2006-09-19

Discurso de 12.09.2006, na Universidade de Ratisbonne

Aqui fica o texto integral da lição proferida por Bento XVI, em francês.

6 comentários:

  1. Valerá a pena, a este propósito, ler o "insuspeito" Editorial de José Manuel Fernandes no jornal Público de ontem de que deixo uma transcrição na impossibilidade de criar um acesso directo ao mesmo. E sobre este tema também aconselho, a quem tiver acesso, a leitura da opinião de Faranaz Keshavjee, membro da Comunidade Ismaelita - não o transcrevo dado a sua extensão.

    Destes dois textos podemos tirar uma opinião mais informada sobre a polémica que se ateou à volta de palavras de um discurso. Aqui fica o que transcrevi:

    ENTENDER BENTO XVI

    Aparentemente muitos jornalistas desistiram de ler, quanto mais de pensar. Se uma frase de uma figura pública não contém um sound bite evidente, ficam sem norte. Quando em vez de terem de ler um simples têm de ler um texto complexo, as coisas ficam ainda pior. Infelizmente o que se passou depois do discurso de Bento XVI na Universidade de Ratisbona tem muito a ver com esta forma de fazer (mau) jornalismo, porque sem as notícias parciais e incompletas (para não as classificar cruamente de especulativas ou maliciosas), muita da ira ateada por radicais mulçumanos (os moderados tiveram uma atitude completamente diferente) não teria existido.
    Recordemos algumas pasagens do seu longo e complexo discurso dirigido a uma plateia de académicos e que tinha como tema as relações entre a fé e a razão. Começando pelo último parágrafo onde começa por criticar os que entendem que só a “razão positivista” é válida, sublinhando que “as culturas profundamente religiosas do mundo vêem na exclusão do divino da exclusividade da razão um ataque às suas convicções mais arreigadas”. Ou seja, disse “culturas” e não “cultura” ou “cristandade” ou “catolicismo”. Pelo que acrescentou que “uma razão que é surda e relega a religião para o âmbito de uma cultura de segundo grau é incapaz de se inserir no diálogo das culturas”.
    Esta ideia do “diálogo de culturas”, que já sublinhara numa anterior homilia em Ratisbona, implica contudo que a religião entenda a razão, certamente um dos motivos porque escolheu citar o último imperador bizantino: “Não agir racionalmente, não agir com o logos, é contrário à natureza de Deus”, disse Manuel II (…). É a este grande logos, a esta amplitude da razão que convidamos os nossos parceiros no diálogo de culturas. Redescobri-la constantemente é o grande desafio da universidade”. Perguntar-se-á: mas não haveria outros teólogos que o Papa pudesse citar? Seguramente. E podemos mesmo discutir se ao optar por citar a frase que originou a controvérsia – mesmo distanciando-se dela – não terá cometido um passo imprudente. Contudo a verdade é que se a nossa leitura não se ficar por essas linhas e se as não retirarmos do contexto, temos de acrescentar o que o Papa explicitamente considerou como central no diálogo citado: “A frase decisiva nesta argumentação contra a conversão pela violência é “Agir de modo irracional é contrário à natureza de Deus”. Ora se esta é a “frase central”, porque se centrou toda a discussão num extrato secundário? A resposta possível é que há muito jornalismo incendiário. Ou, no mínimo, irresponsável e preguiçoso. Com efeito é mais fácil, muito mais atraente, um título “escandaloso” do que procurar interpretar o que Bento XVI disse sobre o que o cristianismo foi beber à herança da filosofia grega (um tema que não deve ter surgido por acaso, pois é sabido que deseja melhorar as difíceis relações com as correntes ortodoxas do cristianismo). Ou tentar perceber porque critica um teólogo mulçumano, Ibn Hazn de Córdova, a par com outro cristão João Duns Escoto. Tudo isto não cabe nuns segundos de telejornal – a frase “brusca” de Manuel II sobre Maomé cabe. Porém se isso acontece devemos pedir ao Papa mais sound-bites ou exigir antes mecanismos de transmição de informação mais rigorosos?
    Por outro lado, mesmo admitindo que Bento XVI devia mutilar o seu raciocínio em nome do “momento sensível que se vive”, como tantos escreveram, não será antes nossa obrigação subscrever, face às reacções violentas às suas palavras, as palavras de George Carey, ex-arcebispo de Cantuária, anglicano e portanto insuspeito de “papista”: “os mulçumanos, tal como os cristãos, devem aprender a dialogar sem gritar histericamente”? E também sem atacarem templos.
    JOSÉ MANUEL FERNANDES

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  2. ola a todos!
    Acho o vosso blog deveras interssante, mas para ter mais gente deveriao por um chamariz ou assim uma coisa.
    saudaçoes
    one friend
    ja agora um abraço e muitos parabens para o amigo por tudo o k pos no blog e o ter animada

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  3. Caro(a?) "one friend":

    O que entende por chamariz? De facto, também penso que este blog precisa de mais animação e todas as ideias seriam bem vindas por parte dos seus principais responsáveis (pelo menos pelos 90% de post's) Domingas e Paulo.

    Vamos a isso?

    umamigo

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  4. Animação?!!!!
    Isto não é o Cinanima!

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  5. Animar significa dar vida e isso tem faltado neste blog, parco de comentários apesar de alguns "post's" bem interessantes.

    E um espaço destes não serve para levar à reflexão, diálogo e esclarecimento das pessoas que o leem? Se assim não é, então é um espaço autista, fechado sobre si próprio e que devia ser mantido num acesso e conhecimento restrito aos seus autores e responsáveis.

    Por mim, vou aguardar e ver, mas se é assim, retiro-me, desejando felicidades ao grupo.

    umamigo

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  6. Caro umamigo,
    É claro que o Regador é aberto a todos e são bem vindas todas as participações. É sempre estimulante ter eco do que se "posta".
    Em breve espero que haja novidades no blog e mais contributos, que sejam uma ajuda para nós e para quem por aqui quiser passar.
    Um abraço.

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