2022-04-15

Diálogo com o Evangelho

Diálogo com o Evangelho do Domingo da Páscoa, 17 de abril, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui

 


Evangelho (Jo 20, 1-9) 

 

No primeiro dia da semana, Maria Madalena foi de manhãzinha, ainda escuro, ao sepulcro e viu a pedra retirada do sepulcro. 

Correu então e foi ter com Simão Pedro e com o discípulo predileto de Jesus e disse-lhes: «Levaram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde O puseram». 

Pedro partiu com o outro discípulo e foram ambos ao sepulcro. 

Corriam os dois juntos, mas o outro discípulo antecipou-se, correndo mais depressa do que Pedro, e chegou primeiro ao sepulcro. 

Debruçando-se, viu as ligaduras no chão, mas não entrou. 

Entretanto, chegou também Simão Pedro, que o seguira. Entrou no sepulcro e viu as ligaduras no chão e o sudário que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não com as ligaduras, mas enrolado à parte. 

Entrou também o outro discípulo, que chegara primeiro ao sepulcro, viu e acreditou. 

Na verdade, ainda não tinham entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dos mortos.

 
DIÁLOGO
 
Esta manhã celebramos a memória da mais bela de todas as manhãs da História humana, a manhã da Ressurreição de Jesus, em Jerusalém.

 

Aqui na Europa, para muitos cristãos são as "férias da Primavera" para relaxar e desfrutar do bom tempo e o Domingo de Páscoa é um fim-de-semana prolongado. Ainda existem algumas tradições familiares, mas para muitos a Ressurreição de Jesus já não é realmente significativa.

 

O relato do Evangelho de João pode guiar-nos. 
Em primeiro lugar, apresenta a constatação de Maria Madalena que o túmulo onde tinham depositado o corpo de Jesus, descido da cruz, estava vazio! E daí ela dizer: «Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde O puseram» e aflita e apressadamente vai dizê-lo aos apóstolos Pedro e João.  
Ao receberem esta mensagem, estes dois discípulos correram até ao sepulcro e também eles verificaram que estava vazio, que o corpo de Jesus não estava lá. O evangelista acrescenta que o apóstolo João «viu e acreditou.», mas não nos diz nada sobre a atitude de Pedro.

 

Assim, a manhã mais decisiva de todas as manhãs da História, a manhã da Ressurreição de Jesus em Jerusalém, tem lugar sem testemunhas diretas, sem manifestações de alegria, sem aclamações. Embora estejamos habituados a ver muitas pinturas, vitrais e iluminuras de grandes artistas, representando Jesus saindo do túmulo de uma forma majestosa, rodeado pelos discípulos e por Maria, na realidade ninguém testemunhou a Ressurreição de Jesus.

 

O único facto que os primeiros cristãos apresentavam como um "sinal" da Ressurreição de Jesus foi que o corpo de Jesus tinha desaparecido e que o túmulo estava vazio!

 

Ao lermos neste Domingo de Páscoa o relato de João, pode ser uma boa ocasião para compreendermos melhor a angústia de Maria Madalena, a fé de João e o questionamento de Pedro. 
 
O relato diz-nos também que: «Até então, os discípulos não tinham compreendido que, segundo as Escrituras, Jesus tinha de ressuscitar dos mortos.»Mas este relato permite-nos meditarmos sobre o que poderá significar que Jesus Ressuscitado é o Senhor da Vida.

 

Nos relatos da Paixão de Jesus, vemos como as forças do Mal e do Pecado parecem ser vitoriosas, conseguindo condenar à morte e executar Jesus no tormento da cruz. 
Neste dia, os cristãos celebram a vitória do Amor de Deus, que eleva Jesus acima da «mansão dos mortos» e que manifesta que é mais forte do que as forças destrutivas da Vida.

 

Muitos acontecimentos e situações nas nossas vidas e na História da humanidade estão cheias de sofrimentos e de grandes catástrofes, como as que estamos a viver presentemente:  
-a nossa «casa comum» em grande perigo;
-a pandemia de Covid-19 e das suas variantes que tem alterado completamente o nosso modo de estarmos presentes e de trabalharmos e comunicarmos uns com os outros; 
-a guerra que começou há mais de cinquenta dias com a invasão da Ucrânia, e consequentemente destruição, mortes, violência, sofrimento, angústia, medo…

 

A Páscoa que festejamos este ano de 2022 pode ser uma oportunidade para reforçarmos a nossa confiança no poder do Amor de Deus e a nossa esperança seja mais forte do que todas as forças das inúmeras facetas do Mal. Este seria o maior presente que poderíamos receber nesta festa da Páscoa.


Os discípulos descobrem que o Ressuscitado lhes ofereceu uma nova capacidade de amor e de esperança e dão testemunho disso. 
 
É graças a eles e a todas as gerações de cristãos até aos dias de hoje, que também podemos testemunhar o facto de termos encontrado Jesus Ressuscitado. 
 
Neste dia de Páscoa, podemos colocar-nos diante de Jesus Crucificado, a fonte da nossa paz, e peçamos-Lhe paz do coração e a paz no mundo, rezando-Lhe: 
«Senhor Jesus Ressuscitado aumenta a nossa fé na Tua presença viva!» 
«Senhor Jesus Ressuscitado aumenta a nossa fé no poder do Teu Amor, o único que pode erradicar o ódio dos nossos corações e transformar as nossas fragilidades e aflições!».

 

  fr. Eugénio op

 

 

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