2011-08-31

Os Cristãos e o Ramadão

"How should the followers of Christ respond to Ramadan and to the socio-religious activities of Muslims in this month? From a Muslim’s point of view, Ramadan is the time of spiritual revival. It is the Islamic spiritual awakening in which a Muslim seeks to pursue purity of mind and heart in words and action. In Ramadan, faithful Muslims fast from sunset to sundown, read the whole Quran, and help the poor as well as needy. They turn away from immoralities, from the vices of the tongue, and evil thoughts. These things are indeed good and, as Christians, we should value all the good deeds that Muslims do. We should further be provoked to affirm our commitment to the teachings of Jesus Christ concerning fasting (Matt 6: 16 – 18), alms giving (Matt 6: 1 – 4), and prayer (Matt 6: 5 – 15). Perhaps, God placed Muslims amongst us to remind us of the sermon of the mount that taught us about fasting, alms giving, and prayer."

Ver aqui o resto do texto.

2011-08-27

Diálogo com o Evangelho - 24

Voltou o Diálogo com o Evangelho, depois de uma interrupção estival.
Aqui fica o

Diálogo com o Evangelho de Domingo 28 de Agosto, pelo Frei Eugénio, no programa de rádio "Raízes de Cá".

A vida questiona o Evangelho de Domingo, 28 de Agosto

Mateus ‪16,21-27.‬
A partir desse momento, Jesus Cristo começou a fazer ver aos seus discípulos que tinha de ir a Jerusalém e sofrer muito, da parte dos anciãos, dos sumos sacerdotes e dos doutores da Lei, ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.
Tomando-o de parte, Pedro começou a repreendê-lo, dizendo: «Deus te livre, Senhor! Isso nunca te há-de acontecer!»
Ele, porém, voltando-se, disse a Pedro: «Afasta-te, Satanás! Tu és para mim um estorvo, porque os teus pensamentos não são os de Deus, mas os dos homens!»
Jesus disse, então, aos discípulos: «Se alguém quiser vir comigo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por minha causa, há-de encontrá-la. Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Ou que poderá dar o homem em troca da sua vida? Porque o Filho do Homem há-de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um conforme o seu procedimento.

2011-08-20

A vida questiona o Evangelho de Domingo, 21 de Agosto

Nascente do rio Jordão, em Cesareia de Filipe
Mt. ‪16,13-20.‬
Naquele tempo, ao chegar à região de Cesareia de Filipe, Jesus fez a seguinte pergunta aos seus discípulos: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?»
Eles responderam: «Uns dizem que é João Baptista; outros, que é Elias; e outros, que é Jeremias ou algum dos profetas.»
Perguntou-lhes de novo: «E vós, quem dizeis que Eu sou?»
Tomando a palavra, Simão Pedro respondeu: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo.»
Jesus disse-lhe em resposta: «És feliz, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que to revelou, mas o meu Pai que está no Céu. Também Eu te digo: Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do Abismo nada poderão contra ela. Dar-te ei as chaves do Reino do Céu; tudo o que ligares na terra ficará ligado no Céu e tudo o que desligares na terra será desligado no Céu.»
Depois, ordenou aos discípulos que a ninguém dissessem que Ele era o Messias.

2011-08-16

Igreja Baptista


No Domingo passado, com familiares nossos que vivem em Aberdeen, na Escócia, fomos ao serviço religioso na Igreja Baptista de Gerrard Street.
O sermão foi sobre o Salmo 23 (O Senhor é meu Pastor) e pode ser ouvido aqui.
Como na FAVA, no final há chá, café e bolos para quem quiser ficar na conversa.
Ontem tentámos ir à missa na catedral, mas como era dia de ordenação episcopal, não pudemos entrar: só por convite e dentro da lotação da Igreja, que nos disseram já estava esgotada e não pode ser ultrapassada por questões de segurança. Aqui é assim.

2011-08-15

Assunção de Nossa Senhora

Hoje celebramos a vida de uma mulher com vida plenamente realizada!

Nas palavras de Roger Schutz, de Taizé (1915-2005), "A Igreja exprime-se bem na figura de Maria; e quanto mais conseguir ser maternal, mais plenamente pode fazer nascer o Homem como criatura nova em Deus."

Tem muitos fans e deixou segredo do seu sucesso em oração magnifica!

Pode ler-se em Lc. 1, 46-56. Aqui fica:

A minha alma glorifica o Senhor *
E o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador.


