2007-05-04

VIVA O EVANGELHO de Domingo, 6 de Maio

Jo. 13,31-33.34-35.
Depois de Judas ter saído, Jesus disse:
«Agora é que se revela a glória do Filho do Homem e assim se revela nele a glória de Deus. E, se Deus revela nele a sua glória, também o próprio Deus revelará a glória do Filho do Homem, e há-de revelá-la muito em breve.»
«Filhinhos, já pouco tempo vou estar convosco. Haveis de me procurar, e, assim como Eu disse aos judeus: 'Para onde Eu for vós não podereis ir', também agora o digo a vós.
Dou-vos um novo mandamento: amai-vos uns aos outros; amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amei.
Por isto é que todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros

2007-04-30

Ressurreição / Inssurreição

«Se Cristo está em Deus, está com todos aqueles com quem Deus está, seja onde for. Cristo é nosso contemporâneo. Sempre me aborreceu a ideia de ir a Jerusalém por causa dos lugares santos. Onde houver gente necessitada, gente que precise de presença, de cuidados, há um lugar maldito que é preciso santificar.
No simbólico tribunal da História (Mt 25), ninguém é julgado por não ter visitado a chamada Terra Santa. Mas encontra-se ou desencontra-se com os lugares santos se socorre ou não os doentes, os presos, os nus, os famintos, os abandonados.
A “Terra Santa” da Igreja devem ser os bairros mais abandonados das grandes cidades e, sobretudo, o vasto mundo dos pobres, dos quase mil milhões que vegetam com menos de 73 cêntimos por dia.
A Igreja só testemunha a ressurreição quando participa na insurreição contra tudo aquilo que estraga a vida das pessoas. É essa vontade que a leva a acreditar que aquilo que já ninguém pode fazer, Deus o faz na insurreição contra a morte.»
Bento Domingues, Público, 29.04.2007

2007-04-29

Catarina de Sena

Catarina de Sena (1347 - 1380)

«Aquele que quer ir ao Pai, que é a vida eterna, deve seguir neste mundo o Verbo, que é o caminho (...) e aquele que segue esta via não mergulha em águas turvas, mas num oceano límpido e imenso.»


«A alma que mergulha em Deus, é como aquele que mergulha no mar e nada debaixo de água: só vê e encontra água do mar e o que esta contém. Além desta água, nada vê, nada toca, nada apalpa. Os objectos exteriores só os vê quando se refletem na água, mas só na água e na medida em que nela estão e não de outro modo.»


Oração a Jesus Crucificado:

«Jesus, Tu tens a cabeça inclinada para nos saudar;
uma coroa na fronte para nos embelezar;
os braços abertos para nos abraçar;
os pés cravados para connosco ficar

2007-04-27

VIVA O EVANGELHO de Domingo, 29 de Abril

Jo. 10,27-30.
«As minhas ovelhas escutam a minha voz: Eu conheço-as e elas seguem-me. Dou-lhes a vida eterna, e nem elas hão-de perecer jamais, nem ninguém as arrancará da minha mão. O que o meu Pai me deu vale mais que tudo e ninguém o pode arrancar da mão do Pai. Eu e o Pai somos Um.»

2007-04-25

Intolerância

Três pessoas foram assassinadas numa editora de Biblias, em Malatya, na Turquia, no dia 18 de Abril de 2007, num ataque de cariz religioso que voltou a acender a discussão sobre o regime turco.

Vale a pena ler esta notícia para que o Acutilante nos chama a atenção e de que se reproduz esta passagem:

«Nevertheless, there is no longer any doubt that Turkey has run into serious difficulties as far as the development of its civil society is concerned. The murder of the Turkish Protestants exposes a deep-seated problem: Turkey is at a standstill - or even regressing - when it comes to key issues like tolerance and pluralism. "In Germany, Turks residing there have opened up more than 3,000 mosques. If in our country we cannot abide even by a few churches, or a handful of missionaries, where is our civilization?" wrote Ertugrul Özkök, editor-in-chief of leading secular Turkish daily Hürriyet, in a hard-hitting editorial on the murders. "Where is our humanity, our freedom of belief, our beautiful religion?" he asks.»

