2010-07-25

a propósito do Evangelho...

"Todos sabemos que a oração de súplica é muitas vezes vista como uma forma secundária de oração, quase como um subproduto, quando comparada com a oração de louvor ou de acção de graças.
Ora, este tríptico diz-nos que, de acordo com Jesus, REZAR é PEDIR, é mesmo só PEDIR.
Aprofundando um pouco, compreendemos então que PEDIR é próprio do filho.
E é como Filho que Jesus REZA, e é no lugar de filhos que Jesus nos quer colocar.
Por isso também nos ensina a REZAR, dizendo: “Pai…” E também já sabemos que o Filho é aquele que recebe tudo do Pai, sendo o Pai aquele que dá tudo ao Filho."

in Mesa de Palavras, de António Couto

2010-07-24

A vida questiona o Evangelho de Domingo 25 de Julho

Lc. 11,1-13.

Sucedeu que Jesus estava algures a orar.
Quando acabou, disse-lhe um dos seus discípulos: «Senhor, ensina-nos a orar, como João também ensinou os seus discípulos.» 

Disse-lhes Ele: «Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; 
dá-nos o nosso pão de cada dia; 
perdoa os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixes cair em tentação.» 

Disse-lhes ainda: «Se algum de vós tiver um amigo e for ter com ele a meio da noite e lhe disser: 'Amigo, empresta-me três pães, 
pois um amigo meu chegou agora de viagem e não tenho nada para lhe oferecer', 
e se ele lhe responder lá de dentro: 'Não me incomodes, a porta está fechada, eu e os meus filhos estamos deitados; não posso levantar-me para tos dar'. 
Eu vos digo: embora não se levante para lhos dar por ser seu amigo, ao menos, levantar-se-á, devido à impertinência dele, e dar-lhe-á tudo quanto precisar.»

«Digo-vos, pois: Pedi e ser-vos-á dado; procurai e achareis; batei e abrir-se-vos-á; 
porque todo aquele que pede, recebe; quem procura, encontra, e ao que bate, abrir-se-á. 

Qual o pai de entre vós que, se o filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? 
Ou, se lhe pedir um ovo, lhe dará um escorpião? 
Pois se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que lho pedem!» 


2010-07-20

Semelhanças entre a Igreja e a dança


Nunca pensou nisso? As semelhanças entre a Igreja e uma dança? Pois é, mas estão lá. É que toda esta questão em torno da igualdade homens e mulheres como argumento para acesso ao ministério sacerdotal por parte das mulheres oblitera alguns elementos fundamentais na fé cristã, nomeadamente o sentido da linguagem corporal. Qual o sentido da linguagem do Novo Testamento ao chamar a Jesus Esposo e à Igreja a noiva? Porque não trocar? Ou por que há-de Jesus ser Filho e não Filha? Ora tudo isto põe em questão princípios de muita ideologia contemporânea que separa separa a essencia de determinadas coisas (e.g. a paternidade e a maternidade) da sua expressão corporal. Como diz com muito humor C. S. Lewis, em texto sobre a ordenação de mulheres, um homem pode ser mau marido mas a solução não passa por trocar de papel; ou pode ser mau parceiro para dança mas a solução melhor será mandá-lo frequentar um curso de danças de salão.

P.S. Na imagem o par Javier Rodriguez e Geraldine Rojas dançam o tango no filme de Stéphane Brizé, Je ne suis pas là pour être aimé.

2010-07-19

Eu levanto-me!


Vale a pena ler este texto lúcido de Teresa Toldy sobre as recentes alterações efectuadas pela Congregação da Doutrina da Fé em matéria de delitos graves e que equipara (ou não totalmente) a ordenação de mulheres e a pedofilia (o que no mínimo revela grave insensibilidade em relação a ambos os temas).


Aqui fica o texto que nos chegou por mão amiga:


«A Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé emitiu um documento com “Normas substantivas” para julgar “delitos contra a fé, assim comodelitos graves cometidos contra a moral e na celebração dos sacramentos” (Parag. 1).

Entre estes delitos graves encontram-se os de“tentativa de ordenação de uma mulher” (Artº 5) e aqueles quesão “cometidos contra o sexto mandamento do decálogo, cometidos por umclérigo com um menor de dezoito anos” (Artº 6).

