2022-03-26

Consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria

 "O ato de consagração” da Igreja e da humanidade ao Imaculado Coração de Maria “não se trata de uma fórmula mágica, mas de um ato espiritual”.

Se quisermos que mude o mundo, tem de mudar primeiro o nosso coração. Para o conseguirmos, deixemos hoje que Nossa Senhora nos leve pela mão”, afirmou Francisco. “Que Ela tome pela mão o nosso caminho e o guie, através das veredas íngremes e cansativas da fraternidade e do diálogo, pela senda da paz”, continuou o Papa.







Diálogo com o Evangelho

Diálogo com o Evangelho do 4º Domingo da Quaresma, 27 de março, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui



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Evangelho (Lc 15,1-3.11-32)


Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem.

Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: «Este homem acolhe os pecadores e come com eles».

Jesus disse-lhes então a seguinte parábola:


«Um homem tinha dois filhos.

O mais novo disse ao pai: "Pai, dá-me a parte da herança que me toca". O pai repartiu os bens pelos filhos.

Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta.

Tendo gastado tudo, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar privações.
Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos.
Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.
Então, caindo em si, disse: "Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome!
Vou-me embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti.
Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores".
Pôs-se a caminho e foi ter com o pai. Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: enchendo-se de compaixão, correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos.
Disse-lhe o filho: "Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho".
Mas o pai disse aos servos: "Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés.
Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos,
porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado". E começou a festa.
Ora, o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças.
Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo.
O servo respondeu-lhe: "O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo".
Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele.
Mas ele respondeu ao pai: "Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos.
E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo".
Disse-lhe o pai: "Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu.
Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado"».


DIÁLOGO


Nesta parábola Jesus dirige-se a um grupo de fariseus e de escribas que discordavam e se opunham às atitudes d’Ele porque acolhia e até ia comer a casa de pecadores.

Habitualmente esta parábola é conhecida com a «parábola do filho pródigo». É utilizada para levar os cristãos a terem atitudes de arrependimento pelo mal feito e a celebrarem o Sacramento do Perdão.

Se seguirmos o texto da parábola, como se fosse um vídeo, vemos que Jesus utilizou muitos detalhes visuais: o filho mais novo a pedir a sua herança; a sua partida para um país distante onde se se fartou de divertir e de gastar dinheiro; o filho na pocilga com os porcos; depois o filho a refletir e a cair em si mesmo; o pai a ir abraçar o filho no seu regresso a casa; o banquete preparado pelo pai; o irmão mais velho zangado não quer entrar na festa; o pai que vai ao encontro do filho mais velho.

 

Qual é a mensagem de Jesus nesta parábola?

Será o perdão? Mas o pai não disse nenhuma palavra sobre perdão ou absolvição.

Mesmo quando o irmão mais velho resmungou com o pai por ele ter acolhido festivamente o filho mais novo, o pai não disse nada que desculpasse o comportamento desse filho.

 

No final destas cenas cheias de vida, vem a mensagem que Jesus quer que descubramos: "Este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi encontrado".

Esta frase é retomada pelo pai quando vai ter com o filho mais velho, que repreende o seu pai por ter tratado com tanta bondade um filho que o abandonou: «teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado».

 

O pai lembra ao filho mais velho que ele tem um irmão, que estava dado como morto e que afinal está vivo.

A dádiva que o pai deu a este filho, que o abandonou e que andou numa independência desorientada foi a compaixão.

Podemos chamar a esta parábola «A parábola do Pai cheio de compaixão».

 

A atitude de compaixão, na língua hebraica «rahamim» tem a ver com as entranhas, com seio materno, para exprimir que a compaixão vem bem de dentro, como o amor de mãe pelo filho que ela trouxe no seu ventre.

A compaixão é uma das atitudes mais consoladoras e renovadoras nas vidas das pessoas.

 

Na parábola, a compaixão do pai conduz à mudança de atitude e também à mudança de coração do seu filho mais novo. Quando ao filho mais velho, a parábola não o diz, mas podemos esperar que também ele tenha aceitado mudar.

Mas, a história do filho mais novo inclui a do filho mais velho.

Este está ressentido. Nem mesmo o regresso do seu irmão o fará querer participar na celebração familiar.