Porque pôs os olhos na humildade da sua Serva: *
De hoje em diante me chamarão bem aventurada todas as gerações.
O Todo-Poderoso fez em mim maravilhas: *
Santo é o seu nome.


A sua misericórdia se estende de geração em geração *
Sobre aqueles que o temem.
Manifestou o poder do seu braço *
E dispersou os soberbos.


Derrubou os poderosos de seus tronos *
E exaltou os humildes.
Aos famintos encheu de bens *
E aos ricos despediu de mãos vazias.


Acolheu a Israel, seu servo, *
Lembrado da sua misericórdia,
Como tinha prometido a nossos pais, *
A Abraão e à sua descendência para sempre.

2011-08-13

Mulher de grande fé

A propósito do Evangelho deste Domingo aqui fica o comentário de António Couto, retirado do Mesa de Palavras.

MULHER DE GRANDE FÉ

1. O Evangelho deste Domingo XX do Tempo Comum serve-nos uma página absolutamente desarmante: Mateus 15,21-28. Jesus abandona Genesaré, na costa ocidental do Mar da Galileia, e vai para a região de Tiro e de Sídon, actual Líbano, terra pagã.

 2. Uma mulher e mãe «libanesa», carregada com o drama da sua filha doente – situação verdadeira ontem como hoje –, vem implorar de Jesus, num grito que lhe sai do fundo das entranhas, que lhe «faça graça» (eléêsón me, kýrie) (Mateus 15,22), isto é, que olhe para ela com bondade e ternura como uma mãe que dirige o seu olhar embevecido para a criança que embala nos braços.

 3. O texto diz que Jesus nem lhe respondeu (Mateus 15,23). Mas a mulher não desiste, mas insiste e vai mais longe, prostrando-se (verbo proskinéô) agora diante de Jesus (Mateus 15,25). O gesto significa orientar a sua vida toda para Jesus, pôr-se totalmente na dependência de Jesus. A reacção de Jesus é de uma dureza extrema: afasta a pobre mulher e mãe duramente, catalogando-a na classe dos cachorros [= pagãos] e não dos filhos [= judeus] (Mateus 15,26). Só para estes é que ele veio.

 4. A mulher replica de modo admirável: é verdade, Senhor! Os filhos estão reclinados à mesa, mas os cachorros comem debaixo da mesa as migalhas que caem! (Mateus 15,27). «Mulher da grande fé! (megalê hê pístis)», replicou Jesus, «faça-se como queres!» (Mateus 15,28).

 5. Note-se bem que é a única vez que Jesus fala da «grande fé». E atribui-a a uma mulher e mãe «libanesa» cujo amor nunca se vergou perante a dureza e as dificuldades da vida. Em contraponto com esta mulher da «grande fé», note-se bem que Pedro é o homem da «pequena fé» (oligópistos) (Mateus 14,31), do mesmo modo que os discípulos são os homens «da pequena fé» (oligópistoi) (Mateus 6,30; 8,26; 16,8; 17,20). Admirável ainda que Jesus diga a esta mulher que não desiste, mas insiste e persiste: «faça-se como queres» (genêthêtô hôs théleis), um paralelo claro da oração do «Pai Nosso»: «Faça-se a tua vontade» (genêthêtô tò thélêmá sou) (Mt 6,10)!

 6. O episódio é de uma crueza e de uma beleza inauditas. Mas há ainda mais: é a insistência desta mulher e mãe «libanesa» que, por assim dizer, obriga Jesus a passar mais uma fronteira: de hebraeos ad gentes!

 7. Enquanto tentamos compreender melhor a ousadia desta mulher e mãe «libanesa», que enche claramente este Domingo XX, não deixemos também de contemplar o rumor missionário que se faz ouvir, em perfeita sintonia, nas demais passagens ou paisagens bíblicas de hoje: aí está Isaías a adscrever mais um belo nome a Jerusalém: «Casa de oração para todos os povos» (Isaías 56,7). E Paulo a intitular-se «Apóstolo das nações» (Romanos 11,13). E o Salmo 67(66) a juntar as vozes dos povos de toda a terra no mesmo louvor ao Deus que faz graça e misericórdia.

