Diálogo com o Evangelho do XXXIII Domingo do Tempo Comum, 17 de novembro, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui. (gravado em Outubro de 2021)
Evangelho (Marcos 13, 24-32)
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Naqueles dias, depois de uma
grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade;
as estrelas cairão do céu e as forças que há nos céus serão abaladas.
Então, hão-de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória.
Ele mandará os Anjos, para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais, da extremidade da terra à extremidade do céu.
Aprendei a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo.
Assim também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta.
Em verdade vos digo: Não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.
Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.
DIÁLOGO
Hoje em dia, os jovens, e também os menos jovens gostam de ver vídeos ou filmes que contem histórias cheias de aventuras com efeitos fantásticos.
Porque é que gostamos de os ver?
Para sentir grandes emoções, para sair da rotina quotidiana, para experimentar coisas novas ou desconhecidas!
As imagens que Jesus utiliza são poderosas: «Depois duma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há nos céus serão abaladas.» O mundo estará em transformação, será o final do mundo tal como o conhecemos.
Depois, quando Jesus falou sobre estes sinais temíveis e terríveis, explicou: «quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do Homem está perto, está mesmo à porta.»
Aquele que renova completamente o mundo fará a sua aparição. O Filho do Homem, Jesus, o Messias, virá «nas nuvens com grande poder e glória». Neste diálogo, Jesus utiliza uma linguagem chamada «apocalíptica», que tem origem na palavra grega apokálupsis que significa 'revelação'.
Este género literário é utilizado para descrever os segredos divinos que se referem ao final dos tempos e que utilizam imagens fantásticas e cenas cheias de emoções.
Neste nosso tempo, encontramo-nos numa situação de calamidade climática, com necessidade urgente de se reduzirem as emissões de CO2.
Os meios de comunicação social dão-nos uma imensidade incontrolável de informações, demasiadas vezes contraditórias, ou sem provas de veracidade, o que dificulta muitíssimo fazer discernimentos convenientes.
As igrejas sentem a perda da religiosidade tradicional, enquanto novas e variadas espiritualidades e visões da nossa humanidade entram em contradição com as nossas antigas categorias de género, raça, classe, nacionalidade, etc. As palavras que Jesus dirigiu aos seus discípulos não pretendiam criar angústia motivada pela chegada próxima dum «fim do mundo».
Jesus insistiu com os discípulos para que «vejam bem», «estai atentos» e «prestai atenção». Disse-lhes que deviam ter uma atitude de vigilância: «estai acordados» e «vigiai»
No entanto, esta grande crise é apresentada no Evangelho como uma Boa Noticia.
A história a que pertence não é meramente humana, mas uma história divino-humana que nos leva a partilhar na nossa própria vida uma missão que se centra na pessoa do Homem-Deus, Jesus, o Messias.
De facto, tudo o que Jesus disse sobre a grande crise pode resumir-se na pergunta que os discípulos Lhe tinham posto: «Quando é que tudo se vai cumprir?»
A grande crise não é o momento da devastação, mas sim a realização plena da missão de Jesus, com a vinda definitiva do Filho do Homem.
Os discípulos deveriam colocar toda a sua confiança na Palavra de Deus, uma Palavra que nunca deixa de cumprir o que é proclamado, que é sempre vista como criativa e nunca destrutiva.
É o que Jesus diz: «Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão.»
Os cristãos aguardam o regresso de Jesus Ressuscitado na esperança de que o Amor terá a última palavra, porque Jesus o disse.
frei Eugénio, op (14.11.2021)
Nota:
Este Domingo, antes da festa de Cristo Rei, celebra-se o Dia Mundial dos Pobres, este ano com o tema: A oração do pobre eleva-se até Deus (cf. Sir 21, 5)