2011-04-23

Mistério de Jesus na Cruz

Com frequência surge esta observação: adorar um pedaço de madeira não tem sentido, pior ainda, pode mesmo ser uma forma de idolatria.
Por vezes a linguagem trai-nos: seria de facto mais correcto dizer "VENERAR O MISTÉRIO DA CRUZ OU "VENERAR O MISTERIO DA CRUCIFIXÃO" de Jesus de Nazaré.
Ainda hoje, sexta-feira santa estive a celebrar a Paixão de Jesus e nela venerei o MISTERIO DA CRUCIFIXÃO.
Quem pode entender que Deus Pai tenha escolhido este caminho para que Jesus nos abrisse as portas de uma vida nova sem morte, nem desamor, nem mal?
Quem eu adoro é JESUS DE NAZARÉ FILHO DE DEUS que misteriosamente se submeteu à humilhação e terrível sofrimento da crucifixão.
frei Eugénio

1 comentário:

  1. É de facto bom ouvir (ler) as palavras do Frei Eugénio que sempre nos trás um esclarecimento que nos ajuda a compreender melhor os mistérios de Deus. E, neste aspecto particular, embora nunca me tivesse ocorrido o pensamento dos comentários que o Frei Eugénio procurou esclarecer, não posso deixar de me maravilhar com este Mistério da Cruz. Só a nossa fé inspirada pelo Espírito Santo nos permite fazer entender este mistério em que um Ser que detém todo o poder, poder sobre a Vida e a Morte, um Senhor de realeza incontestável, se humilha perante os seus servos, lavando-lhes os pés, suportando o sofrimento que antecede a crucifixão e a morte mais indigna que os homens infligiam uns aos outros, pregando-O na cruz.

    De facto, Jesus vem ensinar-nos com a sua passagem no mundo terreno, com os seus gestos e ensinamentos, uma nova forma de viver, de construir o Reino neste mundo. Neste aspecto, são bem expressivas as palavras da leitura de Isaías onde se diz: Por isso, ser-lhe-á dada uma multidão como herança, há-de receber muita gente como despojos, porque ele próprio entregou a sua vida à morte, e foi contado entre os pecadores, tomando sobre si os pecados de muitos, e sofreu pelos culpados (Is. 53,12). Nós, homens, fazemos guerras, matamos os nossos inimigos, abandonamos os seus corpos para ficarmos com os seus despojos, como os que crucificaram Jesus fizeram, matamos o nosso próprio Deus criador. Só temos o pensamento nos bens terrenos e por eles matamos para recebermos riquezas que cobiçamos. Pelo contrário, Jesus deixa-se matar, oferece a sua própria vida para poder receber também os despojos, mas não os bens terrenos ou as riquezas que deu aos homens, mas os próprios homens que aceita como Sua herança e, para que tal aconteça, sofre pacientemente e sem um queixume o sofrimento e a morte mais horrível, oferecendo o maior bem que é a sua própria vida para nos salvar da morte para que a nossa imperfeição e o nosso pecado nos arrasta.

    Jesus vem ao mundo para nos ensinar a viver no amor aos outros, na partilha dos nossos bens, na procura de um caminho de verdade e não de exaltação de nós próprios, de forma a podermos ganhar o nosso lugar nos Céus, junto a Ele, pois como diz Jesus, “…não permitas que toquem trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas, nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem louvados pelos homens. Em verdade vos digo: Já receberam a sua recompensa (Mt. 6,2).

    Oxalá, sejamos capazes de nos revestirmos espiritualmente, nesta celebração da Morte e Ressurreição de Jesus, procurando purificar o nosso espírito, cultivando a humildade no nosso dia-a-dia, como forma de transformarmos os odres velhos que somos, em odres novos, para glorificar o nosso Deus que em nós faz maravilhas e esperamos alcançar um dia a Vida Eterna, promessa que Jesus nos fez. Este é o grande Mistério em podemos mergulhar se assim o quisermos, mistério que está ao nosso alcance desvendar, vivendo-o.

    Hugo

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