que quando Jesus se refere ao homem não se está a referir, seguramente, ao homem como género mas ao ser humano na sua totalidade. Se assim não fosse, então só os homens poderiam aspirar à salvação o que contrariava desde logo a ideia de um Deus de Amor.

De facto, se há lição do Evangelho que se pode tirar, sem grandes análises ou interpretações teológicas, é de que Jesus deu uma particular atenção à mulher, como se depreende de múltiplas passagens nele relatadas. Jesus conduz a mulher para uma situação de dignidade que, na altura, lhe era negada, como lhe é ainda negada, em múltiplos aspectos, nas sociedades mais primitivas ou mesmo nas sociedades modernas. A figura feminina é parte intrínseca de toda a vida evangélica de Jesus, acompanhando-O nas mais diversas situações e tem um papel de grande relevo na sua vida, sendo a mulher elevada a um estatuto de dignidade de ser humano que, na altura, só era reconhecido ao homem.

Mas vamos aos factos que estão plasmados no artigo inserto no Regador. Serão, eventualmente, um retrato pobre da pessoa que é entrevistada pelo que a minha análise não se refere à mesma mas, simplesmente, ao que é escrito e que pode não traduzir com correcção o pensamento ou a pessoa que está por trás.

Em primeiro lugar, não posso deixar de estranhar a forma, aparentemente elogiosa, como se fala de uma atitude que, sem outra explicação, não pode deixar de justificar o “horror” com que algumas pessoas terão visto a situação da entrevistada, não negada no texto, de abandonar, com aparente frieza, um filho recém-nascido. Sem querer julgar factos ou situações que não conheço, como comecei por dizer, não posso deixar, também, de ficar perturbado com uma atitude de “abandono” de um filho recém-nascido, com o desprendimento que as palavras aparentemente traduzem, pois a maternidade, não sendo imposta, deve ser assumida por inteiro e com a responsabilidade de criar laços afectivos por todos conhecidos como essenciais a um saudável desenvolvimento de uma criança. E, já agora, com tanta interpretação psicanalítica no resto do texto, não terá essa teoria permitido perceber esta importância da presença da figura feminina para o saudável crescimento e formação da pessoa do recém-nascido?

Em segundo lugar, não posso deixar de questionar o que se pretende chamar de “teologia feminista”. Será que há uma teologia para cada sexo? Pela minha parte, nunca ouvi falar de “teologia machista”. Aliás, as simples palavras feminista e machista já mexem comigo como cristão pois tenho para mim que Jesus não distinguia homem de mulher, não pregou uma Boa Nova para os homens e outra para as mulheres. Pelo que, ironizando, nunca vi Bíblias de cores diferentes para o sexo masculino ou feminino.

Certamente irão pensar muitos dos que venham a ler estas palavras que não passo de um machista. Aceito esse risco porque, em verdade e tendo por testemunhas aqueles que me conhecem, para não falar d’O que me conhece, nenhum pensamento machista prespassou jamais pela minha mente. Só que não gosto destas modernices como a do dia da mulher tal como está concebido e que, para mim, só legitimaria o, felizmente inexistente, dia do homem.

Quanto à ordenação das mulheres e ao seu papel na vida de família, tenho a mesma opinião no que respeita à vida dos homens ordenados. Devendo ser, para mim, o celibato uma opção dos ordenados sacerdotalmente, sejam homens ou mulheres, então, sejam homens ou mulheres, todos tem particulares responsabilidades em relação à vida comum que queiram assumir, se essa for a opção, responsabilidades que podem ser diferentes, não porque os géneros são diferentes mas porque são diferentes os carismas de cada um.

Quanto à análise das figuras femininas que, de forma mais proeminente, aparecem no Evangelho, a figura de Maria, mãe de Jesus, e a figura de Maria Madalena, a qual não me parece ter liderado nenhum grupo de mulheres no tempo de Jesus, essa análise para além de uma estrema superficialidade é desadequada no pensamento cristão.

