Em encontro de bispos norte-americanos a aprovação de um novo texto da oração dos fiéis extravasou a tal ponto que se tornou um ponto quente. Um dos bispos era da opinião de que o texto deveria ser acessível: "Por que não pode a liturgia usar palavras que elevem a linguagem da rua ao altar?". Palavras como "inefável", "antiga servidão", frases longas e/ou com várias orações encaixadas, deveriam ser evitadas.(na verdade, tem havido uma tendência no Vaticano para aproximar as orações do original latino). Pior do que isso podem ser os equívocos de um regresso ao rito tridentino da Missa. A questão é que já Bento XVI promulgou em 2007 um documento (desculpem mas só está em latim, ou se preferirem, em húngaro...) que, em atenção às pessoas que estavam tão imbuídas, e tão afectivamente ligadas ao rito anterior à reforma litúrgica saída do Concílio que concedeu que pudessem usar a edição típica (digamos que é como qu eu uma edição matriz) publicado pelo papa João XXIII em 1962 (antes do Concílio e que, segundo o texto citado do actual papa, "nunca foi ab-rogada"). O papa frisava bem que o rito promulgado por Paulo VI era a expressão ordinária enquanto que o anterior era a expressão extraordinária da oração da Igreja (desculpem, mas aí vai outra vez o latim (não é difícil):Missale Romanum a Paulo VI promulgatum ordinaria expressio “Legis orandi” Ecclesiae catholicae ritus latini est. Missale autem Romanum a S. Pio V promulgatum et a B. Ioanne XXIII denuo editum habeatur uti extraordinaria expressio eiusdem “Legis orandi” Ecclesiae).
Mas tal como o discípulo de Heraclito que na ânsia de ser fiel ao seu mestre acabou por contradizê-lo, apareceu um cardeal Castrilón Hoyos a sugerir que deveria ser celebrada missa no rito tridentino em todas as paróquias de Inglaterra e Gales - o que enfim pode ser o princípio de uma divisão tal como a que se vê na Igreja anglicana entre high-church (muito parecida com a liturgia de S. Pedro em Roma, com os clérigos a vestirem impecavelmente a sua sobrepeliz, o incenso etc) e low-church (mais estilo evangélico, com cânticos mais populares e menos solenidade).Bom restam duas advertências: o pior lugar para uma divisão seria a mesa Eucarística; em segundo lugar como dizia o editorial do The Tablet ; "Deus já não está lá longe nos céus ou nas estrelas. Tal como na Eucaristia, Deus encontra-se na oração, no amor aos outros, no serviço aos pobres, no estudo e na reflexão, nos fenómenos psicológicos e científicos, na discussão. Em consequência muitos querem que a celebração litúrgica seja não apenas condigna, mas também acessível - e, já agora, que seja bela."