2008-11-28

VIVA o Evangelho de Domingo, 30 de Novembro

Mc. 13,33-37.
«Tomai cuidado, vigiai, pois não sabeis quando chegará esse momento.
É como um homem que partiu de viagem: ao deixar a sua casa, delegou a autoridade nos seus servos, atribuiu a cada um a sua tarefa e ordenou ao porteiro que vigiasse.
Vigiai, pois, porque não sabeis quando virá o dono da casa: se à tarde, se à meia-noite, se ao cantar o galo, se de manhãzinha;
não seja que, vindo inesperadamente, vos encontre a dormir.
O que vos digo a vós, digo a todos: vigiai

2008-11-25

O perigo das religiões: intervenção de Danièle Hervieu-Léger nas Semanas Sociais


As Semanas Sociais de França são um evento criado em 1904 para dar a conhcer e aprofundar o pensamento social da Igreja. Este ano o tema era " As religiões: ameaça ou esperança para as nossas sociedades?". Os vídeos de algumas intervenções estão disponíveis na página de um programa de televisão sobre a actualidade religiosa neste endereço. A intervenção que aqui gostaria de destacar e de ver comentada é a da socióloga francesa Danièle Hervieu-Léger, autora, nomeadamente, de Catholicisme, la fin d'un monde, Paris, Bayard, 2003. Deixo aqui o resumo com a identificação de algumas citações.
Serão as religiões são perigosas? A questão seria, há 30/40 anos atrás, inesperada porqnanto se pensava que a religião estava definitivamente banida do espaço público no Ocidente. A religião deixara até de ser um assunto sociológico relevante. Hoje, no entanto, o retorno do religioso à cena público é um dado que não se pode senão constatar.
Para Danièle-Hervieu Leger este regresso faz-se em condições precisas, em concreto, pensa que há uma relação entre a modernidade e o regresso do religioso - que aliás não é esporádico nem estranho àquela). Por vezes, a questão tem sido colocada em termos de religiões perigosas ou de religiões (D-H. Leger concretizou o caso do Islão) que não estariam aculturadas à modernidade ocidental.
O problema, no entanto, está noutro lugar. A saber, no momento cultural, social e político em que vivemos: a individualização, a degradação dos mecanismos de transmissão de tradições comuns, os efeitos de desculturação (a perd de referências), a desutopização das sociedades democráticas (crise dos grandes ideais que nos representavam), o desaparecimento de um horizonte de expectativas: aqui está o campo em que as religiões prosperam, pois oferecem um quadro de referência global, inscrevem os indivíduos numa tradição global, em um quadro de atomização das relações sociais. Trata-se assim de uma "poderosa compensação da ordem fictiva perdidada".
As religiões são, no entender da socióloga, um formidável recurso e um perigo público a um tempo. O perigo não é o de uma religião particular ("não subscrevo que haja uma religião perigosa"). O perigo é de que essas pertenças comunitárias asseguradas pela religião se tornem exclusivas e excluidoras (visto que a revelação não é uma escolha comunitária). Perigo tanto mais agudizado quanto é certo que a religião tem uma memória de combate. "É preciso uma imensa conversão das religiões para podermos ver a tolerância entre religiões, a renúncia ao proselitismo, a convivência entre religiões."
Advertindo contra uma eventual colagem das suas propostas a um preconceito religioso, afirmou que "Todas as actividades humanas, mesmo as mais nobres, tem um lado perigoso.O que me interessa são as conjunturas de actualização nas quais esta violência da religião - violência simbólica de controlo da autonomia do indivíduo, violência efectiva com o risco de guerras de religião) é susceptível de se libertar".
"AS sociedades democráticas, pelo facto de terem construído o quadro jurídico e político da liberdade religiosa, pensam que esconjuraram a perigosidade da religião. Mas a verdade é que "a perda de religião é extraordinariamnete frágil" e "sobretudo que depende inteiramente da sua capacidade própria de produzir as fórmulas do viver em comum" de "dotar-se de um horizonte de valores comuns", de "fornecer aos indivíduos e aos grupos que a compõem uma representação partilhada da sua própria continuidade. Dito de outro modo a perda de religião está indexada à perda do político."
É este o perigo: a perda de valores comuns, a degradação da consciência comum do nós. Aí se apoia, por exemplo, a subida das revindicações identitárias baseadas na religião.
Há pois uma crise do projecto político do nosso projecto comum. "Como é que as religiões podem tomar posição sobre esta conjuntura de actualização do risco religioso?"
Várias vozes respondem a este desafia segundo Danièle Hervieu Léger. Em primeiro lugar uma voz que se levanta sempre para "surfar a onda" que é a dos fundamentalismos que cultivam uma totalização do religioso. "Na minha opinião não tem qualquer hipótese, salvo o caso de um cataclismo das sociedades ocidentais". O episódio Sarah Palin, afirmou, mostrava bem esse fracasso.
Outra voz mais sedutora é a do apaziguamento ético-simbólico. A religião passa a ser encarada como património ético. Sublinha-se então a convergência em um núcleo duro de valores partilhados entre as diversas religiões. Um conferencista anterior tinha apelidade esta ideia de monoteísmo dos valores. Tem esta voz o mérito de realçar o trabalho civilizacional das religiões. "O problema desta corrente é que tem um limite" afirmou D. Hervieu-Léger, a saber, o sucesso da aculturação dos valores religiosos na modernidade. Por outro lado, "esta voz é completamente batida em brecha pela realidade concurrencial do mercado".
Mas há uma outra voz: a da interpelação. Nas "nossas sociedades em deficit de interpelação", "esta questão da fundação que é o esquecido da política", a interpelação pelo "que faz com sejamos o que hoje somos". Trata-se de retomar "pela leitura contínua do passado o longo trabalho civilizacional", de reconhecer "as nossas dívidas para com o passado", "comprometer-se em um enorme trabalho intelectual". "Não estamos aí - afirma - no domínio dos sentimentos". O sentido desta interpelação não é o de uma releitura da tradição para encontrarmos "um fundamento mítico do sentido" que, de resto, a modernidade nos ensinou a desmistificar. É antes o de nos descobrimos "gerados pelo passado", de fazermos uma "reapropriação contínua" sendo que "o ponto de ancoragem desta tradição é inelutavelmente um ponto em fuga". "O sentido desta via é a procura". Chamou a esta via "a via mística". Terminou, no entanto, com a expressão de um receio: o de que "esta voz tenha alguma hipótese nas estratégias institucionais (de todas as tradições)".