A vida questiona o Evangelho de Domingo, 14 de Agosto

Mt. ‪15,21-28.‬
Naqueles dias, Jesus partiu dali e retirou-se para os lados de Tiro e de Sídon. Então, uma cananeia, que viera daquela região, começou a gritar: «Senhor, Filho de David, tem misericórdia de mim! Minha filha está cruelmente atormentada por um demónio.» Mas Ele não lhe respondeu nem uma palavra. Os discípulos aproximaram-se e pediram-lhe com insistência: «Despacha-a, porque ela persegue-nos com os seus gritos.»
Jesus replicou: «Não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de Israel.»
Mas a mulher veio prostrar-se diante dele, dizendo: «Socorre-me, Senhor.»
Ele respondeu-lhe: «Não é justo que se tome o pão dos filhos para o lançar aos cachorros.» Retorquiu ela: «É verdade, Senhor, mas até os cachorros comem as migalhas que caem da mesa de seus donos.» Então, Jesus respondeu-lhe: «Ó mulher, grande é a tua fé! Faça-se como desejas.» E, a partir desse instante, a filha dela achou-se curada.

2011-08-08

Domingos de Gusmão

Domingos vela por nós, para que não passemos indiferentes diante da miséria, da ignorância e dos erros que desumanizam a vida de tantas pessoas.

2011-08-05

Ramadão

 Teve início esta semana o mês do Ramadão, período durante o qual os muçulmanos praticam o seu jejum ritual (suam, صَوْم), o quarto dos cinco pilares do Islão.

Nas palavras do pensador e estudioso mulçulmano Fethullah Gulen "Todos os muçulmanos, independentemente da sua nacionalidade ou país de origem, temperamento, estatuto social ou condição física, vivem juntos e respiram o mesmo ar na atmosfera bendita do Ramadão. (...) O Ramadão tem um efeito fascinante sobre os muçulmanos, pois deixa as suas impressões positivas até na alma dos mais pobres e dos oprimidos."

Para conhecer melhor este momento tão importante na vida dos irmãos mulçulmanos podemos seguir este link. E este.

A vida questiona o Evangelho de Domingo, 7 de Agosto

Mt 14,22-33.



Depois de ter saciado a fome à multidão, Jesus obrigou os discípulos a embarcar e a ir adiante para a outra margem, enquanto Ele despedia as multidões. Logo que as despediu, subiu a um monte para orar na solidão. E, chegada a noite, estava ali só.

O barco encontrava-se já a várias centenas de metros da terra, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário. De madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: «É um fantasma!» E gritaram com medo.

No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!»

Pedro respondeu-lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas.»

«Vem» disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo do barco, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!»


E, quando entraram no barco, o vento amainou. Os que se encontravam no barco prostraram-se diante de Jesus, dizendo: «Tu és, realmente, o Filho de Deus!»
Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?»

2011-08-02

As Boas Notícias!

É tão raro abrirmos os jornais e depararmo-nos com boas notícias, notícias que nos trazem esperança em que o mundo não é tão mau como muitos nos dizem e que o bem e a paz ainda são valores defendidos por muitos. É por isso que quis trazer aos leitores do Regador duas notícias com que me deparei hoje.

Hoje ao ler o Público (http://www.publico.pt/Mundo/iraniana-cega-por-acido-perdoa-agressor-antes-da-aplicacao-da-pena_1505518) chamou-me a atenção uma notícia com destaque na última página, no “Sobe e Desce”, referente à iraniana Ameneh Bahrami, mulher que ficou cega e desfigurada num ataque com ácido perpetrado por um homem com quem se recusou a casar.

No desenvolvimento da notícia, nas páginas interiores, noticia-se que Ameneh assumindo um gesto de grande tolerância, sobrepondo ao impulso do ódio que reclamava a vingança com a aplicação da lei de talião, ou qisas, que faz parte da Sharia (lei islâmica), perdoou a esse homem que a atacou, permitindo assim a revogação da pena que levaria a que tirassem a vista ao mesmo e o desfigurassem como ele lhe fez.

O amor sobrepôs-se ao ódio e, como nos disse Jesus para fazer, esta mulher islâmica “ouviu” as palavras do Evangelho: «Ouvistes o que foi dito: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, digo-vos: Não oponhais resistência ao mau. Mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra. (Mt.5, 38-39)

No mesmo jornal se dá conta de outra notícia que mostra bem como este pedido de Jesus está presente em muitas situações e que é possível que aqueles que são chamados ao ódio se manifestem por sinais de concórdia, de paz e de amor. É isto que se relata em outra notícia do mesmo jornal Público que nos conta que jovens judeus e palestinianos são capazes de conviver pacificamente como o fazem no Boxing Club de Jerusalém onde o único confronto entre esses jovens de povos tão divididos é no "ring de box", de forma cordial e desportiva e com abraços finais. “Aqui é como se fossemos um só povo” refere um jovem judeu religioso.