Quanto se fala de Maria e da sua virgindade como se esta fosse um opróbrio e não uma consequência de uma livre vontade de decidir por parte da mulher, está-se a denegrir aquilo que é uma virtude exercida por opção. Não falo, por isso, da virgindade como um bem absoluto, mas como uma virgindade que não confunde sexo com sexualidade, construída e legitimamente assumida numa relação de verdade com o outro e em que a partilha é afectiva e não por mero impulso primário. E assumir uma interpretação psicanalista da pessoa de Maria, sendo um exercício teórico admissível, não é a meu ver uma forma adequada para discorrer sobre a sua virgindade pois tal é feito recorrendo a uma teoria em que o sexo é elevado à condição de motor de toda a vida do ser humano. Por outro lado, para mim, a conciliação da figura de mãe e de virgem apontada no texto é sempre possível quando assumimos que a virgindade, no geral das mulheres, não está no facto de existir uma relação sexual com um homem mas na forma como essa entrega é realizada (já agora por parte dos dois pois ser virgem pode ser uma condição a assumir sem vergonha pelo homem). Ou seja, para mim, virgindade tem a ver com pureza de pensamento e não com acto sexual.

Por outro lado, questionar a virgindade de Maria é questionar o poder do nosso Deus e Senhor de fazer em nós maravilhas que ultrapassam o nosso entendimento. Poderemos ter dificuldade em entendê-las pois só a verdadeira Fé, que é fruto do Espírito de Deus, nos pode permitir assumi-las. É verdade que o Senhor poderia ter escolhido um nascituro para nele infundir o seu Espírito. Mas não seria então mais difícil aceitá-lo? Não estaria esse nascituro longe do que vinha a ser anunciado e profetizado? E, então, Deus Criador do homem iria destruir uma vida por Ele criada para se poder manifestar já que antecedendo a sua vinda Deus tinha permitido que um ser nascesse fruto de um acto criador que Ele preparou para depois nele se manifestar? Sendo assim, não é muito mais fácil perceber que Deus se manifesta nessa Mulher descendo até ela e nascendo como homem para com eles se identificar sem perder a sua divindade e sem destruir o que já tinha criado?

Muito mais e com adequada correcção teológica ou mesmo cultural poderia ser dito, mas não é fácil a um não teólogo e ignorante, como é o meu caso, escrever sobre um assunto tão complexo. Contudo, apesar dessa minha ignorância, não posso deixar de entrar nesta polémica, mesmo correndo o risco do ridículo, pois não aprecio a ligeireza com que alguns textos são publicados. E volto a referir que a minha análise não é à mulher que está por trás deste artigo mas ao conteúdo do mesmo.

Hugo

2011-03-22

Igreja, mulheres e celibato: Teresa Toldy no "i"

Tribo de Jacob: Igreja, mulheres e celibato. Teresa Toldy no "i":
"Teresa Toldy, teóloga feminista, em declarações ao 'i'. Para ler, pensar e sorrir (vejam-se as respostas às perguntas na segunda página)"


Pode também ser lida aqui.

2011-03-20

Rowan Williams: A truly Islamic state protects Christians

Artigo de Rowan Williams, Arcebispo de Cantuária, publicado no Times de 7 de Março: pode ser lido aqui (a partir do site do Common Ground News Service)

Entretando ficam estes extractos:

"Pakistan was created by Muhammad Ali Jinnah as a consciously Muslim state in which, nonetheless, the non-Muslim enjoyed an absolute right of citizenship and the civic securities and liberties that go with it. In common with the best historical examples of Muslim governance, there was a realistic and generous recognition that plural and diverse convictions would not go away and that therefore a just Muslim state, no more and no less than a just Christian or secular state, had to provide for the rights of its minorities.

(...)

Bhatti died, for all practical purposes, as a martyr – let me be clear – not simply for his Christian faith, but for a vision shared between Pakistani Christians and Muslims. When he and I talked at Lambeth Palace in London last year, he was fully aware of the risks he ran. He did not allow himself to be diverted for a moment from his commitment to justice for all.

