2015-10-05

No ano em que se comemoram os 100 anos do genocídio arménio (Metz Yeghern, o grande mal) deixo o link para uma reportagem da BBC onde se poderão ouvir alguns dos últimos descendentes. Ouvir, nessa reportagem, a negação da historiografia turca oficial e a negação do poder turco actual é chocante.
Quem quiser (adverte-se que as imagens são chocantes) pode ver imagens (fotos contemporâneas tiradas às ocultas das autoridades otomanas) no Armenian National Institute.
Fique também aqui um relato de uma testemunha contemporânea, um professor alemão em Alepo:

“Tinham-me dito que havia um grande número de pessoas esfomeadas em vários bairros de Alepo, os miseráveis vestígios do que se chamava "as colunas da deportação"... Para ver se a opinião que tinha formado a partir desta informação tinha fundamento, visitei todos as partes da cidade em que os Arménios — o que restava das colunas de deportados — se encontravam. Em caravanserais [khans] já reduzidos, encontrei pilhas de corpos em putrefacção, e entre eles, pessoas ainda vivas quase a exalarem o seu último suspiro. Noutros lugares encontrei pilhas de pessoas doentes e esfomeadas abandondas à sua sorte. À volta da escola havia quatro desses khans, com setecentos a oitocentos deportados a morrerem de fome... Em frente à nossa escola, em um destes khans, havia restos de uma das colunas de deportados, cerca de quatrocentas destas criaturas macilentas, entre elas algumas cem crianças com idades entre os cinco e os sete anos. A maioria sofria de tifo e disenteria. Entrando no átrio, tem-se a impressão de que se entrou em uma casa de loucos. Se se lhes dá comida, parece que eles já não sabem como a comer. Os seus estômagos, enfraquecidos por meses de fome, já não conseguem suportar a comida. Se se lhes dá pão, põe-no de lado, indiferentes; estão ali deitados, sem se mexerem, à espera da morte... E que acontecerá aos infelizes, agora já só mulheres e crianças, que estão a ser capturados por toda a cidade e arredores e levados para o deserto aos milhares? São empurrados de lugar para lugar até os milhares ficarem reduzidos a centenas, as centenas a um pequeno grupo, e o pequeno grupo ainda assim é levado para outro lugar, até que nada reste dele. Com isso é alcançado o objectivo da viagem.” (Carta de Martin Niepage, alemão, professor na Deutsche Realschule de Alepo, Setembro de 1915, The horrors of Aleppo seen by a German eyewitness)

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