O documento é extenso, incluindo outros delitos, sobretudo relacionados com os sacramentos, bem como pormenores relativamente à instrução dos processos que exigiriam uma análise detalhada por parte de um canonista. Limitar-me-ei a comentar alguns aspectos dos dois artigos referidos: o 5º e o 6º.

Quanto ao artigo 6º, note-se que o documento refere actos cometidos contra o sexto mandamento, que manda “guardar castidade nosactos e nas palavras”. Significa isto que os actos de abuso de menoressão aqui referidos eufemísticamente como “atentados contra a castidade”.

Atente-se na linguagem “sacra” e mistificadora utilizada paradescrever os crimes em causa. Não é utilizado o termo “pedofilia”, nem é referido que a instrução de um processo dentro da Igreja não dispensa a instrução de um processo criminal, nos tribunais própriosdos Estados de direito.

Pergunto-me como se sentirão as vítimas, pois nem me atrevo a daropinião sobre isso, por respeito pelo seu sofrimento.

Poder-se-á perguntar também, quando o acto em causa é designado comosendo atentatório ao 6º mandamento, à castidade de quem se refere? À do clérigo ou à da vítima?

Quanto à punição prevista: diz o parágrafo 2º do mesmo documento que “um clérigo que cometa os delitos mencionados” será “punido de acordo com a gravidade do seu crime, não estando excluídas a demissão ou adeposição”. Portanto, depreende-se que há graus de gravidade nos actosde pedofilia, melhor, de atentado à castidade. Quais serão esses graus?

Quanto ao artigo 5º., diz-se que o clérigo que tente ordenar uma mulher “pode ser castigado com a demissão ou a deposição”. Por seu lado, a mulher que tente receber a ordem sagrada, “incorre emexcomunhão latae sententiae reservada à Sé Apostólica” (artº 5, 1º).

A associação da ordenação de mulheres a uma lista de erros graves que inclui a pedofilia é, no mínimo, insultuosa. Tanto mais insultuosa quanto relevadora, explicitamente, de que a Igreja Católica, na sua hierarquia, é provavelmente a única instituição à escala global que continua a discriminar as mulheres com base na sua própria identidade, associando-se, assim, a lógicas de pensamento xenófobas e racistas, deacordo com as quais pessoas com determinadas características físicas, constitutivas da sua identidade profunda, estão impedidas de acesso a determinados cargos por causa de possuírem essas mesmas características.

Esta associação é tanto mais grave quanto a pena para um padre ou bispo que tente ordenar uma mulher é enunciada com menos rodeios do que a pena para um clérigo que cometa abuso de menores: no caso deste último, não está excluída a demissão, mas, de acordo com a gravidadedo seu crime…

Chegados a este ponto, no início do século XXI, para que possa continuar a ser legítimo afirmar que nem toda a gente na Igreja pensa assim, que nem todos os clérigos pensam assim, que não se pode tomar a hierarquia pelo todo, será necessário que a hierarquia prove isto mesmo e que se levantem aqueles, no seu seio, que, por amor à Igreja, estejam convencidos da necessidade de não continuar a ferir o Povo de Deus

TERESA TOLDY

2010-07-17

A hora é de humilhação - Enzo Bianchi

Para os cristãos a hora é de humilhação
Enzo Bianchi (
escritor, ensaísta e colunista nos melhores jornais italianos, é monge e começou a sua vida monástica em 1965 em Bose, um povoado nos arredores de Turim, onde fundou a Comunidade Monástica de Bose.)

Para os católicos e para a sua Igreja esta é uma hora marcada pela exaustão e pelo sofrimento. Se nos anos do pós-concílio parecia que entre a Igreja e o mundo não cristão - na sua pluralidade de expressões religiosas, filosóficas, ideológicas e éticas - se havia, enfim, encetado o diálogo e fosse possível uma escuta recíproca no respeito e na aceitação, agora, pelo contrário, somos forçados a constatar a oposição e, não raro, a surdez e, por vezes, a inimizade.

(...) Convém além disso reagir a este «incêndio» renunciando a posições de fechamento em uma fortaleza que censura e responde com ataques à angústia e ao medo que impendem sobre si. As hostilidades que vêm do exterior são apenas uma oportunidade para que os cristãos se tornem mais obedientes ao Evangelho, oportunidades para levarem à prática, a um preço mais alto, o ensinamento de Jesus.

