Diálogo com o evangelho deste Domingo, 19 de julho, 16º do tempo comum, pelo Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Para ouvir clique aqui.
Evangelho de Jesus Cristo segundo São
Mateus (Mt 13, 24 -33)
Naquele tempo, Jesus disse às multidões
mais esta parábola:
«O reino dos Céus pode comparar-se a um
homem que semeou boa semente no seu campo.
Enquanto todos dormiam, veio o inimigo,
semeou joio no meio do trigo e foi-se embora.
Quando o trigo cresceu e começou a espigar,
apareceu também o joio.
Os servos do dono da casa foram dizer-lhe:
‘Senhor, não semeaste boa semente no teu
campo?
Donde vem então o joio?’
Ele respondeu-lhes: ‘Foi um inimigo que fez
isso’.
Disseram-lhe os servos: ‘Queres que vamos
arrancar o joio?’.
‘Não! – disse ele – não suceda que, ao
arrancardes o joio, arranqueis também o trigo.
Deixai-os crescer ambos até à ceifa e, na
altura da ceifa, direi aos ceifeiros: ‘Apanhai primeiro o joio e atai-o em
molhos para queimar; e ao
trigo, recolhei-o no meu celeiro’».
Jesus disse-lhes mais duas parábolas:
«O reino dos Céus pode comparar-se ao grão
de mostarda que um homem tomou e semeou no seu campo. Sendo a menor de todas as sementes, depois
de crescer, é a maior de todas as plantas da horta e torna-se árvore, de modo que
as aves do céu vêm abrigar-se nos seus ramos».
«O reino dos Céus pode comparar-se ao
fermento que uma mulher toma e mistura em três medidas de farinha, até ficar
tudo levedado».
DIÁLOGO
Caros leitores, nesta parábola Jesus aborda duas das questões sobre as quais a humanidade sempre se interrogou:
- Donde vem o Mal que se encontra por todo o lado à nossa volta, mesmo quando talvez ninguém o queira ter provocado ?
- Como acabar de modo eficaz com as várias formas de Mal ?
Nesta parábola o joio, também chamado cizânia, que aparece no meio do trigo, é o símbolo do Mal em acção no mundo.
Na primeira parte da parábola Jesus conta-nos a reacção dos servos do dono do campo surpreendidos pelo aparecimento do joio e que o querem arrancar. Querem arrancá-lo e destrui-lo logo na raiz e, assim, impedir que ele cresça e venha a fazer mal ao trigo.
Perante as variadas formas de Mal que nos atingem, é habitual termos a mesma reacção que esses servos: perante um Mal queremos que este seja eliminado, destruído para que o Bem possa ser vivido em paz.
Querer acabar o mais rapidamente possível com todas as formas de Mal que nos atinjem e querer neutralizar os causadores do Mal é um desejo profundo em nós.
A primeira resposta do senhor do campo é atribuir o aparecimento do joio, isto é do Mal, a um inimigo.
Mas a resposta sobre como reagir ao aparecimento do joio é que é a mais surpreendente: «Deixai-os crescer ambos até à ceifa».
Na linguagem bíblica a «ceifa» ou a «colheita» significa o fim do mundo, que é acompanhado do julgamento final de Deus, que tudo conhece sobre a verdade de cada pessoa e que dará a sua sentença com uma justiça perfeita .
Esse julgamento terá um duplo efeito: a salvação e a libertação de uns e a condenação dos outros, simbolizada pela destruição e pelo fogo.
Quando Jesus anuncia que vem inaugurar uma nova era, a do Reino de Deus já presente e em acção entre nós, aqueles que o ouvem esperam que o julgamento de Deus se manifeste em breve, dando-se assim início a um reinado sem Mal nem desamor.
O próprio João Batista e alguns dos discípulos de Jesus esperavam para breve esse julgamento que destruiria para sempre o Mal e os maus e deixaria em paz os justos.