2008-11-24

Ainda o pecado original

Anselmo Borges, Sábado, no DN:
«Escreveu o célebre historiador católico Jean Delumeau:
"Não é exagerado afirmar que o debate sobre o pecado original, com os seus subprodutos - problemas da graça, do servo ou livre arbítrio, da predestinação -, se converteu (no período central do nosso estudo, isto é, do século XV ao século XVII) numa das principais preocupações da civilização ocidental, acabando por afectar toda a gente, desde os teólogos aos mais modestos aldeões. Chegou a afectar inclusivamente os índios americanos, que eram baptizados à pressa para que, ao morrerem, não se encontrassem com os seus antepassados no inferno. É muito difícil, hoje, compreender o lugar tão importante que o pecado original ocupou nos espíritos e em todos os níveis sociais. É um facto que o pecado original e as suas consequências ocuparam nos inícios da modernidade europeia o centro da cena mundial, sem dúvida muito atribulado."
No entanto, a doutrina do pecado original, no sentido estrito de um pecado transmitido e herdado, não se encontra na Bíblia. Jesus nunca se referiu a um pecado original.
Na sua base, encontra-se fundamentalmente Santo Agostinho, a partir de um passo célebre da Carta de São Paulo aos Romanos, capítulo 5, versículo 12. Mas ele seguiu a tradução latina: Adão, "no qual" todos pecaram, quando o original grego diz: "porque" todos pecaram.
Ora, uma coisa é dizer que todos são pecadores e outra afirmar que todos pecaram em Adão, como a árvore fica infectada na raiz, de tal modo que todos nascem em pecado do qual só o baptismo os pode libertar. Santo Agostinho deixava cair no inferno, mesmo que menos terrível, as crianças sem baptismo.
Durante séculos, houve mães tragicamente abaladas, porque os filhos morreram sem baptismo.
A Santo Agostinho serviu esta doutrina sobretudo para, convertido do maniqueísmo ao cristianismo, "explicar" o mal no mundo, que não podia vir do Deus criador bom.
De facto, baseou-se numa exegese errada. E quem não sabe hoje que o que diz respeito a Adão e Eva e à queda é da ordem do mito? Adão e Eva não são personagens históricas. Depois, se eles ainda não sabiam, como diz o texto do Génesis, do bem e do mal, como podiam pecar? O que o texto diz é outra coisa, e fundamental: o que caracteriza o Homem frente ao animal é a liberdade.
O Homem já não é um animal como os outros: tem auto-consciência, sabe de si como único - a nudez metafísica - e que é mortal.»