2007-04-22

Desafios

«Seja como for, num balanço provisório, toma-se cada vez mais consciência de que, com este Papa ou outro, a grande questão para a Igreja Católica enquanto instituição global vai ser a sua capacidade ou não de, conservando a unidade no essencial, exprimir-se nos diferentes domínios - teológico, litúrgico, jurídico-organizacional e até moral - de modo plural, no respeito pelas diferentes culturas em que está inserida. Mais tarde ou mais cedo, vai ser necessário um novo Concílio, precisamente com a missão de descentralizar.»
Anselmo Borges, no DN de ontem.

2007-04-21

VIVA O EVANGELHO de Domingo, 22 de Abril

Jo. 21,1-19.
Naquele tempo, Jesus apareceu outra vez aos discípulos, junto ao lago de Tiberíades, e manifestou-se deste modo: estavam juntos Simão Pedro, Tomé, a quem chamavam o Gémeo, Natanael, de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos. Disse-lhes Simão Pedro: «Vou pescar.» Eles responderam-lhe: «Nós também vamos contigo.» Saíram e subiram para o barco, mas naquela noite não apanharam nada. Ao romper do dia, Jesus apresentou-se na margem, mas os discípulos não sabiam que era Ele. Jesus disse-lhes, então: «Rapazes, tendes alguma coisa para comer?» Eles responderam-lhe: «Não.» Disse-lhes Ele: «Lançai a rede para o lado direito do barco e haveis de encontrar.» Lançaram-na e, devido à grande quantidade de peixes, já não tinham forças para a arrastar. Então, o discípulo que Jesus amava disse a Pedro: «É o Senhor!» Simão Pedro, ao ouvir que era o Senhor, apertou a capa, porque estava sem mais roupa, e lançou-se à água. Os outros discípulos vieram no barco, puxando a rede com os peixes; com efeito, não estavam longe da terra, mas apenas a uns noventa metros. Ao saltarem para terra, viram umas brasas preparadas com peixe em cima e pão. Jesus disse-lhes: «Trazei dos peixes que apanhastes agora.» Simão Pedro subiu à barca e puxou a rede para terra, cheia de peixes grandes: cento e cinquenta e três. E, apesar de serem tantos, a rede não se rompeu. Disse-lhes Jesus: «Vinde almoçar.» E nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar-lhe: «Quem és Tu?», porque bem sabiam que era o Senhor. Jesus aproximou-se, tomou o pão e deu-lho, fazendo o mesmo com o peixe. Esta já foi a terceira vez que Jesus apareceu aos seus discípulos, depois de ter ressuscitado dos mortos.

2007-04-16

Ainda a entrevista a João Manuel Resina Rodrigues

«Cristo veio a este mundo entender-se connosco, veio experimentar isto... (...) Veio ter connosco, veio dignificar a condição humana, veio experimentar o que nos tinha dado, veio ser fiel e dar exemplo de fidelidade até ao fim: amou-os até ao fim, não voltou atrás. Tanto que, na véspera, pediu ao Pai que, se fosse possível, lhe [retirasse] esse cálice. Se tivesse sido combinado, seria estupidez estar a pedi-lo. Cristo tomou isto a sério, não brincou.
É um grande desafio o texto do evangelho, [quando Jesus está] na cruz: "Pai, porque me abandonaste?"
Cristo aceitou experimentar o que é isso de andarmos aos papéis, em certas alturas

«A essência da verdade é a liberdade. Este tema concorda com a ideia da verdade [que] libertará. Quando Jesus disse isso, os judeus não perceberam e a Igreja também nunca entendeu. A Igreja, o que quis sempre, foi ter um bando de meninos bem comportados. O ideal da Igreja, como o do marxismo soviético, era ter um jardim-de-infância, tudo muito feliz, muito bem comportado, todos de bibe, ninguém fazia disparates. A Igreja não é isso, o evangelho não é isso.
Jesus veio a este mundo, viveu, enfrentou, não teve medo de tomar posições contra a ortodoxia, dizer mal da lei e do templo. Não se podia tocar num leproso e ele toca num leproso...»

«Jesus quis que os discípulos andassem unidos, que rezassem juntos e celebrassem juntos a eucaristia. Não tenho interesse nenhum em acabar com a Igreja. Por outro lado, patetas somos todos e temos feito broncas ao longo dos tempos e muitas vezes ensinamos e vivemos coisas que são frontalmente contrárias ao evangelho - por exemplo, a Inquisição. Qual é a minha solução? Ter paciência. Escrevi uma vez que, se isto fosse uma fábrica e eu engenheiro, eu saía. Mas eu não considero isto uma fábrica da qual sou engenheiro.»

