2022-07-31

Diálogo com o Evangelho

Diálogo com o Evangelho do 18º Domingo do Tempo Comum, 31 de julho, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui

 


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Evangelho (Lc 12, 13 - 21)

Naquele tempo, alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: «Mestre, diz a meu irmão que reparta a herança comigo». 

Jesus respondeu-lhe: «Amigo, quem Me fez juiz ou árbitro das vossas partilhas?».
Depois disse aos presentes: «Vede bem, guardai-vos de toda a avareza: a vida de uma pessoa não depende da abundância dos seus bens». 

E disse-lhes esta parábola: «O campo dum homem rico tinha produzido excelente colheita. 

Ele pensou consigo: "Que hei de fazer, pois não tenho onde guardar a minha colheita? 

Vou fazer assim: deitarei abaixo os meus celeiros para construir outros maiores, onde guardarei todo o meu trigo e os meus bens. 

Então poderei dizer a mim mesmo: minha alma, tens muitos bens em depósito para longos anos; descansa, come, bebe, regala-te". 

Mas Deus respondeu-lhe: "Insensato! Esta noite terás de entregar a tua alma. O que preparaste, para quem será?"  

Assim acontece a quem acumula para si, em vez de se tornar rico aos olhos de Deus».

 

DIÁLOGO


A parábola que Jesus conta é uma história muito possível de acontecer com um empresário de sucesso que calcule as melhores formas de lucrar com o seu sucesso e de assegurar o vai adquirindo, para ter um bom futuro sem preocupações.

 

A descrição que Jesus faz deste homem não é a de um opressor que explora trabalhadores rurais pobres ou os engana com o seu salário.

Não, é antes alguém que é decente e estimado

 

Quando Jesus se refere ao verdadeiro carácter da avareza com esta parábola, Ele mostra este vício de ganância duma forma pouco chocante. Mesmo a sua ganância, à primeira vista, não aparece como detestável em si mesma.

 

O homem vive simplesmente para as coisas da terra e são elas que orientam os seus interesses e que preenchem os seus pensamentos e as várias facetas da sua vida. 

 

Não existem hoje em dia inúmeros exemplos semelhantes ao deste homem da parábola?

 

O que o homem resolveu fazer não é muito razoável aos nossos olhos?

Ele senta-se e pensa no que pode fazer para manter em boa segurança o seu trigo e outros frutos da terra. 

 

Mas, reparemos quantas vezes as palavras "eu", "meu", "minha" aparecem na conversa que o homem tem consigo mesmo e com a sua alma: treze vezes! 

 

Será que lemos algum agradecimento a Deus por estas colheitas tão ricas de  bênçãos? 

 

Não, Deus não faz parte das suas considerações.

Na realidade ele só pensa em aumentar a sua riqueza.

Os seus pensamentos não vão além desse objetivo.

 

Mas, será possível encontrar a verdadeira paz com Deus num tal modo de viver?

Este homem tem apenas diante dos seus olhos bens materiais que são temporários.

Ele espera com a posse deles ter a felicidade.

Milhões de pessoas e, talvez até nós mesmos, não seremos como ele nesta atitude!

Não haverá o perigo de nós, crentes, sermos mais ou menos apanhados por este modo de viver?

 

Na parábola, o que quer que o homem diga à sua alma sobre a multiplicação e a conservação das suas riquezas, Deus está ausente e esquecido.

Mas Deus, criador e senhor da vida, naquela noite, de repente, e inesperadamente pede-lhe de volta a vida que lhe tinha dado.

 

O homem não tinha contado com isso.

Todo o seu tempo, todos os seus pensamentos, todos os seus esforços, tinham sido gastos pelo homem na preparação dos seus bens, para si próprio.

 

Aquele que guarda tesouros para si próprio, aos olhos de Deus, não é rico. É um tolo, pois no fim da vida não leva nada e não vai ter nada.

Este ensinamento de Jesus não é novo: retoma ensinamentos bem conhecidos do Antigo Testamento. 

 

 «Não tenhais medo quando um homem se torna rico, quando a glória da sua casa aumenta; porque quando morrer, nada levará consigo; a sua glória não descerá depois dele.» (Salmo 49,16-19).

E também ensinamentos nos livros de Ben Sira, de Qoheleth, de Job e de Isaías.

 

Pobre homem, por mais rico que pensasse ser, esqueceu apenas uma coisa essencial, que a sua existência não dependia dele!

Ele pensava que era rico, mas a verdadeira riqueza não era o que ele pensava que era. 

 

Este ensinamento de Jesus é claro.

 

Na introdução da parábola, Jesus diz: "Cuidado com a ganância; pois a vida de um homem, mesmo que tenha muito, não depende sobretudo da sua riqueza. 