2008-11-22

Viva o Evangelho de Domingo, 23 de Novembro

Mt. 25,31-46.
«Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado por todos os seus anjos, há-de sentar-se no seu trono de glória.
Perante Ele, vão reunir-se todos os povos e Ele separará as pessoas umas das outras, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos.
À sua direita porá as ovelhas e à sua esquerda, os cabritos.
O Rei dirá, então, aos da sua direita: 'Vinde, benditos de meu Pai! Recebei em herança o Reino que vos está preparado desde a criação do mundo.
Porque tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo.’
Então, os justos vão responder-lhe: 'Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, ou com sede e te demos de beber?
Quando te vimos peregrino e te recolhemos, ou nu e te vestimos?
E quando te vimos doente ou na prisão, e fomos visitar-te?’
E o Rei vai dizer-lhes, em resposta: 'Em verdade vos digo: Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim mesmo o fizestes.’
Em seguida dirá aos da esquerda: 'Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, que está preparado para o diabo e para os seus anjos!
Porque tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber,
era peregrino e não me recolhestes, estava nu e não me vestistes, doente e na prisão e não fostes visitar-me.’
Por sua vez, eles perguntarão: 'Quando foi que te vimos com fome, ou com sede, ou peregrino, ou nu, ou doente, ou na prisão, e não te socorremos?’
Ele responderá, então: 'Em verdade vos digo: Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer.’
Estes irão para o suplício eterno, e os justos, para a vida eterna.»

2008-11-15

Viva o Evangelho de Domingo, 15 de Novembro

Mt 25,14-30.
«Será também como um homem que, ao partir para fora, chamou os servos e confiou-lhes os seus bens.
A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada qual conforme a sua capacidade; e depois partiu.

Aquele que recebeu cinco talentos negociou com eles e ganhou outros cinco.

Da mesma forma, aquele que recebeu dois ganhou outros dois.

Mas aquele que apenas recebeu um foi fazer um buraco na terra e escondeu o dinheiro do seu senhor.

Passado muito tempo, voltou o senhor daqueles servos e pediu-lhes contas.

Aquele que tinha recebido cinco talentos aproximou-se e entregou-lhe outros cinco, dizendo: 'Senhor, confiaste-me cinco talentos; aqui estão outros cinco que eu ganhei.’

O senhor disse-lhe: 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.’

Veio, em seguida, o que tinha recebido dois talentos: 'Senhor, disse ele, confiaste-me dois talentos; aqui estão outros dois que eu ganhei.’

O senhor disse-lhe: 'Muito bem, servo bom e fiel, foste fiel em coisas de pouca monta, muito te confiarei. Entra no gozo do teu senhor.’

Veio, finalmente, o que tinha recebido um só talento: 'Senhor, disse ele, sempre te conheci como homem duro, que ceifas onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste.

Por isso, com medo, fui esconder o teu talento na terra. Aqui está o que te pertence.’

O senhor respondeu-lhe: 'Servo mau e preguiçoso! Sabias que eu ceifo onde não semeei e recolho onde não espalhei.

Pois bem, devias ter levado o meu dinheiro aos banqueiros e, no meu regresso, teria levantado o meu dinheiro com juros.’

Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que tem dez talentos.