2007-04-13

VIVA o EVANGELHO de Domingo, 15 de Abril

Jo. 20,19-31.
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, com medo das autoridades judaicas, veio Jesus, pôs-se no meio deles e disse-lhes:
«A paz esteja convosco!»
Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o peito. Os discípulos encheram-se de alegria por verem o Senhor. E Ele voltou a dizer-lhes:
«A paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós.»
Em seguida, soprou sobre eles e disse-lhes:
«Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ficarão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ficarão retidos.»[...]
Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Estando as portas fechadas, Jesus veio, pôs-se no meio deles e disse:
«A paz seja convosco!»
Depois, disse a Tomé: [...]
«Porque me viste, acreditaste. Felizes os que crêem sem terem visto». Muitos outros sinais miraculosos realizou ainda Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para acreditardes que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, e, acreditando, terdes a vida nele.

2007-04-12

O Rei Canuto à beira-mar

Há muito tempo, a Inglaterra era governada por um rei chamado Canuto.
Como costuma acontecer com muitos líderes e homens de poder, Canuto estava sempre cercado de pessoas a enaltecê-lo. Bastava entrar num aposento qualquer e já começavam os elogios.
— Vossa Excelência é o homem mais glorioso que já surgiu na face da terra — dizia um.
— Jamais haverá alguém tão poderoso quanto Vossa Majestade — reforçava outro.
— Nada há que Vossa Alteza não seja capaz de fazer — comentava entre sorrisos um terceiro.
— Grande Canuto, monarca de todos! Nada neste mundo ousa desobedecer a vossas ordens — alguém mais dizia em seu louvor.
O rei era uma pessoa bastante sensata e estava a ficar cansado de todas essas tolices.
Um dia, caminhava pela beira-mar, e os seus reais dignitários e fidalgos acompanhavam-no, tecendo-lhe elogios como de costume. Canuto decidiu ensinar-lhes uma lição.
— Pois então, dizeis que sou o maior do mundo? — perguntou a todos os presentes.
— Ó rei — responderam — nunca houve alguém tão poderoso, nem jamais existirá quem tenha tanto valor!
— E dizeis também que tudo me obedece?
— Perfeitamente! O mundo curva-se diante de vós e honra-‑vos.
— Entendo — disse o rei. — Então, trazei minha liteira, e vamos para a água.
— Imediatamente, Alteza! — E desceram todos, carregando o assento real pelas areias da praia.
— Vamos mais para perto — ordenou Canuto. — Colocai a liteira aqui mesmo, na beira da água. O rei então sentou-se e ficou a espreitar o oceano à sua frente. — Vejo que a maré está subir. Deter-se-á, se eu assim ordenar?
Os conselheiros ficaram perplexos, mas não ousaram dizer que não. — Ordenai, ó Grande Rei, e o oceano obedecer-vos-á — garantiu-lhe um deles.
— Pois bem! Oceano — gritou Canuto — ordeno que te detenhas. Maré, interrompe o teu fluxo. Ondas, deixai de quebrar. Não ouseis tocar-me.
Esperou em silêncio alguns instantes, até que uma pequena onda veio espraiar-se aos seus pés.
— Como ousas! — gritou Canuto. — Oceano, retorna agora. Mandei que te recolhas diante de mim, e deves obedecer-me agora. Retorna.
E a resposta foi outra onda que veio quebrar bem ali, juntinho aos pés do rei. A maré subia, tal como sempre fizera. A água aproximava-se cada vez mais. Atingiu a liteira, e molhou não somente os pés do rei, mas também o seu manto. Os conselheiros estavam todos ao redor, alarmados, e curiosos para saber se ele não se irritaria.
— Ora, meus amigos — disse Canuto — parece que não tenho tanto poder quanto me fazeis acreditar. Talvez tenhais aprendido algo no dia de hoje. Talvez agora saibais que só há um Rei todo-poderoso, que governa o mar e detém o oceano na palma da mão. Sugiro que guardeis as vossas expressões de louvor para Ele.
Os conselheiros e dignitários do rei deixaram cair a cabeça e sentiram-se tolos. E dizem por aí que, pouco depois, Canuto tirou da cabeça a coroa e jamais tornou a usá-la.