 

Jesus chama esta conduta de tola: na parábola, Deus diz ao homem que planeia a sua riqueza: "Tu és um tolo! Nesta mesma noite, a sua vida ser-lhe-á exigida.

E o que é que põe de lado, quem é que o vai receber?»

 

Por isso, somos convidados a nos tornarmos mais lúcidos.

Mas se podemos constatar a loucura que é acreditar que podemos controlar o nosso futuro pelos nossos próprios meios, pelo contrário, não temos a verdadeira sabedoria.

 

Voltemos a ler a conclusão da parábola:

“Assim acontece a quem acumula para si,

em vez de se tornar rico aos olhos de Deus”.

 

Isto não significa que não se deva fazer nada para cuidar dos nossos bens, mas que tudo o que fazemos, ainda mais se possível, seja por amor a Deus e às pessoas. 

 

Essa é que é a grande diferença. Para isso é necessária uma grande mudança de mentalidade.

 

Mas não há apenas a riqueza monetária e de bens valiosos, há também a riqueza mental, a nossa aparência física, o nosso estatuto académico, a nossa profissão, a nossa satisfação de ter conseguido alcançar um estatuto muito apreciado pelos outros… 

 

Também podemos ter satisfação nos nossos conhecimentos e capacidades?

Faz-nos sentir bem quando os outros ficam espantados com o que nós sabemos e esperam que sejamos nós a dar-lhes respostas que não encontram. 

 

Mas tais riquezas -materiais, mentais, culturais, espirituais- não nos conduzem necessariamente ao objetivo de sermos felizes para sempre.

Se o Evangelho for de facto uma Boa Noticia, então torna-se urgente conhecê-la. 

 

Isto explica porque é que Jesus respondeu de forma um pouco brusca à pessoa que queria resolver uma questão de herança. Essa pessoa tinha realmente a prioridade errada.

 

Jesus mostra a atitude correta: «procurar ser rico aos olhos de Deus».

«Aos olhos de Deus» também poderia ser traduzido como «segundo o que Deus quer» ou também «em nome do Reino de Deus».

Isto implica ter em atenção: Primeiro, nunca esquecer que a riqueza vem de Deus. 

 

Em segundo lugar, recordar em todas as circunstâncias, que a riqueza continua a pertencer a Deus, e que Ele nos confia essa riqueza para a fazer por frutificar para o benefício de todos os seus filhos e nossos irmãos.

 

     frei Eugénio op

 


2022-07-29

Quebec, Encontro com delegação indígena, hoje


"He venido a Canadá como amigo para encontrarme con ustedes, para ver, escuchar, aprender, apreciar cómo viven los pueblos indígenas de este país. 

No vine como turista, he venido como hermano, a descubrir en primera persona los frutos, buenos y malos, producidos por los miembros de la familia católica local a lo largo de los años. 

He venido con espíritu penitencial, para expresarles el dolor que llevamos en el corazón como Iglesia por el mal que no pocos católicos les causaron apoyando políticas opresivas e injustas. 

He venido como peregrino, con mis limitadas posibilidades físicas, para dar nuevos pasos adelante con ustedes y para ustedes; para que se prosiga en la búsqueda de la verdad, para que se progrese en la promoción de caminos de sanación y reconciliación, para que se siga sembrando esperanza en las futuras generaciones de indígenas y no indígenas, que desean vivir juntos fraternalmente, en armonía.

Pero quisiera decirles, ya próximo a la conclusión de esta intensa peregrinación, que, si he venido animado por estos deseos, regreso a casa mucho más enriquecido, porque llevo en el corazón el tesoro incomparable hecho de personas y de pueblos que me han marcado; de rostros, sonrisas y palabras que permanecen en mi interior; de historias y lugares que no podré olvidar; de sonidos, colores y emociones que vibran fuerte en mí. 

Realmente puedo decir que, durante mi visita, fueron sus realidades, las realidades indígenas de esta tierra, las que visitaron mi alma; entraron en mí y siempre me acompañarán. Me atrevo a decir, si me lo permiten, que ahora, en cierto sentido, yo también me siento parte de vuestra familia, y me siento honrado."

Quebec, 29-07-2022 

Texto completo (espanhol)

Texto completo (inglês)

 


2022-07-24

Walking Together: visita do Papa Francisco ao Canadá


Começa hoje a visita pastoral do Papa Francisco ao Canadá (24 a 29 de Julho).

Será uma oportunidade especial para ouvir e dialogar com os Povos Indígenas.

E expressar a sua sincera proximidade e abordar o impacto da colonização e a participação da Igreja Católica no funcionamento de escolas residenciais em todo o Canadá.