Mas o pai vai ter com o filho mais velho, tal como tinha ido ao encontro do mais novo. Ele quer que ambos se descubram como irmãos e que se alegrem com o bem um do outro.

 

Jesus apresenta-nos Deus como Pai que só quer ter uma autoridade a da compaixão. Esta compaixão faz com que todas as formas de desamor e de sofrimento dos seus filhos, causem uma imensa tristeza no seu coração.

É, por isso, que na parábola o pai estende os braços sem se cansar na direção dos seus filhos, esperando que eles vão ter com Ele e queiram participar na alegria da festa do Amor eterno.

Nesta nossa caminhada para a Páscoa deixemos espaço em nós para a compaixão para com as nossas irmãs e irmãos, pois a compaixão pode mudar a história das nossas vidas.

 

     frei Eugénio op

 



2022-03-19

Diálogo com o Evangelho

Diálogo com o Evangelho do 3º Domingo da Quaresma, 20 de março, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui





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Evangelho (Lc 13,  1- 9)

Naquele tempo,

vieram contar a Jesus

que Pilatos mandara derramar o sangue de certos galileus,

juntamente com o das vítimas que imolavam.

Jesus respondeu-lhes:

«Julgais que, por terem sofrido tal castigo,

esses galileus eram mais pecadores

do que todos os outros galileus?

Eu digo-vos que não.

E se não vos arrependerdes,

morrereis todos do mesmo modo.

E aqueles dezoito homens,

que a torre de Siloé, ao cair, atingiu e matou?

Julgais que eram mais culpados

do que todos os outros habitantes de Jerusalém?

Eu digo-vos que não.

E se não vos arrependerdes,

morrereis todos de modo semelhante.

Jesus disse então a seguinte parábola:

«Certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha.

Foi procurar os frutos que nela houvesse,

mas não os encontrou.

Disse então ao vinhateiro:

‘Há três anos que venho procurar frutos nesta figueira

e não os encontro.

Deves cortá-la.

Porque há-de estar ela a ocupar inutilmente a terra?’

Mas o vinhateiro respondeu-lhe:

‘Senhor, deixa-a ficar ainda este ano,

que eu, entretanto, vou cavar-lhe em volta e deitar-lhe adubo.

Talvez venha a dar frutos.

Se não der, mandá-la-ás cortar no próximo ano».

 

 

DIÁLOGO

No relato de hoje, apresentaram a Jesus dois acontecimentos onde várias pessoas tinham sofrido mortes violentas.

 

Na primeira situação, galileus que tinham vindo a Jerusalém em peregrinação, foram acusados de serem opositores do poder político romano. Sabemos que a ocupação romana era muito mal tolerada por uma grande parte do povo judeu. 

 

Estes peregrinos teriam, portanto, sido massacrados por ordem de Pilatos quando estavam reunidos no Templo de Jerusalém para oferecerem um sacrifício religioso.

 

Na segunda situação, do desmoronamento da torre de Siloé, matando 18 pessoas, que se encontravam nas proximidades.

 

Da resposta de Jesus, podemos deduzir que a pergunta dos seus discípulos devia ser a mesma que muitas vezes formulamos em ocasiões semelhantes: «Que mal fiz eu a Deus para que isto me acontecesse?»

 

O povo tinha concluído que essas vítimas, umas da brutalidade de Pilatos e as outras do acidente ocasional, mereciam a morte, por terem cometido pecados graves e, assim, Deus na sua justiça, os tinha castigado.

 

Face ao horror do massacre dos galileus e da catástrofe da torre de Siloé, as pessoas pedem a Jesus que Ele dê uma resposta.

 

A resposta de Jesus é muito clara: não há ligação direta entre o sofrimento e o pecado. 

 

Não, aqueles galileus não eram mais pecadores do que outros e as dezoito pessoas esmagadas pela torre de Siloé não eram mais culpadas do que os outros habitantes de Jerusalém. 

 

Esta é a eterna questão da origem do sofrimento, problema que nunca foi resolvido!

Na Bíblia, é o livro de Job que coloca este problema da forma mais completa. Entre as explicações apresentadas pelos amigos de Job, a mais frequente foi que o sofrimento seria o castigo pelo pecado. 