William J. Bennett
O Livro das Virtudes
Editora Nova Fronteira, 1995
Adaptação

2007-04-08

Jesus não explica o mal, mas convida-nos a combatê-lo, com Ele

Extracto da entrevista a João Manuel Resina Rodrigues (conduzida por António Marujo) na PUBLICA de hoje (que é obrigatório ler):

«O mal no mundo é uma coisa trágica e é o grande desafio. Se há razão para se perder a fé, é o mal. Por outro lado, há coisas boas no mundo, há amor e verdade. Como diz um livro que ainda há dias estive a ler: porque é que Deus existe se há mal, porque não existe Deus se há bem?

A fé cristã é acreditar em Deus, mas é não deixar de reconhecer que o mal é um grande problema. O mundo sem mal não era possível, mas Deus teve a coragem de nos pedir que aceitássemos este mundo. Aceitar este mundo não é ter uma explicação sobre porque é que há mal, é tentar fazer o melhor que se pode: tentar, como Jesus nos ensinou, lutar contra a pobreza, contra a miséria, contra o ódio, com amor.

Deus sabia que era tão duro, que achou que era honesto vir experimentar. Jesus veio experimentar, mas não nos deu as explicações que às vezes queremos. Isto ouvi quando andava no Técnico. Havia a Acção Católica e a JUC, Juventude Universitária Católica e a JUCF, das raparigas, que tinha um assistente que era um jesuíta, o padre Domingos Maurício. Era um historiador de valor e um homem muito inteligente. Uma vez, ele disse uma coisa que me ficou na memória: "Vocês podem ler o evangelho da frente para a trás ou de trás para a frente e nunca encontram Jesus a explicar porque é que há mal." É uma evidência e Jesus de certa maneira ajudou os discípulos a perceber essa evidência.

Há uma coisa que ele disse: "Venham lutar contra o mal, venham comigo." É um erro quando os padres e as pessoas devotas se põem a explicar coisas sobre o mal.

O que há a fazer é pensar como Jesus: há muita coisa mal no mundo, vamos tentar melhorar o que pudermos e, se não se melhora à pancada, melhora-se com amor e com rectidão. »

Ressuscitou, ALELUIA !

«É evidente que a ressurreição nada tem a ver com a reanimação do cadáver, pois, se fosse isso, a pessoa voltaria a morrer.
A ressurreição é a afirmação de fé, com razões, de que Jesus, na morte, não soçobrou no nada, mas foi encontrado pela plenitude do mistério inominável de Deus.
O que é e como é esse encontro ninguém sabe - a ultimidade transcende a razão científica, empírico-matemática. Mas aqueles que acreditam em Deus, o Vivente, que é Amor, Criador de todas as coisas, Fundamento e Sentido último de tudo quanto existe, fazem suas aquelas palavras que, noutro contexto, Espinosa deixou: "Sabemos e experienciamos que somos eternos.
"Quem não viveu na superfície das coisas, quem perguntou até à raiz de tudo, quem se exaltou com a beleza, quem alguma vez teve um gesto absolutamente gratuito de amor, quem se deixou surpreender pelo abismo infinito do olhar de alguém, quem tentou descer até ao fundo sem fundo de si, quem foi abalado pela exigência incondicionada do dever, quem se deixou tocar por um tu que não se possui nem domina, quem foi alguma vez avassaladoramente visitado pela pergunta inconstruível: "Porque há algo e não nada?", foi tangido pela fímbria da eternidade.»

