2011-05-28

Ist die Kirche noch zu retten?


É este o tema do artigo desta semana de Anselmo Borges, que vale a pena ler na íntegra no DN.

Aqui fica uma parte da resposta à pergunta.


1. Não tem salvação uma Igreja voltada para o passado. Mas sobreviverá uma Igreja que "bebe na fonte cristã e se concentra nas tarefas do presente", aberta ao futuro.
2. Não tem salvação uma Igreja fixada patriarcalmente em imagens estereotipadas da mulher, linguagem exclusivamente masculina, papéis sexuais pré-definidos. Mas sobreviverá uma Igreja de companheirismo, que vincula instituição e carisma e "aceita mulheres em todos os cargos eclesiais".
3. Não tem salvação uma Igreja vencida pela arrogância institucional, exclusivismo confessional, negação da comunidade. Mas sobreviverá uma Igreja que seja "uma Igreja ecuménica aberta".
4. Não tem salvação uma Igreja eurocêntrica e que reclama que só ela tem a verdade, no quadro de um imperialismo romano. Mas sobreviverá uma Igreja "universal e tolerante, que respeita uma verdade sempre maior, que, portanto, procura aprender também com as outras religiões e deixa uma adequada autonomia às Igrejas nacionais, regionais e locais. E que, por isso, também é respeitada pelos homens e mulheres, cristãos e não cristãos".

2011-05-27

Diálogo com o Evangelho - 17


Diálogo com o Evangelho de Domingo 29 de Maio,  6º Domingo da Páscoa, pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho do 6º Domingo de Páscoa, 29 de Maio

Jo. ‪14,15-21.‬
«Se me tendes amor, cumprireis os meus mandamentos, e Eu apelarei ao Pai e Ele vos dará outro Paráclito para que esteja sempre convosco, o Espírito da Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; vós é que o conheceis, porque permanece junto de vós, e está em vós.»
«Não vos deixarei órfãos; Eu voltarei a vós! Ainda um pouco e o mundo já não me verá; vós é que me vereis, pois Eu vivo e vós também haveis de viver. Nesse dia, compreendereis que Eu estou no meu Pai, e vós em mim, e Eu em vós. Quem recebe os meus mandamentos e os observa esse é que me tem amor; e quem me tiver amor será amado por meu Pai, e Eu o amarei e hei-de manifestar-me a ele.»

2011-05-26

Educar para a Paz em clima de guerra

Como nos diziam alguns palestinianos na Terra Santa, a grande preocupação hoje é com as crianças. Como educar crianças que crescem cercadas por muros de 8 metros?



2011-05-20

Diálogo com o Evangelho - 16

Diálogo com o Evangelho de Domingo 22 de Maio,  5º Domingo da Páscoa, pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho do 5º Domingo de Páscoa, 22 de Maio

Jo. ‪14,1-12.‬
Não se perturbe o vosso coração. Credes em Deus; crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se assim não fosse, como teria dito Eu que vos vou preparar um lugar? E quando Eu tiver ido e vos tiver preparado lugar, virei novamente e hei-de levar-vos para junto de mim, a fim de que, onde Eu estou, vós estejais também. E, para onde Eu vou, vós sabeis o caminho.»

Disse-lhe Tomé: «Senhor, não sabemos para onde vais, como podemos nós saber o caminho?»

Jesus respondeu-lhe: «Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém pode ir até ao Pai senão por mim.  Se ficastes a conhecer-me, conhecereis também o meu Pai. E já o conheceis, pois estais a vê-lo.»
Disse-lhe Filipe: «Senhor, mostra-nos o Pai, e isso nos basta!»
Jesus disse-lhe: «Há tanto tempo que estou convosco, e não me ficaste a conhecer, Filipe? Quem me vê, vê o Pai. Como é que me dizes, então, 'mostra-nos o Pai'? Não crês que Eu estou no Pai e o Pai está em mim? As coisas que Eu vos digo não as manifesto por mim mesmo: é o Pai, que, estando em mim, realiza as suas obras. Crede-me: Eu estou no Pai e o Pai está em mim; crede, ao menos, por causa dessas mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim também fará as obras que Eu realizo; e fará obras maiores do que estas, porque Eu vou para o Pai.
»

2011-05-17

Campos da FAVA

Já está lançado o próximo Campo da F.A.V.A.!

Nesta apresentação podemos encontrar:
- O que são os "campos da F.A.V.A." e qual o seu "espirito"

- Como e quando vai se este ano

- O que é a associação F.A.V.A.
Campos Da Fava 2011 v2

2011-05-13

Diálogo com o Evangelho - 15

Diálogo com o Evangelho de Domingo 15 de Maio,  4º Domingo da Páscoa (Bom Pastor), pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho do 4º Domingo de Páscoa, 15 de Maio

Jo. ‪10,1-10.‬
«Em verdade, em verdade vos digo: quem não entra pela porta no redil das ovelhas, mas sobe por outro lado, é um ladrão e salteador. Aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas.
A esse o porteiro abre-a e as ovelhas escutam a sua voz. E ele chama as suas ovelhas uma a uma pelos seus nomes e fá-las sair. Depois de tirar todas as que são suas, vai à frente delas, e as ovelhas seguem-no, porque reconhecem a sua voz. Mas, a um estranho, jamais o seguiriam; pelo contrário, fugiriam dele, porque não reconhecem a voz dos estranhos.»
Jesus propôs-lhes esta comparação, mas eles não compreenderam o que lhes dizia.
Então, Jesus retomou a palavra: «Em verdade, em verdade vos digo: Eu sou a porta das ovelhas. Todos os que vieram antes de mim eram ladrões e salteadores, mas as ovelhas não lhes prestaram atenção. Eu sou a porta. Se alguém entrar por mim estará salvo; há-de entrar e sair e achará pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.