 

Mas na conclusão do livro de Job, Deus intervém dizendo que Job na sua indignação, até desejando não ter nascido, falou sempre bem, pois nunca admitiu que o sofrimento e sobretudo o sofrimento dos inocentes pudesse ser o castigo pelo pecado! 

 

Deus pede a Job que reconheça duas coisas:

em primeiro lugar, que o controle dos acontecimentos lhe escapa;

em segundo lugar, que ele deve passar por eles sem nunca perder a confiança no seu Criador.

 

Jesus toma exatamente a mesma posição que aparece no Livro de Job.

 

Os grandes sofrimentos causados, quer pela maldade humana, quer por fenómenos naturais ou por acidentes incontroláveis, como aqueles que a passagem do Evangelho que lemos nos relata, abalam profundamente a nossa confiança em Deus, bem para lá das nossas forças espirituais e físicas e das nossas crenças e convicções.

 

Mas Jesus diz claramente que o sofrimento nunca é um castigo de Deus pelos pecados e misérias.

 

A partir desta afirmação, Jesus insiste com os seus apóstolos na urgência de uma verdadeira conversão, de uma mudança profunda de mente, de coração e de visão da realidade.

 

A conversão que Jesus pedia aos seus discípulos não era quanto a comportamentos morais: serem mais honestos, serem mais verdadeiros, serem mais justos, serem mais generosos, etc.

 

O que Jesus quer que seja mudado com urgência é o modo de ver Deus, como Aquele que faz justiça castigando com sofrimentos e até com mortes violentas.

 

Jesus não explica as causas do Mal provocado por pessoas ou por fatores naturais ou cósmicos, nem dos sofrimentos que daí advêm.

Pelo contrário, é precisamente perante o Mal que devemos acreditar que Deus é cheio de paciência e misericórdia, face a todas as misérias humanas.

 

Jesus retoma as conclusões do livro de Job: não devemos tentar explicar o sofrimento pelo pecado ou por qualquer outra razão, mas em todas as circunstâncias escolher permanecer na confiança em Deus.

 

Mas Jesus acrescenta a parábola da figueira que suaviza a dureza aparente das suas palavras.

 

De um ponto de vista humano, perante uma figueira estéril que esgota inutilmente o solo da vinha, só há uma coisa a fazer: cortá-la!

 

Assim também muitas pessoas pensam: "Se fosse Deus, eliminaria os grandes pecadores que fazem tanto mal e tanto sofrimento provocam.»

 

Mas os pensamentos de Deus não são os dos homens! "Deus não quer que o pecador morra, mas que se converta e viva", já tinha dito o profeta Ezequiel (Ezequiel 18,23; 33,11).

 

Jesus, através da vida, passou por insuportáveis sofrimentos, mas ao ser elevado no suplício da cruz, dirigiu-se a Deus-Pai, pedindo: «Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.» (Luc 23, 34)

 

O  seu Amor pela humanidade foi mais forte que o desamor, o sofrimento, o mal e a morte, vencendo-os com a sua Ressurreição, Ascensão e o Pentecostes.

 

Revelou-nos assim que o Amor de Deus, com uma paciência e uma misericórdia, que nos ultrapassam completamente e que nos é impossível de compreender, abre caminhos para que o Mal e o Sofrimento sejam derrotados de modo eficaz.

 

Que no meio dos sofrimentos atuais, a uma escala planetária, não nos deixemos vencer pelo desânimo e até pelo desespero, mas peçamos ao Espírito Santo que aumente a nossa confiança em Deus Todo-Poderoso em nos amar.

 

Assim, poderemos colaborar para a Paz no mundo, com todas as energias que temos.

 

          frei Eugénio op

 

2022-03-16

Ucrânia: notícias em primeira mão

 Notícias da Ucrânia (Kyiv) enviadas pelo dominicano Jarosław Krawiec, OP, com pedido de oração.


Mensagem dos dominicanos na Ucrânia, enviada terça-feira, 15 de Março, que o frei Alain Arnould, assistente do Mestre Geral da Ordem dos Pregadores traduziu.


Chers amis et chères amies,

Voici la lettre du fr Jaroslaw, responsable des dominicains en Ukraine, reçue ce 15 mars soir. Comme à chaque fois, il s’agit d’une traduction du Polonais à l’anglais.