2007-04-06

A Eucaristia não é para santos

«Toda a celebração deve respirar, nos gestos, nas palavras, no canto, a alegria de sermos perdoados e a alegria de darmos o perdão.
A Eucaristia não é de santos, não é um sacramento celestial. É um sacramento da terra, do pão, do vinho e dos trabalhos dos seres humanos.
Se excluirmos os pecadores, em processo de conversão, da Eucaristia, estaremos numa celebração de fariseus, de convencidos que saem piores da missa do que quando dela se aproximaram.»
(...)
«Se Jesus Cristo ressuscitado não for o primeiro a chegar – em toda a sua realidade – à missa e a presidi-la, não haverá missa. E isto é muito difícil de reconhecer. Estamos sempre à espera que o padre chegue ou à espera que ele já tenha chegado. Ora, o padre é, apenas, o sacramento – sinal e instrumento se o não atraiçoar – da presidência de Cristo ressuscitado. Não vem substituir Cristo. A “presença real” de Cristo não começa, pois, na Consagração...
Sobre a “presença real”, a primeira questão é esta: estamos, aqui, realmente presentes uns aos outros ou somos irreais uns para os outros? A saudação da paz não é uma garantia. Acontece que saudamos o vizinho do lado, na missa, mas acabada a missa continuamos estranhos. No entanto, não podemos esquecer uma observação que circula há bastante tempo: procurei a Deus e não o encontrei; procurei a minha alma e não a encontrei; procurei o próximo e encontrei os três.
Seremos, fora da missa, presença real aos pobres, aos sem abrigo, aos desempregados, aos emigrantes (ou somos do partido nacionalista)?
Se esses mundos tiverem alguma coisa contra nós – os que vamos à missa – Cristo apressou-se a dizer-nos a reconciliação que temos de fazer.
S. João, que tem um grande discurso sobre o pão da vida, não relata as palavras da Consagração. Substituiu-as pelos gestos do serviço – o lava pés – sem conotação religiosa. Jesus, aliás, não era um grande liturgo.
O que nos torna realmente presentes a Deus – que nos está sempre presente – é a fé, a esperança e a caridade. São os actos destas virtudes teologais que nos tornam presentes a Deus e aos irmãos

Frei Bento Domingues, homilia de quinta-feira santa

2007-03-30

VIVA o EVANGELHO de Domingo, 1 de Abril. . . . Domingo de RAMOS

Lc. 22,14-71.23,1-56.
Quando chegou a hora, pôs-se à mesa e os Apóstolos com Ele. Disse-lhes:
«Tenho ardentemente desejado comer esta Páscoa convosco, antes de padecer, pois digo-vos que já não a voltarei a comer até ela ter pleno cumprimento no Reino de Deus.»
Tomando uma taça, deu graças e disse:
«Tomai e reparti entre vós, pois digo-vos que não tornarei a beber do fruto da videira, até chegar o Reino de Deus.»
Tomou, então, o pão e, depois de dar graças, partiu-o e distribuiu-o por eles, dizendo:
«Isto é o meu corpo, que vai ser entregue por vós; fazei isto em minha memória.»
Depois da ceia, fez o mesmo com o cálice, dizendo:
«Este cálice é a nova Aliança no meu sangue, que vai ser derramado por vós.»
«No entanto, vede: a mão daquele que me vai entregar está comigo à mesa! O Filho do Homem segue o seu caminho, como está determinado; mas ai daquele por meio de quem vai ser entregue!»
[...]
Quando chegaram ao lugar chamado Calvário, crucificaram-no a Ele e aos malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia:
«Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem.»
Depois, deitaram sortes para dividirem entre si as suas vestes. O povo permanecia ali, a observar; e os chefes zombavam, dizendo:
«Salvou os outros; salve-se a si mesmo, se é o Messias de Deus, o Eleito.»
Os soldados também troçavam dele. Aproximando-se para lhe oferecerem vinagre, diziam:
«Se és o rei dos judeus, salva-te a ti mesmo!»
E por cima dele havia uma inscrição: «Este é o rei dos judeus.»
Ora, um dos malfeitores que tinham sido crucificados insultava-o, dizendo:
«Não és Tu o Messias? Salva-te a ti mesmo e a nós também.»
Mas o outro, tomando a palavra, repreendeu-o:
«Nem sequer temes a Deus, tu que sofres o mesmo suplício? Quanto a nós, fez-se justiça, pois recebemos o castigo que as nossas acções mereciam; mas Ele nada praticou de condenável.»
E acrescentou:
«Jesus, lembra-te de mim, quando estiveres no teu Reino.»
Ele respondeu-lhe:
«Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso.»
Por volta do meio-dia, as trevas cobriram toda a região até às três horas da tarde. O Sol tinha-se eclipsado e o véu do templo rasgou-se ao meio. Dando um forte grito, Jesus exclamou:
«Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito.»
Dito isto, expirou.
Ao ver o que se passava, o centurião deu glória a Deus, dizendo:
«Verdadeiramente, este homem era justo!»
E toda a multidão que se tinha aglomerado para este espectáculo, vendo o que acontecera, regressava batendo no peito.
Todos os seus conhecidos e as mulheres que o tinham acompanhado desde a Galileia mantinham-se à distância, observando estas coisas.
Um membro do Conselho, chamado José, homem recto e justo, não tinha concordado com a decisão nem com o procedimento dos outros. Era natural de Arimateia, cidade da Judeia, e esperava o Reino de Deus. Foi ter com Pilatos e pediu-lhe o corpo de Jesus.
Descendo-o da cruz, envolveu-o num lençol e depositou-o num sepulcro talhado na rocha, onde ainda ninguém tinha sido sepultado.
Era o dia da Preparação e já começava o sábado.
Entretanto, as mulheres que tinham vindo com Ele da Galileia acompanharam José, observaram o túmulo e viram como o corpo de Jesus fora depositado. Ao regressar, prepararam aromas e perfumes; e, durante o sábado, observaram o descanso, conforme o preceito.