(...)Enfim, é necessário reconhecer que talvez devamos procurar novos modos de ser Igreja e de fazer Igreja: menos conflituosos no interior, mais sinodais no discernir os caminhos percorridos e os caminhos a tomar, mais sábios e dotados de bom senso humano e evangélico no dirimir as questões e os problemas.


Ler aqui texto completo.

A vida questiona o Evangelho de 18 de Julho

Lc 10,38-42.
Continuando o seu caminho, Jesus entrou numa aldeia. E uma mulher, de nome Marta, recebeu-o em sua casa. Tinha ela uma irmã, chamada Maria, a qual, sentada aos pés do Senhor, escutava a sua palavra. Marta, porém, andava atarefada com muitos serviços; e, aproximando-se, disse: «Senhor, não te preocupa que a minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe, pois, que me venha ajudar.»
O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e perturbada com muitas coisas; mas uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada.»

2010-07-10

A vida questiona o Evangelho de 11 de Julho

http://www.champagnat.org/21_pt/06001.asp?id=19
Lc. 10,25-37
Levantou-se, então, um doutor da Lei e perguntou-lhe, para o experimentar: «Mestre, que hei-de fazer para possuir a vida eterna?»
Disse-lhe Jesus: «Que está escrito na Lei? Como lês?»
O outro respondeu: «Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo.»
Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem; faz isso e viverás.»
Mas ele, querendo justificar a pergunta feita, disse a Jesus: «E quem é o meu próximo?»
Tomando a palavra, Jesus respondeu: «Certo homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancadas, o abandonaram, deixando o meio morto. Por coincidência, descia por aquele caminho um sacerdote que, ao vê-lo, passou ao largo. Do mesmo modo, também um levita passou por aquele lugar e, ao vê-lo, passou adiante.
Mas um samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé dele e, vendo-o, encheu-se de compaixão. Aproximou-se, ligou-lhe as feridas, deitando nelas azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
No dia seguinte, tirando dois denários, deu-os ao estalajadeiro, dizendo: 'Trata bem dele e, o que gastares a mais, pagar-to-ei quando voltar.'
Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?»
Respondeu: «O que usou de misericórdia para com ele.» Jesus retorquiu: «Vai e faz tu também o mesmo.»

2010-07-09

Campo da FAVA

Num grupo de gente de várias idades procuramos viver durante 10 dias o dia a dia com F(é) + A(legria) + V(erdade) + A(mizade).

Nestes "campos de fé e descoberta" descobrir é o nosso objectivo.

Descobrir coisas novas, amizades novas, interesses novos e também descobrir a fé em plena vida.

Este ano, vamos ser um grupo de rapazes e raparigas dos 12 aos 16 anos. A acompanhá-los estarão "animadores" , entusiásticos adeptos destes "campos".

Os "Campos de Fé e Descoberta" da F.A.V.A. têm um estilo, um ritmo e um ambiente muito próprios.


apresentação CAMPOS DA F.A.V.A

2010-07-08

Aposta na Educação: a dura realidade

Um estudo divulgado no Público é muito importante no que revela a propósito dos resultados escolares dos alunos portugueses.

Já se sabia que Portugal tem a segunda taxa mais elevada de abandono escolar precoce da União Europeia. Agora, segundo o estudo efectuado pelo Ministério da Educação luxemburguês, constata-se que nesse pequeno país um em cada quatro alunos que abandona a escola secundária é português. Assim, entre os estudantes estrangeiros os portugueses são os que apresentam a maior taxa de abandono escolar.

Acresce que dados recentes mostram que nos EUA, Canadá, Grã-Bretanha e Suíça, os filhos dos emigrantes portugueses estão também entre os que obtêm resultados escolares mais baixos entre as comunidades estrangeiras.

Segundo esta notícia estes factos devem-se em grande parte ao facto de muitas famílias continuarem a não valorizar o papel da educação. A grande preocupação é começar a trabalhar o mais rapidamente possível.
No que respeita ao ensino do português verifica-se que em França, apenas 30 mil pessoas estão a aprender português, enquanto os estudantes de italiano são quase 300 mil e os de espanhol 3 milhões.


Existe na sociedade portuguesa uma tendência generalizada para desvalorizar o estudo, o esforço intelectual e a responsabilidade das famílias na educação dos filhos?

É mais que actual a recente obra de Eduardo Marçal Grilo "Se não estudas estás tramado", editada pela Tinta da China.