É um passo significativo no caminho para a verdade, compreensão e reconciliação.

A visita pode ser acompanhada neste site:

https://www.papalvisit.ca/

 

 





2022-07-23

Diálogo com o Evangelho

Diálogo com o Evangelho do 17º Domingo do Tempo Comum, 24 de julho, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui

 


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Evangelho (Lc 11, 1 - 13)

Naquele tempo,

estava Jesus em oração em certo lugar.

Ao terminar, disse-Lhe um dos discípulos:

«Senhor, ensina-nos a rezar,

como João Baptista ensinou também os seus discípulos».

Disse-lhes Jesus:

«Quando rezardes, dizei:

Pai,

santificado seja o vosso nome;

venha o vosso reino;

dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência;

perdoai-nos os nossos pecados,

porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende;

e não nos deixeis cair em tentação’».

Disse-lhes ainda:

«Se algum de vós tiver um amigo,

poderá ter de ir a sua casa à meia-noite, para lhe dizer:

‘Amigo, empresta-me três pães,

porque chegou de viagem um dos meus amigos

e não tenho nada para lhe dar’.

Ele poderá responder lá de dentro:

‘Não me incomodes;

a porta está fechada,

eu e os meus filhos estamos deitados

e não posso levantar-me para te dar os pães’.

Eu vos digo:

Se ele não se levantar por ser amigo, ao menos, por causa da sua insistência,

levantar-se-á para lhe dar tudo aquilo de que precisa.

Também vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á.

Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á.

Se um de vós for pai e um filho lhe pedir peixe, em vez de peixe dar-lhe-á uma serpente?

E se lhe pedir um ovo, dar-lhe-á um escorpião?

Se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos,

quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo àqueles que Lho pedem!».

 

DIÁLOGO

 

O Evangelho de hoje abre-se com o desejo dos discípulos de aprenderem o modo de rezar de Jesus.

 

Eles tinham certamente rezado com Jesus, cantando hinos e salmos nas sinagogas e nos rituais do Templo em Jerusalém, mas também O tinham visto muitas vezes a se retirar sozinho para ter tempos de oração pessoal. 

 

Ao pedir-Lhe que os ensinasse a rezar, pediam-Lhe que os ensinasse a relacionar-se com Deus do mesmo modo que Ele o fazia.  

 

Para grande surpresa dos discípulos que tinham pedido a Jesus que os ensinasse a rezar como Ele fazia pessoalmente, Jesus vai fazer muito mais do que os ensinar, vai dar-lhes a sua própria oração, vai permitir-lhes que rezem como Ele próprio o fazia na intimidade com Deus.

 

Começa logo por um modo completamente original de se dirigir a Deus.

Jesus diz-lhes que Lhe chama “Abba!”, que na língua falada por Jesus, o aramaico, quer dizer: “papá, pai querido” e que é a expressão com que as crianças da Palestina se dirigiam aos seus pais, com a simplicidade, proximidade e confiança infantis.

 

Este modo de se dirigir a Deus é a expressão do conhecimento único que Ele tem de Deus.

 

Pela oração do Pai Nosso, Jesus dá aos seus discípulos o direito de dizer “Abba” como Ele próprio.

 

Ao partilhar o seu próprio estilo de oração, Jesus convida os discípulos a participar do seu tipo de relação com Deus-Pai.

 

Oferece-lhes participarem também da Sua condição de Filho.

 

Chega ao ponto de dizer que apenas este modo de criança de se relacionar com o Pai poderá abrir a porta do Reino dos Céus.

 

Para encontrar o caminho do Reino é preciso aceitar esta confiança infantil que se manifesta na palavra “Abba”.

 

Jesus sabia ser o Filho de Deus, por isso falava e tinha atitudes como só Deus podia falar e fazer. 

 

Em Jesus, Deus chegou perto, tão perto de nós, que assumiu um modo de viver perfeitamente humano e por isso mesmo, por Jesus, o Emmanuel, o Deus-connosco, nós chegamos perto de Deus.

 

Este é o segredo de Jesus: Ele nasceu não só da árvore da humanidade, como todos nós, mas nasceu também de Deus.

 

É Filho de Deus.

Por isso, a sua vida foi tão humana, que parecia até diferente da nossa, pois nós, apesar de humanos, somos muitas vezes desumanos e nem sabemos ser humanos.

 

Se quisermos saber alguma coisa sobre Deus, olhemos para Jesus.

Se quisermos saber como Deus se interessa e se preocupa connosco, olhemos como Jesus se interessava e se preocupava com as pessoas do seu tempo.

 

A frase seguinte da oração de Jesus, lembra-nos que Deus não é apenas um amigo. "Santificado seja o vosso nome", mas evoca o grande respeito que devemos ter pelo Senhor.