Je vous en souhaite bonne lecture. Qu’elle puisse nourrir votre prière pour les responsables de la région: qu’ils puissent trouver un chemin vers la paix.

Bien cordialement,

Alain

 

Dear sisters and dear brothers,

In the last few days, Kyiv has become unsettled. The noise of blaring sirens has become more frequent, which means increased risk of air raids. I also seem to sense an increase in the sounds of battles fought on the outskirts of the city, all kinds of explosions, and the hiss and whizz of things flying over our heads. Yet the beautiful blue sky over Kyiv today seemed so pure and filled with sunlight. All this noise makes us nervous. People stop, look around, and listen, trying to estimate the distance: is it already here or is it far away from us? By now, we are all used to a certain degree of the threatening symphony of war. This morning, very early, the priory was awakened by loud explosions. Those who slept in the basement said that they could feel the trembling of the foundations of the building. It was the strike of Russian rockets falling on the buildings neighboring the closest subway station. After breakfast I went to see what had happened. It’s just a 10 minute walk from us. I could see with my own eyes how devastating these weapons can be. One rocket hit the roof of a building, but all the windows were broken within a range of a few hundred meters. The subway station had been demolished. People who spent the night there were not affected, however, because the platforms are located deep underground. Even the places that seemed safe, covered by other buildings from the center of the explosion, were damaged. Besides the police and a handful of passersby like me, many journalists from around the world appeared. They were wearing bulletproof vests labeled “Press” and helmets. Real war correspondents. They worked, and I kept looking at these very familiar places. Luckily the attack happened at 5 in the morning, when not many people walk on the streets because of the curfew.

When I called Father Misha, he said that if, God forbid, anything like that happened around the church in Fastiv, nothing would be left since the priory is just a modified worker’s shed. Seeing the destructive power of war with your own eyes teaches humility and encourages everyone to obey the regulations of the authorities that urge us to hide in safe places during the alarms.

The past few days have been a time of volunteering for many of us. We brothers have been joining the people who live with us to search for food and necessary items and to distribute them to those who need them. Mostly the elderly, sick, and mothers with children. I took some of those things this afternoon to the vicinity of the railway station; this is the place where the buses bring people who had been evacuated from destroyed towns on the outskirts of Kyiv. When I was driving Father Alexander to the cathedral, where he was supposed to take a van filled with clothing and drive it to the center of volunteers, I heard him say that the present time is a time of great blessing for us. I agree with him. Through all these days, like many of my brothers and sisters, I never regretted the fact that we find ourselves here and now in Kyiv, Fastiv, and other places in Ukraine. Certainly we are worried, we feel compassion for the suffering, we are angry at the cruelty of the enemy, sometimes we cannot sleep or eat out of anxiety; but we also see that this is a great gift and blessing for us.

Just a moment ago I called Sister Damian, a Dominican from Fastiv, and I asked her: “Do you regret that you are here now?” Without any hesitation, she answered, “Never! From the very beginning, I knew that this is my place and that I have to be here.” Sister Augustine was similar. The war surprised her in Poland, where she is from. She didn’t want to stay there, though. She took the first opportunity to join the humanitarian convoy and returned to Fastiv. Brother Igor, born in Donetsk —I mentioned him before— asked me and the provincial to speed up his assignment to the vicariate of Ukraine. He arrived by train in Fastiv from Krakow with only a small backpack. “I didn’t even take a computer,” he told me two days ago. “But I knew that I would find something in the priory.” I see the boys and girls who live in our priory in Kyiv, and the volunteers and workers of the House of Saint Martin in Fastiv. They know why and for whom they are here. Last night I read a small book written by Father Innocent Maria Bochenski OP, “De Virtute Militari. Sketches on Military Ethics,” written just before the beginning of the Second World War. I was stopped by this sentence: “Love is a skill, which cannot be acquired by mere exercise, but which we receive by God’s grace. As a rule, God acts in a way that he increases our love together with our actions: whoever acts out of love can be certain that God will increase his love.” This is really happening. If you have in yourself even a little bit of love and act according to this love, you can be certain that God will multiply it. I hope that many readers of my letters who are so dedicated to helping sisters and brothers in Ukraine can also experience it.