2010-07-03

A Vida questiona o Evangelho de Domingo, 4 de Julho

Lc. 10,1-12.17-20.
Depois disto, o Senhor designou outros setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois, à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.
Disse-lhes: «A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Rogai, portanto, ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe. Ide! Envio-vos como cordeiros para o meio de lobos. Não leveis bolsa, nem alforge, nem sandálias; e não vos detenhais a saudar ninguém pelo caminho. Em qualquer casa em que entrardes, dizei primeiro: 'A paz esteja nesta casa!' E, se lá houver um homem de paz, sobre ele repousará a vossa paz; se não, voltará para vós. Ficai nessa casa, comendo e bebendo do que lá houver, pois o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa. Em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos for servido, curai os doentes que nela houver e dizei-lhes: 'O Reino de Deus já está próximo de vós.' Mas, em qualquer cidade em que entrardes e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: Até o pó da vossa cidade, que se pegou aos nossos pés, sacudimos, para vo-lo deixar. No entanto, ficai sabendo que o Reino de Deus já chegou.'»
«Digo-vos: Naquele dia haverá menos rigor para Sodoma do que para aquela cidade. Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios se sujeitaram a nós, em teu nome!»
Disse-lhes Ele: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago. Olhai que vos dou poder para pisar aos pés serpentes e escorpiões e domínio sobre todo o poderio do inimigo; nada vos poderá causar dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritos no Céu.»

2010-06-28

Cela 466/64


A Africa do Sul não é só futebol...

Vale sempre a pena ler as reportagens da África do Sul, de Alexandra Lucas Coelho.

Como esta, da visita à cela 466/64.
"Uma das primeiras coisas que Mandela fez na prisão foi um calendário. De resto, as 200 páginas que Robben Island ocupa na sua autobiografia são um manual de sobrevivência física e moral. Acreditar na saída: a prisão não é para sempre. Pensar em grupo: os fortes levantam os fracos e todos se fortalecem. Estudar o inimigo: impedi-lo de nos quebrar. A prisão política visa "roubar a dignidade", e por isso o mais difícil é o castigo na solitária, em que temos de manter a razão e ser fiéis a princípios, sem ninguém como testemunha."

2010-06-27

Sugestões de Domingo

Para LER:
- Morreu José María Díez-Alegría, teólogo e ''jesuíta sem documentos''.

- Católico e questões fracturantes

Para VER:
O Chapitô está prestes a completar 30 anos de existência. Aquilo que começou como um projecto solidário entre amigos é hoje uma instituição de referência na educação e reintegração social pela arte e na criação.
Hoje, na RTP2, às 22h.

2010-06-26

A Vida questiona o Evangelho de Domingo, 27 de Junho

Lc. 9,51-62.
Como estavam a chegar os dias de ser levado deste mundo, Jesus dirigiu-se resolutamente para Jerusalém e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram numa povoação de samaritanos, a fim de lhe prepararem hospedagem. Mas não o receberam, porque ia a caminho de Jerusalém. Vendo isto, os discípulos Tiago e João disseram: «Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma?»
Mas Ele, voltando-se, repreendeu-os. E foram para outra povoação.
Enquanto iam a caminho, disse-lhe alguém: «Hei-de seguir-te para onde quer que fores.» Jesus respondeu-lhe: «As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde reclinar a cabeça.»
E disse a outro: «Segue-me.» Mas ele respondeu: «Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar o meu pai.» Jesus disse-lhe: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos. Quanto a ti, vai anunciar o Reino de Deus.»
Disse-lhe ainda outro: «Eu vou seguir-te, Senhor, mas primeiro permite que me despeça da minha família.» Jesus respondeu-lhe: «Quem olha para trás, depois de deitar a mão ao arado, não está apto para o Reino de Deus.»

2010-06-20

Saramago e Jesus

E ele acaba por afirmar uma coisa que, a mim, que sou crente e teólogo, me interessa muito: para ele, Saramago, não era relevante a forma como Jesus ilumina a questão de Deus, porque para ele essa questão não se põe.
Mas é muito importante a forma como a figura de Jesus ilumina a questão do homem, este enigma que nós somos. Ele achava que Jesus iluminava muito esse enigma. Isso faz com que aquilo que possamos pensar sobre Saramago e as diatribes dele, as polémicas com a Bíblia, com a herança cristã e com a Igreja mais institucional hão-de ser agora relidos com outros olhos e com aquela distância que só o tempo dá, permitindo ver como nele há uma procura espiritual que certamente o livro “Caim” não encerra, mas que pode agora ser olhada e aberta a novas interpretações.
José tolentino de Mendonça, 19.06.2010

A propósito do Evangelho deste Domingo...