Com esta frase, pedimos que nunca esqueçamos a grandeza de Deus - este é o Criador do universo, a Fonte eterna de todo o ser, no entanto, este mesmo “Santificado” convida-nos a dizer: "Abba!” 

 

Estas duas frases: “Pai” e “santificado seja o vosso nome”,

fazem com que a nossa relação com Deus no resto da oração, seja uma relação de dependência, livremente aceite e agradecida e de obediência empenhada em fazer a Sua Vontade.

 

A frase seguinte do Pai-Nosso é "venha a nós o vosso reino", resume o objetivo da vida cristã.

 

Jesus proclamou e ensinou que vinha começar um novo Reino,

o “Reino de Deus” no nosso mundo.

 

Um modo de reinar diferente de todos os outros. 

 

Um Reino onde só reinam o Amor, a Justiça, a Verdade, a Paz, o Perdão.  

Esse Reino de Deus está onde reina o Amor de Deus, está onde procuramos viver como Jesus viveu e manifestou como é esse Amor de Deus.

 

Jesus contou bastante parábolas que falam desse Reino.

Jesus quer orientar os nossos corações, os nossos pensamentos,

as nossas atitudes, mas dando-nos a capacidade de o escolhermos livremente.

 

Deixando que Jesus reine em nós, deixamo-nos tornar melhores

e também contribuímos para a melhoria, por muito modesta que seja, do mundo à nossa volta.

 

Embora a versão da oração de Jesus que lemos não tenha a frase “Seja feita a vossa Vontade”, que tem a versão de Mateus, este pedido completa “Venha o  vosso reino”.

 

Para fazermos a vontade de alguém, para lhe agradarmos, temos de lhe perguntar:

“ O que quer de mim? O que quer que eu faça?

Que deseja de mim?”

 

A pergunta importante a fazer a Deus-Pai é:

“Pai querido, que queres de mim? O que é que queres que eu faça? O que esperas que eu seja?”

 

É um diálogo de discernimento.

Assim como este diálogo foi central e fundamental na vida de Jesus, também deverá ser nas nossas:

“Abba, Pai querido, que queres de mim?”

 

Seguidamente na oração de Jesus, reconhecendo Deus como Criador, pede-Lhe o que precisa para o dia de hoje e também para amanhã.

O “pão” pedido, inclui não só os alimentos e as bebidas.

 

Mas inclui também tudo o que é indispensável para uma vida humana minimamente digna:  casa, roupa, escola, saúde, proteção…

 

Jesus chama a atenção que o “pão é nosso” e não só meu e dos meus mais próximos.

Quer dizer que não podemos esquecer os que têm fome, os que não têm o que é indispensável para uma vida digna, segundo as necessidades de cada um.

 

Segue-se a dupla petição pedindo o perdão e prometendo dar o perdão.

Per+doar, que quer dizer dar (doar) de novo a confiança e o amor, passando por cima da ofensa que foi feita, do mal que magoou.

Para podermos ser melhores, precisamos que nos perdoem, que nos deem uma mão segura para nos levantarmos do Mal que fizemos e podermos recomeçar o caminho do Bem.

 

A última petição é “E não nos deixeis cair em tentação.”

Em todas as ocasiões em que temos de fazer uma escolha, estamos a pôr à prova a nossa capacidade de escolher o Bem e depois de o pôr em prática.

 

Jesus também foi tentado (no deserto e na cruz).

Quando somos tentados, somos seduzidos pelo Mal que se mascara de Bem para nos enganar.

 

A tentação apresenta-se a nós como sendo um bem útil e agradável, prático, realista. Na altura parece ser a melhor escolha, mas é um falso Bem, um Mal mascarado de Bem.

 

Não é aquilo que Deus Pai quer de nós nesses momentos.

O que Ele quer é que descubramos o verdadeiro Bem e que demos a nossa colaboração para que este mundo se torne melhor.

 

Esta oração de Jesus, que Ele oferece aos seus discípulos, manifesta a Sua relação com Deus.

Ao dá-la a nós, Jesus convida-nos a entrarmos nessa mesma relação filial.

 

 

             frei Eugénio op


 

 

2022-07-17

Diálogo com o Evangelho

Diálogo com o Evangelho do 16º Domingo do Tempo Comum, 17 de julho, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui

 

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Evangelho (Lc 10, 25 - 37) 

Naquele tempo, Jesus entrou em certa povoação e uma mulher chamada Marta recebeu-O em sua casa. 

Ela tinha uma irmã chamada Maria, que, sentada aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra. 

Entretanto, Marta atarefava-se com muito serviço. Interveio então e disse: «Senhor, não Te importas que minha irmã me deixe sozinha a servir? Diz-lhe que venha ajudar-me».