E não seremos todos nós um só povo, o povo de Deus? Hoje, perante estes gestos de paz e boa vontade entre homens deve haver festa nos Céus.

Hugo Meireles

A INQUISIÇÃO ESTÁ DE VOLTA?

Noticia hoje o jornal “Público” (http://m.publico.pt/Detail/1505640) que o cardeal patriarca, D. José Policarpo, foi chamado a Roma por causa de recentes declarações que fez, em Junho passado, numa entrevista à Revista da Ordem dos Advogados (http://www.oa.pt/upl/%7B28366284-16ca-42e4-af71-343f83619de7%7D.pdf). Nessa entrevista, questionado sobre a ordenação das mulheres, afirma: “Penso que não há nenhum obstáculo fundamental. É uma igualdade fundamental de todos os membros da Igreja”.

Esta afirmação gerou, na altura e nos meios católicos portugueses, uma forte reacção negativa, particularmente nos mais conservadores, já que dos outros poucas opiniões se ouviram. Essa reacção negativa levou D. José Policarpo a fazer um desmentido às suas afirmações no site do Patriarcado de Lisboa (http://www.patriarcado-lisboa.pt/site/index.php?id=904), desmentido que, no entanto, não pode anular a afirmação anteriormente onde afirma que “teologicamente não há nenhum obstáculo fundamental” e que “…A mudança nesta matéria ocorrerá… se Deus quiser que aconteça e se estiver nos planos Dele acontecerá”.

A propósito de declarações idênticas e como também foi na altura publicitado no mesmo jornal “Público”, William Morris, bispo de Toowoomba, Austrália foi demitido do cargo por declarações idênticas proferidas em 2006.

Não me pode deixar de causar surpresa esta posição da hierarquia suprema da Igreja, particularmente num tempo em que escasseiam as vocações, em que se abrem novos horizontes e necessidades à evangelização, agora não aos selvagens e ímpios mas aos povos da Europa civilizada e dita católica.

Mas mais do que surpresa causa-me profunda apreensão esta forma de proceder da hierarquia, pressionando os seus membros a calarem o que pensam, mesmo que nisso acreditem, como se deduz da notícia em causa na qual se afirma que o Cardeal Patriarca “ …recebera uma carta do cardeal William Levada, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé (cargo anteriormente ocupado pelo actual Papa Bento XVI), órgão que zela pela Teologia oficial” e que “…manifestou um ar grave após ter lido a carta”.

Quero aqui deixar bem claro, mais uma vez, como o fiz a propósito do que escrevi sobre a entrevista a Teresa Toldy, que sou um defensor do papel da mulher na Igreja em igualdade com o homem.

Sem ser suportado em nenhum argumento teológico seguro, mas antes invocando a tradição da Igreja, ao que sei, pois não sou teólogo como na anterior intervenção que citei já disse, os seus responsáveis passam em claro a acção de Nosso Senhor, Jesus Cristo, na libertação das mulheres às quais atribuiu um papel de grande importância, facto de ainda maior realce se se atender à época e à cultura em que Jesus viveu.

São, de facto, abundantes os episódios em que a mulher assume um papel de relevo na vida de Jesus, podendo citar-se, a este propósito, a figura de Maria Madalena primeira pessoa a quem Jesus se manifestou depois da sua Morte e Ressurreição, ou a figura de Maria, irmã de Marta e Lázaro, sem esquecermos o diálogo com a Samaritana.

Ora, se Jesus quis dar esse papel às mulheres no seu tempo, porque razão lhe negamos hoje a possibilidade de virem, nem que seja de forma gradual, para não “chocar” mentes mais empedernidas, a assumir um papel na Igreja em todas as áreas de acção para que Jesus nos chamou? Não foi Jesus que disse “Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada” (Lc. 10, 42b)? Então porque hão-de os homens questionar a humanidade da mulher? E se Jesus tivesse incarnado numa mulher, facto que nada me repugna aceitar pois para Deus homem e mulher são uma e a mesma criatura? Como reagiriam os “homens” da Igreja?

Longe vão os tempos corajosos de D. António, bispo do Porto, que assumiu frontalmente a defesa dos valores cristãos em que acreditava, desafiando os poderes civis e religiosos da altura e sofrendo o exílio por causa das suas ideias. Terão regressado esses tempos à Igreja?