That a person of such courage and steadfastness of purpose was nourished in the political culture of Pakistan is itself a witness to the capacity of that culture to keep its vision alive and compelling. And that is one of the few real marks of hope in a situation of deepening tragedy that urgently needs both prayer and action. "



2011-03-18

Diálogo com o Evangelho - 8


Diálogo com o Evangelho de Domingo 20 de Março,  2º Domingo da Quaresma (transfiguração), pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho de Domingo, 20 de Março

Mateus 17,1-9.
Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e seu irmão João, e levou-os, só a eles, a um alto monte.
Transfigurou-se diante deles: o seu rosto resplandeceu como o Sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
Nisto, apareceram Moisés e Elias a conversar com Ele.
Tomando a palavra, Pedro disse a Jesus: «Senhor, é bom estarmos aqui; se quiseres, farei aqui três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias.»
Ainda ele estava a falar, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra, e uma voz dizia da nuvem: «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus todo o meu agrado. Escutai-o.»
Ao ouvirem isto, os discípulos caíram com a face por terra, muito assustados.
Aproximando-se deles, Jesus tocou-lhes, dizendo: «Levantai-vos e não tenhais medo.»
Erguendo os olhos, os discípulos apenas viram Jesus e mais ninguém.
Enquanto desciam do monte, Jesus ordenou-lhes: «Não conteis a ninguém o que acabastes de ver, até que o Filho do Homem ressuscite dos mortos.»

2011-03-15

PAZ

Neste dia em que se comemoram os 50 anos da Guerra Colonial aqui fica um apelo à PAZ entre todos os povos em guerra.

“Ao oferecermos uns aos outros um sinal de paz, não estamos tanto a fazer a paz quanto a aceitar o dom da paz de Cristo. Quando Mahatma Gandhi morreu, tinha apenas uma imagem no seu quarto, a de Cristo ressuscitado, com a citação na base: “Ele é a nossa paz” (Ef. 2,14). Esta é uma paz que as nossas contendas não podem destruir. No principio Deus disse: “Faça-se a luz”. E a luz foi feita. No início da nova criação, a Palavra de Deus proclamou: “A paz esteja convosco”, e assim acontece. Nos antigos cemitérios cristãos em Roma, as inscrições referem que as pessoas morreram “in pace”, em paz. Isto significa tão só que elas morreram como membros da Igreja, que é a paz de Cristo, embora tenham lutado tanto como nós. Ser membro da Igreja é partilhar a paz de Cristo, por muito perturbados que possamos estar. (...)

Ou seja, não se exige uma sensação subjetiva de paz; se estamos em Cristo, podemos estar em paz (in pace) e, portanto, sem desassossego, mesmo quando não sentimos paz. O início da paz deve ser a aceitação da míngua de paz, tal como o início da relaxação deve ser a aceitação da tensão. (...)

Se Jesus é apresentado atravessando portas trancadas, não é porque nisso consista essencialmente a ressurreição, mas porque Ele é o único no qual todos os obstáculos são transcendidos. Pouco antes da queda do muro de Berlim, em 1989, alguém escreveu nele um grafito: “Todas as barreiras devem cair”. Assim aconteceu com elas em Cristo ressuscitado. É o amor que não simpatiza com muros. Completando a citação de Gandhi tirada da Carta aos Efésios: “Ele é a nossa paz, Ele que, de nós, fez um só, e destruiu o muro de separação, a inimizade.”

In Timothy Radcliffe, “Ir à Igreja Porquê?”, p. 228 e ss.






Guerra Colonial: 50 anos


Mensagem do Frei Eugénio nos 50 anos do início da Guerra Colonial em Angola (15.03.1961), que viveu por dentro como Fuzileiro


GUERRA: ONDE OS CONTRA-VALORES SE APRESENTAM COMO VALORES
 
A minha comissão em Angola como oficial de Marinha fuzileiro especial, foi de 1963 a 65 e quase toda passada nas fronteiras, no rio Zaire e em Cabinda.