Porque ao que tem será dado e terá em abundância; mas, ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.

A esse servo inútil, lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá choro e ranger de dentes.’»

2008-11-11

Ante-Papa

No seu último livro "Conversas Nocturnas em Jerusalém" o cardeal Carlo Maria Martini define-se não como antipapa (como frequentemente é apresentado pelos meios de comunicação), mas sim como "um ante-Papa, um percursor e preparador para o Santo Padre".
Pela forma como apresenta Jesus, o livro é considerado um contraponto ao recente livro de Bento XVI "Jesus de Nazaré", segundo a Chiesa (ver aqui o artigo completo).

O Jesuíta que entrevistou o cardeal Martini, Georg Sporschill, afirma:
«"El libro del pontífice es una profesión de fe en el buen Jesús. El cardenal Martini nos pone frente a Jesús desde otra perspectiva. Jesús es el amigo del publicano y del pecador. Escucha las preguntas de la juventud. Genera confusión. Lucha junto a nosotros contra la injusticia".
Es exactamente así. En las palabras del cardenal, el Discurso de la Montaña es una carta de los derechos de los oprimidos. La justicia es "el atributo fundamental de Dios" y "el criterio de distinción" con el cual Él nos juzga. El infierno "existe y está ya sobre la tierra": en la predica de Jesús era "una llamada" a no producir demasiado infierno aquí. El purgatorio es también "una imagen" desarrollada por la Iglesia, "una de las representaciones humanas que muestra como es posible preservarte del infierno". La esperanza final es "que Dios nos acoja a todos", cuando la justicia cederá el paso a la misericordia

2008-11-08

V...V...V... violência...vendilhões...


A VIDA QUESTIONA o EVANGELHO de Domingo, 9 de Novembro

Jo. 2,13-22.
Estava próxima a Páscoa dos judeus, e Jesus subiu a Jerusalém. Encontrou no templo os vendedores de bois, ovelhas e pombas, e os cambistas nos seus postos. Então, fazendo um chicote de cordas, expulsou-os a todos do templo com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas pelo chão e derrubou-lhes as mesas; e aos que vendiam pombas, disse-lhes:
«Tirai isso daqui. Não façais da Casa de meu Pai uma feira
Os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devora. Então os judeus intervieram e perguntaram-lhe:
«Que sinal nos dás de poderes fazer isto?»
Declarou-lhes Jesus, em resposta:
«Destruí este templo, e em três dias Eu o levantarei!»
Replicaram então os judeus:
«Quarenta e seis anos levou este templo a construir, e Tu vais levantá-lo em três dias?»
Ele, porém, falava do templo que é o seu corpo. Por isso, quando Jesus ressuscitou dos mortos, os seus discípulos recordaram-se de que Ele o tinha dito e creram na Escritura e nas palavras que tinha proferido.

2008-11-05

Pour un futur engagement christiano-musulman

De Christian W. Troll
Permettez-moi d'abord de rendre grâces à Dieu qui a inspiré à un petit groupe de croyants musulmans la lettre ouverte "A Common Word" (ACW) du 13 octobre 2007 et à beaucoup d’autres éminents dirigeants et chercheurs musulmans celle de la signer.

Laissez-moi le remercier aussi parce qu’il a inspiré à l'archevêque de Canterbury de rédiger sa réponse: "A Common Word for the Common Good" (ACWCG) (...).
Je suis en plein accord, je le dis ici, avec ce qu’a écrit l'archevêque au début de sa réponse profonde et inspirée à ACW: "Ce n’est qu’en nous ouvrant à la perspective transcendante vers laquelle votre lettre est orientée et que nous regardons nous aussi, que nous trouverons les ressources qui nous permettront un dévouement radical, transformateur, non-violent, aux besoins les plus profonds de notre monde et de notre commune humanité.
Cette contribution naît d’une affirmation commune de la place absolument centrale, dans les deux croyances, de l'amour de Dieu et de l'amour du prochain, c’est-à-dire du double commandement d'amour.
Sans entrer dans les graves questions théologiques soulevées par ACW et ACWCG, je traiterai rapidement cinq questions précises qui semblent appeler la réflexion et l’action des chrétiens et des musulmans.
1. Le double commandement d'amour et le constant égocentrisme de l’homme.
Cette conscience suscitera en nous un effort résolu pour arriver à une autocritique honnête, ainsi qu’un vif désir d’apprendre et d’être purifiés et transformés par l’écoute de ce que Dieu veut nous dire à travers nos partenaires de dialogue, qu’ils adhèrent ou non à une foi religieuse. Pensons-nous que notre dialogue est suffisamment soutenu par ces convictions et par les attitudes que celles-ci nous ont dictées?