I am moved by the generosity of Brothers Jonathan and Patrick, Dominicans from the Province of Saint Joseph in the USA, who arrived in Poland and have been helping refugees for the past couple days at the Polish-Ukrainian border as part of the humanitarian mission of the Knights of Columbus. So far I haven’t been able to meet them, and I don’t know if it will be possible in the foreseeable future, but the brothers in Lviv told me that the American Dominicans plan to visit them. They promised to deliver lots of rosaries. Father Thomas told me that some people in Lviv who have received into their homes their compatriots running from war not only give them food and shelter, but also teach them prayers. So the rosaries will come in handy. At the checkpoints on the streets of Kyiv, when I’m asked by the military or the police if I carry any weapons, I keep telling them with a smile that I don’t, but I could have answered that my weapon is the rosary I carry in my hand most of the time. I’m not saying that aloud to avoid making our brave boys nervous, since their post is not a game. Today when I was driving to go shopping, at the first checkpoint in the morning, I was surprised because the man with a gun did not ask me the usual, “Your documents, please” but instead asked, “How are things?” It was so nice and so normal.

The curfew has just begun. This time it will last longer and will end on Thursday morning. This also means that, both in Kyiv and in Fastiv, we will spend tomorrow within the walls of our priories. We might catch up a little with our correspondences. I hope no rockets or bombs will ruin our day.

With warm greetings and request for prayer,

Jarosław Krawiec OP,
Kyiv, March 15, 2022, 8:50pm



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SWIFT code (BIC code): PPABPLPK
With the note: "For Peace in Ukraine"

 

2022-03-11

Diálogo com o Evangelho

Diálogo com o Evangelho do 2º Domingo da Quaresma, 13 de março, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui



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Evangelho (Lc 9, 28b - 36)

Naquele tempo, Jesus tomou consigo Pedro, João e Tiago e subiu ao monte, para orar. 

Enquanto orava, alterou-se o aspeto do seu rosto e as suas vestes ficaram de uma brancura refulgente. 

Dois homens falavam com Ele: eram Moisés e Elias, que, tendo aparecido em glória, falavam da morte de Jesus, que ia consumar-se em Jerusalém. 

Pedro e os companheiros estavam a cair de sono; mas, despertando, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com Ele. 

Quando estes se iam afastando, Pedro disse a Jesus: «Mestre, como é bom estarmos aqui! Façamos três tendas: uma para Ti, outra para Moisés e outra para Elias». Não sabia o que estava a dizer. 

Enquanto assim falava, veio uma nuvem que os cobriu com a sua sombra; e eles ficaram cheios de medo, ao entrarem na nuvem. 

Da nuvem saiu uma voz, que dizia: «Este é o meu Filho, o meu Eleito: escutai-O». 

Quando a voz se fez ouvir, Jesus ficou sozinho. Os discípulos guardaram silêncio e, naqueles dias, a ninguém contaram nada do que tinham visto.

 

DIÁLOGO

O Evangelho do 2.° Domingo da Quaresma, na liturgia católica, é sempre um dos três relatos da Transfiguração de Jesus. 

O evangelista Lucas coloca o acontecimento cerca de oito dias depois de Jesus ter falado pela primeira vez aos discípulos sobre a sua Paixão, Morte na cruz e Ressurreição, que já estavam próximas. 

Jesus fala-lhes da humilhação, do sofrimento e da morte que iriam abrir caminho para a sua glória junto do Pai. Esta profecia de Jesus estava muito para além da capacidade de compreensão dos seus discípulos. 

 

Um aspecto essencial do relato da Transfiguração de Jesus é que se passa quando Ele estava em oração. Naquele momento, na íntima comunhão com o Seu Pai, a sua própria aparência física é transformada de modo deslumbrante.

 

O seu EU interior, como Filho de Deus, torna-se visível para os três discípulos, através do seu rosto radioso e de todo o seu ser de uma brancura fascinante. Só o corpo de Jesus Ressuscitado se poderá comparar à aparência física de Jesus naquele momento.


Poderíamos dizer que, quer na Transfiguração, quer depois da   Ressurreição e Ascensão, a verdade sobre a glória de Deus que Jesus partilha com o Pai e o Espírito se torna mais evidente para aqueles três discípulos tão próximos do Mestre.