2007-03-25

Acutilante

Acrescentei à lista de blogs “por onde vale a pena regar” o ACUTILANTE®.
É um blog sobre política internacional com muitas informações interessantes e fiáveis.
José Pedro Teixeira Fernandes, o seu autor, é doutorado em Ciência Política e Relações Internacionais, estando especialmente interessado na investigação do islamismo, do multiculturalismo e dos problemas dos alargamentos da UE aos Balcãs e à Turquia.
E partilha no seu blog as suas reflexões/informações sobre estes temas tão actuais.

2007-03-24

50º Aniversário do Tratado de Roma

Amanhã, dia 25 de Março, comemoramos os 50 anos da União Europeia.
Uma das questões importantes diz respeito à herança cristã na UE.
Qual é a relação entre a UE e o Cristianismo?
O meu confrade Ignace Berten tem abordado numerosas vezes questões referentes aos valores e à identidade europeia. Concordo com o que ele diz neste artigo, mas convido os meus caros amigos a reagirem ao que ele escreve.
Boa celebração dos 50 anos deste projecto fantástico que é a União Europeia.
Frei Eugénio

A herança cristã na União Europeia
Ignace Berten

Que relação existe entre a União Europeia e o cristianismo?
A civilização cristã impregna o nosso continente que é culturalmente diferente do espaço asiático, por exemplo. Esta diferenciação sugere uma homogeneidade que, contudo, é preciso matizar. O cristianismo europeu está marcado por uma profunda diferença interna: a tradição latina (ou latino-germânica) ocidental e a tradição ortodoxa ou bizantina e eslava oriental. O conjunto ocidental é, ele próprio, caracterizado pelo Iluminismo, produto do cristianismo e, em algumas manifestações, expressão do seu repúdio: esta sociedade é o fruto ao mesmo tempo do cristianismo e da vontade de libertação para com o domínio das Igrejas que, pela sua intolerância, conduziram às guerras de religião.

1.Nomear a herança cristã?
Para uma grande parte da Europa, o cristianismo foi a matriz da cultura durante mais de mil anos: herdávamos os valores veiculados por essa cultura. Não o reconhecer é acto de má fé. Mas querer definir a identidade europeia a partir dessa herança é negar que, alguns valores constitutivos da nossa sociedade – a afirmação dos Direitos Humanos, a liberdade de opinião e de consciência, a democracia – tiveram de ser conquistados contra a Igreja Católica, ainda que hoje reconheçamos a sua sintonia com a ética cristã.
Após ásperas controvérsias, o preâmbulo do projecto de Tratado Constitucional não nomeia as raízes cristãs da Europa. Refere-se sobriamente às “heranças culturais, religiosas e humanistas da Europa”. Devemos alegrar-nos com isso ou lamentá-lo? O meu lamento incide sobre o carácter apaixonado da controvérsia, de uma e de outra parte...
Pela primeira vez nos tratados europeus, a Carta dos Direitos Fundamentais e a Constituição declaram fortemente os valores fundamentais sobre cuja base a União se pretende construir. Esses valores que se ali declaram estão em profunda harmonia com aqueles de que a tradição cristã é portadora. Mais, o próprio conceito de pessoa, fortemente afirmado nesses textos, é uma invenção da teologia cristã; e, quando se afirma como objectivo o bem de todos, “inclusive dos mais frágeis e dos mais carenciados”, esta expressão é um eco evidente da tradição evangélica.

