2010-03-13

A vida questiona o Evangelho de Domingo, 14 de Março


"O regresso do filho pródigo", Rembrandt, 1662, The Hermitage, St. Petersburg

Lc 15,1-3. 11-32

Naquele tempo, os publicanos e os pecadores aproximavam-se todos de Jesus, para O ouvirem. Mas os fariseus e os escribas murmuravam entre si, dizendo: "Este homem acolhe os pecadores e come com eles". Jesus disse-lhes então a seguinte parábola:

"Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me toca’. O pai repartiu os bens pelos filhos.

Alguns dias depois, o filho mais novo, juntando todos os seus haveres, partiu para um país distante e por lá esbanjou quanto possuía, numa vida dissoluta. Tendo gasto tudo, houve uma grande fome naquela região e ele começou a passar privações. Entrou então ao serviço de um dos habitantes daquela terra, que o mandou para os seus campos guardar porcos. Bem desejava ele matar a fome com as alfarrobas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava.

Então, caindo em si, disse: ‘Quantos trabalhadores de meu pai têm pão em abundância, e eu aqui a morrer de fome! Voume embora, vou ter com meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho, mas trata-me como um dos teus trabalhadores’.

Pôs-se a caminho e foi ter com o pai.

Ainda ele estava longe, quando o pai o viu: encheu-se de compaixão e correu a lançar-se-lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. Disse-lhe o filho: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos servos: ‘Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’. E começou a festa.

Ora o filho mais velho estava no campo. Quando regressou, ao aproximar-se da casa, ouviu a música e as danças. Chamou um dos servos e perguntou-lhe o que era aquilo. O servo respondeu-lhe: ‘O teu irmão voltou e teu pai mandou matar o vitelo gordo, porque ele chegou são e salvo’. Ele ficou ressentido e não queria entrar. Então o pai veio cá fora instar com ele. Mas ele respondeu ao pai: ‘Há tantos anos que eu te sirvo, sem nunca transgredir uma ordem tua, e nunca me deste um cabrito para fazer uma festa com os meus amigos. E agora, quando chegou esse teu filho, que consumiu os teus bens com mulheres de má vida, mataste-lhe o vitelo gordo’.

Disse o pai: ‘Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrarnos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado’".

4 comentários:

  1. Este quadro é uma fonte inesgotável de inspiração para irmos ter com o PAI e também nos revermos nos dois filhos.
    Cada vez me reconheço mais no filho mais velho(vejam as mãos fechadas sob o manto) , mas também no "sem abrigo" (vejam bem os pés!)que é o filho mais novo. Mas as mãos do PAI são as mãos da MÃE e do PAI. Que maravilha estas mãos!
    Ter fé num DEUS que é PAI e MÃE é fantástico!
    MV

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  2. Mas afinal o Evangelho conta-nos a Parábola do Filho Pródigo? Ou a Parábola dos dois filhos que estão longe do Pai? Ou a Parábola do Pai que vai ao encontro dos dois filhos?
    E nõs,onde estamos? Com quem nos identificamos?
    frei Eugénio

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  3. É tão difícil entender este Pai! Dá a herança a um filho para estoirar à vontade. Um filho que faz asneira em vez de lhe dar uma reprimenda dá-lhe uma festa...
    Identifico-me perfeitamente com ambos os filhos como o MV: um pensa que o Pai não o vai acolher e demora tempo a voltar atrás; outro acha que o Pai não lhe dá nada de especial (no entanto o próprio Pai lhe diz que tudo é comum entre eles os dois).
    Tudo muito estranho... preciso de mais tempo para poder reconhecer este Pai.

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  4. Se o Armando se inspirar do quadro do Rembrandt verá a força de acolhimento das mãos do PAIporque o filho estava PERDIDO completamente desorientado, alienado por ilusões de felicidade!
    O filho voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado Reencontrou um rumo para avida graças à confiança reencontrada.A herança nao e para estoirar àvontade A vida nao " para se estoirar com ilusões. A melhor herança é o AMOR do Pai que o filho descobre! Onde está a complicação?
    As hippoteses do Armando sobre os sentimentos dos dois filhos são estranhas à parábola: os sentimentos do PAI nao sao estranhos sao claros:tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu.Que emelhjor herança podia ter. O que o faz ficar de fora éclaro: é o RESSENTIMENTO com todo o cortejo sentimentos corrosivos que tonam o coração duro e ainteligencia obstinada. Uma trsiteza:ter tudo de bom à mão de semear e rejeitar! Apetece' mesmo dar-lhe um grande empurrão por trás para ela também cair aos pés do PAI-MÃE!
    A estrtanheza está no PAI ou no filho mais velho?
    MV

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