O Senhor respondeu-lhe: «Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária. Maria escolheu a melhor parte, que não lhe será tirada».

 

DIÁLOGO

“Marta, Marta, andas inquieta e preocupada com muitas coisas”,

diz Jesus à Marta.

 

Mas a Maria Ele diz que ela escolheu a melhor parte.

Ficamos sempre um pouco surpreendidos com este episódio do Evangelho, que nos aparece mesmo como chocante.

Conheço algumas mulheres que me dizem que não suportam esta passagem, que as perturba, pois desvaloriza todas as energias que empregam dedicando-se à família, aos filhos e aos netos.

 

Depois da parábola do bom samaritano, que lemos no Domingo passado, parece impensável que o evangelista sugira que a pregação ou o estudo da Palavra tenham prioridade absoluta sobre o serviço direto, como fez o samaritano.

 

Convém ter em atenção que neste relato, tanto Marta como Maria saem dos papéis tradicionais das mulheres.

Marta parece ser a chefe da família, aquela que acolheu Jesus na sua casa.

O serviço de Marta é descrito como sendo literalmente diaconal; ela estava a servir como Jesus serviu. (Ver Luc. 22,26-27).

Por seu lado, enquanto ela trabalha, Maria senta-se na posição de discípula aos pés de Jesus, que aparece como  mestre, numa posição física e num papel tradicionalmente restrito aos homens.

 

Marta pediu a Jesus para intervir porque o trabalho (daikoneo) lhe foi deixado enquanto Maria aceitava a palavra de Jesus (logótipos).

O seu paralelo mais próximo no Novo Testamento vem de Actos 6, onde é dito que à medida que o número de discípulos crescia, a comunidade escolhia sete "diáconos", para fazerem serviço de mesa, libertando os líderes apostólicos para pregar a Palavra.

Tendo em atenção a ligação que Lucas faz entre os dois acontecimentos, percebemos que ele pode estar a descrever o serviço de Marta como sendo semelhante ao de um diácono.

A comunidade precisava que alguns servissem como anfitriões à mesa fazendo «diakoneo», deixando outros livres para serem pregadores itinerantes da Palavra «logótipos».

 

Partindo deste facto da vida corrente, conhecido de todos, pois sabemos como se deve receber uma "visita", Jesus quer mostrar-nos e ensinar-nos como devemos receber as visitas de Deus nas nossas vidas. Como receber Deus na vida quotidiana: no trabalho, nos transportes que usamos, nos momentos de oração, em casa, nos tempos de descanso, nas idas às compras, nas Eucaristias dominicais, etc., etc.

 

Nesta passagem do Evangelho, são Marta e Maria que manifestam hospitalidade, que recebem Jesus, mestre da Boa Nova de Deus.

Mas o evangelista põe em destaque que não é o acolhimento feito pelas duas irmãs aos visitantes, mas que é Jesus que as recebe, que lhes traz a Sua presença, que lhes abre a Sua intimidade.

É o visitante Jesus, que partilha a Sua presença com as irmãs visitadas.

A chamada de atenção de Jesus a Marta, “andas preocupada com muitas coisas, quando uma só é necessária” não é uma crítica ao que ela estava a fazer pelos visitantes, mas um aviso.

Jesus, em poucas palavras, está a dizer a Marta e a nós também:

"Tem cuidado de te preocupares sobretudo em fazeres coisas pelos outros e não estares com as pessoas que te visitam".

O que é central para Jesus é «estarmos-com» e não «fazer-para».

 

Como é que podemos viver isso?

Comecemos por estar disponíveis para escutar os outros, dispondo do nosso tempo, interessando-nos por quem eles são e não partindo do princípio que já sabemos do que eles precisam. Não devemos focar as nossas energias no que queremos fazer para eles.

Jesus convida-nos a sermos pessoas cujas atividades de serviço, de dedicação e de generosidade (como Marta) devem ser animadas pelo desejo de escutar Jesus, em oração (como Maria).

Jesus propõe-nos que procuremos ser "Marias-Martas".

 

Para isso, é preciso encontrarmos momentos de «paragem», mesmo que sejam apenas alguns minutos aqui e ali, durante o dia, ou mesmo de noite, se estamos acordados, para «estarmos com Jesus em oração».

As férias, quando as temos, são uma boa altura para procurarmos fazê-lo com mais tempo e menos pressa.

Que este Evangelho nos ajude a acolher Jesus que nos visita de modos tão variados e mesmo surpreendentes.

Jesus disse: «Eis que estou à porta e bato, se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e comerei com ele, e ele comigo» (Apoc. 3, 20).