 

Jesus, que eles tinham seguido pelos caminhos da Palestina, aquele que os tinha conduzido e ensinado, durante a oração, aparece-lhes com a glória da sua intimidade com Deus. 

 

Mesmo não podendo atingir bem o significado do que estavam a ver, a voz de Deus que ouvem, reforça e esclarece o que de mais importante precisam de saber: "Este é o meu Filho escolhido, escutai-o".

 

Quando Jesus convidou Pedro, Tiago e João para subirem à montanha e rezarem com Ele, poucos dias antes tinha tentado explicar-lhes o que sabia do que Lhe iria acontecer em Jerusalém, mas eles não tinham conseguido compreender. Agora convidou-os para participarem na sua experiência de oração, na intimidade com o Pai. 


Os evangelistas nada nos dizem sobre as palavras de Jesus nesse momento de oração, mas indicam-nos que foi uma experiência de união com o seu Pai, que envolveu todo o Seu Ser. 

 

Antes que Pedro pudesse pôr em prática o seu projecto de colocar as tendas, os três discípulos ouviram a voz vinda do Céu dizer-lhes tudo o que precisavam de saber: "Este é o meu Filho escolhido; escutai-o".

 

Terminada esta revelação que Jesus é o Filho intimo de Deus e que o essencial é escutá-Lo, a visão da Transfiguração e da presença de Moisés e de Elias desaparecem e eles encontram-se de novo sòzinhos com Jesus. 

 

O que tinham ouvido da parte de Deus, não só era dificil de entender, mas mais ainda de pôr em prática.

Mas tinham ouvido e visto o suficiente para confiarem em Jesus, quando os acontecimentos que Ele lhes antecipara, os incitaram a desanimar e a desistir de confiarem nEle e de O seguirem.

 

Embora nós não possamos passar pela experiência da Transfiguração, os Evangelhos  permitem-nos ter um conhecimento sobre a forma de Jesus contemplar e amar a Deus, na sua mais íntima intimidade.


Temos de descobrir, com a ajuda do Espírito Santo, o que significa escutá-lO, para pormos em prática o que Ele nos diz no nosso próprio presente, nas circunstâncias em que estamos a viver: 


- Com a «nossa casa comum», o planeta onde vivemos, em necessidade urgente de ser conduzido com maior respeito e harmonia em todas as dimensões;


- Com uma pandemia de Covid-19, a nível mundial, com variantes que se vão sucedendo e com tantos aspectos da vida perturbados e mudados, sem se poder prever como se passará no futuro próximo; 


- A tão inesperada guerra na Ucrânia, cheia de tantas violências a todos os níveis e sem qualquer perspectiva de caminhos para a Paz.

 

Não nos faltam razões para estarmos confusos, sem saber em quem acreditarmos e confiarmos. Através de uma escuta atenta, persistente e confiante, seremos   levados a praticar a oração, à maneira de Jesus e deixar-nos transfigurar pelo seu Amor.


Escutemos Jesus e ponhamos a nossa confiança no Amor do Pai.


   frei Eugénio op


2022-03-03

Diálogo com o Evangelho

Diálogo com o Evangelho do 1º Domingo da Quaresma, 6 de março, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui

 


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Evangelho (Lc 4, 1 - 13) 

Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão.
Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado pelo Diabo. Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome.
O Diabo disse-lhe: «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão».
Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’».
O Diabo levou-O a um lugar alto e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra e disse-Lhe: «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser.
Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu».
Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’».
Então o Diabo levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo,
porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que Te guardem’;
e ainda: ‘Na palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra’».
Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’».
Então o Diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo.

 

DIÁLOGO   

 

As tentações de Jesus no deserto, que acabamos de ler, dão-nos um grande consolo, porque nos aproximam d’Ele. Jesus aparece-nos como mais humano, pois também Ele foi tentado, como nós somos.

 

Ao mesmo tempo, é reconfortante para nós aprendermos com  Jesus como vencer as tentações.

 

É curioso que as três tentações do diabo ( também chamado na Bíblia por : sedutor, satanás, maligno, pai da mentira, adversário) estão diretamente relacionadas com a vinda do Reino de Deus.

E porquê?

