2011-03-15

PAZ

Neste dia em que se comemoram os 50 anos da Guerra Colonial aqui fica um apelo à PAZ entre todos os povos em guerra.

“Ao oferecermos uns aos outros um sinal de paz, não estamos tanto a fazer a paz quanto a aceitar o dom da paz de Cristo. Quando Mahatma Gandhi morreu, tinha apenas uma imagem no seu quarto, a de Cristo ressuscitado, com a citação na base: “Ele é a nossa paz” (Ef. 2,14). Esta é uma paz que as nossas contendas não podem destruir. No principio Deus disse: “Faça-se a luz”. E a luz foi feita. No início da nova criação, a Palavra de Deus proclamou: “A paz esteja convosco”, e assim acontece. Nos antigos cemitérios cristãos em Roma, as inscrições referem que as pessoas morreram “in pace”, em paz. Isto significa tão só que elas morreram como membros da Igreja, que é a paz de Cristo, embora tenham lutado tanto como nós. Ser membro da Igreja é partilhar a paz de Cristo, por muito perturbados que possamos estar. (...)

Ou seja, não se exige uma sensação subjetiva de paz; se estamos em Cristo, podemos estar em paz (in pace) e, portanto, sem desassossego, mesmo quando não sentimos paz. O início da paz deve ser a aceitação da míngua de paz, tal como o início da relaxação deve ser a aceitação da tensão. (...)

Se Jesus é apresentado atravessando portas trancadas, não é porque nisso consista essencialmente a ressurreição, mas porque Ele é o único no qual todos os obstáculos são transcendidos. Pouco antes da queda do muro de Berlim, em 1989, alguém escreveu nele um grafito: “Todas as barreiras devem cair”. Assim aconteceu com elas em Cristo ressuscitado. É o amor que não simpatiza com muros. Completando a citação de Gandhi tirada da Carta aos Efésios: “Ele é a nossa paz, Ele que, de nós, fez um só, e destruiu o muro de separação, a inimizade.”

In Timothy Radcliffe, “Ir à Igreja Porquê?”, p. 228 e ss.






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