2022-12-31

Diálogo com o Evangelho

Diálogo com o Evangelho de Domingo de Santa Maria Mãe de Deus, 1 de Janeiro, por Frei Eugénio Boléo, no programa de rádio da RCF "Construir sur la roche". Pode ouvir aqui.

 


 https://www.evangile-et-peinture.org


EVANGELHO (Lc. 2, 16-21)

Naquele tempo, os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. 

Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. 

E todos os que ouviam admiravam-se do que os pastores diziam.
Maria conservava todas estas palavras, meditando-as em seu coração. 
Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado.
Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno.
 
DIÁLOGO
 

56º DIA MUNDIAL DA PAZ -1º DE JANEIRO DE 2023

RESUMO DA MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO

NINGUÉM PODE SALVAR-SE SOZINHO.
JUNTOS, RECOMECEMOS A PARTIR DE COVID-19

PARA TRAÇAR CAMINHOS DE PAZ

«Quanto aos tempos e aos momentos, irmãos, não precisais que vos escreva. Com efeito, vós próprios sabeis perfeitamente que o Dia do Senhor chega de noite como um ladrão» (I Carta de São Paulo aos Tessalonicenses 5, 1-2).

 

Com estas palavras, o apóstolo Paulo convidava a comunidade de Tessalónica a que, na expectativa do encontro com o Senhor, permanecesse firme, com os pés e o coração bem assentes na terra, capazes dum olhar atento sobre a realidade e os factos da história. […]

 

2.

A Covid-19 precipitou-nos no coração da noite, desestabilizando a nossa vida quotidiana, transtornando os nossos planos e hábitos,

subvertendo a aparente tranquilidade mesmo das sociedades mais privilegiadas, gerando desorientação e sofrimento,

causando a morte de tantos irmãos e irmãs nossos.

 

Arrastados na voragem de desafios inesperados e numa situação que não era totalmente clara nem sequer do ponto de vista científico,

o mundo da saúde mobilizou-se para aliviar a dor de inúmeras pessoas

e procurar remediá-la;

e de igual modo fizeram as autoridades políticas, que tiveram de tomar medidas notáveis em termos de organização e gestão da emergência.

 

A par das manifestações físicas, a Covid-19 provocou – inclusive com efeitos de longa duração – um mal-estar geral, que se concentrou no coração de tantas pessoas e famílias, com implicações consideráveis, causadas por longos períodos de isolamento e diversas limitações da liberdade.    […]

 

3.

Passados três anos, neste início de 2023, é a ocasião de pararmos um pouco para nos interrogarmos, para aprendermos e crescermos e para nos deixarmos transformar, como indivíduos e como comunidades;

um tempo privilegiado para nos prepararmos para o «Dia do Senhor», expressão bíblica, que significa o triunfo de Deus sobre os seus inimigos e a transformação radical do universo.   

O papa Francisco tem relembrado numerosas vezes que dos momentos de crise, nunca saímos iguais: saímos melhores ou piores. […]

 

Hoje, somos chamados a nos questionarmos sobre os seguintes pontos:

1-O que é que aprendemos com esta situação de pandemia?

2-Quais são os novos caminhos que deveremos empreender para romper com as correntes dos nossos velhos hábitos, para estarmos melhor preparados e para ousar a novidade?

3-Que sinais de vida e de esperança podemos ter presentes para avançarmos e procurarmos tornar melhor o nosso mundo?

 

Certamente, tendo experimentado diretamente a fragilidade que carateriza a realidade humana e a nossa existência pessoal, podemos dizer que a maior lição que a Covid-19 nos deixa em herança é a consciência de que todos precisamos uns dos outros, que o nosso maior tesouro,

ainda que o mais frágil, é a fraternidade humana, fundada na filiação divina comum, e que ninguém se pode salvar sozinho.

[…]

A pandemia, permitiu-nos também de fazer descobertas positivas:

1-um benéfico regresso à humildade;

2-uma redução de certas pretensões consumistas;

3-um renovado sentido de solidariedade que nos encoraja a sair do nosso egoísmo, para nos abrirmos ao sofrimento dos outros e às suas necessidades;

4-um empenho, nalguns casos verdadeiramente heroico, de muitas pessoas que se sacrificaram para que todos conseguissem superar, do melhor modo possível, o drama das decisões urgentes que era preciso tomar.

 

De tal experiência, brotou mais forte a consciência que convida a todos, povos e nações, a colocar de novo no centro a palavra «juntos».

Com efeito, é juntos, na fraternidade e solidariedade,

que construímos a paz, garantimos a justiça, superamos os acontecimentos mais dolorosos.   […]

 

4.

Entretanto, quando já ousávamos esperar que estivesse superado o pior da noite da pandemia de Covid-19, eis que se abateu sobre a humanidade uma nova e terrível desgraça.

Assistimos ao aparecimento de outro flagelo, uma nova guerra:  a guerra na Ucrânia.       [ …]

Enquanto que para a Covid-19 se encontraram vacinas,

para a guerra ainda não se encontraram soluções adequadas.

 

Com certeza, o vírus da guerra é mais difícil de derrotar do que aqueles que atingem o organismo humano, porque esse vírus não provêm de fora, mas do íntimo do coração humano, corrompido pelo pecado (cf. Marcos 7, 17-23).  […]

 

5.

O que se nos pede que façamos neste ano de 2023?

Antes de mais nada, deixarmos mudar o coração pela emergência que estivemos a viver, ou seja, permitir que, através deste momento histórico,

Deus transforme os nossos critérios habituais de interpretação do mundo e da realidade.

[…]

 

Para vivermos melhor depois da emergência Covid-19, não se pode ignorar um dado fundamental:

as variadas crises morais, sociais, políticas e económicas

que estamos a viver encontram-se todas interligadas.

Os problemas que consideramos como singulares, na realidade um é causa ou consequência do outro.

 

E, assim, somos chamados a enfrentar com responsabilidade e compaixão os desafios do nosso mundo, tendo em atenção:

1-Garantia da saúde pública para todos;

2-Promover ações de paz para acabar com os conflitos e as guerras

que continuam a gerar vítimas e pobreza;

3-Cuidar de forma concertada da nossa casa comum

e implementar medidas claras e eficazes para fazer face às alterações climáticas;

4-Combater o vírus das desigualdades e garantir o alimento

e um trabalho digno para todos,

apoiando quantos não têm sequer um salário mínimo

e passam por grandes dificuldades;

5-Tratar eficazmente o escândalo dos povos famintos;

6-Desenvolver com políticas adequadas

o acolhimento e a integração, especialmente em favor dos migrantes

e daqueles que vivem como descartados nas nossas sociedades.

 

Somente dando o melhor de nós mesmos nestas situações,

com um desejo altruísta inspirado no amor infinito e misericordioso de Deus, é que poderemos construir um mundo novo e contribuir para edificar o Reino de Deus, que é reino de amor, justiça e paz.

 

O Papa Francisco compartilha estas reflexões com a esperança de que, no novo ano de 2023, possamos caminhar juntos valorizando tudo o que a história nos pode ensinar.

[…]

 

In:

https://www.vatican.va/content/francesco/pt/messages/peace/documents/20221208-messaggio-56giornatamondiale-pace2023.html

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