 

Que bom que é, quando nos apercebemos disso, na fé!

Se abrirmos a porta do nosso coração, a visita do Senhor irá mudar-nos para melhor, como Jesus quer e deseja para cada um de nós.

 

        frei Eugénio op

 

 

2022-07-10

Diálogo com o Evangelho

Diálogo com o Evangelho do 15º Domingo do Tempo Comum, 10 de julho, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui

 

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Evangelho (Lc 10, 25 - 37)

Naquele tempo, levantou-se um doutor da lei e perguntou a Jesus para O experimentar: «Mestre, que hei de fazer para receber como herança a vida eterna?».
Jesus disse-lhe: «Que está escrito na lei? Como lês tu?».
Ele respondeu: «Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração e com toda a tua alma, com todas as tuas forças e com todo o teu entendimento; e ao próximo como a ti mesmo».
Disse-lhe Jesus: «Respondeste bem. Faz isso e viverás».
Mas ele, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: «E quem é o meu próximo?».
Jesus, tomando a palavra, disse: «Um homem descia de Jerusalém para Jericó e caiu nas mãos dos salteadores. Roubaram-lhe tudo o que levava, espancaram-no e foram-se embora, deixando-o meio morto.
Por coincidência, descia pelo mesmo caminho um sacerdote; viu-o e passou adiante.
Do mesmo modo, um levita que vinha por aquele lugar, viu-o e passou também adiante.
Mas um samaritano, que ia de viagem, passou junto dele e, ao vê-lo, encheu-se de compaixão.
Aproximou-se, ligou-lhe as feridas deitando azeite e vinho, colocou-o sobre a sua própria montada, levou-o para uma estalagem e cuidou dele.
No dia seguinte, tirou duas moedas, deu-as ao estalajadeiro e disse: "Trata bem dele; e o que gastares a mais eu to pagarei quando voltar".
Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?».
O doutor da lei respondeu: «O que teve compaixão dele». Disse-lhe Jesus: «Então vai e faz o mesmo».
 
DIÁLOGO 
 

A parábola do bom samaritano, que acabamos de ler, é uma das mais conhecidas e apreciadas do NT, mesmo fora do ambiente religioso cristão.

É, possivelmente, a parábola mais provocadora de Jesus, que tem por objetivo unir o amor de Deus e o amor ao próximo

 

Tudo começa com a pergunta de um especialista na Lei: «Mestre, que hei-de fazer para receber como herança a vida eterna?»

 

Jesus responde e, juntamente com o especialista na Lei, concordam que o amor a Deus (Deut. 6, 5) e o amor ao próximo (Lev. 19,18) são as condições indispensáveis para alcançar a vida eterna.

Mas o diálogo vai continuar num tom completamente inesperado.

Jesus transcende todas as fronteiras sociais, religiosas, culturais, bem como aquelas de familiares e amigos, de ricos e pobres, de próximos e distantes, de lugares e crenças, e contando a parábola do Bom Samaritano, mostra-nos que nos podemos tornar próximos de todos aqueles que estão em apuros.

 

Jesus afirma a superioridade do amor sobre as leis.

Os personagens da parábola, o sacerdote, o levita e o samaritano, são anónimos, mas são identificados pelas suas identidades religiosas e étnicas.

 

O leitor pode facilmente ver que o sacerdote e o levita são representantes do judaísmo, que deveriam ter sido exemplos de piedade e de socorro para com o homem moribundo.

Numa situação em que eles tinham que escolher entre ajudar um homem em perigo de vida e observar as leis de pureza ritual, ambos escolheram a lei sobre os rituais e não a vida da pessoa.

Ambos viram o moribundo e passaram para o outro lado.

O que eles recusaram fazer, foi precisamente o que fez o samaritano, que era um estrangeiro considerado mesmo como inimigo.  

Este é o aspeto mais evidente da parábola. O samaritano viu o moribundo e "teve compaixão" .

 

O verbo grego que exprime a compaixão do samaritano para com o moribundo é splanchnizomai, que à letra significa «sentir o interior do outro».

Este verbo é derivado do substantivo splanchna, que significa «intestinos». A compaixão do samaritano não é um sentimento transitório, de «ter pena» de modo superficial, mas de uma compaixão visceral, profunda, que brota do seu eu mais íntimo, do « coração » em linguagem bíblica.

 

A compaixão sentida pelo samaritano é transformada em ação, cuidando do moribundo.

A parábola conta, com grande pormenor, todas as ações realizadas pelo samaritano:

foi até ao homem caído e curou as feridas,

derramando nelas azeite e vinho,

colocou-o na sua própria montada,

levou-o para uma hospedaria

onde cuidou dele durante a noite (quando havia maior risco que ele morresse).