 

Porque o centro da missão de Jesus, o objectivo principal da Encarnação do Filho de Deus foi vir inaugurar os novos tempos do Reino de Deus já presente entre nós.

 

O diabo quer seduzir Jesus a se afastar o mais longe possível da Vontade do Seu Pai.

 

Na primeira tentação: «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão», a sedução não era que Jesus, devido à sua fome, depois de um jejum de 40 dias, fizesse um milagre para saciar a sua fome.

 

A artimanha do diabo era tentar levar Jesus a realizar um milagre em seu próprio benefício, para satisfazer a sua necessidade de comer.

 

Ora Jesus, como Filho de Deus, devia usar o seu poder apenas para benefício dos outros, o que fez em muitas ocasiões.

 

Na segunda tentação: «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser.

 

Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu», Jesus  está diante da possibilidade de ter grande sucesso na sua missão de fazer entrar toda a gente no Reino de Deus.

 

Conseguir que todas as nações do mundo se tornassem cristãs, que todas as pessoas se tornassem praticantes do cristianismo e seguissem os seus ensinamentos seria magnifico.

 

A missão de Jesus seria totalmente realizada já neste mundo, no nosso tempo, sem ter de esperar  pelo final dos tempos para a completar.

 

Satanás, o sedutor, coloca uma condição a Jesus: prostrar-se diante dele, em atitude de adoração.

 

Ou seja, Jesus teria de usar a forma de governar do diabo, com todos os jogos de poder e sem qualquer amor nem respeito pelas pessoas e dividindo para reinar.

 

Este sucesso seria o oposto ao que Deus Pai lhE tinha dado como missão.

 

Na terceira tentação, o sedutor diz a Jesus :

«Se és Filho de Deus, atira-Te daqui abaixo, porque está escrito:

‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito,

para que Te guardem’.»

 

Seria um milagre espetacular: atirar-se de tão alto, do topo do templo, sem morrer, nem sequer mesmo ficar ferido na queda.

 

Os milagres espetaculares atraem sempre multidões, que estariam dispostas a seguir este homem de tão grande poder.

 

Mas a missão de Jesus era anunciar o Reino de Deus que já estava presente na normalidade da vida das pessoas.

 

Um Reino já presente nas rotinas diárias e em todas as situações melhores ou piores, se deixamos habitar em nós Jesus Ressuscitado, sem estarmos à espera de apoiar a nossa fé em acontecimentos extraordinários e espetaculares, que consideramos grandes milagres.

 

É importante reparar que o diabo, para se tornar mais credível no que propunha a Jesus, se apoiou sempre em citações da Bíblia.

 

O sedutor apresenta-se como um enviado em nome de Deus.

 

As tentações quando estão à nossa frente, aparentemente pedem que façamos uma escolha, que tomemos uma decisão, entre um Bem e um Mal.

 

Vendo como Jesus foi tentado e como reagiu às tentações, podemos descobrir que as táticas do diabo nas tentações, não nos colocam entre um Bem e um Mal.

 

Colocam-nos entre um Bem e um Bem ainda melhor.

 

O sedutor mascara o Mal como um Super-Bem.

 

Quanto mais bela for a máscara, mais eficaz será a sedução e maior será o sucesso da tentação.

 

A tentação atrai-nos para um Mal disfarçado de Bem, que parece muito melhor do que o bem alternativo.

 

A arte de tentar e assim afastar as pessoas do Amor de Deus Pai e do próximo, é a arte da sedução do Mal, muito bem mascarado, muito bem disfarçado de Amor.

 

Jesus vencerá todas estas seduções recorrendo às palavras de Deus, que manifestavam o que Deus, seu Pai, Lhe pedia.

 

Foi o Espírito que o levou para o deserto e foi o Espírito Santo que deu a Jesus a luz e a força para seguir o Amor de Deus.

 

Desta forma, podemos aprender com Jesus a vencer as tentações.

 

Precisamos de pedir a Deus, com perseverança e com humildade, que nos envie o seu Espírito, para nos iluminar quando as seduções estiverem a afastar-nos da Sua  Vontade e também para nos fortalecer, para pormos em prática o que Ele espera de nós.

 

Oração e vigilância são dois meios que o Senhor Jesus dá aos crentes para não caírem em tentação (Mt 26,41).

 

    frei Eugénio, op