2.Fazer viver a herança cristã
Quer nomeemos ou não as raízes cristãs nos nossos textos constitucionais, o essencial para nós, Igrejas, é fazer viver a herança de que somos os primeiros depositários e que explicitamente reivindicamos.
Esta exigência implica três coisas.
Em primeiro lugar, nós proclamamos valores e dizemos que o Evangelho é para nós a referência. Temos que interrogar-nos permanentemente, de uma forma pessoal enquanto crentes, na nossa vida familiar e relacional, mas também na nossa responsabilidade social ou política, perguntando-nos se somos testemunhas visíveis desses valores que afirmamos e do seu equilíbrio e complementaridade de conjunto: podem defender-se certos valores, no limite da intolerância, negligenciando totalmente outros. Temos também que nos interrogar como comunidades cristãs e como instituição de Igreja: as nossas maneiras de ser e de agir são um verdadeiro testemunho dos valores que declaramos?
Depois, temos que exercer uma função permanente de vigilância evangélica: os textos declaram valores, mas é preciso ainda que as políticas reais sejam a expressão e a aplicação desses valores e que não venham contradizê-los nos factos. Desse ponto de vista, o primado concedido à economia como regra de direito no conjunto dos nossos tratados deixa o social e, portanto, a solidariedade real em situação estrutural de fragilidade: torna-se assim impossível fazer valer o direito ao princípio do “bem de todos os seus habitantes, inclusive dos mais frágeis e dos mais carenciados”. Temos que nos comprometer para refazer o equilíbrio.
Por fim, não basta declarar valores, é preciso também determinar o seu conteúdo. Isso é particularmente verdadeiro no que diz respeito à dignidade humana: como cristãos e como Igrejas, temos de participar activamente no debate da sociedade a fim de determinar colectiva e politicamente as exigências da dignidade humana no respeito do pluralismo, quer dizer, aceitando que, até um certo ponto, possa legitimamente haver diferentes concepções dessa dignidade.
Traduzido por José Victor Adragão. O original, em francês, foi publicado no jornal belga “Libré Belgique”, no dia 20 de Março de 2007, p.23.

2007-03-23

VIVA o EVANGELHO de Domingo, 25 de Março. . . . 5.º da Quaresma

Jo. 8,1-11.
Jesus foi para o Monte das Oliveiras. De madrugada, voltou outra vez para o templo e todo o povo vinha ter com Ele. Jesus sentou-se e pôs-se a ensinar.
Então, os doutores da Lei e os fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério, colocaram-na no meio e disseram-lhe:
«Mestre, esta mulher foi apanhada a pecar em flagrante adultério. Moisés, na Lei, mandou-nos matar à pedrada tais mulheres. E Tu que dizes?»
Faziam-lhe esta pergunta para o fazerem cair numa armadilha e terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se para o chão, pôs-se a escrever com o dedo na terra. Como insistissem em interrogá-lo, ergueu-se e disse-lhes:
«Quem de vós estiver sem pecado atire-lhe a primeira pedra!»
E, inclinando-se novamente para o chão, continuou a escrever na terra. Ao ouvirem isto, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos, e ficou só Jesus e a mulher que estava no meio deles.
Então, Jesus ergueu-se e perguntou-lhe:
«Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?»
Ela respondeu: «Ninguém, Senhor.»
Disse-lhe Jesus: «Também Eu não te condeno. Vai e de agora em diante não tornes a pecar.»

2007-03-22

ÁGUA: uma responsabilidade partilhada

Hoje, 22 de Março celebra-se a Jornada Mundial da Água com o tema
«Encarar a penúria de água».

«Para algumas pessoas, a falta de água significa percorrer todos os dias longas distâncias a pé para conseguir a água indispensável - potável ou insalubre - para sobreviver.»
2.º relatório Mundial das Nações Unidas sobre os Recursos de Água

2007-03-20

Sacramentum Caritatis

Bento XVI publicou recentemente a

EXORTAÇÃO APOSTÓLICA PÓS-SINODAL SACRAMENTUM CARITATIS (sobre a Eucarístia)

Já leram?

É longa e tem gerado alguma polémica.

Desafio: ler e partilhar neste REGADOR algumas das ideias que mais marcaram.

Vamos a isso?