No dia seguinte, ele pagou dois denários ao hospedeiro (o equivalente a dois dias de salário)

e garantiu-lhe que quando regressasse o compensaria se houvesse outras despesas.

 

A atitude do samaritano de cuidar do moribundo mostra que a compaixão não deixa ninguém indiferente ou insensível à dôr dos outros, mas nos impele a mostrar solidariedade para com aqueles que estão a passar por todas as formas de aflições e sofrimentos.

O samaritano não parou por curiosidade, mas por amor compassivo. Nesse momento nasceu um próximo!

 

Santo Ambrósio de Milão numa frase que se tornou célébre disse: "A misericórdia, não o parentesco, faz alguém tornar-se próximo." (Expo. Lc 7, 84).

 

Esta parábola é um exemplo perfeito do que o amor compassivo e misericordioso pode alcançar:

- é capaz de nos fazer parar e ver a necessidade do outro;

- é capaz de nos identificar com o nosso próximo na necessidade;

- de nos tornar capazes de fazermos esforços para irmos ao encontro do que os outros mais precisam;

- de sermos generosos, gastando o nosso tempo para o compartilhar com outros;

- de nos dispormos para servir os outros com amor.

 

Para terminar esta reflexão, permitam-me partilhar convosco a reflexão sobre esta parábola feita pelo padre canadiano Thomas Rosica que dirigiu a Jornada Mundial da Juventude, em 2002, em Toronto.

Começa por dizer que é a parábola dos quatro "P"s :

Poderosa, Pessoal, Pastoral e Prática.

Esta narrativa de Lucas tem um grande alcance:

1 – É poderosa porque fala do poder do amor que transcende todos os credos e culturas e que cria uma estreita relação com alguém que era completamente desconhecido até então.

 

2- A parábola é pessoal, pois descreve com grande simplicidade o nascimento de um relacionamento humano que tem um toque pessoal e mesmo físico, que vai além dos tabus sociais e culturais, a partir do momento em que uma pessoa cura as feridas do outro.

 

3- A parábola é pastoral, porque ela é centrada no mistério do cuidado e da preocupação que está no coração dos seres humanos.

 

4- A parábola é muito prática, pois estimula-nos a superar todas as barreiras da cultura e do meio social para irmos fazer o mesmo que o samaritano fez.

O final da parábola é de uma grande intensidade.

“Jesus perguntou: “Qual destes três te parece ter sido o próximo daquele homem que caiu nas mãos dos salteadores?”

O doutor da lei respondeu: “O que teve compaixão dele”.

Disse-lhe Jesus:

“Então vai e faz o mesmo”.

 

Esta pergunta de Jesus, se for levada a sério, obriga-nos a mudarmos a nossa maneira de ver as coisas: o nosso próximo não é apenas aquela outra pessoa que está fragilizada, numa aflição, pobre, doente, marginalizada…

Aquela pessoa sou eu mesmo, de acordo com a minha maneira de me tornar próximo dos outros.

A questão que nos é colocada por Jesus é: "de quem me devo tornar próximo?”

Uma provocação que nos pode encher de alegria!

 

         frei Eugénio op




2022-07-03

Diálogo com o Evangelho

Diálogo com o Evangelho do 14º Domingo do Tempo Comum, 3 de julho, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui

 


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Evangelho (Lc 10, 1 - 20)

Naquele tempo, designou o Senhor setenta e dois discípulos e enviou-os dois a dois à sua frente, a todas as cidades e lugares aonde Ele havia de ir.
E dizia-lhes: «A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara.
Ide. Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos.
Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias, nem vos demoreis a saudar alguém pelo caminho.
Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: "Paz a esta casa".
E se lá houver gente de paz, a vossa paz repousará sobre eles; senão, ficará convosco.
Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem, que o trabalhador merece o seu salário. Não andeis de casa em casa.
Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem, comei do que vos servirem, curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: "Está perto de vós o Reino de Deus"».
Mas quando entrardes nalguma cidade e não vos receberem, saí à praça pública e dizei: "Até o pó da vossa cidade que se pegou aos nossos pés sacudimos para vós. No entanto, ficai sabendo: Está perto o reino de Deus".
Eu vos digo: Haverá mais tolerância, naquele dia, para Sodoma do que para essa cidade».
Os setenta e dois discípulos voltaram cheios de alegria, dizendo: «Senhor, até os demónios nos obedeciam em teu nome».
Jesus respondeu-lhes: «Eu via Satanás cair do céu como um relâmpago.
Dei-vos o poder de pisar serpentes e escorpiões e dominar toda a força do inimigo; nada poderá causar-vos dano. Contudo, não vos alegreis porque os espíritos vos obedecem; alegrai-vos antes porque os vossos nomes estão escritos no Céu».
 