Para todos, todos os dias - António Couto
"...duas coisas únicas deste Evangelho, duas pérolas, portanto: «Dizia Ele a todos: “Se alguém quer vir atrás de mim, diga não a si mesmo, e tome a sua cruz todos os dias, e siga-me» (9,23). A primeira pérola está em que Jesus diz para todos. O dizer de Jesus, o seu ensino novo, não é para elites, para alguns iluminados. É para todos. Entenda-se que a escola de Jesus está aberta a todos, ricos e pobres, maus e bons, especialistas e ignorantes. Já se sabe que o ignorante é aquele que não sabe; de resto, também o especialista não sabe, mas não sabe com grande autoridade e competência! Ainda bem, portanto, que Jesus diz para todos. A segunda pérola é que a vida cristã, seguir Jesus, é coisa quotidiana, de todos os dias. Não é só para alguns dias de festa. Não pode ter pausas."


"Dizer não a si mesmo é pensar ao contrário do que estamos habituados. Pensamos sempre primeiro em nós, em salvar-nos a nós mesmos. Para nos salvarmos a nós mesmos, temos de nos anteciparmos aos outros, sermos mais espertos que os outros, passar à frente dos outros. Exactamente o contrário de Jesus, que não quis salvar-se a si mesmo. Quis salvar-nos a nós, pôr-se ao nosso serviço, fazer-se fonte de água viva para nós. «Salva-te a ti mesmo, e desce da Cruz!» (Lucas 23,35-39). Se se tivesse salvo a si mesmo, não nos salvava a nós! Lógica nova do «quem perde, ganha», jogo novo do cristianismo."

Ver aqui texto completo.

2010-06-18

A Vida questiona o Evangelho de Domingo, 20 de Junho


Lc. 9,18-24.
Um dia, quando orava em particular, estando com Ele apenas os discípulos, perguntou-lhes: «Quem dizem as multidões que Eu sou?»
Responderam-lhe: «João Baptista; outros, Elias; outros, um dos antigos profetas ressuscitado.»
Disse-lhes Ele: «E vós, quem dizeis que Eu sou?»
Pedro tomou a palavra e respondeu: «O Messias de Deus.»
Ele proibiu-lhes formalmente de o dizerem fosse a quem fosse; e acrescentou: «O Filho do Homem tem de sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e pelos doutores da Lei, tem de ser morto e, ao terceiro dia, ressuscitar.»
Depois, dirigindo-se a todos, disse: «Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-me. Pois, quem quiser salvar a sua vida há-de perdê la; mas, quem perder a sua vida por minha causa há-de salvá-la.

2010-06-12

A Vida questiona o Evangelho de Domingo, 13 de Junho - Santo António de Lisboa

Lc. 7,36-50.8,1-3.
Um fariseu convidou-o para comer consigo. Entrou em casa do fariseu, e pôs-se à mesa.
Ora certa mulher, conhecida naquela cidade como pecadora, ao saber que Ele estava à mesa em casa do fariseu, trouxe um frasco de alabastro com perfume.
Colocando-se por detrás dele e chorando, começou a banhar-lhe os pés com lágrimas; enxugava-os com os cabelos e beijava-os, ungindo-os com perfume.
Vendo isto, o fariseu que o convidara disse para consigo: «Se este homem fosse profeta, saberia quem é e de que espécie é a mulher que lhe está a tocar, porque é uma pecadora!»
Então, Jesus disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa para te dizer.» «Fala, Mestre» respondeu ele.
«Um prestamista tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários e o outro cinquenta. Não tendo eles com que pagar, perdoou aos dois. Qual deles o amará mais?»
Simão respondeu: «Aquele a quem perdoou mais, creio eu.» Jesus disse-lhe: «Julgaste bem.»
E, voltando-se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não me deste água para os pés; ela, porém, banhou-me os pés com as suas lágrimas e enxugou-os com os seus cabelos. Não me deste um ósculo; mas ela, desde que entrou, não deixou de beijar-me os pés. Não me ungiste a cabeça com óleo, e ela ungiu-me os pés com perfume. Por isso, digo-te que lhe são perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas àquele a quem pouco se perdoa pouco ama
Depois, disse à mulher: «Os teus pecados estão perdoados.»
Começaram, então, os convivas a dizer entre si: «Quem é este que até perdoa os pecados?»
E Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou. Vai em paz.»
Em seguida, Jesus ia de cidade em cidade, de aldeia em aldeia, proclamando e anunciando a Boa-Nova do Reino de Deus. Acompanhavam-no os Doze e algumas mulheres, que tinham sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios; Joana, mulher de Cuza, administrador de Herodes; Susana e muitas outras, que os serviam com os seus bens.