Em variadas situações da história do mundo, o Mal é causador de sofrimentos terríveis e só uma força prodigiosa o poderá destruir.
Os crentes das várias religiões e crenças nessas ocasiões contam que Deus o todo-poderoso destrua quanto antes esse Mal e os seus causadores.
Os não-crentes contam que surjam forças humanas capazes de causar essa destruição do Mal de forma libertadora.
Mas na parábola, o dono do campo vai colocar essa separação definitiva entre o Bem que permanece e o Mal que é destruído somente no final dos tempos.
Com esta parábola Jesus diz-nos que no coração humano e em todas as formas de sociedades até ao fim do mundo, irão permanecer juntos o Bem e o Mal, a luz e as trevas, a boa semente e o joio.
Deus, por razões que não sabemos, e que Jesus também não nos revelou, quis que esses opostos permanecessem dentro do coração humano e não quis refazer a nossa natureza, de maneira a que nela apenas houvesse boa semente.
E aqui, chegamos ao segundo tema da parábola: a oposição entre a impaciência dos empregados, que nós também temos e a espera paciente do dono do campo, que representa Deus.
Às vezes temos uma grande pressa em julgar e condenar, pôr dum lado os bons (e os mais-ou-menos bons) e do outro os maus que é preciso neutralizar.
Ao contrário, Deus sabe esperar. Ele olha para o «campo» da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia: vê muito melhor do que nós a maldade e o Mal, mas também vê as sementes do Bem e espera até ao fim de cada vida, que elas venham a amadurecer.
Deus é paciente, sabe esperar.
O nosso Deus é um Pai paciente que nos espera sempre para nos receber de braços abertos.
A atitude do dono do campo é a da esperança fundada na certeza de que o Mal não é a primeira nem a última palavra.
As duas outras pequenas parábolas apresentam o dinamismo fortíssimo do Reino de Deus graças ao Amor.
As sementes de mostarda que são pequeníssimas (menos de 2 mm) dão uma grande planta que até parece uma árvore e que se pode encher de passarinhos.
E o pouco fermento que aquela dona de casa põe para levedar 60 quilos de farinha (as duas medida de que fala o evangelho) que vão dar de comer a muito mais de que uma família, até cerca de 150 pessoas. É uma festa que tira tanta fome!
É assim o poder do Amor de Deus.
Se acreditamos nesse poder do Amor que já está presente no meio de nós, descobrimos que o poder do Mal só pode ser vencido de modo durável e verdadeiramente eficaz com o poder do Amor.
Procurar combater o Mal com a destruição e a morte, faz-nos entrar na espiral da violência que voltará sempre.
Para Jesus e para aquelas e aqueles que acreditam que Ele não nos engana, nem traz ilusões, é com este Amor super-abundante que podemos, mesmo que seja a muito longo prazo, vencer o Mal em nós e no nosso mundo.
frei Eugénio
- Donde vem o Mal que se encontra por todo o lado à nossa volta, mesmo quando talvez ninguém o queira ter provocado ?
- Como acabar de modo eficaz com as várias formas de Mal ?
Nesta parábola o joio, também chamado cizânia, que aparece no meio do trigo, é o símbolo do Mal em acção no mundo.
Na primeira parte da parábola Jesus conta-nos a reacção dos servos do dono do campo surpreendidos pelo aparecimento do joio e que o querem arrancar. Querem arrancá-lo e destrui-lo logo na raiz e, assim, impedir que ele cresça e venha a fazer mal ao trigo.
Perante as variadas formas de Mal que nos atingem, é habitual termos a mesma reacção que esses servos: perante um Mal queremos que este seja eliminado, destruído para que o Bem possa ser vivido em paz.
Querer acabar o mais rapidamente possível com todas as formas de Mal que nos atinjem e querer neutralizar os causadores do Mal é um desejo profundo em nós.
A primeira resposta do senhor do campo é atribuir o aparecimento do joio, isto é do Mal, a um inimigo.