Felizmente, como é nosso hábito dizer, acredito que “Deus não dorme” e por isso nele confio para que se possam realizar as palavras de D. José Policarpo “se Deus quiser que aconteça e se estiver nos planos Dele acontecerá”!

Hugo Meireles

2011-08-01

"DAI-LHES VÓS DE COMER"

Comentando e reflectindo sobre o Evangelho do passado domingo fiz referência ao drama que se vive em África, com milhares de pessoas, sobretudo crianças e velhos – os mais frágeis – a morrerem diariamente. Para acorrer a este drama tem sido feitos apelos por organismos internacionais e o Papa Bento XVI referiu-se em particular ao mesmo pedindo a colaboração de todos para ajudar a mitigar esta dramática situação.

Hoje ao ler o Evangelho deste domingo, não pude deixar de pensar nesta situação ao ouvir as palavras de Jesus: “Dai-lhes vós de comer”. De facto, perante o drama vivido em África como em tantas partes do mundo somos levados muitas vezes a pensar que a oferta que possamos fazer é tão pequena que de nada servirá para aliviar tão grande problema. Então esperamos que representantes de governos ou os que tem mais do que nós, os outros, façam aquilo que nós poderíamos fazer mas entendemos que de nada servirá.

Mas não servirá mesmo o pouco que possamos dar? Jesus, quando os discípulos lhe disseram que apenas tinham cinco pães e dois peixes não achou que tal era pouco e mandou-os distribuir esse pouco pela enorme multidão que se juntara para o ouvir. E não será isso também que nos pede hoje, tomarmos o que nos sobra, por pouco que seja, e reparti-lo com os que precisam? Claro que esta oferta será tanto maior quanto mais acreditarmos no poder do Senhor para multiplicar o pouco que damos e junto com outros poucos que outros possam dar fazer o muito que é necessário para que se cumpra o que nos pede no Evangelho de São Mateus: “viste-me com fome e deste-me de comer”.

Como naquela anedota de um homem que todas as semanas pedia ao Senhor que lhe fizesse sair a lotaria e a quem Deus respondeu “ao menos compra a cautela”, também nós que pedimos nas orações “Senhor dá pão aos que precisam” podemos comprar a nossa cautela e dar algum do pouco que possamos dispor juntando à nossa oferta a oração pedindo ao Senhor que na sua enorme bondade multiplique essa oferta para ajudar aqueles que dela precisam como fez quando multiplicou o pão e os peixes. Então o pouco que damos, junto ao pouco que muitos podem dar e a quem o Espírito Santo pode iluminar para que assim procedam, transforma-se no muito necessário para ajudar os que mais precisam.

Estas palavras que me surgem pela lembrança do drama de África não deixam de ser também verdade no nosso país face à crise que se vive e que muito se irá ainda fazer sentir. Talvez a passagem do Evangelho de São Lucas sobre a oferta da viúva pobre (Lc 21,1-4) nos possa inspirar deixando que as palavras de Jesus então proferidas ecoem no nosso coração: "Em verdade vos digo que esta viúva pobre deitou mais do que todos os outros; pois eles deitaram no tesouro do que lhes sobejava, enquanto ela, da sua indigência, deitou tudo o que tinha para viver.". Oxalá, pelo menos, sejamos capazes de repartir um pouco do que temos com os outros para cumprir o que Jesus hoje nos pede e que repito: “Não precisam de se ir embora: dai-lhes vós de comer.” Poderemos assim cumprir o que ouvimos na aclamação do Evangelho deste domingo: “Nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus.” (Mt. 4,4b). De facto de que nos vale comermos o pão que o Senhor nos providencia se não formos capazes de nos alimentar das palavras que saem da Sua boca?

Termino com a transcrição de uma alegoria de um texto hoje distribuído a Capela de Gondarém e que bem podia aplicar-se a nós:

(…)
Um sacerdote morreu de repente, aos 81 anos. No seu bolso estava uma frase escrita pelo próprio punho que dizia: “A melhor parte da vida é aquela que está para a frente. O passado não é mais nosso, o futuro está nas mãos de Deus; nosso, inteiramente nosso, é o presente: O tempo é um presente de Deus.” (Citado de um texto de A. Colombo).

Vivamos o nosso presente pois é no hoje que todos os dias vivemos que preparamos o futuro que queremos alcançar. Amanhã poderá ser tarde e vermos as portas fecharem-se como às virgens que se descuidaram e não cuidaram de alimentar as suas candeias. Façamos deste dia o primeiro da nossa Vida.


Hugo Meireles