2010-06-10

Imaginemos Jesus Cristo como chefe de Estado...


"Chegou a hora de repensar o Vaticano.
Que pensar do facto de o Papa ser chefe de Estado?
Imaginemos Jesus Cristo como chefe de Estado. Impossível, ele recusou isso! No último século, a única maneira de dar independência ao papado foi instituí-lo em torno do conceito de Estado. Mas hoje a ONU é reconhecida em todo o mundo e não é um estado.
Imaginemos que o papa não era um chefe de Estado: como seria livre de se movimentar e de ir ao encontro daqueles que gostasse de conhecer! Ou recusar, por exemplo, no caso de ditadores sanguinários. O Vaticano deveria abandonar este conceito de Estado (...).
Urge repensar toda a estrutura, a relação entre centro e periferia
."


Entrevista de Alex Zanotelli, missionário comboniano ao jornal Affari Italiani, que pode ser lida no Religionline.

2010-06-08

Frei Eugénio na Antena1

Ontem, dia 7 de Junho, a Antena 1 emitiu uma entrevista com o Frei Eugénio que pode ser ouvida aqui.
Ajuda-nos a conhecer o trabalho que desenvolve com a comunidade portuguesa em Bruxelas e dos desafios que a inculturação junto das novas gerações suscita.
Vale a pena ouvir.

2010-06-05

A Vida questiona o Evangelho de Domingo, 6 de Maio

Naim, hoje, com Nazaré ao fundo.
Lc. 7,11-17.
Em seguida, dirigiu-se a uma cidade chamada Naim, indo com Ele os seus discípulos e uma grande multidão. Quando estavam perto da porta da cidade, viram que levavam um defunto a sepultar, filho único de sua mãe, que era viúva; e, a acompanhá-la, vinha muita gente da cidade.
Vendo-a, o Senhor compadeceu-se dela e disse-lhe: «Não chores.»
Aproximando-se, tocou no caixão, e os que o transportavam pararam. Disse então: «Jovem, Eu te ordeno: Levanta-te!»
O morto sentou-se e começou a falar. E Jesus entregou-o à sua mãe.
O temor apoderou-se de todos, e davam glória a Deus, dizendo: «Surgiu entre nós um grande profeta e Deus visitou o seu povo!»
E a fama deste milagre espalhou-se pela Judeia e por toda a região.

2010-06-01

Bento XVI em Portugal

Ainda a propósito da visita de Bento XVI a Portugal, gostei de ler este texto de Anselmo Borges, que termina assim:

"Deixou uma imensa mensagem de esperança, tão urgente neste tempo dramático de crise. E apelou à solidariedade e à justiça, a favor dos mais pobres.
Por isso, aqui, é legítimo perguntar se não se impunha mais simplicidade nesta visita. De facto, é um líder espiritual mundial que é ao mesmo tempo Chefe de Estado.
Dizia-me uma vez em Bruxelas um colega da Universidade de Lovaina: como foi possível a Igreja de Cristo ter chegado aqui? É uma herança histórica, difícil de afastar. Mas não se exigirá menos ostentação?

As celebrações foram belas. Mas é necessário estar atento para que todos possam ouvir. Sobretudo, há ali uma distância, que, vistas as coisas de fora, faz com que a vivência que pode ficar é a de duas Igrejas: no altar, a Igreja imperial, e cá para baixo o povo, que ouve e obedece. Não se tem a experiência viva de uma Igreja-comunhão e autêntico Povo de Deus.
Por outro lado, lá, no altar, só há homens celibatários."

2010-05-29

A Vida questiona o Evangelho de Domingo 30 de Maio - SS Trindade

Andrei Rublev, c. 1411
Jo. 16,12-15.
Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender por agora. Quando Ele vier, o Espírito da Verdade, há-de guiar-vos para a Verdade completa. Ele não falará por si próprio, mas há-de dar-vos a conhecer quanto ouvir e anunciar-vos o que há-de vir. Ele há-de manifestar a minha glória, porque receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer. Tudo o que o Pai tem é meu; por isso é que Eu disse: 'Receberá do que é meu e vo-lo dará a conhecer'.