A meio da comissão, tive que ficar a comandar o meu Destacamento e a ter que lidar com os Serviços de Informações Militares, a colaborar com a PIDE, a tratar de questões com informadores e refugiados no outro lado das fronteiras e a participar em reuniões operacionais a um nível que habitualmente se tinha quando se era comandante de batalhão.

Aos 25 anos “entrei” na podridão da guerra. Foi um choque tremendo!

Não era a guerra das operações militares, a guerra dos tiros, bazucadas e morteiros. Era a “guerra” que estava por trás, onde não há escrúpulos, nem regras morais de qualquer espécie.

A tortura mexeu muito comigo.

Descobri que nas guerras modernas de guerrilhas são as populações civis que mais sofrem e vivem numa insegurança constante.

Descobri que as guerras criam uma situação em grande escala, onde os contra-valores se apresentam como valores.

Viver assim é viver no verdadeiro inferno, onde a Historia se faz com

guerras e destruições sucessivas. É a espiral da violência como motor da História.

Foi no meu meio deste “quadro” que dentro de mim surgiu a convicção de que esse Deus que nunca ninguém viu, era mesmo Pai, como Jesus de Nazaré veio dizer.

Foi esta presença de Deus que passei a reconhecer que é Pai de cada um e de todos, violentos e violentados, que deu uma orientação nova à minha vida.

Descobri ainda que a maioria das pessoas que encontrava, militares e civis, mesmo os que se diziam crentes, no fundo de si mesmos tinham um grande receio de Deus, muito poderoso e distante, cuja protecção desejavam mas na qual acabavam por pouco confiar.

Senti-me impelido então a trocar as armas de guerra pelas armas de paz.

Mas sendo eu oficial de carreira, em plena guerra colonial era
praticamente impossível sair da Marinha a não ser por motivos médicos muito graves. Ora saúde tinha eu!

Se pude trocar a farda branca e azul da Marinha pelo hábito branco e

preto dos frades pregadores, foi graças a uma série de circunstâncias e de ajudas imprevisíveis. A coisas acontecem como Deus quer e quando Deus quer. Ontem, hoje e amanhã.

Muitos vieram do Ultramar com grandes traumas e eu também trouxe um pesadelo que me acompanhou durante muitos anos. Mas dou graças a Deus que me permitiu desenvolver até hoje a capacidade de me indignar e de ser persistente em causas consideradas perdidas ou que abalam as normas estabelecidas. Quando uma causa é inspirada por Deus e o homem se empenha nela, Ele próprio abre as portas ou deita abaixo os muros.

A paz, supremo Bem, não se constrói com guerras, sejam elas militares, económicas, religiosas, politicas ou culturais, mas apenas com as” armas” de Jesus concretizadas em gestos de PAZ.

Frei Eugénio Paiva Boléo, OP



2011-03-14

Deus e a economia "ninho-de-cuco"


Mais uma vez se vem propor aqui neste espaço a leitura de um artigo do The Tablet. Desta vez é uma reflexão, a modo de espelho e exemplo para nós Portugueses, sobre a crise Irlandesa. O artigo é da autoria de John Waters e dele resumo alguns argumentos talvez não fielmente mas ... enfim o melhor é ler o original.

A Irlanda é um país rico em recursos naturais mas desde o período em que surgiu como o Tigre Celta os recursos naturais ou deixaram de ser explorados pelos próprios (exemplo: pesca entregue a espanhóis) ou são ineficientemente aproveitados como a agricultura limitada ao leite e produção de carne.

Em contrapartida, favoreceram-se os negócios com o exterior (a marca dessa febre é o IRC a 12,5 %).

O resultado foram duas economias - a autóctone, estagnada e a eficiente e bem sucedida economia transnacional do sector industrial (componentes de computadores, farmacêutica, sector financeiro) que criou a impressão de uma economia moderna quando o que se tinha era a economia "ninho-de-cuco".

Do ponto de vista religioso as coisas são definidas por John Waters assim: com um sentido de Deus inadequado e escondidos sob a capa de uma piedade vistosa, os Irlandeses pensaram no materialismo como salvação e acabaram a descobrir que ainda vão precisar de muitos e dolorosos empréstimos para fechar o buraco que a religião deixou vazio.