2011-05-12

Daniel Barenboim: The key to the future rests in Gaza

Israeli conductor Daniel Barenboim: The key to the future rests in Gaza - Haaretz Daily Newspaper Israel News


Uma entrevista dada ao Haaretz, após um concerto singular que dirigiu em Gaza, que vale bem a pena ler.


Aqui ficam estas frases que me impressionaram:

"I think that the key to the future rests in Gaza, and not only in Ramallah. "

"The quality of life there is very, very low. Not only with regard to culture, but to life in general. I was very impressed, as I said, that they have there 12 universities, and such a high proportion of young people; people there want to learn, and they have the ability via the Internet to receive all the information that they want, and I’m addressing culture now. They have educated people and they also have other people who lack information and education."

"This is a human problem; it’s not a dispute between two states; we have here a dispute between two peoples which believe that they have a right to live on the same small piece of land."

2011-05-09

9 de Maio: Dia da Europa


Hoje é o dia da Europa.
Foi em 9 de Maio de 1950 que o estadista francês Robert Schuman formulou a proposta de uma entidade europeia supranacional. Essa proposta ficou conhecida como a Declaração Schuman e é considerada o embrião da actual União Europeia.

ORACÃO NO DIA DA EUROPA

Senhor, há hoje tantos refugiados que se apresentam às portas da Europa.
A Europa é a última esperança de saírem da insegurança e da miséria
e de encontrarem um lugar para viver mais dignamente.

Senhor, nós Te pedimos com urgência:
face a este fluxo de imigração, livra-nos, Senhor,
do medo que endurece os nossos corações
e da tentação de fechar os nossos serviços de acolhimento.

Inspira-nos, Senhor, a imaginar programas de ajuda e de apoio
e a procurar solidariedades internacionais.

Senhor, que acolhes a todos,
nós Te pedimos que guies as nossas decisões neste tempo
de tão grandes urgências.
 

Amen

frei Eugénio


2011-05-07

Diálogo com o Evangelho - 14

Diálogo com o Evangelho de Domingo 8 de Maio,  3º Domingo da Páscoa (discípulos de Emaús), pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho do 3º Domingo de Páscoa, 8 de Maio

Domingas Vasconcelos, "Emaús", aguarela, 2000
Lc ‪24,13-35.‬
Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho; os seus olhos, porém, estavam impedidos de o reconhecer.
Disse-lhes Ele: «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?» Pararam entristecidos. E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!»
Perguntou-lhes Ele: «Que foi?» Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; como os sumos sacerdotes e os nossos chefes o entregaram, para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas.
É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados, porque foram ao sepulcro de madrugada e, não achando o seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos, que afirmavam que Ele vivia. Então, alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas, a Ele, não o viram.»
Jesus disse-lhes, então: «Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em tudo quanto os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?» E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito.
Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante. Os outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.» Entrou para ficar com eles. E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença.
Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!» E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão.

2011-05-05

José Augusto Mourão

Morreu esta manhã (1947 - 5 de Maio de 2011) Frei José Augusto Mourão, OP, da Ordem dos Dominicanos, um nome tão incontornável como pouco reconhecido da Igreja e da Cultura portuguesa.

Aqui fica um texto do Pe. José Tolentino Mendonça como homenagem (fonte).
O VAZIO VERDE
Um dia, quando se fizer a história do catolicismo português que nos é agora contemporâneo, há-de ver-se, em toda a clareza, que um dos seus actores magistrais foi, afinal, um frade e poeta, quase clandestino, que morreu esta manhã em Lisboa. Chamava-se José Augusto Mourão, e pertencia à Ordem dos Dominicanos. Nasceu em Vila Real em 1947, e construiu uma inscrição absolutamente invulgar na universidade e na cultura portuguesas. Foi professor na Universidade Nova de Lisboa, especializando-se no campo da semiótica, e prestando uma contínua atenção a expressões de vanguarda que transformam os próprios dispositivos da criação (por exemplo, as mutações da literatura na época de cibernética ou as diversas formas de hipertextualidade ou de hiperficção que a nossa alta modernidade tem gerado). Aí deixa uma obra que, sob muitos aspectos, se pode considerar seminal e profética.


Mas ele transportou também o mesmo espírito de profecia para aquela que é a opera magna da sua existência: a impressionante ponte (apetece escrever a “impossível ponte”) que ele, quase marginalmente, desenha entre o campo da fé e o da razão, entre a liturgia e a poética, entre a regra e o desejo. Por alguma razão, ele nunca foi um criador confortável, nem para o campo católico, nem para os parâmetros da cultura dominante. Os ouvidos crentes só a custo se abriam, porque ele operava com uma gramática inusual e exigente, buscava metáforas vivas, que é como quem diz, novas metáforas. Do mesmo modo, ele nunca obteve a visibilidade que certamente merece da parte da cultura. A sua poesia é, por exemplo, litúrgica, coisa que, em Portugal, é imediatamente catalogada de género menor. E alguns dos seus textos mais fundamentais são homilias: ora, as últimas homilias que a cultura portuguesa ouviu foram as do Padre António Vieira! Talvez um dia se reconheça a originalidade e a marca deste homem e se possa então valorizar o que ele hoje nos deixa em herança. Para já sentimos o grande vazio que a sua morte representa, que, como aponta o título do seu primeiro livro de poemas, somos desafiados a viver como um “Vazio Verde”.