2. Le double commandement d'amour comme clé d’interprétation des Ecritures Sacrées
L'archevêque de Canterbury a souligné que chrétiens et musulmans diffèrent substantiellement par la perception de ce que sont les Ecritures Sacrées et par la place de chacune de ces Ecritures dans la théologie correspondante. Je partage tout à fait son avis quand il dit que, malgré ces différences, "l’étude en commun de nos Ecritures respectives peut continuer à offrir des éléments fructueux à notre engagement mutuel dans le processus de construction d’une maison ensemble".
3. Le double commandement d'amour et les droits de l’homme
Ce n’est qu’assez récemment que les Eglises chrétiennes et quelques individus et groupes (au moins d’une certaine taille) musulmans ont modifié leur enseignement sur les droits de l’homme, en principe. Ils ont changé et sont devenus des partisans et des défenseurs des droits de l’homme. C’est Dieu lui-même, argumentent-ils, qui a pour ainsi dire inscrit ces droits dans la nature de l'homme.


4. Le double commandement d'amour et l'organisation de l’Etat dans une société multiethnique et multireligieuse
La question d’une relation correcte entre la religion et l’Etat joue un rôle important dans le dialogue christiano-musulman. Le vif intérêt de la plupart des chrétiens et de nombreux musulmans pour la séparation de la religion et de l’Etat ne paraît pas dû avant tout à des raisons philosophiques ou idéologiques. Les faits historiques qui y ont abouti sont beaucoup plus importants et absolument nécessaires pour la comprendre: en Occident ce sont surtout les guerres de religion après la Réforme protestante et, plus tard, les dictatures fascistes et communistes du XXe siècle. Des limites sont ainsi imposées à la fois à la religion et à l’Etat, qui les acceptent à leur tour.


Les tentatives de créer des Etats chrétiens ont échoué et ont coûté très cher à toutes les parties en présence. Rien n’autorise à penser que des états musulmans vont et pourront faire mieux. Ici la question cruciale est de nouveau la perception des droits de l’homme. Je crois que nous devrions intensifier le dialogue sur ce point.

5. Le double commandement d'amour et la violence au nom de la religion
Aucune religion ne peut dire que la violence n’a pas été ou n’est pas utilisée actuellement en son nom. Le fardeau dont elles ont ainsi hérité ne peut pas disparaître spontanément. Pour remédier au passé et à son souvenir, il faut plus qu’un accord sur les faits, même si cela seul peut être très difficile. Toutes les religions doivent accepter de faire la lumière sur leur relation passée et actuelle avec la violence, pour le bien de l’avenir. Cela va bien au delà du problème de la Guerre Sainte.

Le dialogue entre chrétiens et musulmans n’en est probablement qu’à ses débuts. Il demande de la patience, de la confiance, de l’endurance et des cœurs ouverts. C’est avant tout notre foi qui nous oblige à nous parler malgré toutes les expériences décevantes de nos relations passées et présentes. Autrement dit, c’est le dialogue que Dieu attend de nous, ce Dieu que tous, chrétiens et musulmans, nous invoquons comme le miséricordieux, le juste, l'aimant et le patient.

Para ler na integra veja aqui.

Fórum Católico-Muçulmano

Está a decorre estes dias (4 e 6) no Vaticano a primeira iniciativa do Fórum católico-muçulmano, criado com o objectivo de promover o diálogo entre os fiéis das duas religiões.