Como consequência de um como que complexo de inferioridade profundo que os leva a imitar sociedades supostamente mais modernas ou avançadas cavou-se um fosso entre modernidade e tradição, nacionalismo e abertura ao exterior, que se tornou impossível o diálogo. A religião não escapou a esta mudança e a falta de ligação entre a realidade e a ideia de Deus ou da providência acabaram por levar a que o debate público seja explicitamente agnóstico quando não ateísta.
Semelhanças? Lições?

2011-03-12

Terra Santa


Aqui fica este site que é uma óptima ajuda para quem quiser visitar a Terra Santa. Ou para quem quer conhecer à distância, com um simples clique.
E permite acompanhar as notícias da Terra Santa, como este video mostra.

2011-03-11

Diálogo com o Evangelho - 7

Diálogo com o Evangelho de Domingo 13 de Março,  1º Domingo da Quaresma, pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho de Domingo, 13 de Março

Deserto da Judeia, Setembro 2010
Mt. 4,1-11.
Então, o Espírito conduziu Jesus ao deserto, a fim de ser tentado pelo diabo. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome. O tentador aproximou-se e disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, ordena que estas pedras se convertam em pães.»
Respondeu-lhe Jesus: «Está escrito: Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.»
Então, o diabo conduziu o à cidade santa e, colocando o sobre o pináculo do templo, disse-lhe: «Se Tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo, pois está escrito: Dará a teu respeito ordens aos seus anjos; eles suster-te-ão nas suas mãos para que os teus pés não se firam nalguma pedra.»
Disse-lhe Jesus: «Também está escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus!»
Em seguida, o diabo conduziu-o a um monte muito alto e, mostrando-lhe todos os reinos do mundo com a sua glória, disse-lhe: «Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares.»
Respondeu-lhe Jesus: «Vai-te, Satanás, pois está escrito: Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele prestarás culto.»
Então, o diabo deixou-o e chegaram os anjos e serviram-no.

Tsunami no Japão: impressionante devastação!

2011-03-10

Boa notícia

"O governador do estado norte-americano de Illinois aboliu hoje a pena de morte, depois de uma moratória, criada após a condenação de 13 homens inocentes, ter suspenso, durante mais de uma década, a pena capital."
Ver aqui.

2011-03-08

We're equals, aren't we?

                   


Neste dia vale a pena chamar atenção para tantas mulheres relevantes nas nossas vidas e na vida do mundo. 

Quanto as estas últimas aqui ficam algumas referências:

2011-03-06

Common Ground News


E interessante conhecer esta página que tem como objectivo promover uma aproximação construtiva e estabelecer diálogo numa série de questões que se prendem com as relações entre o mundo árabe e Israel e entre o mundo muçulmano e o Ocidente.

2011-03-04

Diálogo com o Evangelho - 6

Diálogo com o Evangelho de Domingo 6 de Março, pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho de Domingo, 6 de Março

Mt. 7,21-27.
«Nem todo o que me diz: 'Senhor, Senhor’ entrará no Reino do Céu, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está no Céu. Muitos me dirão naquele dia: 'Senhor, Senhor, não foi em teu nome que profetizámos, em teu nome que expulsámos os demónios e em teu nome que fizemos muitos milagres?’ E, então, dir-lhes-ei: 'Nunca vos conheci; afastai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade.’»
«Todo aquele que escuta estas minhas palavras e as põe em prática é como o homem prudente que edificou a sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; mas não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Porém, todo aquele que escuta estas minhas palavras e não as põe em prática poderá comparar-se ao insensato que edificou a sua casa sobre a areia. Caiu a chuva, engrossaram os rios, sopraram os ventos contra aquela casa; ela desmoronou-se, e grande foi a sua ruína.»

2011-03-01

SALAM - السلام


Bonita imagem elaborada a partir da caligrafia da palavra "paz" em árabe.
السلام