2007-03-16

O PAI bom e os FILHOS pintados por Rembrandt

VIVA o EVANGELHO de Domingo, 18 de Março. . . . 4.º da Quaresma

Lc. 15,1-3.11-32.
Aproximavam-se dele todos os cobradores de impostos e pecadores para o ouvirem.
Mas os fariseus e os doutores da Lei murmuravam entre si, dizendo:
«Este acolhe os pecadores e come com eles
Jesus propôs-lhes, então, esta parábola.
[...] «Um homem tinha dois filhos. [...]
[O filho mais novo] levantando-se, foi ter com o pai.
Quando ainda estava longe, o pai viu-o e, enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço e cobriu-o de beijos.
O filho disse-lhe: 'Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não mereço ser chamado teu filho.'
Mas o pai disse aos seus servos:
'Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha; dai-lhe um anel para o dedo e sandálias para os pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o; vamos fazer um banquete e alegrar-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado.'
E a festa principiou. [...]

[O outro filho], encolerizado, não queria entrar; mas o seu pai, saindo, suplicava-lhe que entrasse.
Respondendo ao pai, disse-lhe: 'Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos; e agora, ao chegar esse teu filho, que gastou os teus bens com meretrizes, mataste-lhe o vitelo gordo.'
O pai respondeu-lhe:
'Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado.'»

2007-03-10

Figueira

VIVA o EVANGELHO de Domingo, 11 de Março, . . . . 4.º da Quaresma

Lc. 13,1-9.
Nessa ocasião, apareceram alguns a falar-lhe dos galileus, cujo sangue Pilatos tinha misturado com o dos sacrifícios que eles ofereciam. Respondeu-lhes:
«Julgais que esses galileus eram mais pecadores que todos os outros galileus, por terem assim sofrido?
Não, Eu vo-lo digo; mas, se não vos converterdes, perecereis todos igualmente. [...]»
Disse-lhes, também, a seguinte parábola:
«Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha e foi lá procurar frutos, mas não os encontrou. Disse ao encarregado da vinha:
'Há três anos que venho procurar fruto nesta figueira e não o encontro. Corta-a; para que está ela a ocupar a terra?'
Mas ele respondeu:
'Senhor, deixa-a mais este ano, para que eu possa escavar a terra em volta e deitar-lhe estrume.
Se der frutos na próxima estação, ficará;
senão, poderás cortá-la.'»

2007-03-09

Dia 7 de Março também foi de parabéns para o Frei


Dia 7 de Março fez também o frei Eugénio 40 anos de "profissão". Como não tive oportunidade de lhe falar, nem de vir ao Regador deixar cair umas gotinhas, faço-o hoje com dois dias de atraso, visto ser ele um dos pioneiros do blog.

Mas faço-o também pelo muito que todos lhe devemos e não tenho receio de falar por todos os que se apresentaram como "bloguistas" neste espaço, pois sei bem o que ele tem representado nas nossas vidas. Agradeço a Deus a benção de o ter posto no meu caminho e, se é certo que não devemos procurar ser exaltados neste mundo, pois a verdadeira recompensa está nos Céus, a amizade não pode deixar de reconhecer a "mão que nos ajuda".

Parabéns por estes 40 anos e obrigado pela opção que nesse dia fez e que permitiu que recebamos tanto de si.

2007-03-07

1º ANO



PARABÉNS!

O Regador nasceu há 1 ano!

Visitas: 10.100

Posts: mais de 300

Comentários: muitos, mas... ficamos à espera de mais!

2007-03-02

VIVA o EVANGELHO de Domingo 4 de Março, . . . . 2.º da QUARESMA

Lc. 9,28-36.
Uns oito dias depois [...], levando consigo Pedro, João e Tiago, Jesus subiu ao monte para orar.
Enquanto orava, o aspecto do seu rosto modificou-se, e as suas vestes tornaram-se de uma brancura fulgurante. E dois homens conversavam com Ele: Moisés e Elias, os quais, aparecendo rodeados de glória, falavam da sua morte, que ia acontecer em Jerusalém.
Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. Quando eles iam separar-se de Jesus, Pedro disse-lhe:
«Mestre, é bom estarmos aqui. Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e outra para Elias.»
Não sabia o que estava a dizer. Enquanto dizia isto, surgiu uma nuvem que os cobriu e, quando entraram na nuvem, ficaram atemorizados. E da nuvem veio uma voz que disse:
«Este é o meu Filho predilecto. Escutai-O.»
.
Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou só. Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, nada contaram a ninguém do que tinham visto.