 
DIÁLOGO
 

Hoje, o Evangelho fala-nos de 72 discípulos de Jesus, cujos nomes desconhecemos, e a quem Jesus confiou a divulgação da sua mensagem.

Eles têm um nome, claro, mas não é lembrado como o dos doze apóstolos.

Poderíamos dizer que era «gente de base», pessoas comuns.

Em quem é que isso nos faz pensar?

 

Faz-nos pensar em nós mesmos, como discípulos de Jesus que queremos ser.

Ao enviar os primeiros 72 discípulos, eles serão os precursores de milhares e milhares de outros, incluindo nós.

São todos os cristãos que têm a missão de difundir a mensagem de Jesus.

Não podemos dizer que anunciar e difundir a mensagem de Jesus é uma questão do Papa, dos bispos, dos padres e daqueles que trabalham na pastoral.

Não, tenho de dizer a mim próprio que isto também me diz respeito.

 

Caros leitores, podeis dizer-me: "Sim, dizer isso é muito bonito … mas como é que o podemos fazer?

Esta é uma pergunta muito realista, à qual Jesus responde claramente com os conselhos que dá aos 72.

 

Jesus começou por lhes pedir que rezassem:

“A seara é grande, mas os trabalhadores são poucos.

Pedi ao dono da seara que mande trabalhadores para a sua seara”.

Porque é que devem pedir trabalhadores a Deus?

Porque não são as pessoas enviadas que têm a iniciativa.

A iniciativa é de Deus.

É Ele que toca os corações, que os converte por dentro, para que acolham a Boa Nova.

Os 72 são instrumentos indispensáveis do Amor gratuito de Deus.

 

Em segundo lugar, Jesus adverte que a tarefa de proclamar a Boa Nova nem sempre será fácil.

Jesus diz-lhes:

“Ide: Eu vos envio como cordeiros para o meio de lobos.”

Esta é uma situação que hoje em dia sentimos fortemente, quer nos meios de comunicação social, quer nas redes sociais, quer entre amigos, através do humor que procura inferiorizar os cristãos, quer informando sobre tudo o que é eticamente censurável ou escandaloso.

É um aviso muito importante para reforçar a nossa coragem e a nossa persistência como seguidores de Jesus.

 

Em terceiro lugar, Jesus disse para que os discípulos não se deviam preocupar em levar demasiado equipamento, para ter melhores resultados na sua missão, mas para se apresentarem com simplicidade. 

Jesus exprime isto com imagens compreensíveis, quando diz:

“Não leveis bolsa nem alforge nem sandálias.”

O Papa Francisco atribui grande importância a esta atitude, quando propõe com insistência que a Igreja seja uma "Igreja dos pobres".

 

Em quarto lugar, Jesus convidou os 72 discípulos a semear a paz à sua volta.

“Quando entrardes nalguma casa, dizei primeiro: ‘Paz a esta casa’.”

e “Ficai nessa casa, comei e bebei do que tiverem”.

Para tal, os discípulos devem dedicar todo o tempo necessário.

 

E Jesus reforçou, dizendo-lhes:

“Não andeis de casa em casa.

Quando entrardes nalguma cidade e vos receberem,

comei do que vos servirem,

curai os enfermos que nela houver”.

Levar uma paz duradoura, leva tempo a concretizar, apenas boas palavras são insuficientes, as atitudes são essenciais para tornar duradoura a paz.

Devem aproximar-se do povo e das suas situações concretas.

 

Em quinto e último lugar, Jesus no caminho para a proclamação da Boa Nova, deu a chave para todas estas iniciativas:

“dizei-lhes: ‘Está perto de vós o reino de Deus’.”

Esta é a beleza da Boa Nova: Deus aproxima-se de nós.

Ele inclina-se para nós como um Pai carinhoso e terno.

 

Para responder ao mesmo convite que Jesus fez aos 72 discípulos e que nos repete a nós, nos dias de hoje, cabe a cada um e a cada uma disponibilizar-se para o pôr em prática.

Os meios são extremamente variados.

Precisamos de testemunhas com criatividade, imaginação e proximidade com os outros, para mostrar que o Amor de Deus está bem vivo.

Precisamos de cativar pessoas, sem forçar, nem impor, para anunciar  a felicidade que a Boa Nova de Jesus nos traz.

Precisamos de desperta a atenção das pessoas para o bem comum, como no Evangelho.

 

Embora possa acontecer não chegarmos a ver os resultados que gostaríamos, temos de ser persistentes e audaciosos, pois a ação de Deus não tem muros que não possam ser atravessados, nem limites inultrapassáveis.

 

    fr. Eugénio op