Mas a resposta sobre como reagir ao aparecimento do joio é que é a mais surpreendente: «Deixai-os crescer ambos até à ceifa».
Na linguagem bíblica a «ceifa» ou a «colheita» significa o fim do mundo, que é acompanhado do julgamento final de Deus, que tudo conhece sobre a verdade de cada pessoa e que dará a sua sentença com uma justiça perfeita .
Esse julgamento terá um duplo efeito: a salvação e a libertação de uns e a condenação dos outros, simbolizada pela destruição e pelo fogo.
Quando Jesus anuncia que vem inaugurar uma nova era, a do Reino de Deus já presente e em acção entre nós, aqueles que o ouvem esperam que o julgamento de Deus se manifeste em breve, dando-se assim início a um reinado sem Mal nem desamor.
O próprio João Batista e alguns dos discípulos de Jesus esperavam para breve esse julgamento que destruiria para sempre o Mal e os maus e deixaria em paz os justos.
Em variadas situações da história do mundo, o Mal é causador de sofrimentos terríveis e só uma força prodigiosa o poderá destruir.
Os crentes das várias religiões e crenças nessas ocasiões contam que Deus o todo-poderoso destrua quanto antes esse Mal e os seus causadores.
Os não-crentes contam que surjam forças humanas capazes de causar essa destruição do Mal de forma libertadora.
Mas na parábola, o dono do campo vai colocar essa separação definitiva entre o Bem que permanece e o Mal que é destruído somente no final dos tempos.
Com esta parábola Jesus diz-nos que no coração humano e em todas as formas de sociedades até ao fim do mundo, irão permanecer juntos o Bem e o Mal, a luz e as trevas, a boa semente e o joio.
Deus, por razões que não sabemos, e que Jesus também não nos revelou, quis que esses opostos permanecessem dentro do coração humano e não quis refazer a nossa natureza, de maneira a que nela apenas houvesse boa semente.
E aqui, chegamos ao segundo tema da parábola: a oposição entre a impaciência dos empregados, que nós também temos e a espera paciente do dono do campo, que representa Deus.
Às vezes temos uma grande pressa em julgar e condenar, pôr dum lado os bons (e os mais-ou-menos bons) e do outro os maus que é preciso neutralizar.
Ao contrário, Deus sabe esperar. Ele olha para o «campo» da vida de cada pessoa com paciência e misericórdia: vê muito melhor do que nós a maldade e o Mal, mas também vê as sementes do Bem e espera até ao fim de cada vida, que elas venham a amadurecer.
Deus é paciente, sabe esperar.
O nosso Deus é um Pai paciente que nos espera sempre para nos receber de braços abertos.
A atitude do dono do campo é a da esperança fundada na certeza de que o Mal não é a primeira nem a última palavra.
As duas outras pequenas parábolas apresentam o dinamismo fortíssimo do Reino de Deus graças ao Amor.
As sementes de mostarda que são pequeníssimas (menos de 2 mm) dão uma grande planta que até parece uma árvore e que se pode encher de passarinhos.
E o pouco fermento que aquela dona de casa põe para levedar 60 quilos de farinha (as duas medida de que fala o evangelho) que vão dar de comer a muito mais de que uma família, até cerca de 150 pessoas. É uma festa que tira tanta fome!
É assim o poder do Amor de Deus.
Se acreditamos nesse poder do Amor que já está presente no meio de nós, descobrimos que o poder do Mal só pode ser vencido de modo durável e verdadeiramente eficaz com o poder do Amor.
Procurar combater o Mal com a destruição e a morte, faz-nos entrar na espiral da violência que voltará sempre.
Para Jesus e para aquelas e aqueles que acreditam que Ele não nos engana, nem traz ilusões, é com este Amor super-abundante que podemos, mesmo que seja a muito longo prazo, vencer o Mal em nós e no nosso mundo.
frei Eugénio
Sem comentários:
Enviar um comentário