2010-05-27

Viktor Frankl

Conference in Toronto with students for search for meaning.
(óptima sugestão do Armando)
Aqui fica também a biografia deste médico psiquiatra austríaco, falecido em 1997, que se opôs ao regime nazi e foi deportado para o campo de concentração de Bergen-Belsen.


2010-05-22

A Vida questiona o Evangelho de Domingo de Pentecostes, 23 de Maio

S. João 20,19-23.
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!» Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor.
E Ele voltou a dizer-lhes: «A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.»
Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»

2010-05-20

Câmara Clara

Mais um excelente programa "Câmara Clara" de Paula Moura Pinheiro. Com os convidados FERNANDO ANTÓNIO BAPTISTA PEREIRA e PAULO PIRES DO VALE.
É imprescindível ver. Arte e Igreja.

2010-05-18

Parabéns à Tribo

O blog Tribo de Jacob fez ontem um ano.
É um blog que me habituei a ver quase diariamente, fazendo um verdadeiro serviço público de divulgação de muita informação com interesse.

Parabéns!

2010-05-17

Lula da Silva

Vale a pena ver esta discurso de Lula da Silva, Presidente do Brasil, proferido na abertura do Diálogo Brasil-África sobre Segurança Alimentar, Combate à Fome e Desenvolvimento Rural, este mês em Brasília.
Ver e reflectir.
Para Lula, a segurança alimentar e o combate à fome são prioridades. No discurso de posse em 2003, afirmou que, “se ao final de meu mandato todos os brasileiros tiveram a possibilidade de tomar café-da-manhã, almoçar e jantar terei cumprido minha missão”.


2010-05-15

A vida questiona o Evengelho de 16 de Maio

Jo. 16,23-28.
Nesse dia, já não me perguntareis nada. Em verdade, em verdade vos digo: se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele vo-la dará. Até agora não pedistes nada em meu nome; pedi e recebereis. Assim, a vossa alegria será completa.»
«Até aqui falei-vos por meio de comparações. Está a chegar a hora em que já não vos falarei por comparações, mas claramente vos darei a conhecer o que se refere ao Pai.
Nesse dia, apresentareis em meu nome os vossos pedidos ao Pai, e não vos digo que rogarei por vós ao Pai, pois é o próprio Pai que vos ama, porque vós já me tendes amor e já credes que Eu saí de Deus. Saí do Pai e vim ao mundo; agora deixo o mundo e vou para o Pai.»

2010-05-14

Bento XVI na Invicta

Aqui fica o texto da homilia de Bento XVI, hoje, na Avenida dos Aliados.
No local a homilia ouviu-se muito mal.
Mas agora podemos ler o texto com calma.
Não deixa de haver aqui um paradoxo: no discurso há uma manifesta abertura; na liturgia os sinais são em sentido contrário (desde as vestes, ao latim, aos cânticos, à cruz e castiçais em cima do altar, ...).
Da homilia destaco estes excertos:

"Meus irmãos e irmãs, é necessário que vos torneis comigo testemunhas da ressurreição de Jesus. Na realidade, se não fordes vós as suas testemunhas no próprio ambiente, quem o será em vosso lugar?"

"Nada impomos, mas sempre propomos, como Pedro nos recomenda numa das suas cartas: «Venerai Cristo Senhor em vossos corações, prontos sempre a responder a quem quer que seja sobre a razão da esperança que há em vós» (1 Ped 3, 15). E todos afinal no-la pedem, mesmo quem pareça que não. Por experiência própria e comum, bem sabemos que é por Jesus que todos esperam."

"Nestes últimos anos, alterou-se o quadro antropológico, cultural, social e religioso da humanidade; hoje a Igreja é chamada a enfrentar desafios novos e está pronta a dialogar com culturas e religiões diversas, procurando construir juntamente com cada pessoa de boa vontade a pacífica convivência dos povos. "

"Sim! Somos chamados a servir a humanidade do nosso tempo, confiando
unicamente em Jesus, deixando-nos iluminar pela sua Palavra: «Não fostes vós que Me escolhestes; fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça» (Jo 15, 16). Quanto tempo perdido, quanto trabalho adiado, por inadvertência deste ponto!"