O seminário tem como tema “Amor a Deus, amor ao próximo” e é o primeiro fruto da ronda de negociações levadas a cabo entre o Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso (CPDIR) e representantes islâmicos, após a carta aberta “Um mundo comum”, assinada por 138 líderes muçulmanos e enviada, entre outros, a Bento XVI em Outubro de 2007.

“O diálogo só pode realizar-se fora de qualquer ambiguidade. É preciso olhar para o outro, ouvi-lo, estimá-lo e depois afirmar a própria identidade”, disse Cardeal Jean-Louis Tauran.

Acrescentou: “Se um muçulmano tem a possibilidade de ter um lugar de culto na Europa, é normal que o contrário aconteça numa sociedade de maioria muçulmana”, indica.

No segundo dia deste seminário, em que se falará de “dignidade humana”, devem surgir intervenções ligadas a temáticas como os direitos humanos, o respeito religioso, a liberdade de culto e a possibilidade de mudar de religião.

Fonte Ecclesia

Cristãos do Iraque: entre a espada e a parede (do gueto)

Mesopotâmia em grego quer dizer entre dois rios. É onde vivem os cristãos do Iraque. Neste momento mais do que entre-rios vivem entre uma espada e uma parede. Uma campanha de violência montada contra os cristãos do Iraque tem-se desenvolvido diante da inércia dos governos do país. Os pormenores (com os nomes dos 15 assassinados em Mosul no mês de Outubro) pode ler-se no sítio da Oeuvre d'Orient. No seu editorial o The Tablet refere as suspeitas de que as autoridades são cúmplices nestes ataques. Bagdad e o governo do Kurdistão em Erbil trocam acusações. Erbil acusa os militantes da al-Qaeda, supostamente fiéis a Bagdad. Autoridades da Igreja acreditam que alguns dos ataques em Mosul são apoiados pelo governo curdo como meio de favorecer o seu plano de criar um enclave para os cristãos fora de Mosul perto de Nínive (assim fazendo um tampão entre o Iraque árabe e o Iraque curdo). Um gueto em suma. Havia a proposta de garantir um lugar nos parlamentos regionais para minorias - proposta designada artigo 50. Mas o governo de Bagdad abandonou-a. A constituição favorece a liberdade religiosa mas ao mesmo tempo diz que a lei e o governo tem de estar de acordo com o Islão e as suas práticas.
Se estou em erro alguém me corrija: qual a relevância desta questão nas eleições americanas, nos meios de comunicação ocidentais, ou nas agendas da UE ou da ONU? Obama, para falar do homem do momento (a esta hora 7.34 parece ser o presidente eleito) nada falava sobre os cristãos na secção sobre o Iraque. Falava da crise humanitária... Pena que nada diga do quase meio milhão de cristãos que já abandonaram o país...

2008-11-01

When The Saints Go Marching In



Louis Armstrong - When The Saints Go Marching In - 1959

We are trav'ling in the footsteps
Of those who've gone before
And we'll all be reunited,
On a new and sunlit shore,

Oh, when the saints go marching in,
Oh, when the saints go marching in
Lord how I want to be in that number
When the saints go marching in

And when the sun begins to shine
And when the sun begins to shine
Lord, how I want to be in that number
When the sun begins to shine

Some say this world of trouble,
Is the only one we need,
But I'm waiting for that morning,
When the new world is revealed.

Todos os Santos à porta

«St. Basil imagines all the saints of Heaven coming to its gates
to witness the arrival of the 40 martyrs of Sebaste»

Hoje é dia da FESTA de TODOS os SANTOS!

Mt. 5,1-12.
Ao ver a multidão, Jesus subiu a um monte. Depois de se ter sentado, os discípulos aproximaram-se dele. Então tomou a palavra e começou a ensiná-los, dizendo:
«Felizes os pobres em espírito, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes os que choram, porque serão consolados.
Felizes os mansos, porque possuirão a terra.
Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.
Felizes os puros de coração, porque verão a Deus.
Felizes os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus.
Felizes os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque deles é o Reino do Céu.
Felizes sereis, quando vos insultarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o género de calúnias contra vós, por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque grande será a vossa recompensa no Céu; pois também assim perseguiram os profetas que vos precederam.»